sexta-feira, 30 de junho de 2017

Educação: ainda estamos na Idade Media

POR QUE A NOSSA EDUCAÇÃO É ULTRAPASSADA?

Por Alacir Arruda

Durante o período que palestrei para professores da educação básica, sempre  contava essa historinha para iniciar nossa reflexão:  "Se fosse possível ressuscitar um médico cirurgião, formado em medicina em 1920, e colocarmos ele hoje numa sala de cirurgia, será que ele conseguiria operar? Com certeza não! A medicina , nesses últimos 90 anos, evoluiu de tal forma que ele sequer acharia a sala de cirurgia, quanto mais operar. Agora pensemos o professor:  Se pegarmos um professor , que dava aula em 1890,  e o  colocarmos  numa sala de aula hoje, será que ele conseguiria ministrar uma aula? Com certeza! Sem dúvida que sim. pois ele encontraria em sua frente uma lousa com uma  caneta pilot, ou quadro negro e giz, uma mesa, carteiras e um bando de alunos com seus cadernos, livros (ou apostilas), sentados, olhando para a cara dele, exatamente como há 120 anos.

Sempre disse isso e reforço: "A educação no Brasil é um dos seguimentos que menos evoluiu nos últimos  100 anos." 95% dos nossos professores ainda dão aula, como se isso fosse algo positivo -. Aula não ensina nada para ninguém, e prova não avalia. Mas insistimos nesse modelo medieval, onde o aluno é obrigado a assistir aulas hibridas onde ele não se vê. No Brasil o aluno e tratado como um "imbecil", um bobo alegre,  que nada sabe, que deve copiar matérias desconexas com sua realidade e gravar fórmulas para a prova,  e  por ultimo, ele deve respeito ao professor, esse sim, detêm o conhecimento. Vocês sabem o que esse modelo conseguiu nos últimos anos? Fazer com que o educando "odeie" escola e tenha ojeriza de algumas disciplinas e, por extensão, da cara do professor. . Onde está o aluno como agente? 

Quando falo isso sou muito criticado, sobretudo pelos meus pares, que sempre  me perguntam:  "-fazer o que então Alacir, uma vez que fomos  doutrinados a fazer assim?" Sempre penso muito antes de responder, pois se eu falar o que penso,  os ofenderia. Mas pensemos o seguinte: " seria possível uma outra forma de educar?" Bom, usemos a   Finlândia como exemplo, que  parece um país muito distante quando buscamos pelas gélidas imagens das suas paisagens na internet,   mas ela  investe cerca de 50% do seu PIB em Educação.

A Finlândia é bem menor que o Brasil, com uma população de pouco  mais de 5 milhões de habitantes (estimada em 2013),  a Finlândia é o exemplo do que seja educação moderna. A  chefe do seu Departamento de Educação – Marjo Kyllönen –,  que recentemente esteve no Brasil, tem levado ao mundo as novas perspectivas do país para a área.

Desde 2015, Kyllönen tem trabalhado na “abolição” das disciplinas tradicionais dos currículos escolares. Isso significa que não haverá mais aulas de Matemática, Química, Física, História, Geografia, Finlandês ou qualquer matéria que tenha seu conteúdo isolado das demais. Exatamente o que praticamos aqui..Aulas hibridas,desconexas e sem qualquer razão de existirem. O aluno por sua vez se sente uma besta,chega em casa meio dia a mãe pergunta: " -teve aula de que hoje filho?". O filho,  " puto" de raiva, responde: "-pô mãe, eu ja fiz muito de ir na aula, lembrar que matérias tive,  ai já querer demais...sei lá!"

A chefe do Departmento de educação da Finlândia explica ainda que  “há escolas que estão ensinando à moda antiga, o que foi benéfico no início dos anos 1900 – mas as necessidades não são as mesmas, e precisamos de algo adequado para o século XXI”.

A FINLÂNDIA DEU ADEUS, SÉCULO XIX ( nós ainda estamos lá).

Para isso, professores, diretores, pais e alunos têm trabalhado em conjunto para adequar o procedimento cujo objetivo é permitir que os alunos estudem eventos e fenômenos em um formato interdisciplinar.

Por exemplo, uma aula da Segunda Guerra Mundial será examinada a partir da perspectiva da História, Geografia e Matemática, fazendo com que os alunos também interajam com todo um conjunto de conhecimentos sobre Língua Inglesa, Economia e habilidades comunicativas.

Este sistema será introduzido aos estudantes mais velhos, de 16 anos. A ideia geral é que eles possam escolher o tópico ou o fenômeno que querem estudar, tendo em mente suas ambições para o futuro e suas capacidades.

Dessa forma, nenhum aluno terá que passar por um curso inteiro de Física ou Química, perguntando-se o tempo todo: “Pra que eu preciso saber isso?”.

A grande diferença entre a reforma finlandesa e a recente reforma brasileira é que a primeira está sendo feita com diálogo e muita cautela a fim de respeitar os estágios tanto dos alunos quanto do próprio sistema educacional.

Assim, os pilares da estrutura não são simplesmente arrancados, desmoronando o [pouco do] alicerce que [ainda] existe.

E COMO FICA A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO?

O formato tradicional de comunicação professor-aluno também está mudando. Os estudantes não se sentam mais atrás das carteiras e esperam a explicação do professor. Em vez disso, eles trabalham em pequenos grupos para discutir problemas.

Este sistema será introduzido aos estudantes mais velhos, de 16 anos. A ideia geral é que eles possam escolher o tópico ou o fenômeno que querem estudar, tendo em mente suas ambições para o futuro e suas capacidades.

Dessa forma, nenhum aluno terá que passar por um curso inteiro de Física ou Química, perguntando-se o tempo todo: “Pra que eu preciso saber isso?”.

A grande diferença entre a reforma finlandesa e a recente reforma brasileira é que a primeira está sendo feita com diálogo e muita cautela a fim de respeitar os estágios tanto dos alunos quanto do próprio sistema educacional.

Assim, os pilares da estrutura não são simplesmente arrancados, desmoronando o [pouco do] alicerce que [ainda] existe.

Isso mostra que o sistema educativo finlandês encoraja o trabalho coletivo (que é bem diferente de competição), razão pela qual as mudanças também afetam os professores.

A reforma escolar está exigindo uma grande cooperação entre professores de diferentes disciplinas.

Cerca de 70% dos professores de Helsínquia, capital da Finlândia, já realizaram trabalhos preparatórios em consonância com o novo sistema de apresentação de informações e, consequentemente, estão recebendo um aumento salarial.

MENTALIDADE DA SOCIEDADE AJUDA NO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO

Quando coordenei uma Escola pública em São Paulo - era o ano de 2006-  implantei esse modelo no 1 ano do ensino médio como experiência. Um dia uma mãe soube que a escola havia abolido as provas tradicionais. Mal tive tempo de comemorar a liberdade das amarras do século passado, quando essa mãe procurou a Diretora  e disse  que a coordenação havia mudado o modelo avaliativo  e que eu teria de voltar atrás na minha  postura,  porque os outros  pais ficaram revoltadíssimos com o “novo” procedimento.  ( isso ocorreu em Guaratinguetá -SP ano de 2006)

Será que esses mesmos pais aceitariam as políticas educacionais finlandesas? Tudo indica que não. E os professores? Estão preparados para isso?

Em entrevista à organização Porvir,  a Chefe do Departamento de educação d Finlândia, Kyllönen, deixou  bem claro que o apoio da comunidade é fundamental e quando é perguntada sobre a opinião dos pais dos alunos a respeito das mudanças, a resposta é categórica:

“Na Finlândia, temos o privilégio de ter uma sociedade que valoriza a educação e os professores. Existem algumas escolas que estão dando apenas os primeiros passos e outras muito avançadas nessa reforma de suas rotinas. A resposta dos pais, no entanto, é muito satisfatória porque seus filhos estão verdadeiramente motivados.”

E no Brasil?

Estamos todos (ou deveríamos estar) cientes de que os rumos da Educação no Brasil – assim como os da Economia e Política – são incertos e preocupantes.

Passamos por uma fase que muito se assemelha à Idade Média em muitos aspectos, mas isso não significa que enquanto nós reclamamos atrás das telas dos nossos computadores, não existam pessoas trabalhando para a melhoria da população como um todo.

Como um TODO, não apenas para poucos privilegiados por uma meritocracia ilusória. Em setembro de 2016, por exemplo, a própria finlandesa responsável pelas mudanças em seu país participou do evento brasileiro Educação 360, “um encontro internacional que reúne pessoas que vivenciam e pensam a educação sob diferentes e novos pontos de vista e põem em prática iniciativas transformadoras”, promovido pelo Sesc e outros parceiros.

Há esperança e há caminhos claros a serem trilhados em busca de uma educação que abra a mente dos nossos cidadãos e quebre suas amarras. O que não há é desculpas para atribuir a culpa a terceiros enquanto se assiste à novela das nove.

“Tudo isso faz com que a gente reescreva a narrativa das nossas escolas. Os alunos precisam saber como aquilo que estão aprendendo está conectado com sua vida cotidiana. Queremos ser um país onde todos amam aprender.”, finaliza Marjo Kyllönen, defendendo uma abordagem cada vez mais holística do ensino e da aprendizagem.

