sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

O indulto de Temer - Vergonha

TEMER E O INDULTO DA ALEGRIA - O FEIRÃO DE NATAL..

Por Alacir Arruda

O presidente Temer não toma "tenência" mesmo, a impressão é que besteira pouca, para ele,  é bobagem. Em um ano e meio de governo foram  tantas M....que ele fez que hoje podemos dizer que  Brasília é um  verdadeiro  escritório do crime organizado, onde as trocas de favores correm solto e o fisiologismo impera. A última desse presidente satírico é o INDULTO DA ALEGRIA - FEIRÃO DE NATAL OU BLACK FRYDAY, também chamado de Indulto de Natal que deve colocar nas ruas uma série de BANDIDOS do colarinho branco numa clara demonstração que esse Presidente esta Cag....e andando para o judiciário e a única frase que ele conhece é: "aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei".

A nossa salvação é que temos,  no Supremo Tribunal  Federal  e na Procuradoria  Geral da Republica, duas mulheres de "peito", literalmente. Com a decisão da Presidente do Supremo, Carmem Lucia,  de revogar alguns artigos desse indulto vergonhoso,  retomamos, ao menos em parte,  a normalidade e uma relativa harmonia entre os poderes . Mas o presidente  satírico já pronunciou que esta preparando outro Decreto de Indulto, com certeza pensando em benesses próprias.

A critica a essa aberração cometida pelo Presidente foi geral. O coordenador da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, usou e abusou das redes sociais para criticar o decreto de indulto de Natal para presos, assinado pelo presidente Michel Temer na sexta-feira (22/12). Em mais de uma dezena de posts no Twitter, ele atacou a iniciativa que chamou de “feirão de Natal para corruptos”.

“Pra que acordo de colaboração premiada? O presidente Temer resolve o problema do corrupto. Em 1/5 da pena, está perdoado pelo novo decreto de indulto natalino. Melhor do que qualquer acordo da #LavaJato!!! Liquidação!!”, reagiu Deltan.

O procurador exemplificou ainda. “O político João Argolo, preso em abril de 2015, agradece o presidente Michel Temer pelo indulto de Natal. Foi condenado na #LavaJato a 12 anos e 8 meses de prisão por corrupção e lavagem, mas já pode sair da cadeia. Se Você acha que é piada de mau gosto ou notícia do Sensacionalista, isso é só o começo se você não escolher bem os candidatos a deputado federal e senador em 2018″.

Dallagnol citou outro caso, o de Marcelo Odebrecht, que passou a cumprir,  semana passada, a pena em sua casa, após dois anos e meio na cadeia. Condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, ele foi condenado a 31 anos de prisão. Com a delação fechada pela Lava Jato, e após pagar multa de R$ 73 milhões, a pena foi reduzida a 10 anos, com progressões sucessivas de regime.


O presidente Michel Temer ignorou solicitação da força-tarefa da Operação Lava Jato e recomendação das câmaras criminais do Ministério Público Federal ao assinar o decreto. Os procuradores pediam, entre outros pontos, que os condenados por crimes de corrupção não fossem agraciados pelo indulto. O texto publicado no Diário Oficial também reduz o tempo necessário de cumprimento de pena para obter o perdão.

O benefício de Natal é previsto na Constituição e concede supressão da pena, se atendidos determinados requisitos como cumprimento de parcela da punição. Antes, para os crimes cometidos sem grave ameaça ou violência, era preciso cumprir um quarto da pena em casos de não reincidentes. No decreto deste ano, o tempo caiu para um quinto da pena.

Porém, em sua decisão, a Ministra Cármen Lúcia  disse que indulto não é nem pode ser instrumento de impunidade. É providência garantidora, num sistema constitucional e legal em que a execução da pena definida aos condenados seja a regra, possa-se, em situações específicas, excepcionais e não demolidoras do processo penal, permitir-se a extinção da pena pela superveniência de medida humanitária.

A presidente do STF também afirmou que o princípio da proporcionalidade parece afrontado pelos trechos do decreto agora impugnados, porque dão concretude à situação de impunidade, em especial aos denominados ?crimes de colarinho branco?, desguarnecendo o erário e a sociedade de providências legais voltadas a coibir a atuação deletéria de sujeitos descompromissados com valores éticos e com o interesse público garantidores pela integridade do sistema jurídico, ressalta Cármen.

Em suma, indulto é para quem merece, nao para quem expropria o erário guardando 53 milhões em apartamentos, comprando anel de quase um milhão de reais para esposa com dinheiro publico, vendendo carne estragada e assinando delação que permite morarem Nova York e nunca ir para a cadeia, comprar apartamento vizinho de onde mora e  sitio em Atibaia. Enfim, são inúmeros os casos de corrupção que atordoaram esse país e que  um Presidente não tem o direito de, com apenas uma canetada,  destruir o trabalho de anos de uma força tarefa importante, como a Lava Jato,  que tenta moralizar a politica brasileira..

#foratemer

De sua opinião.



quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Viver é sofrer- Schopenhauer

"O MUNDO COMO UM LOCAL DE PENITÊNCIA"
(Arthur Schopenhauer)

Por Alacir Arruda

Enquanto o sistema me permitiu estar em sala de aula ( por 24 anos) eu sempre deixei claro aos meus alunos, nas diversas faculdades que passei,  que Arthur Schopenhauer (1766-1844) era o meu filósofo predileto, apesar de achar Nietzsche imbatível. As razões para essa predileção fogem a qualquer tentativa racional de explicação. 

Para esse pensador alemão, o mundo constitui o inferno e nós formamos em parte os atormentados, e noutra, os demônios. Antecipando-se aos que possam criticá-lo, ele próprio se defende-se: “Agora terei de ouvir novamente que minha filosofia é desesperada somente porque me expresso conforme a verdade, mas as pessoas querem que se lhes diga que o Senhor Deus tenha feito tudo do melhor modo. Dirijam-se à igreja, e deixem em paz os filósofos.”

