domingo, 28 de dezembro de 2014

Nietzsche e a moral

NIETZSCHE: PARA ALÉM DA MORAL DOS FRACOS..
Por Alacir Arruda

Fridrich Nietzche- Filósofo alemão 1844-1900

Preciso assumir uma verdade: Não consigo ficar mais que dois meses sem escrever algo sobre Nietzsche. A sua filosofia me atrai como um imã,  e a cada vez que releio suas obras mais me encanto com esse “transgressor dos costumes”,   um homem além do seu tempo, ou como ele mesmo dizia: “eu não sou um homem, sou uma dinamite”. Sem Nietzsche não existiria Freud, a  Psicanálise, a física quântica, o existencialismo, os movimentos contra culturais como Generacion Beats, ou os avanços nos estudos da Genética (DNA). Ao condenar a moral ocidental como “deformadora de homens” Nietzsche abre o caminho para o conhecimento como algo libertador.

O pensamento de Nietzsche se orienta no sentido de recuperar as forças inconscientes, vitais e instintivas subjugadas pela razão durante séculos. Para tanto, critica Sócrates por ter encaminhado pela primeira vez a reflexão moral em direção ao controle racional das paixões. Segundo Nietzsche, nasceu aí o homem desconfiado de seus instintos, e essa destruição culminou com o cristianismo, acelerando o processo de "domesticação" do homem.

A moral cristã é a moral do rebanho, geradora de sentimentos de culpa e ressentimentos, e fundada na aceitação do sofrimento, da renúncia, do altruísmo, da piedade, típicos da moral dos fracos.
Por isso Nietzsche defende a transmutação de todos os valores, superando a moral comum para que os atos do homem forte não sejam pautados pela mediocridade das virtudes estabelecidas. Para tanto é preciso recuperar o sentimento de potência, a alegria de viver, a capacidade de invenção.

Nietzsche desenvolve uma crítica intensa aos valores morais, propondo um estudo da formação histórica dos valores presentes na cultura ocidental. Para ele, ao contrário do que pensa a tradição ocidental, não existem noções absolutas de bem e de mal. Estas noções são produtos histórico-culturais, elaboradas pelo homem a partir de interesses humanos, mas que, as religiões impõem como se fossem produtos da “vontade de Deus”.

Aceitar tais valores como provenientes de uma existência divina traz perigos ao desenvolvimento humano. A estes valores o pensador chama de “moral de rebanho”. As pessoas acomodam-se diante das dificuldades e submetem-se docilmente aos valores dominantes da tradição cristã e burguesa, não enfrentando o desafio de viver as próprias vidas, responsabilizando ou esperando que uma potência externa a nós (Deus) faça o que o indivíduo deve fazer.

Moral de escravos: é herdeira do pensamento socrático-platônico - que provocou a ruptura entre o trágico e o racional - e da tradição judaico-cristã, da qual deriva a moral decadente (tentativa subjugação dos instintos pela razão). A moral de escravos nega os valores vitais à procura da paz e do repouso. O indivíduo fica enfraquecido, pois tem diminuída sua potência. A alegria é transformada em ódio, a conduta humana torna-se vítima do ressentimento e da má consciência - sentimento de culpa e a noção de pecado.

Moral de senhores: é a moral que visa a conservação da vida e dos instintos fundamentais. Funda-se na capacidade de criação, de invenção, cujo resultado é a alegria, consequência da afirmação da potência. O indivíduo que consegue se superar é o que atingiu o “além-do-homem”, aquele que consegue reavaliar os valores, desprezar os que o diminuem e criar outros que estejam comprometidos com a vida.

A solução: Uma vez que a moral para Nietzsche é uma invenção dos fracos, que inverteram o sentido de bom e virtuoso para favorecer o ascético, o que nega o corpo em favor da alma, e que portanto nega a vida. Nietzsche é favorável aos homens guerreiros, fortes, que com apenas uma inflexão afastam de si todas as culpas anteriores e toda a mesquinhez moral. Nietzsche defende ainda, que os homens não são, em última instância, os responsáveis pelo que são e conseqüentemente pelos suas ações. Portanto não deve sentir mal-estar pelo que fazem. 

Logo: A moral pretende embutir nos homens este sentimento de mal-estar e culpa devido a ações feitas contra esta moral com o objetivo da coibir estes atos ou pensamentos. Este é um dos motivos pelos quais Nietzsche é contra a moral.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Enem venceu

POR QUE AS ESCOLAS DEVEM  SE AJUSTAR AO ENEM..E NÃO O CONTRÁRIO?

UFBA, UFRGS, UFPA e UFPE confirmam que pretendem adotar Enem 100%


Por Alacir Arruda


Quando defendo uma mudança do atual modelo adotado, sobretudo pelas escolas particulares e cursinhos, quanto a um novo direcionamento do ensino médio, o faço baseado em fatos. Vestibulares tradicionais estão com os dias contados,  e a escola que não adotar a Matriz Enem como referência capacitando seus professores, corre o risco de fechar, como já ocorreu com grandes escolas de SP. E aqui não é uma questão ideológica, se o ENEM é melhor ou pior que vestibulares, isso é  uma realidade e resistir é sintoma de pouca inteligencia.

Alheias às polêmicas que envolvem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), as universidades brasileiras estão cada vez mais próximas de cumprir com a meta do Ministério da Educação (MEC) de acabar com os tradicionais vestibulares ate 2017. Levantamento feito pelo Terra nas dez maiores instituições federais aponta que quatro delas já desistiram das seleções próprias e agora escolhem seus alunos exclusivamente pelo exame nacional. Das seis que ainda não abriram mão do vestibular, quatro confirmam que devem fazer mudanças ainda este ano. As outras duas - Universidade de Brasília (UnB) e Federal da Paraíba (UFPB) - preferiram não responder ao questionamento.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um gigante com cerca de 50 mil alunos, anunciou o fim do vestibular para aderir ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usa a nota do Enem para selecionar os estudantes. A instituição seguiu o exemplo da Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Federal Fluminense (UFF), Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e praticamente 100 outras universidades públicas de todo o País que passaram a usar o Sisu. Na lista das dez maiores instituições federais – com base no último Censo da Educação Superior – a Federal da Bahia (UFBA), Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Federal do Pará (UFPA) e Federal de Pernambuco (UFPE) confirmam que a discussão sobre a adoção integral ao Enem será levada a discussão nos conselhos universitários ainda este ano, com a possibilidade de mudanças para a próxima seleção de novos alunos.

De acordo com a pró-reitora da UFPE, Ana Cabral, as mudanças devem ser anunciadas em breve, já que provocam impacto na vida de milhares de estudantes que já estão se preparando para os vestibulares tradicionais. "Vamos levar esse debate para a reunião do Conselho Universitário. Não temos uma data ainda, mas a gente tem que fazer isso logo, no mês de abril, porque as escolas precisam saber disso", afirma a pró-reitora. Para ela, as últimas polêmicas envolvendo a correção das redações – estudantes receberam boa nota mesmo fazendo "deboche" com receita de macarrão e hino do Palmeiras – não devem afetar a decisão dos conselheiros.

"Quando surgiu a possibilidade do Enem como processo de vestibular, as pessoas ficaram um tanto cautelosas, porque era uma coisa nova, mas agora está no sexto ano, sofreu aperfeiçoamento. Na última edição, não teve nenhum problema", justifica. Atualmente, a UFPE utiliza o Enem como primeira fase do vestibular, mas para Ana Cabral a universidade já está pronta para aderir completamente ao Sisu. "Claro que eu não posso garantir que isso vai acontecer este ano porque não sou eu quem decide, isso é atribuição do conselho", garante.

Na UFBA, o Enem também substitui a primeira fase da seleção e já é a única opção para candidatos aos cursos tecnológicos e interdisciplinares. A expectativa da reitoria é acabar com o vestibular ainda este ano, embora o pró-reitor de Graduação, Ricardo Miranda, confirme que mudanças significativas como essa ainda encontram resistências na universidade. "A reitoria propôs essa mudança e já iniciamos a discussão. Claro que isso leva tempo até todos os conselhos fecharem acordo, geralmente essas mudanças significativas não ocorrem de um ano para outro."

