quarta-feira, 18 de maio de 2016

Um pouco de Nietzsche

 NIETZSCHE E O HOMEM LOUCO.

Por Alacir Arruda

A Nietzsche é atribuída à frase “Deus está morto”, essa frase é interpretada como uma manifestação de seu ateísmo. Atribuem ao filosofo a idéia de “assassino de Deus”, mas será que ele estava nesta frase se referindo realmente a um ateísmo?
A morte de Deus é anunciada pela primeira vez na sua obra “A Gaia da Ciência” (1882) no aforismo 125:
“O homem louco- ‘Não ouvistes falar daquele homem louco que, em plena manhã clara, acendeu o candeeiro, correu para o mercado e gritava incessantemente: Estou procurando Deus! Então como lá se reunissem justamente muitos daqueles que não acreditavam em Deus, provocou ele então grande gargalhada (...). O homem louco saltou em meio a eles e disse: nós o matamos, vós e eu! (...) Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! A grandeza desse feito não é demasiadamente grande para nós? Não teríamos que nos tronar, nós próprios, deuses, para apenas parecer dignos dele? ’”
A primeira coisa que devemos perceber neste texto é quem falou que Deus estava morto. Não foi Nietzsche, mas o “homem louco”, alguém que não está preso a razão a metafísica aos valores morais, este homem lança diferentes olhares sobre a vida, não estando interessado em encontrar uma “verdade” que o guie, ele é um homem louco.
No contexto da época, século XVIII em transição para o século XIX, a morte de Deus, é uma visão desta época, época de ruptura da teologia com o homem moderno. “Deus está morto” é uma “imagem” nietzschiana do homem moderno que passa a negar os valores cristãos, isto é, retira Deus do trono e coloca no lugar o homem – racional.
O homem louco percebeu que a ciência moderna, a revolução cientifica, os ideais renascentistas e iluministas, o pensamento racional de Descartes, Kent e muitos outros, tinham destronado Deus na medida em que os homens deixaram cada vez menos de explicações teológicas para se apoiarem na racionalidade divinizada. Com isso Deus foi morrendo na mente dos homens, e a razão tomou o lugar de Deus, a Razão é Deus. As pessoas por mais religiosas que fossem passaram a ir menos a Igreja, e muitos outros efeitos sociais foram causados pela divinização da razão, a idade moderna então, é interpretada pelo filosofo como a queda de Deus. Posso dizer que Nietzsche é um profeta, pois este mesmo acontecimento ocorre agora com a razão, na pós-modernidade, a transição do século XIX para o XX, é visto como uma desconfiança a razão. A modernidade pode ser entendida como um mundo perfeito regido pela razão, só que as sucessivas guerras desacreditaram o sonho da modernidade. Nietzsche aparece apontando para esse homem, que vive “além do bem e do mal”
O filosofo profetiza que nossa época é marcada pelo “nada”. Nada de Deus, nada de razão, o nada e o vazio, é este homem niilista passivo que Nietzsche aponta. O homem atual pouco se interessa pelo conhecimento enquanto busca de sentido e superação num fazer-desfazer. O homem atual busca o “conhecimento receituário”, o homem atual, um liberal que só se preocupa em acumulo de riquezas, e é um homem que é caracterizado pelo que consome.
Enfim o filosofo profetizou sobre a morte, a morte de Deus, para o reinado da divina razão onde os valores cristãos, são abolidos pela racionalidade humana, criadora de novos valores, mas que morre como previsto pelo filosofo com o advento da “pós-modernidade”. E agora o que ira morrer?
   

terça-feira, 10 de maio de 2016

Brasil III


CORRUPÇÃO ENDÊMICA E UM PAIS A BEIRA DO CAOS
 
Por Alacir Arruda





No Brasil e assim: "nada e tão ruim que um politico não possa piorar". Para  nao ser redundante quanto ao tema corrupçao, assunto ja  exaustivamente explorado por esse por esse Blog,  bauscarei ser  factual

Como sociólogo e professor de história, tive a oportunidade de aprofundar um pouco mais que as pessoas comuns sobre fatos que envolvem a história política do país.

Tenho percebido, através dos fatos, que a corrupção, tão presente nas mentes de milhares de pessoas hoje, não é um fenômeno tão novo como se imagina.

Desde o descobrimento, quando os primeiros emissários da Coroa portuguesa, acompanhavam Cabral no desembarque em Porto Seguro, já traziam a tiracolo quinquilharias como espelhos e perfumes que davam aos índios em troca de colares anelados de ouro. Os colonizadores já aplicavam a usura levando vantagem sobre os nativos que desconheciam o valor das coisas.

A elite intelectual associada à elite dominante que avocou para si o governo colonial e imperial impregnou na administração pública práticas delituosas que visavam consolidar privilégios a uma elite que se recusou a partilhar privilégios com as classes mais baixas.
A corrupção e o favorecimento dos abastados na forma de propina era frequente no Brasil colonial. A cada carga de pau-brasil, de açúcar ou quilo de ouro que chegava à Europa havia a partilha de valores não contabilizados que enriqueciam barões e amigos do rei de Portugal.

E, bem antes da exploração destas riquezas, o Brasil fora definido em quinze pedaços chamados de capitanias hereditárias que foram entregues aos amigos do rei a preço de banana. Foi aí um princípio de corrupção institucionalizada que depois perpassa todos os dois períodos de império e avança sobre o período republicano.

Não foi diferente nos períodos em que o Brasil abriu as fronteiras para a indústria automobilística nos anos 60, ou no processo de vinda da tecnologia nuclear com a compra de usinas atômicas, ou no processo de construção de estradas como a Transamazônica que até hoje não foram plenamente concluídas.

Ou seja, a corrupção é uma instituição endêmica no Brasil. Sempre conviveu com os governos. A diferença é que hoje, os órgãos públicos de fiscalização receberam mais liberdade para escancará-la. E, para muitas pessoas, parece que a endemia é algo novo.

Parece-me sensato que o país tem que aproveitar este momento para disciplinar os critérios que permitam manter as instituições vivas, podendo fazer avançar os direitos sociais, sem ceder aos interesses dos corruptores. E há avanços sociais que não podem sucumbir em nome de um governo totalmente isento de influências da elite. O que os democratas têm que observar é a fixação do limite para estas influências.
Pense nisto, enquanto há tempo.