Ainda segundo ele, um  animal tende a  permanecer livre das aflições, dos tormentos e das preocupações, no entanto, por dispensar a esperança, não participa da antecipação de um futuro alegre que se dá por meio dos pensamentos imaginativos, fonte de tantas alegrias e prazeres para nós: “(…) a consciência humana possui um campo de visibilidade que abrange a totalidade da vida, e mesmo vai além”.

E prossegue;  é a capacidade cognitiva superior que faz nossa vida mais sofrida do que a dos animais, de modo que podemos remeter isso [a capacidade cognitiva superior] a uma lei mais geral e alcançar assim uma visão muito mais ampla. Que visão será essa?

Conhecimento em si mesmo, afirma, é sempre indolor. Sofremos mesmo é quando a satisfação de nossa vontade está obstruída e temos consciência disso: “Que a dor espiritual seja condicionada pelo conhecimento, compreende-se por si, e que cresce conforme o grau [de conhecimento] do mesmo, pode ser facilmente verificado (…).

O filósofo diz que na infância, por exemplo, nos situamos frente ao curso do futuro de nossa vida, numa expectativa alegre do por vir, que é uma sorte não sabermos o que virá e que, condenados à vida ainda não ouvimos o conteúdo de nossa sentença e que, ainda assim, todos nós desejamos atingir uma idade avançada.

Miserável, imperfeito, assim é o mundo e o mais perfeito de seus fenômenos, o homem: “(…) qual crianças de pais displicentes, já viemos ao mundo dotados de culpa, e que só porque continuamente devemos expiar esta culpa, nossa existência se torna tão miserável e tem como fim a morte.”

Nada é mais certo, diz Schopenhauer, do que, em palavras gerais, o homem ser o mais grave pecado do mundo que provoca o múltiplo e imenso sofrimento do mundo; insistindo que não se indica aqui a conexão físico-empírica, mas a metafísica.

Conforme esse ponto de vista, assegura que apenas a história do pecado original – única verdade metafísica – o reconcilia com o Antigo Testamento: “Pois a nada mais nossa existência se assemelha tão perfeitamente, como à sequência de um passo em falso e de um desejo condenável.”

Para que não nos enganemos, convém que tenhamos em mente que nada se presta melhor como bússola para uma boa orientação na vida do que cultivarmos o hábito de considerar este mundo como local de penitência, e portanto também como uma espécie de instituição penal: “(…) a penal colony, uma ergastérion, como já a denominara os mais antigos filósofos e entre os anciães cristãos, Orígenes [que] o afirmava com ousadia digna de louvor, concepção esta que também encontra sua justificativa teórica e objetiva não somente em minha filosofia, mas na sabedoria de todas as épocas, ou seja, no bramanismo, no budismo, em Empédocles e Pitágoras; como também em Cícero: 'Nascemos para expiar as penas de alguns crimes contraídos na vida anterior'.”

Considerando do maior vigor a expressão de Vanini, Schopenhauer o cita: “O homem está repleto de tantas e tão grandes misérias que, se não fosse incompatível com a religião cristã, ousaria dizer: se existem demônios, eles próprios expiam as penas do crime, transmigrando para os corpos dos homens”.

O fato é que, para Schopenhauer, mesmo no cristianismo genuíno e bem compreendido, nossa existência é concebida como consequência de uma culpa, um passo em falso, diz ele.

Sendo assim, assumido o hábito – o de se considerar este mundo como local de penitência – disporemos de nossas expectativas de vida de modo a se adequarem à realidade dos fatos e encararemos as contrariedades, os sofrimentos, os tormentos e as necessidades não mais como algo inesperado e contrário à regra, porém inteiramente em ordem, muito cientes de que aqui, cada um é punido por sua existência, e cada qual a seu modo.

Mas, como se sentirá o homem bom, a bela alma, num mundo tão hostil? Schopenhauer diz que se sentirá como um nobre prisioneiro político, nas galeras, entre criminosos comuns e que procurará se isolar: “E de um modo geral a referida concepção nos habilitará a contemplar as assim denominadas imperfeições, a constituição moralmente, intelectualmente e portanto, também fisionomicamente indigna na maioria das pessoas, sem estranheza e muito menos indignação: pois sempre teremos à mente o lugar como um ser que existe apenas em consequência de sua culpabilidade, cuja vida é a expiação do pecado de seu nascimento.”

Para ele, o que o cristianismo denomina – a natureza pecaminosa do homem – constitui o fundamento dos seres, que encontramos neste mundo como nossos semelhantes. Em consequência da constituição deste mundo, acrescenta, se encontram principalmente e mais ou menos em um estado de sofrimento e de insatisfação, inadequado para nos tornarem mais participantes e cordiais, e por fim, que nosso intelecto, na maioria dos casos, é tal que serve mal e mal aos desígnios de nossa vontade.

É por essas diretrizes que devemos orientar nossas expectativas quanto à sociedade neste mundo. E quem adota este ponto de vista, poderia considerar o impulso à sociabilidade uma inclinação condenável, pondera.

Ainda assim, para Schopenhauer, a convicção de que o mundo, e portanto também o homem é algo que propriamente não deveria ser, é adequada a nos prover de tolerância uns em relação aos outros; pois: “O que há de se esperar de seres sob tais predicamentos?”, indaga.

Irônico, diz que o tratamento apropriado entre os homens, em lugar de Senhor, Monsieur, Sir, etc., deveria ser “companheiro de infortúnio, soci malorum, compagnon de misères, my fellow-sufferer” e que, por mais estranho que possa parecer, lança sobre o outro a luz apropriada e recorda o necessário, a tolerância, paciência, piedade, amor ao próximo, indispensável a todos, e portanto, de que todos são devedores.