A primeira discussão na UFBA já tem data. No dia 4 de abril, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC responsável pelo Enem, vai participar de uma reunião na universidade. O objetivo: convencer os conselheiros sobre a importância do exame nacional. Em entrevista ao Terra na semana passada, Luiz Claudio Costa confirmou a agenda, mas disse que não faz nenhuma pressão para que as universidades acabem com os vestibulares. "Sempre participo dessas reuniões quando sou convidado pelas instituições, mas todas têm completa autonomia para decidir se querem ou não aderir ao Sisu", disse Costa.

Embora o Enem ainda enfrente resistências na UFPA, o pró-reitor de graduação, Mauro Miranda, diz que a discussão deve ser levada ao conselho universitário no primeiro semestre deste ano. Atualmente a universidade usa o Enem como primeira fase, o que, segundo Magalhães, "funciona bem". "Gostamos desse modelo porque na segunda fase podemos fazer uma prova cobrando conteúdos mais regionais, como a geografia da região amazônica, escritores locais, coisas que o Enem, por ser um exame nacional, não aborda", afirma.

Em nota, a UFRGS disse que o seu vestibular é "tradicional e consolidado", mas que também trabalha em mudanças. "A UFRGS sempre está aberta ao debate sobre opções de ingresso na graduação. (...) O vestibular de 2015 poderá ter mudanças relacionadas ao Enem, mas esse tema ainda não foi colocado em discussão", informou.

Tendência é acabar com o vestibular em pouco tempo

Última universidade federal a aderir à seleção por meio do Enem, a UFMG precisou enfrentar resistências de escolas, estudantes e professores, mas conseguiu aprovar o fim do vestibular em uma votação no conselho universitário que contou com 40 votos favoráveis e apenas dois contrários. Reitor da universidade, Clélio Campolina diz que essa é uma tendência que deve se confirmar em todas as instituições federais em um curto período de tempo. "Conversei com reitores de várias universidades que já usam o Enem, a UFRJ, a Unifesp, a UFSCar, e também com reitores que têm suas seleções próprias. A UFRGS, a UFBA, a UFPA estão discutindo isso. Então eu não vi nenhum reitor reclamando, querendo sair, mas vários querendo entrar", disse Campolina.

Ele ainda cita o caráter democrático do Enem. "Todos os países desenvolvidos têm um exame nacional. Nós achamos isso um grande avanço, uniformiza prova, da oportunidade para todos os candidatos, tem efeito sobre educação pública", defende o reitor. Ele diz também que abrir mão da estrutura já montada pela maioria das universidades para a preparação dos vestibulares não é um problema. "No nosso caso, a comissão vai continuar trabalhando porque cursos com habilidades específicas vão precisar manter provas de técnica, mas muitas funções serão desativadas e essas pessoas serão deslocadas para outras áreas. Não é um problema."

Segundo o ex-presidente do Inep e professor da Universidade de São Paulo (USP) Reynaldo Fernandes, para muitas universidades é até um "alívio" abrir mão do peso de elaborar um vestibular próprio. Para ele, a maior resistência ao Enem não está nas mudanças em sua estrutura interna, e sim na confiança na prova nacional. "Acho que a adoção do Enem é uma tendência, o exame está se estabilizando, ganhando confiança, mas é evidente que é uma prova muito grande que gera problemas", diz ao citar as falhas na logística nas edições de 2010 e 2011, como o furto de cadernos e vazamento de questões do pré-teste.

O especialista, que foi um dos idealizadores do Enem, aponta que um dos principais benefícios do Enem – e que precisa ser mais discutido – é a mudança no ensino médio, abordando conteúdos de forma interdisciplinar e sem as "decorebas" do vestibular, opinião compartilhada pelo pró-reitor da UFBA. "Hoje a UFBA define como vai ser o ensino médio nas escolas da Bahia. Em cada Estado ocorre a mesma coisa. Mas se tivermos uma sinalização conjunta do que deve ser ensinado no ensino médio, como propõe o Enem, daremos um passo à frente para melhorar a educação no Brasil", afirma Ricardo Miranda.

As polêmicas que permeiam Enem desde que ele se tornou um exame nacional, observa o professor da USP, impedem que se discuta o conteúdo cobrado. "Quem ditava o ensino médio no Brasil era o vestibular, e o Enem surge para mudar isso. Só que são tantas polêmicas, muitas delas tratadas de forma exagerada (pela mídia), que até hoje só vi se discutir a logística do exame, ninguém até hoje propôs um diálogo sobre a função da prova", critica. 




sábado, 20 de dezembro de 2014

educação brasileira

EDUCAÇÃO: E O POVO CONTINUA RINDO..


Por Alacir Arruda


A educação brasileira não é nenhum motivo de orgulho para nós. No âmbito publico temos escolas caindo aos pedaços, em locais impróprios e sem higiene, sem água e merenda escolar, paredes rachadas, crianças sem cadeiras assistindo aulas em pé e professores mal pagos, desestimulados e despreparados, o ensino educacional brasileiro é uma verdadeira vergonha nacional.

Enquanto isso fica uma simpática senhora subindo escadas na propaganda institucional paga pelos contribuintes dizendo que estamos sim atingindo o índice recomendado pelo Governo e pelas Nações Unidas, com base nos países mais desenvolvidos. Até quando vamos ter que aturar essa desfaçatez que nos trata como burros?

Não é preciso ir muito longe para concluirmos que o Ministério da Educação está querendo subestimar nossa inteligência. Há pouco tempo estava lendo artigo de um colega meu num jornal da capital onde citava “pérolas” do Enem, respondidas nas provas dos atrapalhados concursos.

Vamos, então, a algumas delas como “O Brasil não teve mulheres presidentes, mas várias primeiras-damas foram do sexo feminino”. E queria o aluno ou aluna que a esposa do presidente fosse mulher do sexo masculino. Complicado, não é?

Outra maravilhosa é de encher os olhos de lágrimas, ou cair na gargalhada. “O bem estar dos habitantes da nossa cidade muito depende do governo federal ”. Que confusão! Será que ele ou ela estava pensando na intervenção militar do governo federal no governo carioca? Vai saber!

“Quilombo era um negro que fazia um índio no mato” e “Tomé de Souza chegou acompanhado do padre Manoel dá nó "Brega”. “A História se divide em 4 – Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje”. Não sei se dá para rir ou para chorar.
Querem mais? Então vamos a outras “pérolas”: “Os pagãos não gostavam quando Deus pregava suas doutrinas e tiveram a ideia de eliminá-lo da face do céu” e “Onde nasce o sol é o nascente, onde desce é o decente”.

São esses estudantes que estão ingressando nas universidades, principalmente nas particulares, e depois procuram o mercado de trabalho, sem chances de um serviço mais especializado como está acontecendo.

Ao invés de melhorar, está aumentando a decadência do nível de ensino, deixando o brasileiro mais distante da verdadeira cidadania para exigir seus direitos básicos e escolher, por exemplo, seus representantes no Congresso, nas assembléias e câmaras. Desde que me entendo como gente ainda não vi um governo priorizar a educação e dizem que os políticos assim gostam que fique porque têm maior poder de manobra.

Na educação, a própria quantidade propagada está se ruindo com muitas escolas em estado lamentável. Tudo isso é de se estranhar, justamente num governo que se diz de esquerda que prima pelo social. Os segmentos da sociedade, como a mídia, por exemplo, também têm suas parcelas de culpa.

A imprensa também está sem conteúdo e qualidade. Nas emissoras de televisão o que mais se vê são baixarias desmoralizantes. Cada veículo de comunicação neste país, por dever de cidadania, deveria colocar em cada edição, jornal, rádio, televisão, blog ou site, uma matéria diária sobre educação, criticando as falhas e exigindo qualidade no ensino. Seria uma campanha nacional conjunta de todas as mídias.