É isso....reflita!

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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Bauman e o Refugo Humano

"O REFUGO HUMANO"

Por Alacir Arruda

A Reforma Trabalhista proposta pelo governo Temer tem sido objeto de muitas críticas por possuir alguns pontos que tem como propósito principal, atender as necessidades de um mundo onde o capitalismo transcende as fronteiras de seus objetivos iniciais, qual seja, o comércio e o lucro, na verdade esse capitalismo do século XXI passou a atingir diretamente as pessoas naquilo que é considerado mais primário à sua sobrevivência,  o seu trabalho.

Um exemplo é o artigo desse projeto que institui o  chamado;"Trabalho Intermitente"  que, em resumo define o seguinte: A empresa me chama para trabalhar 8 horas, vou lá, faço às 8 horas, recebo por estas 8 horas e vou embora e aguardo a empresa me chamar e assim por diante. Se a empresa não quiser mais meus serviços simplesmente não me chamará mais, ou melhor, meu telefone celular não mais  tocará. Pronto, termina ai relação contratual: sem despedidas, sem indenizações, nem mesmo um obrigado ou um até logo. Ou seja, é o fim das garantias básicas de um trabalhador. 

Pensando nisso,  e no bojo das transformações geradas pelo capitalismo, ou mais precisamente pela globalização,  onde os seres humanos estão sendo deixados do “lado de fora”, ou melhor, excluídos do mundo social, pensei em falar de Zigmunt Bauman que há mais de 15 anos escreveu uma obra prima chamada:" Vidas Desperdiçadas" onde ele já previa que o ser humano caminhava para ser  transformado em um produto que,  como qualquer outro, seria descartado, ou como ele refere no livro, refugado. O famoso "Refugo Humano."  Vamos refletir um pouco essa obra.

Nesse espetacular livro que versa tanto sobre as conseqüências do processo de globalização no trabalho, como também sobre o cenário sombrio em que se encontra a vida humana, Zygmunt Bauman reflete de modo bastante simples sobre o banimento da maioria dos indivíduos do progresso da modernidade.

Em Vidas desperdiçadas, Bauman classifica os seres humanos que não conseguiram permanecer no carro da modernidade e que não conseguem se inserir no processo de globalização de “refugo humano”. A globalização é excludente, traiçoeira, eliminadora. Ela causa morte, fome, desemprego e caos para milhões de seres humanos, afirma Bauman.

Produz dejetos, sujeiras e lixo humano que são jogados longe dos grandes centros urbanos e são colocados em grandes depósitos em terras inabitadas, sem qualquer tipo de organização, de política de reciclagem. Nosso planeta está cheio, afirma Bauman, está cheio porque a modernização se globalizou chegando a terras longínquas, penetrando nos costumes, na organização do modo de vida de povos que não se interessavam pela corrida ao progresso.

Como o processo de produção de refugo humano é inquebrantável, ou seja, não pára um só instante, as áreas do globo estão cada vez mais lotadas, saturadas. Onde colocar o lixo, então? Essa questão é a que é mais debatida neste novo ensaio de Zygmunt Bauman sobre o processo de globalização e suas conseqüências.

“O mundo está seguro?” – pergunta Bauman. Como podemos perceber um mundo seguro onde existem milhares de refugiados, de asilados e de guetos almejando somente uma chance para pular no carro do progresso. Não estamos seguros pelo motivo de estarmos pisando em terreno minado, onde a qualquer momento soa o alarme de combate às ações terroristas, aos refugiados e ao refugo humano.

Essa é a expressão da vida contemporânea, carregada de uma ideologia consumista que prega a individualização do individuo e, conseqüentemente, a negação do sentido humano de solidariedade. Neste caminho segue a produção de refugo humano e de lixo em maiores quantidades, haja vista que a sociedade de consumidores se sobrepôs à sociedade de produtores. Quem não consume torna-se refugo humano e o que é consumido transforma-se em lixo, dejeto ou sujeira.

Este excêntrico livro está dividido em quatro grandes capítulos capazes de esclarecer o leitor no que diz respeito aos males da pós-modernidade como também às maléficas conseqüências da globalização. Ademais, todos os capítulos ressaltam aspectos importantes para entendermos a vida humana, ou melhor, a vida contemporânea no torvelinho dos acontecimentos sociais.

No primeiro capítulo, Bauman terce uma análise dos projetos que os indivíduos pós-modernos batalharam para criar. Tudo aconteceu a partir da chamada geração X, com o surgimento de uma nova doença tão pouco existente nas gerações anteriores: a depressão. As causas desta estavam diretamente relacionadas às dificuldades enfrentadas pela geração X, como o aumento do desemprego.

A globalização mudou a trajetória de vida desta geração, acabou com sonhos e projetos, criou dicotomias, rompeu com tradições e acelerou suas vidas. A globalizante modernidade líquida deixou pra trás a sociedade de produtores por uma sociedade de consumidores onde o que impera é a produção de refugos e de lixo. Ela fez com que os projetos humanos causassem a desordem e o caos no “admirável mundo líquido”.

Este capítulo trata também da internet, essa potente ferramenta da modernidade. A tecnologia com seus ciberespaços transformaram a internet em mais um deposito de refugo de informação. O ciberespaço concentra milhões de informações descartáveis e inúteis. Por outro lado, os sites contabilizam números recorde de informações sobre refugo (lixo). Digitando no buscador google a palavra refugo (lixo) encontraremos 11.500.000 sites referente ao tema. Este fato reforça a idéia de que o lixo está se tornando um dos problemas mais angustiante de nossos dias.

O refugo humano (as pessoas) está excluído de tudo, a lei não o contempla, os governos não se responsabilizam por eles. Vivemos no caos e na ordem. Os humilhados e excluídos do sistema, correspondem à maioria dos seres humanos existente na terra.

Bauman salienta no segundo capítulo deste livro que o mundo está super populoso e que não existem mais terras para a enorme produção de refugo humano O debate em torno das questões demográficas ganha sentido quando, afirma Bauman, que existem países bastante povoados e países pouco povoados. A questão central deste capítulo gira em torno de um paradoxo: os órgãos governamentais afirmam que a população de 6,5 bilhões de habitantes existente na terra cresce rapidamente e que não haverá comida suficiente para todos. No entanto, a distribuição desta superpopulação é irregular, desordenada e caótica. O território europeu concentra uma grande quantidade de pessoas por kilometro quadrado. Já a população da África é insuficiente para o seu território. A questão são os recursos financeiros que cada país dispõe para sua população.

Superpopulação gera refugiados e asilados, um dos grandes problemas das nações ricas. O medo surge como marca de nações como os Estados Unidos, a Inglaterra e França. Atentados como o 11 de setembro mudaram os programas governamentais para refugiados e asilados. Agora estes são visto em muitos casos, como potenciais terroristas. A mídia incita os cidadãos e o próprio governo a xenofobia. Nasce, dessa maneira, uma genealogia do medo baseada no receio ao terror e ao estranho (imigrantes, refugiados e asilados).

Os estranhos (imigrantes, refugiados e asilados) têm como função receber toda a descarga de raiva e as ansiedades dos indivíduos, sobretudo por representarem um perigo para a segurança dos cidadãos. Daí, eles se tornam alvos fáceis de tema de campanhas xenofóbicas tanto pelos governos como pela população.

Os imigrantes e os asilados são considerados o refugo da globalização, lixo humano que vaga em busca de um lugar na sociedade do progresso. Mas, o outro lixo, aquele tradicional que é produzido por “nós” também não existe mais lugar onde depositá-lo, guardá-lo. Os consumidores estão produzindo toneladas de lixo, alias, sem contar com o novo tipo de lixo produzido pela modernidade líquida: o lixo industrial, eletrônico. Estes têm vida longa, demoram milhares de anos para se decompor, poluem e estão destruindo nosso planeta.

Globalizaram o medo, globalizaram o crime, os governos preferem prender imigrante a acabar com o crime organizado. No terceiro capítulo o autor terce um panorama sobre as políticas governamentais no que concerne a mudança do Estado social para o Estado excludente.

O mundo globalizado prega por uma política de exclusão, de retirada de refugo. Cada país cuida de seu “lixo”, de sua população redundante retirando-a do convívio com os outros indivíduos úteis. A população redundante é a parte inútil, imprestável, que deve ser retirada de circulação, jogada em campos de refugiados. Para que isso aconteça, os países ignoram as leis internacionais, perpetram limpeza étnica e genocídios.

O Estado de tolerância zero é acionado, os guetos são isolados, os bairros de imigrantes são vigiados dia e noite. Há uma produção de um Estado de emergência baseado no medo do “outro” (o estrangeiro). Tudo isso ocorre porque o mundo líquido destituiu o Estado de seus programas sociais, de seu dever para com sua população. O Estado social transformou-se em um Estado de guarnição, no qual o que impera é a proteção dos interesses das corporações globais e das transnacionais.