O caráter das coisas deste mundo, precisamente do mundo humano, afirma o filósofo do “pessimismo”, não é tanto, como se afirma com frequência, imperfeição, mas distorção, no que se refere ao moral, ao intelectual, ao físico, a tudo.

E a desculpa para tantos vícios: “(…) isto é natural ao homem” não basta, pois na verdade deveria ser: “justamente por ser perverso, é natural, e justamente porque é natural, é perverso”, compreensível se à luz da doutrina do pecado original, fundamento que nos constitui. Trata-se de uma constituição básica má, tanto que ninguém suporta ser observado atentamente, provoca o filósofo.

Partindo dos pressupostos acima, o que esperar dos seres humanos? Talvez julguemos nossos semelhantes com mais tolerância. E não nos espantaremos se os demônios que estão em nosso interior, vez ou outra, despertem e surjam nos outros. Pois, saberemos apreciar melhor o bem que, apesar de tudo, se instalou em nós, seja por conta de nosso intelecto ou por alguma outra coisa.

Justamente pela vida constituir um estado de necessidade e de miséria, em que cada um precisa lutar e disputar por sua existência, nem sempre assumimos a expressão mais cordial, salienta. Se o homem fosse aquilo por que pretendem fazer dele todas as religiões e filosofias otimistas – a obra ou até mesmo a encarnação de um deus – quão diferente seria o relacionamento de cada pessoa conosco.

Devemos ser tolerantes com a estupidez, falhas e vícios humanos, pois o que temos diante de nós é somente nossa própria estupidez, falhas e vícios: “trata-se de erros da humanidade, a que pertencemos, possuindo também todas as falhas, mesmo aquelas sobre as quais nos indignamos, mesmo que agora não se manifestam em nós, pois não se encontram à superfície, repousam no fundo, mas se apresentarão à primeira oportunidade.

Reconhece que a diferença das individualidades é inavaliavelmente grande e que por isso em uma pessoa se ressalta um determinado tipo de maldade, noutra, revelar-se-á algum outro tipo, de outro modo, pois não se pode negar que varia-se o grau de adesão àquilo que verdadeira e antecipadamente somos: antecipadamente condenados, miseráveis pecadores.

Ou como ele próprio definia: "O destino é cruel e os homens dignos de compaixão"


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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

A felicidade e a filosofia

A FELICIDADE SOB A ÓTICA DA FILOSOFIA..

Por Alacir Arruda

Nesse momento,  em que se intercalam as festas natalinas e o final de ano  e as sensações emotivas ficam mais afloradas, é muito comum as pessoas  aproveitarem para fazer um  tipo de "Check List" de tudo que eles fizeram durante o ano: Família, Trabalho, relacionamento etc.. Porém, nada incomoda mais os indivíduos modernos que uma palavra; a felicidade. Vivemos um período histórico onde a sociedade carrega dentro sí um vicio: "precisamos ser feliz, não importa o custo". Como se essa felicidade trouxesse em seu bojo  o antídoto para um mundo que se perdeu em seus objetivos. Não importa que essa felicidade venha travestida de coisas bossais como:  um novo Smart Fone,  uma Smart Tv com NetFlix , uma cirurgia plástica para levantar "as coisas" ou arrumar outras, ou ainda um namorado (a) rico (a).  Não importa. Precisamos ser feliz!!!

A felicidade é uma das palavras mais difíceis de definir. A felicidade do mistico  não tem nada a ver com a do homem poderoso ou da pessoa comum.  Assim como na vida cotidiana encontramos diferentes definições para a felicidade, na filosofia também existem diferentes abordagens para o tema. “Todos os mortais estão em busca da felicidade, um sinal de que nenhum deles é feliz”. 

Para Aristóteles, o mais proeminente dos filósofos metafísicos, a felicidade é o maior desejo dos seres humanos. Do seu ponto de vista, a melhor forma de conseguir ser feliz é através das virtudes . Cultive as boas virtudes e alcançará a felicidade.

Segundo Aristóteles, a felicidade é um estilo de vida: o ser humano precisa exercitar constantemente o melhor que tem dentro dele.É preciso cultivar também a prudência de caráter e ter um bom “daimon” (boa sorte), para alcançar a felicidade plena. Por isso, a sua tese é conhecida como “eudaimonia”.

Aristóteles forneceu a base filosófica sobre a qual foi edificada a igreja cristã. Por isso, existe uma grande semelhança entre o que este pensador propôs e os princípios das religiões judaico-cristãs.

-Epicuro e a felicidade hedonista

Epicuro era um filósofo grego que teve muitas contradições com os filósofos metafísicos. A diferença entre eles é que ele não acreditava que a felicidade provinha somente do mundo espiritual, mas também tinha muito a ver com as dimensões terrenas.

Ele fundou a “Escola da Felicidade” e a partir dela chegou a conclusões muito interessantes.

Ele postulou o princípio de que o equilíbrio e a temperança davam origem a felicidade. Essa abordagem se reflete em uma das suas grandes máximas: “Nada é suficiente para quem o suficiente é pouco”.

Ele acreditava que o amor, ao contrário da  amizade, não tinha muito a ver com a felicidade. Insistia na ideia de que não devemos trabalhar para adquirir bens materiais, mas por amor pelo que fazemos.

-Nietzsche e a crítica da felicidade

Nietzsche acreditava que viver pacificamente e sem qualquer preocupação era um desejo das pessoas medíocres e que não valorizam a vida. Para ele, “estar bem” graças a circunstâncias favoráveis ou a boa sorte não é felicidade. Isto é uma condição efêmera que pode mudar a qualquer momento.