Enquanto isso, a mulher da propaganda enganosa continua subindo as escadas. Maquiando números e escondendo a verdade pode-se chegar lá, mas não vai enganar por muito tempo. A educação é uma vergonha nacional que se arrasta há anos e deixa nossos cidadãos cada vez mais vulneráveis à manipulação.

Já que estamos falando de educação, há pouco tempo foi divulgada uma pesquisa britânica listando as 200 melhores universidades do mundo e, como já era esperado, o Brasil ficou de fora. As instituições que chegaram mais perto da relação foram a Universidade de São Paulo e a Universidade Estadual de Campinas-Unicamp.

As universidades baianas, com baixa produtividade, ficaram bem longe. Elas não fazem parte nem da lista das dez melhores universidades brasileiras. As diferenças entre as brasileiras e estrangeiras melhores começam pelo valor investido em educação. O Brasil investe 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto Estados Unidos atingem 3%. Chegou-se à óbvia conclusão de que o Governo precisa investir muito mais nas universidades estaduais.

A Universidade de Harvard foi apontada como a melhor do planeta. Quanto a nós brasileiros só nos restou a herança maldita como dizem os políticos que assumem governos dos seus adversários. A Universidade de Coimbra que sempre formou no tempo da colonização a elite brasileira, sempre esteve atrasada em relação às européias. Instituições de ensino superior em solo brasileiro somente foram implantadas após a chegada da Família Real, em 1808.

Conforme estudos, no final do século XIX apenas 16% da população era alfabetizada. Universidades como a USP surgiram nos anos 30 do século XX. A nossa origem não é nada boa, mas se os governos tivessem vergonha na cara já tinham mudado essa situação degradante. Sem educação, o Brasil será sempre um país do futuro, onde os jovens do sexo masculino sonham em ser jogadores de futebol e as meninas dançarinas de pagode.

Temos um PIB considerável de US 2,3 trilhões, mas existem 103 países com melhor renda per capita que a brasileira. Numa lista de 134 países, só existem 10 mais desiguais que o Brasil. Nossos indicadores deixam muito a desejar na área social. Temos uma expectativa de vida média de 72,5 anos, abaixo de países como Paraguai, Uruguai e Chile. Quanta a taxa de mortalidade infantil houve melhora nos últimos anos, mas outros países da América Latina estão em nossa frente.

Esses dados servem para ilustrar que, enquanto não alcançarmos uma educação de qualidade, os níveis sociais vão continuar defasados em relação a outros países subdesenvolvidos, ou emergentes como queiram os politicamente corretos que adoram se enquadrar nos padrões ditatoriais dessa sociedade capitalista burguesa. Muitos ainda se orgulham de que somos a 6ª ou a 7ª maior economia do mundo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

USA terroristas

SEGUNDO O FILÓSOFO NOAM CHOMSKY, OS ESTADOS UNIDOS É O MAIOR ESTADO TERRORISTA DO MUNDO

Por:  Noam Chomsky

Intelectual dissidente analisa campanhas de sabotagem deflagradas pelos EUA contra Angola, Cuba e Nicarágua. E alerta: Washington continua a desestabilizar adversários

 “É oficial: os EUA são o maior Estado terrorista do mundo e se orgulham disso”.

Essa deveria ter sido a manchete da notícia principal do New York Times no dia 15 de outubro, que foi polidamente intitulada “Os Estudos da CIA sobre ajuda secreta alimentam ceticismo sobre a ajuda aos rebeldes sírios”. O artigo relata uma revisão da CIA sobre as operações secretas dos EUA para determinar sua efetividade. A Casa Branca concluiu que infelizmente os sucessos foram tão raros que é necessário repensar essa política.

O texto cita o Presidente Barack Obama, dizendo que ele solicitou à CIA que conduzisse a revisão para encontrar casos de “financiamentos e fornecimento de armas para grupos insurgentes em um país que realmente tenham funcionado. E eles não encontraram muitos”. Por isso, Obama reluta em manter tais esforços.

O primeiro parágrafo do artigo do Times cita três grandes exemplos de “ajuda secreta”: Angola, Nicarágua e Cuba. Na verdade, cada um desses casos foi uma grande operação terrorista conduzida pelos EUA. Angola foi invadida pela África do Sul, que, segundo Washington, defendia-se de um dos “maiores grupos terroristas” do mundo – o Congresso Nacional Africano, de Nelson Mandela.

Na época, o governo Reagan estava praticamente sozinho no seu apoio ao regime do apartheid, inclusive violando sanções do congresso para aumentar o comércio com seu aliado sul africano. Washington juntou-se à África do Sul para prover apoio crucial ao exército terrorista da Unita, chefiada por Jonas Savimbi, em Angola. Continuou a fazê-lo mesmo depois de Savimbi ser completamente derrotado em eleições livres cuidadosamente monitoradas, e da África do Sul retirar seu apoio. Savimbi era um “monstro cuja sede de poder trouxe uma miséria apavorante ao seu povo”, nas palavras de Marrack Goulding, embaixador britânico em Angola.

As consequências foram horrendas. Um inquérito de 1989 da ONU estimou que os atos hostis praticados por sul-africanos provocaram 1,5 milhão de mortes nos países vizinhos, sem contar o que estava acontecendo internamente na África do Sul. Ao fim, forças cubanas contra-atacaram os agressores sul-africanos e os compeliram a se retirar da Namíbia, ilegalmente ocupada. Apenas os EUA continuaram a apoiar o monstro Savimbi.

Em Cuba, após a invasão frustrada da Baía dos Porcos em 1961, o Presidente John F. Kennedy lançou uma campanha assassina e destrutiva para levar “os terrores da terra” à ilha – nas palavras de um íntimo aliado de Kennedy, o historiador Arthur Schlesinger, em sua biografia semi-oficial de Robert Kennedy, a quem foi atribuída a responsabilidade pela guerra terrorista.

As atrocidades contra Cuba foram severas. Os planos eram de que o terrorismo culminasse em uma rebelião em outubro de 1962, que levaria a uma invasão estadunidense. Agora, estudos acadêmicos reconhecem que essa foi uma das razões pelas quais o primeiro-ministro russo Nikita Khruschev colocou mísseis em Cuba, iniciando uma crise que ficou perigosamente próxima de uma guerra nuclear. O secretário de Defesa dos EUA, Robert McNamara posteriormente admitiu que, se fosse uma liderança cubana na época, “teria esperado uma invasão dos EUA”.

Os ataques terroristas americanos a Cuba continuaram por mais de 30 anos. O custo disso aos cubanos foi, é claro, muito grave. A contagem de vítimas, dificilmente vista nos EUA, foi relatada em detalhes pela primeira vez em um estudo do canadense Keith Bolender, “Vozes do Outro Lado: Uma História Oral do Terrorismo Contra Cuba”, em 2010.

O preço em vidas de uma longa guerra terrorista foi ampliado por um embargo esmagador, que continua até hoje, a despeito do resto do mundo. Em 28 de outubro, a ONU, pela 23ª vez, endossou a “necessidade de dar um fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba”. A votação foi de 188 a 2 (EUA e Israel) com três abstenções, das dependências dos EUA nas Ilhas do Pacífico.

Existe hoje alguma oposição ao embargo em lugares importantes dos EUA, relata o ABC News, por que ele “não é mais útil” (citando o novo livro de Hillary Clinton, Hard Choices). O estudioso francês Salim Lamrani revisa os amargos custos aos cubanos em seu livro de 2013, A Guerra Econômica Contra Cuba.

Quase não é necessário mencionar Nicarágua. A guerra terrorista do presidente Ronald Reagan foi condenada pela Corte Internacional, que ordenou que os EUA encerrassem seu “uso de força ilícito” e pagassem reparações substantivas.

Washington respondeu aprofundando a guerra e vetando resolução do Conselho de Segurança da ONU de 1986, que chamava todos os Estados – significando os EUA – a observarem a lei internacional.