No último capítulo Bauman, explora as conseqüências da modernidade líquida, sua função e sua cultura: do lixo. A cultura do lixo predominante da era líquida representa os novos modos de viver no mundo. O consumir soa ressonante nos ouvidos dos indivíduos de maneira a tornarem escravos dos cartões de créditos, do luxo e da beleza/estética. Sem falar que o consumismo cria a difícil batalha para permanecer dentro do mercado de trabalho, paradoxalmente cria-se a cultura do não emprego permanente, do fim dos compromissos com o “emprego para sempre”.

Os relacionamentos tão pouco exigem compromisso, fidelidade. Namorar não requer mais todo um ritual de conquista, de galanteio e de sedução. Agora, namora-se à distância, temos diversos tipos de relacionamento, você escolhe: relacionamento de bolso, relacionamento à longa distância, relacionamento cool, encontro veloz e outros.

Mudamos nossos comportamentos, porque a sociedade está em constante transformação. Nossos ideais transformaram-se em sonhos, por vivermos num mundo de permanente incerteza, onde tudo que agora é novo daqui há alguns minutos torna-se velho, lixo.

Estamos na era da insegurança, na qual o medo predomina mais precisamente nos grandes centros urbanos. Na modernidade líquida os indivíduos não se olham tête-à-tête, preferem a tecnologia do telefone celular para se comunicar, pois é mais seguro não sair de casa. Preferem os reality show da televisão, como o Big Brother, é mais emocionante do que ir ao parque, ao cinema.

Em suma, tal pensamento expressado pelo autor neste livro reflete a preocupação surgida nos últimos anos em relação às conseqüências da globalização no mundo: o aumento da produção de lixo (refugo humano, lixo tradicional e industrial), o aumento da população mundial e o aumento das desigualdades continentais. Ele reflete ainda sobre a separação entre os ricos e os pobres, os europeus e os não-europeus, os países subdesenvolvidos (sul) e os desenvolvidos (norte). Ademais, faz com que pensemos nas relações sociais re-configuradas a partir da Era Líquida, onde o mundo todo está em constante transformação.


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quarta-feira, 28 de junho de 2017

"A coisa aqui ta preta"

AQUI NA TERRA TÃO JOGANDO FUTEBOL (..)
Por Alacir Arruda 

Na década de 70 o grande compositor Chico Buarque escreveu uma música chamada " Meu caro amigo", que foi dedicada aos brasileiros que se encontravam exilados a época. Mas por que falo dessa musica? Porque acredito que talvez ela sintetize o que hoje ocorre no Brasil. Nessa música Chico, usando de toda a sua inteligência, manda mensagens subliminares aos seus amigos sobre a situação do Brasil, que vivia um Regime de Exceção com os militares no poder. Colocarei aqui apenas o inicio , ela inteira estará no final do texto. Sugiro que ouçam."

Meu caro amigo, me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita

Aqui na terra tão jogando futebol 
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll 
Uns dias chove, noutros dias bate o sol 
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta 

Muita mutreta pra levar a situação 
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça 
E a gente vai tomando que também sem a cachaça 
Ninguém segura esse rojão

A decisão do Presidente Temer em não renunciar, após ser denunciado pelo MPF, sem dúvida nenhuma é um desastre para a nação. Bom,  disso,  nós e o mundo, sabemos! A sua insistência em permanecer no comando do país, com certeza, o levará ao colapso. Mas Temer não e o único, esse comportamento apenas reflete um velha prática bem brasileira, que é "sempre levar alguma vantagem", seja no governo, seja no trabalho, enfim,..no dia dia. Em suma, Temer não quer largar osso pois, para ele, ainda é possível retirar alguma carne. . Mas por por que eles agem assim?

O povo brasileiro é mundialmente conhecido como um povo alegre, criativo e capaz de gerar soluções práticas para os problemas. Claro que essa última característica se estende a muito mais que simplesmente buscar agilizar a burocracia, otimizar o tempo e as relações comerciais e sociais, e sim está associada ao famoso “jeitinho brasileiro”, em que, para se conseguir o desejado, vale quebrar regras e até cometer atos ilícitos.

Isso foi retratado até mesmo nos cinemas quando, nos anos de 1940, o Brasil ganhou representatividade internacional com o personagem “Zé Carioca”. O conhecido papagaio brasileiro, com seu jeito típico de malandro, encontrava solução para tudo, e assim saia de qualquer enrascada. 

Essa esperteza brasileira é uma velha conhecida que foi se arraigando há muitos anos em nossa cultura, de maneira que se tornou amplamente aceita para o alcance de benefícios pessoais. 

Por exemplo, há pessoas que, despudoradamente, estacionam seu carro em vagas destinadas a deficientes e idosos, furam a fila, compram atestado médico para enganar o patrão, pagam para fazer sua monografia, enganam no troco, “pagam o café” para se livrar da multa, surrupiam material da empresa, como canetas, papel sulfite, papel higiênico, sabonete etc. 

Sem falar dos milhões de “gatos” feitos para roubar luz, água, internet, sinal de TV a cabo etc. Veja que, para tudo, o brasileiro é capaz de arrumar uma maneira de enganar. 

O problema é que essa habilidade, que começa na infância e normalmente dentro de casa, vai se refinando até se tornar em crime lá na frente. Por isso temos tantos ladrões de colarinho branco que roubam o pão da mesa dos mais fracos; vemos o direito do doente ser atendido dignamente em um hospital público ser ignorado; a escola e a merenda da criança ser defraudada etc. E não apenas isso: quantas pessoas há que enganam, mentem e fazem de tudo para levar certa vantagem e acham que jamais serão penalizadas? Muitos estão acostumados com a ideia que para subir na vida vale tudo. 

Diante disso, que incoerência clamar por políticos honestos, se a desonestidade campeia solta no dia a dia da maioria! Que contradição exigir a verdade dos outros, quando “mentirinhas” são contadas a três por quatro para se safar de problemas! 

Com isso, os escândalos que tanto nos envergonham têm raízes em pequenas ações erradas, permitidas e incentivadas, em nome da esperteza. 

Sendo assim, o problema não está no político que estava antes ou no que virá, muito menos na sigla partidária. O problema está em toda a nação, pois a “matéria-prima humana”, isto é, as autoridades, que constituem nossos três poderes estão doentes moralmente. 

Então fica latente que nossa necessidade urgente é de integridade. Homens e mulheres que façam o que é certo como algo natural e constante. Pessoas que sejam corretas não apenas quando alguém está vendo, mas quando ninguém está por perto, pois o que as coage internamente é o seu caráter e não a observação alheia. 

Assim, chega de jogar a culpa em terceiros! Temos direitos como cidadãos, mas também deveres, e precisamos assumi-los, antes que não haja mais nada a ser feito pelo nosso País. 

Individualmente fuja de tudo o que infringe, é ilegal ou imoral, pois trará danos à nação de igual forma. Por exemplo, mesmo que você seja alguém que poderá ser prejudicado por não fazer parte do jogo sujo das propinas ou subornos, escolha o certo e deixe o restante nas mãos de Deus. Pois as consequências pelo bem que fazemos sempre virão, assim como não passará em branco as consequências das nossas más atitudes. 

Quatro a cada cinco brasileiros (81%) têm a percepção de que é melhor “dar um jeitinho” do que seguir as leis. O dado é de uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas em 2016 para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Possivelmente, você leu esse número e não caiu de costas para trás – convive com essa constatação desde sempre. 

Enquanto isso, vale lembrar de que o esporte nacional é criticar a corrupção na política. Os vereadores não valem nada,os prefeitos não valem nada os governadores não valem nada deputados não valem nada, os senadores não valem nada, a presidente não vale nada...Eu concordo, realmente grande parte dos nossos políticos são "canalhas", nunca duvidei disso, mas não seria momento de colocarmos as mãos na consciência e perguntar: "quem os colocou lá? Ou será que esses políticos vieram do espaço? Pois éh! Essa pesquisa pesquisa da FGV só comprova que os escolhidos pela população são só um retrato dela mesma. 

Não é moralismo, é fato. Você com certeza já deve ter visto algum sujeito bradar contra escândalos que envolvem peemedebistas, petistas, tucanos etc.., ao mesmo tempo, não se envergonhar de sonegar imposto, praticar suborno e manter contatos com políticos que sempre dão “aquela ajudinha” para burlar uma ou outra lei que os demais mortais precisam seguir. Quem nunca chegou num politico e disse: "olha amigo, não esqueça de mim ok". Ou: "arruma uma boquinha pra mim lá ." ( só um detalhe, eu nunca!) 

Os quatro quintos do “jeitinho”, no fundo, admiram os políticos que metem a mão no jarro, mas que mantêm a capacidade de não serem pegos. Votam por cumplicidade. Mas não desistem de dizer que a culpa é dos outros.



Meu Caro Amigo


Meu caro amigo, me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate o sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando que também sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo, eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate o sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo, eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate o sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita careta pra engolir a transação
Que a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo, eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se me permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate o sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo o pessoal
Adeus!





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terça-feira, 20 de junho de 2017

Aula nada ensina e prova não avalia ninguém

"O PODER PÚBLICO INSISTE EM VELHAS FÓRMULAS. POR QUE OS PROFESSORES NÃO OCUPAM SUAS ESCOLAS?"