Estar bem seria uma espécie de “estado ideal de preguiça", não existem preocupações e sobressaltos.  Em vez disso, a felicidade é força vital, espírito de luta contra todos os obstáculos que restrinjam a liberdade e a autoafirmação.

Então para Nietzsche, ser feliz é ser capaz de provar dessa força vital, através da superação de dificuldades e criando formas diferentes de viver.

-José Ortega y Gasset e a felicidade como confluência

Para o pensador espanhol  Ortega y Gasset, a felicidade é definida quando “a vida projetada” e a “vida real” coincidem. Ou seja, quando a vida que desejamos coincide com o que realmente somos. Este filósofo observou que se nos perguntarmos o que é felicidade, encontraremos facilmente uma primeira resposta: a felicidade consiste em encontrar algo que nos satisfaça plenamente.

Mas, na verdade, essa resposta não faz sentido. O que é esse estado subjetivo de satisfação plena? Além disso, quais são as condições objetivas para que algo consiga nos satisfazer”? Todos os seres humanos têm potencial e desejo de ser feliz. Isto quer dizer que cada um define o que irá fazê-lo feliz; se conseguir construir a sua vida de acordo com os seus desejos, será feliz.

-Slavoj Zizek e a felicidade como paradoxo

Este filósofo acredita que a felicidade é uma questão de opinião, e não de verdade; ele a considera um produto dos valores capitalistas que prometem implicitamente a satisfação através do consumo. No entanto, o ser humano é um eterno insatisfeito porque na realidade não sabe o que quer.

As pessoas acreditam que se alcançarem algo melhor (comprar uma casa, elevar o seu status, etc), poderiam ser felizes. Mas, na realidade, inconscientemente o seu desejo é outro e por isso permanecem insatisfeitos.

Ser feliz, ou não, creio ser um prerrogativa pessoal. Encerro com o grande pensador francês Voltaire que certa vez exclamou: "Os homens que procuram a felicidade são como os embriagados que não conseguem encontrar a própria casa, apesar de saberem que a têm.


E para você, o que é felicidade? - Feliz 2018...!!!



sábado, 23 de dezembro de 2017

2017, esse é para esquecer

2017 UM ANO PARA ESQUECER..

Por Alacir Arruda

Tenho grande respeito por quem considerou, ou considera,  o ano de 2017 um bom ano, afinal sempre defendo  a tese de que gosto não se discute.se lamenta. Porém, entretanto, todavia, na minha modesta opinião é  um ano para se esquecer e não lembrar, sequer, do aniversario...Ohh ano desgraçado...

Há diversos episódios em nosso passado que fazem o Brasil ocupar o seu lugar na história. Repetimos esse feito em 2017, com um fato sem paralelos que nos colocou sob os holofotes de todo o planeta: somos o palco do maior caso de corrupção e de pagamento de suborno na história mundial, protagonizados pelos seguintes atores:  Odebrecht, Braskem, OAS, Andrade Gutierrez. Queiroz Galvão entre outras... Para um ano que está terminando, mas que parece mesmo é interminável, podemos nos considerar sobreviventes. Resistimos a um ciclo de revolução e subversão, agressivo e traumático, como se, a cada dia, um ente querido nos deixasse. 

Por exemplo, tivemos a  famosa "corridinha" do Loures que até não foi explicada, as relações nada republicanas do senador Aécio Neves com os irmãos Batistas, fora a confirmação de que Jucá, Renan, Moreira Franco, Padilha fazem parte de uma "quadrilha" capitaneada pelo sr. Presidente. Tivemos ainda outra confirmação: a de que Sergio Cabral é um bandido muito mais perigoso do que pensávamos um verdadeiro chefe de uma máfia que durante 20 anos saqueou e afundou o Rio de Janeiro na maior crise que já se viu nesse país, em tempo: Garotinho e  sua esposa também fazem parte dessa corja.. Mas sem duvida aquilo que mais chocou os brasileiros foi o comportamento, um tanto quanto, " estranho' do Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes tomando algumas decisões, no minimo,  suspeitas, retirando de prisão alguns dos maiores criminosos do Brasil como: Garotinho, Barata, e a esposa do Cabral, aquela do anel de quase um milhão.....Aliás, corre a boca pequena que;  Fernandinho Beira Mar, Nem da Rocinha e até Marcola do PCC querem que o Ministro revisem seus processos....Pode...?

Pulsa o sentimento em cada brasileiro de um luto eterno.

Eu gostaria de acreditar em iminentes chances de nosso renascimento como nação e cidadãos. Mas a verdade é que, nem mesmo para o mais persistente dos homens e dos militantes das causas justas, a proximidade de 2018 produz um grande alívio. 2018 será um ano de transição, de passagem, em que todos teremos de nos equilibrar sobre bases ainda frágeis e trepidantes, afinal é um ano de eleições,  então saberemos o quanto o brasileiro gosta de sofrer..me recordo da  famosa máxima de Adolf Hitler , que diante de milhares de militares ele "depenou" uma galinha viva que gritava de dor, após depená-la, ele  a soltou e ofereceu a ela milho, ela, mesmo sofrendo de dor, foi correndo em suas mãos comer o milho. No final, frente a uma platéia chocada ele disse: "com o povo é mais ou menos assim,n quanto mais você os oprime, os humilha, mas eles correm em sua direção. Será que veremos isso no Brasil ano que vem...?

Creio que em  2018, do ponto de vista político, talvez possamos iniciar um processo de reflexão sobre o novo perfil de líderes que gostaríamos de ver nos representando. Continuaremos com nossas agruras econômicas, porém, com alguma possibilidade de amenizar essas questões. Teoricamente, alimentamos as oportunidades de destacar pessoas mais comprometidas com a ética e com segmentos sensíveis, como economia, educação, agricultura e saúde. Líderes que se comportem como batalhadores, defensores desses setores. Mas, a realidade é mais pragmática: 2017 não será - e sinto se irei frustrar as suas expectativas com essa afirmação - um ano de transformações.