Outro exemplo de terrorismo foi lembrado em 16 de novembro, data do 25º aniversário do assassinato de seis padres jesuítas em São Salvador por uma unidade terrorista do exército salvadorenho, armada e treinada pelos EUA. Sob as ordens do alto comando militar, os soldados invadiram a Universidade Católica para assassinar os padres e qualquer testemunha – incluindo uma governanta e sua filha.

O evento marcou o fim das guerras terroristas dos EUA na América Central nos anos 80. Mas seus efeitos ainda estão nas primeiras páginas de hoje, nos relatos sobre a fuga de “imigrantes ilegais” — uma medida das consequências dessa carnificina. No entanto, eles são deportados dos EUA para sobreviverem, se puderem, nas ruínas dos seus países de origem.

Washington também emerge como o campeão mundial em gerar terror. O ex-analista da CIA Paul Pillar alerta que “o impacto gerador de ressentimentos dos EUA atinge” a Síria, onde talvez induza, no futuro, as organizações do Jihad Jabhat al-Nusra e o Estado Islâmico a “reparar suas falhas no ano passado e fazer campanha em conjunto contra a intervenção dos EUA, pintando-a como uma guerra contra o Islã”.

Essa é uma consequência já familiar das operações dos EUA, que ajudaram a espalhar o jihadismo — antes restrito a um reduto do Afeganistão, — para grande parte do mundo.

A manifestação do jihadismo mais alarmante hoje é o Estado Islâmico, ou ISIS, que estabeleceu seu califado assassino em grandes áreas do Iraque e da Síria.

“Penso que os Estados Unidos são um dos criadores chave dessa organização”, relata o ex-analista da CIA, Graham Fuller, comentarista destacado sobre assuntos na região. “Os Estados Unidos não planejaram a formação do ISIS”, acrescenta “mas suas intervenções destrutivas no Oriente Médio e a guerra do Iraque foram as causas básicas do nascimento do ISIS”.

A isso nós podemos incluir a maior campanha terrorista do mundo: o projeto global de assassinato de “terroristas” de Obama. O “impacto gerador de ressentimento” desses drones e ataques de forças especiais deveriam ser conhecidos demais para requerer mais comentários. Esse é um registro a ser contemplado com certo pavor.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

corrupção

CORRUPÇÃO: DESONESTIDADE NA ACEPÇÃO DO TERMO..

Por Alacir Arruda

Mas o que caracteriza um corrupto? A palavra corrupção deriva do latim corruptus que, numa primeira acepção, significa quebrado em pedaços e numa segunda acepção, apodrecido, pútrido. Por conseguinte, o verbo corromper significa tornar pútrido, podre.

Numa definição ampla, corrupção política significa o uso ilegal - por parte de governantes, funcionários públicos e agentes privados - do poder político e financeiro de organismos ou agências governamentais com o objetivo de transferir renda pública ou privada de maneira criminosa para determinados indivíduos ou grupos de indivíduos ligados por quaisquer laços de interesse comum – como, por exemplo, negócios, localidade de moradia, etnia ou de fé religiosa.

Em toda as sociedades humanas existem pessoas que agem segundo as leis e normas reconhecidas como legais do ponto de vista constitucional.

No entanto, também existem pessoas que não reconhecem e desrespeitam essas leis e normas para obter benefício pessoal. Essas pessoas são conhecidas sob o nome comum de criminosos. No crime de corrupção política, os criminosos – ao invés de assassinatos, roubos e furtos - utilizam posições de poder estabelecidas no jogo político normal da sociedade para realizar atos ilegais contra a sociedade como um todo.

A corrupção ocorre não só através de crimes subsidiários como, por exemplo, os crimes de suborno (para o acesso ilegal ao dinheiro cobrado na forma de impostos, taxas e tributos) e do nepotismo (colocação de parentes e amigos aos cargos importantes na administração pública). O ato de um político se beneficiar de fundos públicos de uma maneira outra que a não prescrita em lei – isto é, através de seus salários - também é corrupção.

Um exemplo clássico de corrupção é utilização por um político de seu conhecimento e de seu poder de tomada de decisão sobre fundos públicos na realização de um investimento particular (ou de seus companheiros políticos) para a compra de terras baratas que ele sabe que irão se valorizar em função de obras (como estradas e avenidas) que ele – enquanto governante - sabe que o governo fará com dinheiro público.

Todos as tipos de governos são afetados por crimes de corrupção, desde uma simples obtenção e dação de favores como acesso privilegiado a bens ou serviços públicos em troca de amizade até o pagamento superfaturado de obras e serviços públicos para empresas privadas em troca do retorno de um percentual do pagamento para o governante ou para o funcionário público (seja ele ou não seja ele uma figura preposta do governante) que determina o pagamento.

O ato considerado crime de corrupção e o ato não considerado crime de corrupção podem variar em função das leis existentes e, portanto, depende do país em análise. Por exemplo, obter ajuda financeira de empresários para uma campanha política é um ato criminoso em países em que todos os valores gastos nas eleições necessariamente têm de vir de fundos públicos (de maneira a que grupos políticos mais ricos não possam fazer valer a sua riqueza para o convencimento dos eleitores em favor de suas teses). Em outros países, este ato de doação financeira pode ser considerado totalmente legal.

A corrupção política implica que as leis e as políticas de governo são usadas para beneficiar os agentes econômicos corruptos (os que dão e os que recebem propinas) e não a população do país como um todo. A corrupção provoca distorções econômicas no setor público direcionando o investimento de áreas básicas como a educação, saúde e segurança para projetos em áreas em que as propinas e comissões são maiores, como a criação de estradas e usinas hidroelétricas. Além disso, a necessidade de esconder os negócios corruptos leva os agentes privados e públicos a aumentar a complexidade técnica desses projetos e, com isso, seu custo. Isto distorce ainda mais os investimentos. Por esta razão, a qualidade dos serviços governamentais e da infraestrutura diminui. Em contrapartida, a corrupção aumenta as pressões sobre o orçamento do governo. Em seguida, esta pressão se reflete sobre a sociedade com o aumento dos níveis de cobrança de impostos, taxas e tributos.

Países exportadores e países importadores de corrupção.

Não necessariamente os países em que há maior freqüência de agentes de corrupção passiva (isto é, que recebem propinas) também são os países em que existe maior freqüência de agentes de corrupção ativa (agentes que oferecem e dão propinas). Países com muitas empresas transnacionais têm maior probabilidade de ter agentes corruptores que agentes corruptos. Um país que recebe muitos investimentos internacionais interessados em um mercado ainda simétrico em termos concorrências pode ser um país com maior freqüência de agentes que se prestam a serem corrompidos. No entanto, em alguns países, a cultura da corrupção disseminou-se por todos os aspectos da vida pública o que torna mais ou menos impossível realizar e permanecer nos negócios sem dar propinas.
 
Corrupção no Brasil

Com tantos casos vindo a conhecimento publico não podemos deixar de reparar no descrédito dos brasileiros na política. E um dos principais fatores desse descrédito é a corrupção generalizada, quase endêmica, em todos os ramos das atividades política e econômica brasileiras.

Poderíamos supor que a corrupção do brasileiro vem do famoso jeito malandro que tanto atribuem à conduta de nossos conterrâneos, mas não seria isso um despautério? Todos os povos do mundo são corruptíveis. Em condições de liberdade vemos ao longo dos tempos, e a história comprova com fatos, povos inteiros que quebraram regras e leis se tornando corruptos e sendo punidos posteriormente.

O que caracteriza uma corrupção brasileira é a falta de punição que vemos por aqui. Já que em outros países do mundo a punição é severa e eficiente, as pessoas ficam com muito mais receio de aplicar golpes e burlar as leis sabendo que provavelmente irão para a cadeia.

Não podemos esquecer também que a origem desse processo corrupto que vemos eclodir hoje vem de uma época remota que parece esquecida. A época da ditadura militar brasileira. Durante cerca de vinte anos houve um processo arraigado de implementação da corrupção no país.

Não sendo muito estranho que agora comece uma limpeza, já que os resquícios ditatoriais estão se extinguido e com isso dando espaços para ações de pessoas que estão em outro processo cultural que não aquele de trinta anos atrás.