Por Alacir Arruda

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Há mais de cem anos, Almada Negreiros escreveu: "Quando eu nasci, todos os tratados que visavam salvar o mundo já estavam escritos. Só faltava uma coisa: salvar o mundo. Karl Marx no século XIX proferiu: " Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo". Essa máxima pode ser aplicada aos professores. Chega de " conversa fiada" ! Basta de teóricos engravatados, que nunca pisaram numa sala de aula , de Brasilia determimar o que você deve fazer.

Quando decidi ser professor, todos os tratados que visavam salvar a educação já estavam escritos. Só faltava refundar a escola, salvar a educação, sair da zona de conforto. 

Já na distante década de 1990, nós nos especializamos em questionar o instituído. Os enunciados dos projetos requeriam que se educasse para e na autonomia. Porém, professores conservadores e cativos de uma platônica caverna, para onde uma “formação” deformadora os havia atirado, semeavam heteronímia. 

Vivíamos,e ainda vivemos, em uma tradição centralizadora e autoritária que recusa às escolas o direito à autonomia, contrariando a lei. 

Pacheco: “Há jovens brasileiros que não se mostram condescendentes com ministeriais disparates e ocupam escolas. (…) Deveriam ser os professores” 

Na época, Medidas Provisórias ministeriais adiavam a refundação da escola e negavam o direito à educação. A crença nas virtudes da velha escola mantinha os professores na ilusão de uma possível melhoria de um modelo em decomposição. Se a família terceirizava a educação dos seus filhos e a escola não ensinava, uma sociedade doente considerava normal que assim fosse.

O contraste entre a sofisticação do discurso e a miséria das práticas tornava-se insustentável. Se as medidas de política educativa negavam a muitos alunos o direito à educação (direito consagrado na Constituição e na Lei da Bases), o poder público teria direito de manter tais políticas? 

Se o modo como as escolas funcionavam provocava a exclusão de muitos jovens, as escolas poderiam organizar-se desse modo? Se, do modo como ensinávamos, muitos alunos não aprendiam, teríamos o direito de continuar a trabalhar desse modo? Cadê a ética? 

Estas foram algumas das nossas pré-ocupações. Até ao momento em que, fundamentando as nossas reivindicações na lei e numa ciência prudente, assumimos o estatuto de autonomia, dignidade profissional. Reivindicamos condições de desenvolvimento dos projetos político-pedagógicos, exigimos respeito pelas decisões (políticas e pedagógicas) das nossas escolas e comunidades. 

Da pré-ocupação passamos à ocupação. 

No Brasil, ao cabo de vinte e um anos, o artigo 15º da Lei de Diretrizes e Bases do Florestan [Fernandes] e do Darcy [Ribeiro] que assevera: " Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público." Hoje isso é letra morta. A lei não foi cumprida e o poder público insiste no fomento de velhas fórmulas. 

Bem nos avisava o Anísio [Teixeira]: Habituamo-nos a viver no país proclamado. Não no país real. Não existe uma política de Estado. Existe uma prática de desgovernos.Mas há jovens brasileiros que não se mostram condescendentes com ministeriais disparates e ocupam escolas. Surpreende-me que sejam os jovens a ocupar escolas. 

Deveriam ser os professores a ocupá-las. Porque os jovens sabem aquilo que não querem, mas ignoram a escola a que têm direito. Suponho que os professores saibam…Se o sabem, por que se mantêm apáticos, quando, na formulação de política educativa, critérios de natureza administrativa se sobrepõem a critérios de natureza pedagógica? 

Por que não cumprem os seus projetos? 
Por que consentem que burocratas lhes imponham a mordaça do “dever de obediência hierárquica”? 
Onde estão os professores? 
Por que não agem no chão da escola e da comunidade, fazendo o que é preciso e inadiável, assumindo um estatuto de autonomia? 
Por que não ocupam as suas escolas? 

Por quê .. ? por quê..? 

Acho louvável e necessário a luta dos professores por valorização e melhores salários, mas é sofrível o grau de comprometimento de grande parte com uma educação transformadora. Vivem a repetir o que Saraiva, Record, entre outras editoras produzem. Estão sempre com livros de alguém nas mãos. Cadê os seus? Pedro Demo ( decano da UNB) é enfático ao dizer que cada professor deve produzir o seu próprio material e não ser cópia de qualquer autor. Vivemos uma escola de copiadores, segundo Demo; o professor copia a aula de algum livro e passa para o aluno copiada, esse por sua vez copia de algum outro livro e devolve como trabalho, ou seja, "vivemos um sistema de cópias". Onde esta a criatividade do docente? 

Dei aulas por 23 anos e jamais...Repito! Jamais entrei em sala e aula, seja no ensino médio seja na universidade, com qualquer material outro, que não a minha própria consciência. Consciência essa fruto de muitas leituras, de deduções e construções próprias do que seja o conhecimento. Eu estava certo? Talvez não! Ou quem sabe estivesse. Isso não me interessava, o que interessava era ver meu aluno produzindo conhecimento, lendo, pesquisando, enfim; sendo o agente do processo. No atual modelo onde está o aluno como agente do processo? Podemos resumir toda essa pantomima na famosa "pedagogia do blá..blá..blá..", onde falam muito e agem pouco. Prova são aquelas malditas reuniões pedagógicas que eu defino como: "momentos onde um grupo de professores se reúnem pra discutir tudo, sobre absolutamente nada". Tudo balela.

E para finalizar, Pedro Demo ainda afirma que: "dentre as atribuições do professor moderno, a mais inútil é a aula". Mas a que aula Demo se refere? Àquela que ja vem pronta pelo professor, que é engessada, apostilada e obriga o educando a decorar conceitos e fórmulas que nada acrescentarão em sua vida.. É essa "maldita, aula" que faz com que 85% dos adolescentes brasileiros detestem sala de aula, odeiem seus professores e prefiram o facebook. E para não dizer que não falei de flores, cito novamente o teórico português José Pacheco , que é categórico ao afirmar que: " aula não ensina nada para ninguém e prova não avalia qualquer coisa".. 

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sábado, 17 de junho de 2017

Simone de Beauvoir: acima de tudo uma feliz transgressora

UM POUCO DE SIMONE DE BEAUVOIR..

Por Alacir Arruda

Em épocas de "empoderamento feminino", fragilidade da Lei Maria da Penha, mulheres chefes de família e o absurdo das agressões que ainda persistem, é sempre importante debater o papel da mulher na sociedade. No livro "O Segundo Sexo", da  filósofa existencialista francesa Simone de Beauvoir (1908 - 1986)  encontramos a seguinte  expressão:  "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher".  Ao longo da história  a sociedade capitalista sempre recusou  uma essência primeira para o gênero feminino, em outras palavras, primeiro o ser existe, depois, em liberdade, exerce escolhas que vão criando a constitutividade político-discursivo-ideológica desse sujeito social, não importa se este ser nasce como um corpo dotado de genitálias masculinas ou femininas.



Qual a radicalidade desse princípio existencialista-marxista de que “a existência precede a essência”, quando vamos lutar por lugares outros para a mulher na sociedade? Exatamente o fato de que o lugar econômico-social-ideológico-político-discursivo da mulher é construído socialmente, logo, não passa de pura dominação ideológica querer traçar um destino e uma essência moral para a mulher se encaixar, destino e essência, estes, muitas vezes construídos sob a ótica de atender o interesse dominador daqueles que possuem corpos com genitálias masculinas. O que Simone Beauvoir anuncia é a radicalidade de que cada mulher singular é livre e responsável para criar sua própria moral existencial, bem como livre e responsável para lutar por espaços econômico-sociais que retirem a mulher da condição de corpo destinado a viver “supostas essências femininas” traçada pela ditadura dos machos.

Acreditar que existe, enquanto essência, um “lugar da mulher” na sociedade seria uma atitude comodista, subserviente e equivocada, retirando da mulher exatamente a sua única força capaz de criar seu próprio destino, a sua liberdade de escolha em traçar caminhos diferentes, inclusive os considerados “impossíveis para a mulher”. Portanto, o que existe, sim, é uma construção econômico-ideológico-jurídico-discursiva-social que, criada com base em opressões e dominações, tenta enquadrar a mulher em papeis não escolhidos por ela própria.

Estou com Simone Beauvoir, a mulher não tem que  seguir nenhuma “moral feminina”, por medo de deixar de ser mulher. Todas as morais criadas para a feminilidade, desde usar saia frufru a depilações e cirurgias plásticas aparentemente naturais para alimentar a sede de lucro das indústrias cosméticas, passando pela tortura de ser “a responsável pelos serviços domésticos” ou de ser “a responsável por cuidar dos filhos”, até ser o objeto sexual monogâmico do homem, não passam de “morais e essências construídas” que servem tão somente para criar um padrão do ser mulher na sociedade. E a quem interessa padronizar os corpos das mulheres ou padronizar esse jeito de ser mulher? Basta exercer a postura crítica que veremos a que serve cada “moral social” construída para a mulher. Existe toda uma parafernália ideológica para fazer a mulher acreditar que o “ser mulher” é algo eterno e imutável, quando tudo isso não passa de dominações de mau gosto que tiram toda a criatividade e toda liberdade da singularidade de cada mulher, colocando-a em lugares sociais perpassados por opressões cotidianas.