Na saúde, as perspectivas mais parecem uma ilusão da memória que nos traz a sensação de que já estivemos nesse mesmo lugar antes. Só que não se trata de alucinação. A visão cada vez mais centrada na doença e menos na saúde irá perdurar no ano que se inicia, consagrando instituições públicas e lideranças setoriais alinhadas com esse pensamento que nos aprisiona. Exames que não foram realizados, marcação de cirurgias, pagamentos de consultas, entre outras discussões superficiais e infindáveis, terão distantes a conclusão que verdadeiramente nos importa: o diagnóstico mais consensual possível entre os players do setor, pensando, juntos, novos modelos de remuneração e uma solução mais estruturada para a saúde.

Enquanto não abandonarmos nossas verdades parciais e assumirmos um objetivo único, vagaremos como Alice em uma obra de Lewis Carroll: “se você não sabe para onde ir, qualquer lugar serve”.

Como podemos, então, enfrentar um ano de mais do mesmo, de espera prolongada e sonhos adiados?

Temos de manter a confiança na renovação democrática e republicana. Essa é a luta que escolhemos, a única possível. E um dos pilares de nossa democracia é o judiciário.

A caça às pessoas mal-intencionadas, corrompidas pela ideia de que o sucesso só acontece sobre o prejuízo do direto do outro, ajudará nosso País a estiar os seus pecados. Então, quando finalmente chegar 2018, poderemos, aí sim, acreditar na possibilidade de reconstrução de nossas ruínas.

Até lá, que tenhamos serenidade para recuperar nossas forças, curar nossas doenças, recobrar nossa capacidade de realização. E que tenhamos, também, um pouco de carinho por nossas vulnerabilidades. Porque, se já provamos que a dor é um meio implacável de evolução, também temos a chance de experimentar, por meio da fé, a posse antecipada daquilo que desejamos.

Desejo um Feliz...Natal  e um 2017 cheio de paz e harmonia, junto aos seus  aos mais de 120.000 leitores desse modesto  blog, que busca, unicamente,  alertar e denunciar as instituições que se corromperam num pais que naturalizou a coisa errada.Mesmo doente, me mantenho escrevendo...


"Hasta la vitoria siempre"


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Brasil e a extrema direita

A HISTÓRIA SE REPETE:  O EXTREMISMO "PIEGAS" CHEGA AO BRASIL..

Por Alacir Arruda


Eduardo Bolsonaro, Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro (reprodução)

A história se repete, como diria Karl Marx. Em 1º de abril de 1924,  Adolf Hitler, o líder do Partido Nazista (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães ou, em alemão, Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei - NSDAP), foi  sentenciado a cinco anos de prisão por liderar o fracassado "Putsch da Cervejaria" -GOLPE- em Munique, no estado da Baviera. 

Enviado à prisão de Landsberg,  o lunático Hitler passou o tempo escrevendo sua autobiografia, Mein Kampf (Minha Luta) em que definiu claramente sua filosofia da superioridade racial ariana, a aversão ao marxismo e aos marxistas e o seu arraigado anti-semitismo, e trabalhando para aperfeiçoar suas habilidades oratórias.

Após nove meses de cárcere, a pressão política exercida por aliados do Partido Nazista forçaram sua libertação. Durante os poucos anos subsequentes, Hitler e outros líderes nazistas reorganizaram seu partido como um movimento de massas fanático, em condições de tentar conquistar a maioria no Parlamento alemão - o Reichstag – por meios legais em 1932. No mesmo ano, o presidente Paul von Hindenburg derrotou um intento presidencial de Hitler.

Entretanto, em janeiro de 1933, apoiado e pressionado pelas forças conservadoras e empresariais, pelos partidos de centro-direita, pelos liberais e parte dos social-democratas, nomeou  ( parece que a historia irá se repetir) Hitler como chanceler do Reich, na esperança de que o líder nazista com suficiente poder e respaldo político, pudesse isolar os esquerdistas e o perigo de uma revolução, mas ao mesmo tempo mantido em rédea curta como membro do gabinete presidencial. O resto da História todos conhecem.

2017 - Brasil: a impressão que temos é que o ser humano não aprende com os exemplos históricos, hoje um grupo politico parecido  é quem está em segundo lugar nas  pesquisas de intenção de votos para Presidente da Republica nas eleições de 2018. Se levarmos em contas que o atual líder das pesquisas - Lula- não conseguirá efetivar sua candidatura, imaginem para onde vamos..? Para os menos avisados segue abaixo  um RX de quem é esse individuo...

-O Patrimônio dos Bolsonaros

Essa familia é a prova, inequívoca, de que a politica rende. Dono de pautas genéricas e de apelo popular como “combate à corrupção”, defesa dos “valores cristãos” e de leis mais rígidas para punir criminosos, Jair Bolsonaro é ídolo de uma massa pouco instruída politicamente e revoltada com o que ele chama de “políticos tradicionais”.  Contudo, uma análise nas últimas declarações de bens do deputado federal indica que o maior compromisso do patriarca do clã político Bolsonaro é com a própria saúde financeira.

De acordo com dados do TSE, entre os pleitos de 2010 e 2014 a renda do parlamentar subiu 97%, já levando em consideração os efeitos da inflação sobre o valor declarado em 2010.

Em 2010, a renda por ele declarada foi de R$ 826.670,46. Quatro anos mais tarde, saltou para R$ 2.074.692,43, valor que inclui cinco imóveis, entre os quais dois que não constavam na declaração anterior. 