A corrupção não é brasileira, mas sim universal. O que temos é a falta de punição adequada para coagir tais atos e preveni-los. E com esse processo todo de cassações de mandatos esperamos que a corrupção possa diminuir e, enfim, daqui há algumas décadas possamos nos orgulhar de vivermos em um país menos corrupto.
No Brasil nunca um político ou funcionário publico foi processado, por crimes, apenas são aposentados com gordas aposentadorias, isto se dá também a corrupção generalizada, leis feitas por eles para beneficiar apenas eles, os corruptos se cercaram de leis que os torno quase que intransponível, isto dá a eles o poder de roubar o dinheiro publico sem que sejam punidos.

Só a opinião publica pode mudar este contexto agressor a sociedade, paga-se impostos somente para fomentar a corrupção, e a cada governo aumenta mais, pois somente o governo PT  criou para ele 93.000 cargos de confiança- “cabides de emprego”- ou seja, ganha-se sem trabalhar, acredita-se que existem hoje mais de 4 milhões de cabides de emprego dados pelos políticos brasileiros, fora os desvios de verbas entre outras, a cada ano o brasileiro paga mais impostos para alimentar essa maquina corrupta em detrimento dos benefícios que   são cada vês menores.


Segue no próximo............


sábado, 13 de dezembro de 2014

Brasil, corrupção, doença

Brasil: a Corrupção como Endemia 


Por Alacir Arruda 

Começarei hoje uma seqüência de 5 artigos tratando exclusivamente da corrupção em nosso país que, apesar de ser um tema recorrente, voltou à tona após a Operação Lava Jato da Policia Federal que investiga o desvio de quase 1 bilhão da nossa maior empresa, a Petrobras e o seu total aparelhamento pelo PT. Endemia é um termo que empresto da biologia que etimologicamente significa “ A ocorrência de uma determinada doença que no decorrer de um largo período histórico, acomete sistematicamente grupos humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, mantendo a sua incidência constante, permitidas as flutuações de valores tais como as variações sazonais”.

Mas porque o nosso sistema politico em todos os níveis foi acometido por essa “praga”? Bom, para chegarmos a essa resposta precisaremos recorrer ao nosso processo histórico e isso será tema dos próximos artigos, por hoje vamos refletir um pouco sobre o nosso quadro politico.

A máxima “o poder corrompe” é a bandeira que cobre o caixão no qual velamos a política. Ela é primeiro desfraldada por aqueles que pretendem evitar a partilha do poder que constitui a democracia. Ela é aceita por todos aqueles que se deixam levar pela noção de que o poder não presta e, deste modo, doam o poder a outros como se dele não fizessem parte. Esquecem-se que a falta de poder também corrompe, mas esquecem sobretudo de refletir sobre o que é o poder, ou seja, ação conjunta.

Democracia é partilha do poder. É o campo da vida comum, a vida onde todos estamos juntos como numa mesma embarcação em mar aberto. Partilhamos o poder querendo ou não, mas podemos fazê-lo de modo submisso ou democrático, omisso ou presente. Estamos dentro da democracia e precisamos seguir suas conseqüências. 

Democracia é também responsabilização pelo contexto em que vivemos: pelo resultado das eleições, pela miséria, pelo cenário inteiro que produzimos por ação ou omissão. Mas não nos detivemos em escala social para entender o que a democracia é e, por isso, falta-nos a reflexão que é capaz de orientar o seu sentido, bem como o sentido do poder e da política. 

Acreditamos que o poder é mau. Que a política é ação para espíritos corruptíveis. Construímos a noção de que política não combina com ética, com moral, com princípios. Quem acredita nisso já contribui para a manutenção do estado geral da política, pois afirmamos uma essência em lugar errado. Onde deveria estar a ação que constitui a política, está a crença que determina o preconceito e a inação. Neste sentido, a compreensão disseminada no senso comum, já é corrupta. Ela compactua com a corrupção ao reafirmá-la no discurso que sempre orienta a prática. 

É nosso dever hoje reavaliar a experiência brasileira diante da política. A compreensão da política como campo da profissão, por definição, corrupta, é ela mesma corrompida e corrupta. Ela destrói a política, cujo significado, precisamos hoje, refazer. 

Esta é a ação política mais urgente. 

Acostumamo-nos ao pré-conceito de que política é apenas governabilidade e deixamos de lado a idéia fundamental de que a política é projeto de sociedade da qual participam todos os cidadãos. Reclusos em nossas casas, acreditamos que a esfera da vida privada está imune ao político. Esquecemos que o pessoal é também político, não como espetáculo, mas como lugar de relação e modelo da esfera macroscópica da sociedade. Políticos somos porque falamos e estamos com os outros. Política é relação “entre-nós” produzida pela linguagem, pela nossa fala, por nossos discursos. O que dizemos é sempre político. Pois falar é o primeiro passo do fazer ou, mesmo, a primeira de nossas ações.

Política é a relação estabelecida no enlace inevitável entre indivíduos e sociedade. Na omissão praticamos a anti-política. Toda anti-política que seja omissão e não crítica é corrupção da política por ser corrupção da ação. A mais urgente das ações políticas na atualidade, além da punição dos que transformaram nossa governabilidade em prostituição da ação, é refazermo-nos como políticos no verdadeiro sentido. 

domingo, 7 de dezembro de 2014

Líder da bancada do DEM chama Renan de ‘vergonha do Congresso’

Josias de Souza-Uol.