Até em brincadeiras, aparentemente inofensivas, como brincar de boneca, constrói-se um lugar para mulher na sociedade, como se o corpo feminino, desde criança, fosse incapaz de inventar seu próprio destino, tendo de resignar-se a cuidadora de bebês. Existem movimentos permitidos e movimentos proibidos para o corpo feminino, como se a mulher fosse incapaz de criar e assumir seus próprios movimentos corporais. Assim, sem direito à liberdade de movimentar o próprio corpo a seu bel prazer, é um passinho para, nesse jogo de dominação ideológica, tirarem da mulher a liberdade também de decidir sobre o próprio corpo, tornando-a um ser infeliz, pois um corpo escravizado não pode ser feliz. O corpo da mulher é cobrado a aparecer socialmente de acordo com determinados padrões de moda e beleza, como se a mulher tivesse de ser aquilo que estipulam para ela e não o que cada mulher singular estipula para si mesma.

À mulher também, estupidamente, coloca-se o fardo ideológico-econômico de cuidar dos filhos, como se a responsabilidade de procriar a espécie humana fosse exclusiva de um único corpo, o feminino. É absurdo o número de filhos morando apenas com as mulheres, enquanto os machos ficam soltos e livres para fazer outros órfãos. A que serve essa “moral da generosidade feminina” que a responsabiliza por cuidar moralmente dos filhos? Muito triste, não é verdade?. E pior, como o próprio Estado Capitalista Burguês é gerenciado sob a ótica dos machos, em uma compulsão pela economia de gastos, nunca foi prioridade absoluta a construção de creches diurnas e noturnas, onde os bebês e as crianças possam ser socialmente assistidos e cuidados. É um grande absurdo o Estado Capitalista Burguês deixar exclusivamente nas costas das mulheres a responsabilidade social-econômica por dar continuidade à espécie humana. 

À mulher, de um modo geral, “morais machistas” aparecem como sendo “essências”, ofuscando a liberdade da mulher em criar a singularidade de sua própria vida, conforme suas escolhas. À mulher, nascida economicamente no seio da classe trabalhadora, tanto pior. Não é apenas oprimida por uma moral machista que tenta impedir sua liberdade de construir a própria vida e de decidir sobre o próprio corpo. A mulher trabalhadora é, além de tudo, mais explorada pelos patrões do que os homens trabalhadores o são. Os patrões, usando da desculpa ideológica esfarrapada e antiga de que a mulher “produz menos, devido à menor força física”, aproveitam-se disso para extrair uma maior parcela de mais-valia da mulher trabalhadora. Lembrando que, no sentido marxista, “mais-valia é o tempo de trabalho não pago aos trabalhadores e às trabalhadoras”, justamente o tempo em que a mulher trabalhadora trabalha gratuitamente para gerar riquezas para os patrões, dando-lhes o chamado lucro. O que essa ideologia atrasada esconde é que hoje, com as diversas tecnologias, não faz diferença ter mais ou menos força física: a mulher consegue operar, com igual produtividade, qualquer trabalho que os homens executam. Por que a mulher trabalhadora não recebe salário igual por trabalho igual? Absurdos que o dia de luta internacional da mulher não pode deixar de denunciar.

A  pior das crueldades é a imposição que é  fruto dessa moral machista hipócrita e escravocrata, imputando uma falsa “moral feminina” a “ser seguida como essência” pelas mulheres, mas que, no fundo, tira a liberdade de a mulher decidir sobre o próprio corpo, oprimindo-a em cadeias ideológicas insanas, dezenas e dezenas de mulheres são assassinadas por dia nesse planeta, quando se recusam a manter relações afetivo-sexuais com determinados machos estúpidos. Este é o lado mais dramático e atroz dessa moral que tenta impedir a mulher de decidir e escolher o que fazer com o próprio corpo.

E aqui, para subverter essa lógica escravocrata e determinista, retomamos a radicalidade do princípio livre de Simone Beauvoir: “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. E que cada mulher tenha essa coragem de ser livre, que cada mulher rompa com essa ideologia do “feminino” que se quer a-histórico e eterno. Não existe nada eterno e natural no que se refere ao lugar social das mulheres. A mulher é um ser social em construção e, em liberdade, escolhendo e decidindo sobre o próprio corpo, sem ceder nenhum milímetro às ideologias machistas-capitalistas-escravocratas que tentam aprisioná-las e explorá-las, deve ser a única dona e toda soberana do seu destino. Ser mulher livre é a possibilidade máxima a ser construída e vivida por todas as mulheres e por todos os homens que respiram a liberdade, sem jamais ceder a quaisquer práticas que cheirem opressão e exploração. O lugar da mulher livre é o mesmo lugar do homem livre:  qual seja, um mundo livre.

P.S:    Em 2015, aqui no Brasil,  Simone de Beauvoir  foi objeto de um intenso debate  em função do ENEM daquele ano  ter utilizado fragmentos de sua Obra " O Segundo Sexo" em uma  das suas questões. Religiosos conservadores (com certeza desconhecendo o contexto das obras  dessa pensadora) criticaram o INEP - que organiza o ENEM - por, segundo eles,  essa questão "  fazer apologia ao homossexualismo" .  Observem a que ponto chega a ignorância....

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quinta-feira, 15 de junho de 2017

Caro e ineficiente..

TEMOS O POLÍTICO MAIS CARO E INEFICIENTE DO MUNDO..

Por Alacir Arruda


Você sabe quanto custa nossos parlamentares? Há alguns anos, numa entrevista, eu disse que temos o político mais caro e ineficiente do mundo. Na época usei como referência a câmara de vereadores de São Paulo que, sozinha, paga todo o Congresso inglês e ainda sobra. Na Suécia custa menos ainda um parlamentar, em reais, algo em torno de 3.000,00 e sem qualquer regalia como: assessores, gasolina, passagens de avião etc.. Cada deputado usa seu próprio carro e moram em apartamentos minúsculos, detalhe, sem empregada. Por que no Brasil é assim? Espero que você, leitor,ao ler os dados abaixo repense a sua postura quando for votar, afinal, 2018 esta ai.

Um levantamento realizado pela ONG Transparência Brasil sobre os orçamentos da União, dos estados e municípios revela que o Senado é a Casa legislativa que tem o orçamento mais confortável por legislador: seus R$ 2,7 bilhões anuais correspondem a R$ 33,4 milhões para cada um dos 81 senadores. 

Na Câmara dos Deputados, a razão é de R$ 6,6 milhões para cada um dos 513 deputados federais, segundo a ONG. Dentre as assembléias legislativas, o maior orçamento por legislador é o da Câmara Legislativa do Distrito Federal: equivale a R$ 9,8 milhões para cada um dos 24 deputados distritais. O DF não tem Câmara de Vereadores. 

O mais exíguo é o de Tocantins: pouco mais de R$ 2 milhões para cada um dos 24 deputados. 

Nas câmaras municipais, a mais rica é a do Rio: seu orçamento equivale a R$ 5,9 milhões para cada um dos 50 vereadores. No outro extremo, em Rio Branco (AC), a provisão para 2007 equivale a R$ 715,3 mil para cada um dos 14 vereadores. 

Custo por habitante 

A Câmara dos Deputados custa R$ 18,14 por ano para cada brasileiro, enquanto o Senado sai por R$ 14,48. Entre os estados, a assembléia legislativa mais cara por habitante é a de Roraima (R$ 145,19), e a mais barata, a de São Paulo (R$ 10,63). 

Entre as capitais de estados, a câmara de vereadores mais cara por habitante é a de Palmas (TO), que custa anualmente R$ 83,10 para cada morador da cidade. A mais barata é a de Belém (PA), com R$ 21,09 por ano. 

A fatia do Orçamento da União destinada ao Congresso Nacional (R$ 6,1 bilhões) chega perto de equivaler à soma do Orçamento destinado ao legislativo em todos os estados e capitais do país (R$ 6,4 bilhões). 

O montante orçamentário por parlamentar do Congresso (deputados federais e senadores) é mais do que o dobro do que custam os deputados estaduais, que por sua vez custam acima do dobro dos vereadores das capitais. 

O estudo revela que as três esferas do legislativo custam em média R$ 117,42 por habitante nas capitais brasileiras e que o trabalho legislativo é mais caro para habitantes de capitais menos habitadas - geralmente, as mais pobres. 

Enquanto em Boa Vista (RR) cada habitante paga R$ 224,82 anuais pelos serviços associados ao trabalho de seus representantes eleitos nas três esferas, em São Paulo o custo é de R$ 68,51 por habitante. 

Em Boa Vista, o gasto total com o legislativo (federal, estadual e municipal) representa 4,7% do PIB per capita. No outro extremo, em Vitória (ES), o gasto total de cada habitante com o legislativo representa 0,4%. 

Em cinco estados - Alagoas, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Sergipe e Tocantins - e doze capitais os dados orçamentários não estavam disponíveis na internet. Em três casos, nem o orçamento estadual e nem o da capital estavam na internet: Rio, Tocantins e Sergipe. 