São duas casas localizadas na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Uma está registrada com o valor de R$ 400 mil e a outra de R$ 500 mil, bem abaixo do preço médio dos imóveis na região repleta de mansões.

A diferença entre os valores no documento apresentado à Justiça Eleitoral e o preço de mercado é comum nas declarações de bens dos políticos e está dentro de legislação, que permite a declaração do valor constatado durante aquisição do bem, sem exigir a atualização nos casos de valorização.

Este detalhe não indica irregularidades por parte de Bolsonaro, embora mostre que na realidade ele é mais rico do que a sua declaração de bens deixa a entender.

Bolsonaro pode ser grosseiro e pródigo em soluções estúpidas para os problemas do país, mas de bobo não tem nada. Pelo que a evolução do seu patrimônio demonstra, ser o ídolo de uma multidão de marmanjos e de um punhado de mulheres é um excelente negócio.

Eleito vereador pelo Rio de Janeiro em 1988, no rastro da fama conquistada em reivindicações salariais para os militares, o capitão do exército não exerceu nenhum cargo fora da política dali em diante. Elegeu-se deputado federal em 1990 e não saiu mais da Câmara dos Deputados.

Fiel a ideais reacionários, não tem a mesma lealdade em relação aos partidos políticos. Começou no PDC (e nas derivações PPR e PPB), saltou por PTB, PFL, PP, PSC e por enquanto está no PEN, um partido nanico em vias de mudar o nome para Patriotas.

Um nome mais indicado seria Partido Bolsonarista Brasileiro, pois junto com o Jair estarão no PEN os filhos Carlos, vereador no Rio de Janeiro desde 2000, quando foi eleito aos 17 anos, Eduardo, deputado federal por São Paulo, e o primogênito Flávio Bolsonaro, deputado estadual pelo Rio de Janeiro.

Este último, aliás, tem um currículo que renderia milhões de memes para o WhatsApp se o seu pai fosse o petista ex-presidente da República. Eleito deputado em 2002, aos 21 anos, foi reeleito sucessivamente até hoje. Na primeira declaração de bens constava um patrimônio de R$ 25 mil, referente a um automóvel Gol 1.0 Turbo, ano 2001, para ser mais exato.

Quatro anos mais tarde, no pleito de 2006, seu patrimônio decolou para R$ 385 mil, ou 992% a mais, considerando a inflação no período. Sua renda continuou subindo, mas de forma menos brusca, chegando ao patrimônio de R$ 690.978,23 em 2010. Em 2014 o acréscimo foi modesto, ficando em R$ 714.394,69.

Mas a declaração de bens de 2002 dá uma pista de que o primogênito de Jair Bolsonaro já pagava suas contas graças ao poder público bem antes de se tornar deputado.

Na cópia do recibo da declaração de imposto de renda apresentada à Justiça Eleitoral consta, no campo “rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas”, o valor de R$ 56.548,63 recebidos da Câmara dos Deputados no ano de 2001.

O montante, corrigido pelo IPC-A, equivale hoje a R$ 190.630,36. Dividindo a quantia por 13 (salários mensais mais 13º) daria uma renda mensal de mais de R$. 16.000,00, formidável para um rapaz de 21 anos. Na sua página, Flávio Bolsonaro afirma que defende a “importância do trabalho e do mérito como mais justos critérios de progresso social”.

O único mérito visível, neste caso, é ser filho de um político histriônico e com produtividade parlamentar raquítica, cujas promessas rasteiras e irrealizáveis atingem diretamente o fígado do eleitorado ávido por um salvador da pátria.

De acordo com um relatório a respeito de Jair Bolsonaro elaborado pelo Exército na década de 1980, o então jovem oficial foi descrito como alguém com “excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”.

As planilhas da Justiça Eleitoral apresentam,  não apenas o sua evolução financeira nos últimos 20 anos, mas e sobretudo, mostra a  sua prole desde, cedo agarrada ao poder, os dados e fatos estão aí para comprovar o quanto Bolsonaro foi bem sucedido nos seus propósitos pós saída da caserna. 

Esse texto não visa colocar os adeptos da extrema direita brasileira  em maus lençóis, afinal, sempre defendi a tese  de que: "gosto não se discute, se lamenta!".

Se pensa diferente aproveite para opinar..., ou ...morra no ostracismo.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Desigual é pouco.

NO BRASIL, DESIGUAL É POUCO...

Por : Alacir Arruda

Quando se pensa que chegamos ao fundo do poço,  com políticos corruptos, um governo sem legitimidade e um povo, desgraçadamente, inerte, surge outra  assombração . E no Brasil a gente  pode até dizer que essas assombrações, não têm hora para aparecer quando o assunto é desigualdade social. Só para se ter uma ideia, em 2001 o grupo formado pelo 1% dos mais ricos acumulava nada menos que 25% das riquezas do país. Parecia não ser possível piorar esta situação, não é mesmo? Afinal, os governos petistas venderam a tese de terem reduzido a desigualdade. Acontece que passado pouco mais de uma década, a desigualdade foi elevada. O grupo do 1% mais rico, em 2015, já 30% de tudo. E isso sem contabilizar os últimos dois anos, quando essa história de distribuição de renda ficou démodé.

 A pesquisa divulgada nesta quinta-feira(14.12.2017) http://www.midianews.com.br, mostra os números de todo o mundo. O documento é assinado por um time de pesquisadores, entre eles, o autor do livro “O Capital no Século XXI”, Thomas Piketty. Ele é especialista em estudos sobre desigualdade de renda. Enquanto os 50% mais pobres do Brasil eram mais de 71 milhões de pessoas em 2015, os 1% mais favorecidos somavam 1,4 milhão de pessoas. O estudo também aponta que os 10% mais ricos elevaram sua riqueza de 54% para 55% neste mesmo período, revelou o .
Extremos

Um fato curioso é que os 50% mais pobres, alvos dos programas sociais, também tiveram um aumento da renda, passando de 11% para 12%. O crescimento mais rápido que os 10% mais ricos, segundo o relatório, mas com impacto bem menos relevante devido a sua baixa renda.