 As regras costumam ser menos perigosas do que a imaginação. Sob Renan Calheiros, porém, vigora nas sessões do Congresso uma única regra definitiva: não há regras definitivas. Nesta quarta-feira, a anomalia produziu uma cena deprimente. Deu-se na sessão convocada para votar o projeto que legaliza o rombo que o governo abriu em suas contas de 2014.
Aos olhos da oposição, Renan presidia uma sessão ilegal. Faltava-lhe o quórum mínimo exigido pelo regimento. A certa altura, o deputado Mendonça Filho pediu a palavra como líder do DEM. Renan aquiesceu, acomodando Mendonça numa fila:
“Concedo a palavra, como líder, ao deputado Cláudio Cajado, em seguida ao deputado Mendonça Filho, em seguida ao deputado Paudernei Avelino”, disse o presidente do Congresso. “Na sequência, o senador Romero Jucá (relator do projeto do remendo fiscal) vai ler um requerimento que se encontra sobre a Mesa. E vamos começar a Ordem do Dia”.
Mendonça Filho dirigiu-se à tribuna. Postado defronte do microfone, esperou pela conclusão da fala do colega Cláudio Cajado. Ignorando-o, Renan anunciou: “Com a palavra o deputado Cláudio Puty”. Petista do Estado do Pará, Puty alisou os tímpanos Renan, que vinham sendo maltratados pelos oposicionistas havia quase uma hora: “Quero elogiar a sua condução serena da sessão.”
Ainda na tribuna, Mendonça abespinhou-se: “Vossa Excelência havia me concedido a palavra”, disse ele, dirigindo-se a Renan. “Eu tenho preferência, como líder.” Renan subiu o timbre: “Vossa Excelência pode tudo aqui, só não pode ficar aí, da tribuna, gritando.”
O líder do DEM dobrou o tom: “Posso! Vossa Excelência está envergonhando o Congresso. Vossa Excelência é uma vergonha para essa Casa. É uma vergonha! É uma vergonha para esse Parlamento! Vossa Excelência venha me tirar daqui, da tribuna! Vossa Excelência está pensando que vai mandar em mim da forma…”
Súbito, Renan cortou o microfone de Mendonça, admoestando-o: “Vossa Excelência não pode ficar aí, gritando. Vossa Excelência pode tudo. A democracia que Vossa Excelência quer e reivindica pode permitir isso. Mas a democracia do Brasil não permite, não. Cale-se aí! Cale-se aí!” Renan devolveu a palavra ao governista Cláudio Puty.
Transtornado, Mendonça marchou em direção à poltrona do presidente do Congresso. Interpelou Renan cara a cara. Dedo e língua em riste, abandonou o 'Vossa Excelência'. Bradou, sem formalismos: “Me respeite! Me respeite! Me respeite! Me respeite! Não vai mandar calar!” Em pé, no plenário, a bancada oposicionista solidarizou-se com Mendonça. Os deputados gritavam: “Não vai calar ninguém! Não vai calar ninguém!”
A atmosfera abrasiva perdurou por arrastados 17 minutos. Pega daqui, capa dali o plenário foi ficando ainda mais vazio do que no início dos trabalhos. E Renan, por mais que desejasse fazer média com Dilma, com quem se reunira na véspera, teve de se render às evidências. O problema do governo não era o barulho da oposição, mas o silêncio do conglomerado oficial.
Foi como se o mutismo dos aliados de Dilma gritasse para o Planalto: tudo bem, nós vamos aprovar a meia-sola que o governo pede para tapar o buraco do Tesouro. Antes, porém, queremos saber que espaço cada um terá na Esplanada dos Ministérios. Mestre na audição dos silêncios do Legislativo, Renan entendeu o recado.
Percebendo-se na condição de general sem infantaria, o presidente do Congresso encerrou, finalmente, a sessão. E convocou a próxima batalha para terça-feira da semana que vem. Com isso, concedeu cinco dias de prazo para que Dilma pacifique a própria tropa. Serão dias de muito silêncio.
Antes que a ficha lhe caísse, Renan ainda franqueou o verbo ao líder de Dilma na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS): “Nós estamos enfrentando um problema, presidente, que não tem nada a ver com a condução de Vossa Excelência. O que ocorre? Há uma vontade de maioria, que faz uma escolha de política econômica.”
Fontana prosseguiu: A maioria “entende que alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias é positivo para a economia. Eu, por exemplo, estou aqui para votar com essa convicção. A bancada do PMDB, do PSD, do PTB, de diversos partidos… Todos querem votar com esta convicção”. Logo se verificaria que a convicção não se traduziu em quórum. Porém…
O líder do Planalto resolveu fazer “uma crítica respeitosa'' aos antagonistas do governo. Ralhou: “A oposição, ao perceber que não tem os votos, tenta gritar no plenário. Lá na Comissão de Orçamento, ela fez isso. Foi para a frente da Mesa do presidente, como quase tentou fazer aqui, impedindo o presidente de presidir uma sessão. […] Quem é contra pode obstruir e não votar. Mas não pode impedir a sessão de se realizar.”
Fontana esticou a prosa: “Vou usar uma palavra dura. A oposição não pode colocar o dedo em riste, a um metro do presidente da Casa. […] Ou a ordem é como a oposição quer ou ela quer desordem. Aí não funciona na democracia, presidente”. Dirigindo-se a Renan, o líder do Planalto adulou:
“Presidente, Vossa Excelência não precisa ouvir isso. Mas eu sinto a motivação de dizer, em nome da amplíssima maioria desse plenário: Vossa Excelência está respeitando o regimento com toda a paciência que a democracia exige no Parlamento. Peço à oposição que não suba de dedo em riste, em volta da cadeira do presidente.”
As palavras do líder de Dilma acenderam o pavio do líder do PSDB de Aécio Neves, deputado Antonio Imbassahy (BA). “Quero me dirigir ao líder do governo”, disse ele, achegando-se ao microfone. “As oposições não reconhecem no governo autoridade moral para se dirigir a nós dessa maneira. Triste, deputado Fontana, é o mensalão. Triste é ver líderes e ex-presidentes do seu partido presos na Papuda. Triste, líder do governo, é a gente assistir às denúncias do petrolão. Roubo, roubalheira, assalto! Saquearam a Petrobras. É isso, deputado Fontana, que envergonha os brasileiros.”
O tucano Imbassahy bicou: “Nós não aceitamos esse tipo de mensagem do líder do governo. Um governo que assaltou o país, que envergonha com a maior história de corrupção da República.” Para encerrar, o deputado reportou-se a Renan: “Solicito a Vossa Excelência serenidade e equilíbrio, porque essa sessão, a continuar, será anulada. Anuncio que recorreremos ao STF para pedir a anulação de uma sessão iniciada sem o quórum.”
Mais adiante, Mendonça Filho voltou ao microfone: “Quero dizer a Vossa Excelência, senhor presidente Renan, que só o povo de Pernambuco pode me calar, me retirando o mandato. Sou um parlamentar de convivência democrática e respeitosa, inclusive com os adversários. Vivo dentro de um Estado democrático, presidente. Que pressupõe respeito às leis e à Constituição, respeito ao regimento”.
Mendonça também se dirigiu ao petista Fontana: “O governo cumpre seu papel. Luta para aprovar o que acredita. Um erro. Afronta a Lei de Responsabilidade Fiscal, avilta todos os compromissos com o equilíbrio as contas públicas no país. Mas o governo, deputado Fontana e presidente Renan, tem que agir dentro das regras do jogo democrático, respeitando o regimento.”
O líder do DEM recordou a batalha da noite da véspera: “Ontem, o Congresso viveu uma de suas páginas mais negras. O regimento interno foi atropelado. Votamos matérias sem discussão, sem encaminhamento, sem orientação, votamos 38 vetos numa única cédula de votação. E hoje, a grande surpresa pra mim, presidente Renan, é que se repete a dose. O governo não se satisfez. Ligou novamente a motoniveladora.”
Mendonça armou-se de ironia: “Nós temos três regimentos: da Câmara, do Senado e do Congresso. Agora, convivo com o regimento de Vossa Excelência —o regimento de Renan Calheiros, que a cada instante se adapta à situação. Não dá para conviver democraticamente nesse ambiente. Para respeitar a democracia tem que respeitar as regras. Não estou aqui para diminuir Vossa Excelência. Mas ninguém, senador, deputado, homem nenhum, me tira o direito de falar. Falo e falarei sempre. Essa prerrogativa não foi dada por Vossa Excelência. Foi conferida pelo meu povo. O povo pernambucano.”
Em resposta, Renan suavizou a voz: “Respondendo ao deputado Mendonça Filho, com toda a humildade, a quem respeito muito, quero lembrar que cheguei pouco depois de iniciada a sessão. […] Deputado Mendonça, eu garanti a palavra a todos. Não estaria aqui, sentado nessa cadeira, para atropelar o regimento do Congresso nem da Câmara nem do Senado.”
Renan prosseguiu, pausadamente: “O que nós precisamos compatibilizar, e a circunstância muitas vezes dificulta, são os ânimos, para que cada um cumpra o seu papel. O presidente do Congresso não é líder da bancada do governo nem representante da oposição. Temos que interpretar o regimento. Peço até desculpas pelo excesso. Acho que todos temos que pedir desculpas e levar adiante a sessão. Nesse momento em que peço desculpas pelo excesso, faço um apelo para o bom senso e o equilíbrio.”
Sobrevieram mais meia dúzia de manifestações. E Renan, finalmente, deu o braço a torcer. Reconhecendo o crescente esvaziamento do plenário, encerrou o vexame.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

sociedade dos poetas mortos

Numa Sociedade de Poetas Mortos, qual o papel de um professor?

Por Alacir Arruda.

Estamos chegando ao final de mais um ano letivo, momento em que cada profissional ligado a educação para com o objetivo de refletir sobre aquilo que deu certo durante o ano e aquilo que pode ser melhorado para 2015. Como sou ligado a filosofia, gosto muito de frases de efeito ou mesmo situações emblemáticas que reflitam os anseios da sociedade. Quando eu tinha 18 anos eu assisti ao filme Sociedade dos Poetas Mortos, ate então não havia suscitado em mim a ideia de ser docente, lembro-me de ter ficado impressionado com a forma que aquele professor conduzia sua classe, imaginei na época: “se um dia fosse professor, seria como esse cara’. 