Quanto custa um senador e um deputado? 

Veja quanto os senadores e deputados podem gastar e quanto recebem. 

Senadores 

Subsídio mensal R$ 16.512,09. 
Além dos 12 salários por ano e do 13º, cada senador recebe o mesmo valor no início e no final de cada sessão legislativa, ou seja, 14º e 15º salários. 

-Funcionários 

Ao contrário da Câmara, onde existe a verba de gabinete (R$ 60 mil a partir deste mês) para o deputado contratar seus assessores, é o Senado que contrata diretamente o pessoal do gabinete dos senadores. Cada gabinete tem direito à contratação de 11 profissionais, sendo seis assessores parlamentares e cinco secretários parlamentares. 

Um assessor parlamentar ganha R$ 8 mil brutos e um secretário, 85% desse valor. Com isso, o total de gastos com funcionários pode chegar a R$ 54 mil. Os cargos podem ser desmembrados, desde que não seja ultrapassado o valor originalmente designado para os 11 funcionários. 

-Verba Indenizatória

R$ 15 mil. Recursos para uso em gastos nos estados, com aluguel, gasolina, alimentação. O parlamentar tem que apresentar nota fiscal com os gastos e, se não usar toda a verba num determinado mês, acumula para o seguinte. Passado um semestre, ele não tem mais direito de usar o acumulado. 

-Auxílio-moradia

R$ 3.800. Têm direito os senadores que não moram em apartamentos funcionais. O parlamentar tem que comprovar o gasto, apresentando notas de hotéis ou de imóveis que tenha alugado em Brasília. 

-Cota postal 

A cota postal varia segundo o número de eleitores do estado. O senador do estado menos populoso (AP), em termos de número de eleitores, tem direito a uma cota de R$ 4 mil/mês. Um senador do estado mais populoso (SP) tem direito a usar até R$ 60 mil/mês. O pagamento da postagem é feito diretamente pelo Senado aos Correios, mediante comprovação da postagem, não havendo repasse de recursos. 

-Cota telefônica 

Cada senador tem direito a R$ 500 mensais. 

-Passagens aéreas 

Verba variável, dependendo do estado pelo qual o senador foi eleito. O valor mínimo é de R$ 4,3 mil (para os eleitos pelo Distrito Federal) e máximo de R$ 16 mil, para os do Acre. 

-Combustível 

Todo senador tem direito a 25 litros de combustível por dia, X 30 dias= 750 litros. É isso ai, mesmo sem trabalhar os 30 dias, eles recebem por 30 dias. Você, LEITOR,  gasta quantos litros?

-Gráfica

Cada senador tem direito a uma cota de serviços gráficos, na Gráfica do Senado, para material estritamente relativo à atividade parlamentar, de R$ 8.500 por ano. 

-Jornais e revistas

Nos dias úteis, cada senador recebe cinco publicações, entre jornais e revistas. 

Vejamos agora quanto custa um  "digníssimo" Deputado 

Subsídio mensal 

R$ 23.500. Além dos 12 salários por ano e do 13º, cada deputado recebe o mesmo valor no início e no final de cada sessão legislativa, ou seja, 14º e 15º salários. 

-Verba de gabinete

R$ 60 mil, a partir de abril de 2008. Verba destinada ao pagamento dos funcionários de gabinete. Cada deputado tem direito a empregar de 5 a 25 pessoas em seu gabinete, mas com salários que não ultrapassem o somatório da verba e que não sejam inferiores ao mínimo. 

-Verba indenizatória 

R$ 15 mil. Recursos para uso em gastos nos estados, com aluguel, gasolina, alimentação. O parlamentar tem que apresentar nota fiscal com os gastos e, se não usar toda a verba num determinado mês, acumula para o seguinte. 

-Auxílio-moradia

R$ 3 mil. Têm direito os deputados que não moram em apartamentos funcionais. O parlamentar tem que comprovar o gasto, apresentando notas de hotéis ou de imóveis que tenha alugado em Brasília.  Vocês confiam nas notas que eles eles apresentam?

-Cota postal e telefônica 

R$ 4.2687,55 para deputados, e R$ 5.513,09 para líderes e vice-líderes da Câmara, presidentes e vice-presidentes de comissões permanentes da Casa. A cota é mensal, mas, se não utilizada naquele mês, acumula para o seguinte.  Ou seja, em dezembro ele esta com bolso cheio, e só economizar.

-Passagens aéreas

Verba variável, dependendo do estado pelo qual o deputado foi eleito. O valor mínimo é de R$ 4,3 mil (para os deputados eleitos pelo Distrito Federal) e máximo de R$ 16 mil, para os do Acre. 

-Gráfica

Cota de R$ 6 mil.  É que eles produzem muito.

-Jornais e revistas 

Nos dias úteis, cada deputado recebe cinco publicações, entre jornais e revistas. Eu pergunto:  pra quê? Sendo que a maioria não Lê.

Não considere esse texto proselitismo politico,  mas é revoltante num pais onde  mais 50% da população sobrevive com 1  salario minimo  e sem direito a: saúde, educação, segurança e o pior, dignidade, pois um ser que vive com 980.00 reais não vive, vegeta.  E você leitor, quanto ganha? Pense nisso.


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Professora,eu falo errado?

A SOCIOLINGUÍSTICA E A IMPORTÂNCIA DO REGIONALISMO.


Por Naildes Medeiros:  Discente especial do Programa de Mestrado em Estudos Linguísticos UNEMAT- Sinop-MT profnaildesfernandes27@gmail.com

Profª você acha que falo ‘errado’?

Essa foi a pergunta angustiante que uma operadora de caixa de farmácia me fez quando disse a ela que pretendia fazer uma pesquisa sobre preconceito linguístico. Então, resolvi colocá-la como título do presente texto. A jovem em questão, me fez esta pergunta com muita tristeza nos olhos, pois segundo ela é muito criticada no seu ambiente de trabalho a respeito do seu dialeto, sendo muitas vezes ofensivo ou taxado de engraçado.

Diante de episódios como esse, vemos que exclusão linguística é muito reafirmada por suportes de comunicação social de massa, pois apresentam forte papel normatizador, como a televisão, o rádio e as revistas, pois têm a intenção de ensinar o que é certo e o que é errado, assim como as gramáticas e os livros didáticos (BAGNO, 1999, p. 13), deixando à margem o falante ativo da língua, que absorve em seu inconsciente que seu modo de falar é errado. Esses meios não levam em consideração que “todo falante nativo de uma língua sabe essa língua. Saber uma língua, no sentido científico do verbo saber, significa conhecer intuitivamente e empregar com naturalidade as regras básicas de funcionamento dela”. (BAGNO, 1999, p. 35). 

Outro fator também excludente, da questão linguística, refere-se muito ao aspecto sócio financeiro, onde quem possui um maior poder aquisitivo tem a sua cultura mais valorizada, não apenas no fator linguístico, isso também acontece no modo de vestir, andar, agir, na postura que esses indivíduos assumem perante a sociedade. Por isso que Bortoni-Ricardo (2005, p.15) afirma: “o caminho para uma democracia é a distribuição justa de bens culturais, entre os quais a língua é o mais importante”.

Há muito preconceito decorrente do valor atribuído às variedades padrão e ao estigma associado às variedades não-padrão consideradas inferiores ou erradas pela gramática. Essas diferenças não são imediatamente reconhecidas e, quando são, são objeto de avaliação negativa.

Para cumprir bem a função de ensinar a escrita e a língua padrão, a escola precisa livrar-se de vários mitos: o de que existe uma forma ‘correta’ de falar, o de que a fala de uma região é melhor do que a de outras, o de que a fala ‘correta’ é a que se aproxima da língua escrita, o de que brasileiro fala mal português, o de que o português é uma língua difícil, o de que é preciso ‘consertar’ a fala do aluno para evitar que ele escreva errado. (PCN, apud, BAGNO, 1999, p.75)

Por isso a Sociolinguística ou Teoria da Variação surge a partir da constatação da importância da fala, e sua preocupação é observar o fenômeno linguístico em sua abrangência dialetal e variacional, observa como a língua funciona em um contexto de fala, e quais os fatores que influenciam para que as mudanças linguísticas ocorram.

Os estudos sociolinguísticos emergem a partir de 1964 com a realização de um congresso na Universidade da Califórnia, no estado de Los Angeles, Estados Unidos. Esse congresso foi organizado por William Bright, e contou com a participação de importantes figuras nos estudos da Sociolinguística mundial: William Labov, Dell Hymes e John Gumperz (SOUSA, 2005, p.153). Desse congresso resultou a coletânea Sociolinguistic (Sociolinguística). Nesta obra, os linguistas procuram estudar a diversidade linguística na estrutura social. Eles privilegiam a fala que é estudada através de “orientações contextuais”, ou seja, “os lexemas estão inseridos em um contexto a partir do qual se conhece o sentido dos termos e sua aplicação no dia a dia daquela sociedade” (ALKMIM, 2001, p.24).