Não há dúvida de que, nas últimas décadas, a desigualdade diminuiu, mas continua como um problema crônico no país, essa é a principal conclusão do relatório “A distância que nos une” divulgado recentemente  Oxfam, organização que trabalha na área da justiça social há mais de 60 anos.
O Bolsa Família, ganhos educacionais (que impactaram na redução das diferenças salariais), ampliação da cobertura de serviços essenciais para os mais pobres e a política de valorização real do salário mínimo melhoraram o quadro de completo abandono social do período da ditadura militar e dos anos 80.
Segundo a Oxfam, “entre 1988 – ano da promulgação de nossa Constituição – e 2015, reduzimos de 37% para menos de 10% a parcela de população brasileira abaixo da linha da pobreza. Considerando os últimos 15 anos, o Brasil retirou da pobreza mais de 28 milhões de pessoas, ao mesmo tempo em que a grande concentração de renda no topo se manteve estável”.
Entre 1976 e 2015, o índice de Gini (parâmetro internacional usado para medir a desigualdade de distribuição de renda entre os países) variou de 0,623 a 0,51527, ou seja, a pobreza encolheu de 35% para menos de 10%, menos de um terço do que era há 40 anos.
Depois de alguns dados positivos, vamos aos números que apontam o persistente problema social do Brasil. Para exemplificar, o nível de concentração de renda continua absurdo, apenas seis pessoas possuem riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões de brasileiros mais pobres.  Segundo o ranking de bilionários da revista Forbes, são esses os seis brasileiros: Jorge Paulo Lemann (investidor), Joseph Safra (banqueiro), Marcel Herrmann Telles (investidor), Carlos Alberto Sicupira (investidor), Eduardo Saverin (co-fundador do Facebook) e Ermirio de Moraes (do Grupo Votorantim). Juntos, eles possuem uma fortuna estimada em mais de R$ 280 bilhões, isso equivale a renda de 60% de toda população  brasileira. Isso é uma excrescência num pais que  pretende ser protagonista no futuro. 

No mundo, a situação não é diferente, ainda segundo a Oxfam, que estudou todos os indivíduos com um patrimônio líquido de pelo menos 1 bilhão de dólares, concluiu que 1.810 bilionários (em dólares) incluídos na lista da Forbes de 2016, dos quais 89% são homens, possuem um patrimônio de US$ 6,5 trilhões – a mesma riqueza detida pelos 70% mais pobres da humanidade.

Neste momento, o 1% mais rico da população mundial possui a mesma riqueza que os outros 99%, e apenas oito bilionários possuem o mesmo que a metade mais pobre da população no planeta. Por outro lado, a pobreza é realidade de mais de 700 milhões de pessoas no mundo.
A pergunta que eu faço é simples: "será que o capitalismo é mesmo a solução para o mundo?  Ou Karl Marx estava certo ao afirmar, há mais de 120 anos,  que o capitalismo  cria o seu próprio coveiro, pois concentra a renda na parte superior da pirâmide?" 
E me criticam por eu ser Marxista....

Fique a vontade para comentar..

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Um mundo sem sentido

A CRISE DO SENTIDO E O NOSSO VAZIO EXISTENCIAL.

Por Alacir  Arruda

Certa vez um professor me disse: Alacir saiba de uma coisa, a vida não tem o menor sentido. Como eu tinha apenas 17 anos não dei muita importância para aquele pensamento existencial. Segundo um outro grande  pensador: "A Busca pelo sentido pelo homem é a principal motivação de sua vida e não uma “racionalização secundária” de impulsos instintivos. Esse sentido é único e específico, uma vez que tem de ser, ou só pode ser, tornado real por ele; só então o sentido adquire importância que satisfará sua vontade de sentido." vejamos o exemplo abaixo;

“Segunda-feira pela manhã, ele ou ela (a gosto do freguês), acorda apressado depois do terceiro toque da soneca do celular. O banho é rápido, o companheiro corre com os filhos para que não percam o horário da aula e você sai correndo de casa com uma fruta na mão para uma reunião da qual não pode se atrasar. Durante o dia uma grande correria, um almoço dentro da sala do escritório e uma olhada rápida para responder às mensagens no Facebook e Whatsapp. Na hora da saída acaba se atrasando e chegando em casa por volta das 21h (isso tem se tornado frequente, pois o mercado não está para brincadeira, quem dá mole tem perdido o emprego e ele não pode se dar a esse luxo). Seus filhos dormem. O jantar está em um prato guardado no micro-ondas. Em casa à noite não se tem muito diálogo; compreensível… mais um dia cansativo no trabalho. No final de semana compensamos.”

Alguma coisa parece não estar bem… Esperaria que poucas pessoas se identificassem com alguma parte deste texto, mas sinto que não. Este contexto é citado como rotina considerada “normal” para muitas pessoas. E quando é perguntado para elas o sentimento que vem à cabeça ou ao coração no final do dia, muitas relatam “não entender ao certo, apenas sentem um grande vazio, como se tivessem feito muito, mas ao mesmo tempo não feito nada”.

A nossa rotina não mudou muito da rotina das gerações passadas. Nossos pais e avós também precisavam trabalhar muito para adquirir uma boa situação de vida, dar Educação e Saúde para a família. Não era assim? Se tudo era igual, o que nos diferencia do passado?  Nos tempos modernos, perdemos uma coisa que considero muito séria, nós perdemos as nossas “certezas da vida”, e quando isso acontece, segundo Baumam, sobram-nos problemas existenciais e até espirituais além da necessidade de cultivar algum tipo de inteligência para que possamos lidar com eles.