Mais de 20 anos se passaram e hoje estou aqui, falando do filme que despertou o educador adormecido dentro de mim. Nunca tive a pretensão de me comparar àquele professor, quis ser eu mesmo, mas reconheço que fui muito influenciado pelo seu método. O filme Sociedade dos Poetas Mortos relata a história de um internato masculino chamado Welton. Esse internato era considerado o melhor do país e tinha um modelo marcado por tempo determinado para cada função, tendo como finalidade a educação tradicional, baseada nos quatro pilares: Tradição, Honra, Disciplina e Excelência.

São esses quatro pilares, que levam os pais a escolherem o internato como uma condição de que seus filhos ingressem nas melhores universidades. Os pais pressionavam os filhos para que estes se tornassem os melhores. Como na cena em que no primeiro dia de aula, um aluno é alertado que de seu trabalho ser um bom aluno será difícil, já seu irmão tinha sido o melhor aluno que a escola já teve.

O estilo pedagógico adotado é de saber especifico: o cientifico. Os cursos mais valorizados são Medicina, Direito e Engenharia; já a Literatura e a Arte Dramática não são de tanta importância. Como podemos numa cena em que o aluno Neil não consegue convencer o pai, que exige que ele deixe suas atividades como redator do anuário escolar, e até quando o pai aborda-o depois de descobrir que esta participando de uma peça teatral.

Também é fácil perceber que a imagem feminina é prevalecida pela razão masculina. Prova disso é quando o pai de Neil fala sobre a decepção e tristeza que ele irá causar à sua mãe se insistir nas idéias de abandonar o ingresso na Medicina pra cursar Arte Dramática. O que fica marcado é que o sexo feminino possui um poder menor que o oposto. Devido a essa opressão por parte do pai, e a omissão materna, Neil comete suicídio por se sentir impossibilitado de realizar seus sonhos.

Contradizendo a todo princípio da escola tem o professor John Keantig, embora tenha sido formado na escola, ele tinha uma proposta de ensino com base no próprio processo de viver e aproveitar o dia, Carpe Diem. Ele dizia que a educação deveria se confundir com nossa vida. Carpe Diem é como uma nova visão de vida. ‘Aproveite seu dia, colha logo seus botões de rosas’.

As suas propostas de ensino fugiam do paradigma estabelecido pelo internato; uma vez que o professor utilizava de outros espaços, considerados não-convencionais pra propor atividades diferentes, fazendo com que a convivência entre os alunos seja agradável. O filme mostra cenas como as que o professor encoraja seus alunos a subirem na mesa, falarem alto, e até arrancar as páginas de um livro, considerando-as como excrementos. Este professor também nota a dificuldade de um aluno, o Todd, que tinha problemas com a leitura e Keating procura maneiras de encorajá-lo. Esses atos fazem com que o professor Keating se torne um novo modelo de educação, não seguindo assim o currículo padronizado e ensinando os alunos a pensarem por si mesmos.

É por esses vários motivos que o filme, Sociedade dos Poetas Mortos é considerado um filme extremamente brilhante, já que nos faz perceber a extrema importância do papel do professor perante os alunos, pois como educador este deve estimular a formação dos cidadãos, e mais que isso; que sejamos críticos, criativos e pensadores.

A grande lição da historia é o ideário ‘Carpe Diem’ como uma nova visão de vida. ‘Aproveite seu dia, colha logo seus botões de rosas’.





quinta-feira, 27 de novembro de 2014

tudo sobre vestibular

“O blog do professor alacir arruda agora em parceria com Tudo sobre Vestibular.

Tudo Sobre Vestibular

Plataforma de estudos online lança portal exclusivo para vestibulandos, com mais de 1 milhão de materiais de estudo gratuitos, criados por alunos e professores com o auxílio de ferramentas digitais

Na reta final para as últimas provas de Vestibulares deste ano, plataforma de educação online, que conta com mais de 100 mil estudantes e professores do Brasil, reúne em um único portal Tudo sobre Vestibular.
ExamTime – plataforma de educação online que existe nas versões em Inglês, Espanhol e Alemão , com total de 600 mil usuários de 190 países – conta, em sua versão Brasileira, com mais de 1 milhão de materiais de estudos criados por professores e alunos, com o auxílio de ferramentas online.
O objetivo da plataforma é democratizar o acesso à educação, incentivando alunos e professores a criar material de estudo e compartilhá-los entre os usuários.
Às vesperas de Vestibulares como o da Fuvest  e  Unicamp, ExamTime reuniu no portal Tudo sobre Vestibular os mais completos materiais de estudo criados por vestibulandos e professores, para guiar o candidato em sua missão de passar no exame.
Material de estudo como Mapas Mentais, com resumos e esquemas de conteúdos complexos; Flashcards (os cartões de memória), para praticaro conhecimento de fórmulas de Matemática, Física, Química, datas histórias e conceitos desde Biologia até Inglês; Simuladoscom questões de provas de Vestibular e Cadernos Online, com anotações e resumos de obras literárias. Todos esses materiais de estudo estão disponíveis gratuitamente aos usuários da plataforma.
O cadastro em ExamTime e a utilização das ferramentas online para estudar também são gratuitos.
O portal traz aindainformaçõessobre as disciplinas mais cobradas nas provas de Vestibulares, como Português, Matemática, Física, Química e História; as melhores estratégias de estudo para cada uma, além de informações sobre os diferentes estilos de provas aplicadas nos mais concorridos processo seletivos do país.
Em cada página do portal, há sugestões dos mais variados materiais de estudo e exercícios sobre todo o conteúdo cobrado nos exames.


Veja alguns dos materiais de estudo disponíveis no portal :



porquê???

PORQUE SOMOS ASSIM III

Por Alacir Arruda

É o terceiro artigo que publico com o mesmo tema, quem tiver  curiosidade basta pesquisar no Blog que encontrarão as partes I e II. Porque insisto nesse tema? Não sei, talvez por acreditar que um dia essa nossa forma corrupta de lidar com as situações do cotidiano mude. Uma certeza eu tenho: O brasileiro é desonesto até que se prove o contrário. Não sou eu quem está falando, não. São nossas empresas. Nossas centrais de atendimento, nossos prestadores de serviço, nossos patrões… Exemplo que ressalta minha revolta: tenho uma linha telefônica de uma destas empresas “tipo de telefone, sabe?”. Eu tinha o pacote todo, mas como o serviço era horrível, fiquei apenas com o telefone, cancelando a internet e a televisão. Isso faz dois anos. E esse mês fui cobrado de um valor completamente indevido referente a ambos os serviços. Por mais que eu fale que eu não o tenha mais e que os equipamentos foram retirados da minha casa há dois anos, eles não acreditam. Mesmo vendo o histórico dos meus pagamentos, muito menores desde então, nos últimos vinte e quatro meses, eles não acreditam. Não deu baixa no sistema? Problema meu. Mesmo que o erro tenha sido deles. E agora, além de perder a manhã resolvendo, também preciso ficar à tarde disponível para que eles entrem na minha residência e vasculhem meus aparelhos eletrônicos a fim de encontrar provas de que estou errado.

Esse exemplo é só o mínimo. Quantas vezes precisei entrar em contato com companhias aéreas para comprovar que paguei o valor promocional e não o cheio. Ou, quantas vezes precisei deixar um produto para análise, sem substituição de outro, para que chegassem à conclusão que não fui eu quem quebrou, mas sim ele que não funciona. E até foto de trânsito que já tive que tirar, inclusive da parte do acidente, para provar que eu não atrasei por motivo fútil no trabalho.

Nossa política é de desconfiar sempre, porque com o jeitinho brasileiro todo mundo tem medo de ser passado pra trás. Nas empresas, se não fizerem essa fiscalização, o prejuízo deve ser enorme. Nos recursos humanos, se não pedir o atestado, é capaz de faltar gente todo dia. E se até no Congresso, com todas as CPI’s e investigações, a gente ainda leva um prejuízo danado dos políticos corruptos, imagina só o que aconteceria se acreditássemos na palavra do outro?