. Esse estudo leva em consideração a língua como algo social, pertencente a todos os indivíduos de uma comunidade. A Sociolinguística concebe a língua como uma estrutura viva, que se diversifica dependendo da região onde é empregada, ou seja, ela possui um caráter heterogêneo. A respeito deste tema Bortoni-Ricardo (2005, p.20) afirma: “A Sociolinguística se ocupa principalmente das diversidades nos repertórios linguísticos das diferentes comunidades conferindo às funções sociais que a linguagem desempenha a mesma relevância até então se atribuía tão-somente aos aspectos formais da língua”.

.A língua é um patrimônio histórico-cultural, por isso varia no tempo e no espaço. Mesmo sendo única em um país, como o Brasil, tem suas variações dependendo do local e do objetivo do falante no momento da fala.

Classificação das variedades linguísticas:

Segundo Bagno (2007 p. 48), as variedades linguísticas estão classificadas em: dialeto, socioleto, cronoleto e idioleto. 

· Dialeto – esse termo designa o modo que caracteriza o uso da língua falada em um lugar determinado, envolve variedades de pronúncia, gramática e vocabulário;

· Socioleto – se refere à variedade característica de um grupo que compartilha de um mesmo universo sociocultural, sejam relações de trabalho, nível cultural, posição econômica, etc.;

· Cronoleto – diz respeito a variedade utilizada por falantes de uma idade, ou melhor, de uma geração;

· Idioleto – designa a individualidade na fala de um indivíduo, seu repertório vocabular, seu modo de pronunciar as palavras, de elaborar as sentenças, etc.

Para melhor entendermos a questão das variedades linguísticas não se pode deixar de mencionar uma frase de Bagno (2007, p. 48) “todas as variedades linguísticas se equivalem, todas têm sua lógica de funcionamento, todas obedecem a regras gramaticais que podem ser descritas e explicadas”, então, não podemos afirmar que existe falar melhor, mais bonito, todos são o Português agindo no inconsciente dos falantes. 

-Vertentes da Sociolinguística: Interacional e Variacionista

A Sociolinguística Interacional procura estudar “o uso da língua na interação social face a face” (SOUSA, 2005, p. 157), busca analisar o modo de agir do falante no momento da interação, e isto depende de vários fatores, como: com quem se fala, sobre o que se fala, o local da conversa e a circunstância do momento da fala.

A Sociolinguística Variacionista foi introduzida em nosso meio por William Labov (1927), que designa de Variacionista a vertente que busca analisar os fatores linguísticos em um contexto social, ou seja, leva em consideração fatores como a idade, o sexo, o nível social, a origem étnica, etc. Ele afirma que essas características do locutor (falante) e do interlocutor (ouvinte) podem influenciar no modo como o indivíduo usará seu repertório ao se comunicar. 

A variação linguística analisa a língua como um objeto histórico-cultural, que varia no tempo e no espaço. Assim, em um país como o Brasil, mesmo sendo única, a língua não é usada da mesma forma por todos os falantes, há diferenças fonológicas, morfossintáticas e semânticas nas diversas regiões, e isso ocorre como já foi citado, em função da extensão territorial do país que não permite um contato profundo entre as regiões que estão nos extremos e da “trágica injustiça social”, que desmerece o falar do menos favorecido financeiramente (BAGNO, 1999, p. 16). 

REFERÊNCIAS 

BAGNO, Marcos. A língua de Eulália: novela sociolinguística. 6.ed. São Paulo: Contexto, 2000.
______. Preconceito linguístico: O que é, como se faz. 15.ed. São Paulo: Loyola, 2002.

______. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

BAGNO, Marcos (Org.). Linguística da norma. 2. ed. São Paulo, Edições Loyola: 2004.

BAGNO, Marcos; GAGNÉ, Gilles; STUBSS, Michael. Língua materna: letramento, variação e ensino. São Paulo: Parábola, 2002.

BAGNO, Marcos. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2011.

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola, 2004.

LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, 2008.

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terça-feira, 13 de junho de 2017

Verborragias politicas

HÁ ALGO DE PODRE NA ESTRUTURA POLÍTICA DO BRASIL..

Por Alacir Arruda

Tenho certeza que assim como eu, você também sente que há algo errado no Brasil, não sabe exatamente o que é, mas sabe que gira em torno da política, do social e do econômico. Você discorda da absolvição da chapa Dilma-Temer? Discorda do Senador Aécio Neves, mesmo afastado de suas funções, ainda receber seus vencimentos, algo em torno de 34.000,00 mais a verba de gabinete de 85.000 ? E da cara de pau dos ex- presidentes Lula e Dilma que insistem no discurso vazio do " eu não sabia de nada"? Enfim, assim como eu,  você deve ter inúmeras razões para acreditar que há algo de podre em nossa estrutura politica,   e não adianta gritaria, fechamento de vias públicas e quebra-quebra como forma de se construir um país melhor, pois o problema é bem antigo e está enraizado.

Desde os tempos de faculdade eu notava que alguns professores faziam questão de expressar em sala de aula suas opiniões sobre quaisquer movimentos do Governo Federal em direção a uma maior abertura econômica. Lembro-me das palavras de uma professora de Geografia Politica   sobre a privatização da Vale do Rio Doce:
"Venderam uma coisa que é nossa"!
Na ocasião, e por algum tempo,  fiquei triste com o suposto “entreguismo” de nossos governantes porque não conseguia entender o motivo dessa postura. Passados os anos, acumulei informação, amadureci intelectualmente e formei minha própria opinião: não é dever do Estado ser empresário e nem do professor ensinar ideologia em sala de aula. Entendi que a “coisa nossa” na verdade é “coisa deles”, de quem detém o poder e “faz o diabo” – parafraseando a presidente Dilma – para não perdê-lo.
Com os pilares da democracia representativa em frangalhos, descrédito das instituições, patrulhamento da imprensa independente, demonização da polícia, anomia, corrupção cada vez mais descarada e a presença de um Estado inchado que quer controlar a economia e cada aspecto de nossas vidas, acredito que estamos às portas da ascensão de um regime autoritário.
Compartilho com você em poucas linhas minhas opiniões sobre o que está errado no Brasil. O que escrevi é apenas uma fração dos problemas. Adianto que as causas não são tão fáceis de enxergar e não sei quais seriam as melhores alternativas ou se há alternativas de médio prazo dado o perfil do brasileiro, mas fica a dica do jornalista George Bernard Shaw para quem acha que é simples:
Para todo problema complexo, existe uma solução clara, simples e errada.
A Estatização da Economia
Ora convenhamos, o  aparente sucesso econômico do Brasil, vivido entre os anos de 2003 a 2009,  se deveu ao crescimento chinês somado ao baixo custo de capital nos países desenvolvidos. As reformas da era FHC, que criaram os pilares de uma macroeconomia mais sólida, também ajudaram, jamais por ações do Lulismo ou Petismo..
Com a diminuição do ritmo de crescimento chinês, ficou evidente que o Brasil apenas foi com a maré. O BNDES emprestou rios de dinheiro a taxas subsidiadas para os “campeões nacionais”. O Banco Central foi negligente com a inflação, que furou o topo da meta e permaneceu elevada, apesar do fraco crescimento econômico. Os investidores começaram a temer as intervenções arbitrárias de um governo prepotente, e adiaram planos de investimento.
O modelo baseado no consumo era insustentável e já fracassou. O Brasil perdeu uma grande oportunidade de crescer. Foi na contra-mão dos países desenvolvidos preferindo tentar prever e controlar a economia e ficar fazendo malabarismos contábeis para nos fazer acreditar que tudo ia bem ao invés de aplicar medidas de austeridade para acabar com a farra com o dinheiro público.
O livro Privatize Já! do economista Rodrigo Constantino tem uma citação sarcástica de Milton Friedman:
Se o governo,  e aqui falo do  BRASILEIRO,  administrar o deserto do Saara, vai faltar areia em cinco anos.
O Estado não gera riqueza e não sabe administrar a que está disponível. Não há como implantar um sistema de meritocracia na administração pública premiando os melhores e punindo os piores. Sequer é função do estado dar Bolsa Empresário para os ungidos campeões nacionais, como o grupo OGX do falido empresário Eike Batista, estrela maior do capitalismo de Estado praticado desde o governo Lula. O Estado deveria atuar apenas para garantir a igualdade das empresas perante as leis.
No modelo laissez faire, extremo oposto às tendências que se observam no Brasil, os empresários do setor privado – como se existisse empresário fora da iniciativa privada – competem entre si em busca de lucro sem interferência do Estado. A busca do lucro e não a generosidade do produtor é que faz nascerem melhores produtos e serviços – essa é a “mão invisível” à qual se referia Adam Smith.
Quem não consegue se adaptar às dinâmicas do mercado vai à falência, ou melhor, é substituído por um concorrente mais adaptado. Essa consequência do capitalismo às luzes do liberalismo econômico parece cruel, mas se não fosse assim, ainda estaríamos utilizando máquinas de escrever e não computadores.
A privatização feita corretamente, não o jogo de cartas marcadas que se viu no pré-sal em Libra, é o caminho para nossa liberdade. No caso do petróleo, os EUA têm dezenas de empresas que extraem esse “recurso estratégico” do solo e sobrevivem no mercado porque tentam oferecer produtos cada vez melhores para os consumidores. Nós “temos” a Petrobrás, uma estatal de capital misto usada para manobras políticas que só dá prejuízos.
Interferência Entre os Poderes
Churchill tornou famosa a ideia de que a democracia é o pior modelo político, exceto todos os outros. Ele disse isso em um contexto de ascensão do comunismo e de regimes nazi-facistas. Montesquieu pensou em uma forma de moderar o Poder do Estado dividindo-o em funções e dando competências a seus diferentes órgãos evitando o arbítrio e a violência. Esse é um dos pilares da democracia, mas foi James Madison quem primeiro aplicou essas ideias ao contexto republicano.
Refletindo sobre o abuso do poder real, Montesquieu concluiu que “só o poder freia o poder”. Esse é o chamado “Sistema de Freios e Contrapesos”. Daí a necessidade de cada poder manter-se autônomo e constituído por pessoas e grupos diferentes: os poderes atuariam mutuamente como freios, cada um impedindo que o outro abusasse de seu poder.
Lembro-me de uma tirinha de jornal onde duas minhocas conversavam sobre política. Era mais ou menos assim:
– Qual o regime político do Brasil?
– Democracia.
– Democracia? Esse não é aquele modelo em que há igualdade perante as leis e separação de poderes?
– Não, esse é outro.
No Brasil, os poderes não são independentes. Vimos isso claramente no recente caso da cassação  da chapa Dilma-Temer   e  em 2014 com o mensalão. Vimos Juízes se comportando como braços do partido dominante e o Executivo indicando juízes que melhor “lhe representasse” para compor a casa.
Falta de Uma Agenda da Oposição
Estamos às portas das eleições de 2018 e nesse caminhar,  até o PT tem chance do quarto mandato. Isso mesmo, esse partido que aparelhou a máquina estatal e domesticou a massa mais necessitada para se conservar no poder. É o poder pelo poder. Os políticos petistas só pensam na próxima eleição e não nas próximas gerações. Sobram demagogos e faltam estadistas. PSDB E PMDB não ficam atrás. Cadê a REDE? Especula-se pelos corredores que Marina Silva deve ser cabeça de chapa em 2018 com o ex Minstro do Supremo Joaquim Barbosa. Tomara!
Esses anos de governo petralha mostraram a nova tática do comunismo moderno. Até meados do século XX, o poder era tomado a tiro e sangue. Agora, basta utilizar desonestidade intelectual, retórica vazia, desqualificação de opositores, demagogia e monopolizar a verdade para se eleger por vias democráticas e destruir o sistema democrático por dentro. Para Maquiavel, os fins justificam os meios. Mas para qualificar o nível de honestidade de um governante, os meios justificam os fins. Em pouco tempo, o Brasil será a Argentina, a Argentina será a Venezuela e a Venezuela será Cuba, propriedade particular dos irmãos Castro.
A alternância entre aqueles que detêm o poder é fundamental em uma democracia representativa, mas o Brasil talvez seja o único país do mundo onde só há partidos de esquerda se alternando no poder. Sim, o PSDB é um partido de esquerda embora seja uma esquerda moderada. Não existe oposição. Não há um discurso ou uma pauta que seja uma alternativa a PMDB, PT ,  PSDB. Eles se misturam e no fim, sao um só.
As Ideias Coletivistas e o Estado Babá
Somos seres sociais, mas não socialistas. Socialismo é um sistema político e ideológico criado pelos homens, mas não é algo que exprima a natureza humana. Enquanto seres humanos, necessitamos viver em sociedade, mas enquanto indivíduos, necessitamos conservar nossa individualidade e nossa liberdade. Liberdade não significa exatamente fazer o que quiser. Estamos submetidos a um contrato social, que basicamente diz que o seu direito acaba onde começa o do outro.
O Socialismo nivela a sociedade por baixo, enquanto mantém quem governa e os amigos do rei por cima. Como disse Churchill:
A desvantagem do capitalismo é a desigual distribuição das riquezas; a vantagem do socialismo é a igual distribuição das misérias.
Como todos somos coitadinhos aos olhos do Estado, ele se acha com a nobre tarefa de prover saúde, educação e emprego e de interferir em cada aspecto de nossas vidas. Como o Estado é formado por pessoas abnegadas e ungidas, exaustas após a batalha em prol desse povo sofrido, é justo o SUS para nós e o Sírio Libanês para eles.
Os estados de bem-estar social enfrentam um paradoxo inevitável: o nível de produção necessário para sustentar um estado de bem-estar social não pode ser sustentado por um estado de bem-estar social. É justo que os mais ricos paguem a conta? Não! Margaret Tatcher já sabia que o socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros. Nosso modelo é insustentável porque é baseado no consumo. Há pouco ou nenhum incentivo ao empreendedorismo e à livre concorrência, que gera melhores empregos e aumenta a renda familiar. Infelizmente, no Brasil é mais vantajoso ser funcionário público.
Os sistemas políticos pluralistas estão sustentados pelo elogio da dissonância: a crítica é benéfica para o governo porque descortina problemas que não seriam enxergados num regime monolítico. Os socialistas não concordam com esse princípio democrático: seu imperativo é rebater a crítica imediatamente mesmo sem raciocinar. Uma tática preferencial é acusar o crítico de estar a serviço de interesses de malévolos terceiros: um partido adversário, “a mídia”, “a burguesia”, os EUA ou tudo isso junto. É que, por sua própria natureza, o socialista não crê na hipótese de existência da opinião individual.
A Ditadura da Minoria
O Brasil viveu no período PT  um estranho momento de ascensão das minorias como forma de compensação por erros do passado. Chegou a ponto de que se você não pertence a uma minoria, deve escolher ou inventar uma.
A grande falha é que não existem minorias fora do indivíduo, ou seja, você é uma minoria e eu sou outra. Esses grupos que se vendem como “minorias” são resultantes de uma forma de classificação de pessoas em torno de algumas características em comum, como cor, classe social, time de futebol, etc.
Se você pertence a uma minoria e se sente excluído, basta fazer acusações de racismo ou qualquer coisa que desqualifique sua minoria para ganhar respeito. Afinal, o que é uma ditadura senão o poder nas mãos de uma minoria?
Anomia
Vivemos um perigoso momento para nossa sociedade e para nossas instituições, O Brasil é o país do “jeitinho” e das leis elásticas. Um grande número de violações nas leis é relatado e até apurado, mas as devidas punições não são aplicadas. Para algumas pessoas, isso justifica fazer “justiça” com as próprias mãos. Essa é a anomia. Para o sociólogo Durkheim:
Anomia é estado de uma sociedade caracterizada pela desintegração das normas que regem a conduta dos homens e asseguram a ordem social
Uma característica dos movimentos de extrema esquerda, como o Fora do Eixo, é a tábula rasa. Eles esquecem que civilização é o conjunto de conhecimentos e costumes, transmitidos de geração para geração. É preciso escolher a civilização. E a barbárie estará sempre à espreita. Do ponto de vista individual vale o mesmo raciocínio. Não nascemos do nada. Carregamos uma história, e essa narrativa ajuda a nos definir como seres singulares.
Nas massas, os sentimentos são realçados e não a razão. Para essa gente, é bonito fechar ruas, destruir bancos e agredir policiais, mas ai do policial se atirar uma bala de borracha ou simplesmente querer impedir a passagem dos valentes. A imprensa marrom, paga com dinheiro público, quando não consegue inverter os papéis de vítima e agressor, atenua a gravidade dos fatos trocando os nomes que as coisas têm, como quando chamam “vândalos” e “terroristas” de “manifestantes” ou de “uma minoria infiltrada”. É justamente essa “minoria” que dá visibilidade ao protesto.
A maioria de nossos artistas é hipócrita. São a nata da esquerda caviar, que o diga Chico Buarque que, a despeito das provas,  insiste em defender Lula. Outros  apoiam, justificam e incentivam a baderna, mas usufruem todas as vantagens do sistema capitalista e têm grande patrimônio. Caetano Veloso até foi fotografado com uma faixa preta dos black blocs. 
Entre os grupos de protesto, também nota-se uma certa ignorância com relação ao funcionamento da economia, como no caso dos R$0,20 do Movimento Passe Livre. Adam Smith advertiu que não existe almoço grátis. Como falei antes, o Estado não gera riqueza. Ele obriga as pessoas a entregarem parte de suas rendas na forma de impostos. Essa diferença no valor da passagem de ônibus viria de outras fontes. Veja o aumento do IPTU da sua residência. O ex prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad, meteu a mão em nossos bolsos e de quebra se vingou de quem não votou nele, como indica esse mapa.
Na atualidade a grande mãe dessa  anomia é a  corrupção,  que se encontra profundamente enraizada, e pela impunidade. O PT, PSDB, PMDB etc.. não inventaram a corrupção, mas a elevaram  a uma categoria de pensamento. Um dos mais notórios filósofos dessa nova era do nosso pensamento politico, é   petralha  José Dirceu -  acusado a mais de 40 anos de prisão por desvios de dinheiro público, formação de quadrilha e Prevaricação -  que teve a "cara de pau" de afirmar recentemente..
"Estou cada vez mais convencido de que sou inocente."

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