Até aí, parece justo. Mas quando a gente olha com mais profundamente a questão, o que dá vontade de perguntar é simples: “cadê” o respeito à minha palavra? Onde está o meu crédito, o meu direito a ser ouvido e respeitado? Quem defende a minha casa de prestadores de serviço que vão entrar aqui apenas para conferir o que eu já disse? Quanto mais dessa invasão de privacidade eu precisarei suportar para que não venham novas cobranças indevidas, como se isso fosse um benefício e não uma obrigação deles? Quanto mais prejuízo vou levar entre debater com uma destas companhias e perder uma hora do meu trabalho, ou trabalhar e alimentar estas atitudes e cobranças indevidas comigo?

O que parece acontecer é que essas situações fazem parte de uma cadeia com muito mais consequências do que podemos imaginar, que englobam “falsificar a carteirinha” porque o cinema está caro, ou “arranjar esse atestado” pra chegar mais tarde… O “toma uns cinquenta reais para o café, seu guarda” ou aquele típico “vai que ninguém tá vendo”… O nosso pular a catraca “só por hoje”, comemorar quando vem o troco a mais porque “não vai fazer falta pra ele mas a mim, sim” e até aquele silêncio quando a pessoa da frente derruba o dinheiro e você espera para tomá-lo para si.

Esse nosso comportamento, vicioso e corrupto, a cada dia mata um pouco mais de nossa própria palavra. Cobra um pouco mais de nossa própria paciência e de nosso próprio tempo. E permite cada vez mais depredações à nossa educação, saúde, transporte, moradia, cultura… Porque vem também dos governantes, é algo nosso. Não há como ter um país melhor sem melhorarmos, sem nos modificarmos (não, não somos os piores, os mais errados, os mais corruptos, etc., mas aqui o assunto é apenas nós).

Cobramos atitudes honestas dos outros e esquecemos de nós, do exemplo que damos no dia-a-dia, quando ninguém está olhando. Além de corrermos o risco de tomarmos as mesmas atitudes erradas se formos nós no comando. Nos tratam com desonestidade e nós achamos normal, talvez porque pensamos lá no nosso íntimo que esse tipo de situação é um problema localizado. Mas, o que me parece é que permeia toda a população, e somos nós os algozes e, também, as vítimas. Nós deveríamos nos questionar sobre isso! Nós consideramos comum ter que passar por toda a dor de cabeça para mostrarmos, no final, que estávamos certos desde o começo. Alimentamos uma cadeia venenosa para nossa sociedade sem perceber que, no fim do dia, temos o que provocamos, ou melhor, construímos.

Até quando?




sábado, 22 de novembro de 2014

o limite da burrice

(Vejam abaixo que não há limites para a ignorância humana)

Projeto criacionista de Feliciano é um monumento à ignorância..

POR MAURÍCIO TUFFANI
15/11/14  17:41
O deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), autor de projeto de lei que propõe ensino de criacionismo nas escolas brasileiras. Imagem: Alan Marques/Folhapress

O deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) apresentou na quinta-feira (13.nov) ao Congresso Nacional mais uma ideia que certamente dará o que falar: um projeto de lei para tornar obrigatório o ensino do criacionismo na educação básica pública e privada do país. Desta vez o parlamentar evangélico paulista se superou na demonstração de profunda ignorância ao tratar de um assunto em uma proposição legislativa.

Para “justificar” seu projeto de lei 8.099/2014, Feliciano deu uma explicação digna de destaque nos anedotários políticos. Segundo o texto, o evolucionismo se baseia na ideia de que a vida surgiu de uma “célula primitiva que se pôs em movimento pelo Big Bang”.
Em outras palavras, o projeto do parlamentar reeleito com 398 mil votos —o terceiro mais votado para deputado federal em São Paulo, atrás apenas de Celso Russomano (PRB) e Tiririca (PR)— mistura a teoria sobre o surgimento do universo há cerca de 15 bilhões de anos com a da evolução das espécies por meio da seleção natural.
Mesmo sem saber que bilhões de anos se passaram desde o Big Bang até o surgimento dos primeiros seres vivos, qualquer pessoa com o mínimo de interesse sobre o assunto entende que se tivesse existido uma célula naquela explosão primordial do universo, ela jamais teria escapado à desintegração.

Crianças ‘confusas’ 
A “justificação” do projeto lei apresenta outras asneiras, a começar pela absurda pressuposição de que a ciência  procede “como se  fosse possível submeter à autenticidade do Criador em laboratório de experimentos humanos”, e outras, como as dos trechos a transcritos seguir.
“As crianças que frequentam as escolas pública tem se mostrado confusas, pois aprendem nas suas respectivas escolas noções básicas de evolucionismo, quando chegam a suas respectivas Igrejas aprendem sobre o criacionismo em rota de colisão com conceitos de formação escolar e acadêmica.”
“Ensinar apenas o EVOLUCIONISMO nas escolas é ir contra a liberdade de crença de nosso povo, uma vez que a doutrina CRIACIONISTA é a predominante em todo o nosso país. O Ensino darwinista limita a visão cosmológica de mundo existencialista levando os estudantes a desacreditarem da existência de um criador que está acima das frágeis conjecturas humanas forjadas em tubos de ensaio laboratorial. Sem menosprezo ao avanço tecnológico e científico, indispensável às necessidades sociais enquanto aplacador da inventividade e curiosidade humanas, é possível harmonizar ensinos que contribuam ao desenvolvimento e amplitude da visão cósmica do conhecimento humano.”

Saia justa
Além desses e outros disparates, o texto do deputado-pastor Marco Feliciano contém erros gramaticais em excesso. Uma simples consulta à Wikipedia ou pelo Google e a ajuda de um simples corretor gramatical teriam resolvido esses problemas. É possível que a apresentação desse projeto de lei seja resultado de uma iniciativa apressada.
Coincidentemente, no dia seguinte à apresentação dessa desastrada proposta legislativa teve início em Campinas o 1º Congresso Brasileiro do Design Inteligente, no qual estarão reunidos até amanhã (domingo, 16.nov) biólogos, químicos e especialistas de outras áreas que rejeitam o modelo evolucionista baseado na seleção natural, mas não necessariamente baseados na interpretação literal da Bíblia de que o universo tem menos de 6 mil anos.
Tendo ou não sido proposital a coincidência com o evento, Feliciano arrumou uma saia justa para os adeptos do DI (Design Inteligente) com esse projeto de lei que é um monumento à ignorância. Sem querer, o deputado talvez tenha ajudado a abertura da caixa-preta do criacionismo, sobre a qual comentarei em breve.

PS – Copia e cola
A coisa é pior do que eu imaginava. Poucos minutos depois de eu publicar este post, o biólogo Roberto Takata me mostrou pelo Twitter que, na verdade, a proposta do pastor Marco Feliciano é uma cópia piorada de outra, o projeto de lei 594/2007, apresentado pelo deputado estadual Artagão Jr. (PMDB) à Assembleia Legislativa do Estado Paraná (Alep) em 2007. Nesta semana ele começou a ser apreciado na Comissão de Constituição e Justiça do Legislativo paranaense.

Em seu projeto Feliciano repete não só os mesmos disparates, mas também os mesmos erros de gramática do texto apresentado originalmente por Artagão Jr., apesar de o site do deputado estadual paranaense já ter uma versão corrigida. A única originalidade do parlamentar evangélico paulista só serviu para acrescentar ao início da “justificação” mais uma bobagem, aquela acima mencionada sobre “submeter à autenticidade do Criador em laboratório de experimentos humanos”.
É possível que Feliciano tenha copiado o projeto apresentado à Alep com a anuência do deputado paranaense ou, quem sabe, até mesmo com a recomendação dele. É estranho, no entanto, não ter sido dado nenhum crédito. Seja como for, tudo isso reforça que o deputado federal paulista desconhece o assunto de que trata. E que continua em pé o monumento à ignorância, cuja demolição cabe aos legislativos estadual e nacional.

PS 2 – Congresso de DI se posicionou contra ensino de criacionismo
A novidade está no post “Design Inteligente rejeita criacionismo em aulas de ciências”, publicado em 16.nov às 21h36.