Isso significa que apenas ter um alto QI ou Inteligência Racional, não é mais suficiente para compreendermos a vida, pois as razões que procuramos não são racionais e tão pouco emocionais.  Não é mais suficiente viver felicidades efêmeras que vão e vêm. O homem inicia uma nova jornada pessoal onde se torna necessário questionar o próprio contexto e a maneira como se vive em busca de algo “a mais”.

Para este algo “a mais” damos o nome de SENTIDO. Muitos vivem esta busca desde a infância, seja nas religiões, seja nos grupos sociais, de amigos, seja no trabalho.  A era moderna é caracterizada por um vazio representado claramente na desagregação familiar, na comunidade e na religião, pela ausência ou perda de heróis, e povoada por gente em busca de algum sentido em tudo isso.

Vivemos uma época, ainda segundo Baumam, onde não existem indicadores claros, regras claras, valores claros, nenhuma forma clara de crescer, nenhuma visão clara de responsabilidade. Nada é sólido e a liquidez não afeta apenas nossos relacionamentos, mas sobretudo, a nossa vida.

Culpa da  tecnologia que,  aos poucos, tomou espaço da cultura tradicional com seus valores sólidos e deu espaço à chamada modernidade líquida, onde vivenciamos apenas o imediato, o tátil e o pragmático. Os dias vêm e vão, e nós, roboticamente, continuamos vivendo, sem muitos porquês.  

Acontece que nos tornamos cegos dentro da nossa própria maneira de ver.


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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

40 anos sem Clarisse

"LIBERDADE É POUCO: O QUE EU DESEJO AINDA NÃO TEM NOME".
                                                                                                       (Clarice Lispector)

Por Alacir Arruda

Clarisse Lispector em sua biblioteca 1972

Esse ano lembramos os 40 anos da morte de Clarisse Lispector, essa escritora não foi considerada apenas uma mulher linda e a maior escritora brasileira da segunda metade do seculo XX, quarenta anos após sua morte Clarice desfruta hoje de uma enorme fama na internet, transformada em um ícone da autoajuda adolescente. Para seus leitores mais sérios, os que defendem que arrancar suas frases do complexo e delicado contexto ao qual pertencem equivale a tirar sua alma, é apenas uma anedota ignominiosa. Para alguns jovens, é o que Lispector sempre foi. Mas também é um sintoma do complicado legado que a própria escritora, que nunca mostrou o menor interesse pela vida pública, deixou em seu país. “Clarice vive hoje um culto de sua imagem, mais do que de sua literatura”, destaca  Yudith  Rosenbaum, professora de literatura brasileira da Universidade de São Paulo e autora de dois livros sobre a escritora. “Por ser uma mulher que não concedia  entrevistas,  ter se isolado e cercado sua vida de mistério e por preferir o silêncio às falas vazias, a escritora criou ao redor de si uma aura de inacessibilidade ao lado de uma legião de fãs idólatras". Ao longo das décadas, Lispector se transformou em um fenômeno muito difícil de ignorar, mas isso só piorou o problema da marca deixada na literatura brasileira por alguém tão difícil de classificar.

Acaba sendo difícil para falar de Lispector,  porque suas obras parecem passar por cima da realidade terrena. Certa vez, corria o ano de  1969, Clarisse dedicou algumas das crônicas que escrevia no Jornal do Brasil ao tema da violência policial  (porque dias antes policiais haviam disparado 13 vezes contra um bandido famoso). Seu último romance, A Hora da Estrela, fala de uma garota que, assim como ela fez, viaja do Nordeste ao Rio de Janeiro. E nada mais. Em quase 40 anos de produção, não há mais referências explícitas ao lugar nem à época que a rodeavam. Rosenbaum fala de uma referência implícita em alguns textos. “Ao tratar da mulher e do feminino em suas relações familiares nas décadas de 50 e 70 no Brasil – e poucos escritores o fizeram com tamanha profundidade – distingue-se o vínculo paradoxal da patroa com sua empregada, essa íntima estranha que habita o lar, misto de pertencimento e exclusão. Há várias crônicas de Clarice, publicadas no Jornal do Brasil entre 1967 e 1973, que trazem experiências da própria escritora com suas empregadas, cujos processos de espelhamento e diferenciação entre ambas revelam conflitos de classe, mantidos em surdina na cultura brasileira”. A acadêmica lembra que, no romance A Paixão Segundo G.H., o enredo é ambientado no quarto da empregada.

Da esquerda à direita, Mania Krimgold, Elisa, Clarice, Tania e Pinkhas Lispector 

Quase tão inútil como tentar rotulá-la pelo conteúdo de seus textos é estudar sua forma. Seu estilo, entre a poesia e a prosa, de pintar os detalhes cotidianos de espiritualidade e de usar a primeira pessoa em histórias em que ela não é um personagem, mais a afasta do que a aproxima de seus contemporâneos: não se parece com ninguém e sua visão não lembra nenhum movimento. “Ela se diferenciou do neo-regionalismo dos anos trinta, que dominou boa parte do período literário em que surgiu. Mais afeita às influências do romance  introspectivo ou intimista, herdeira da prosa de ficção católica francesa, Clarice ainda assim não se vincularia inteiramente a nenhuma dessas duas vertentes,” avalia Rosenbaum. Benjamin Moser, autor de Clarice, a biografia que em 2009 galvanizou a fama internacional da escritora, também resiste à classificação: “Ler Clarice é uma experiência muito pessoal. Falar dela no código nacional ou acadêmico é uma péssima ideia, é permitir que um grupinho sem imaginação enterre uma artista em um túmulo empoeirado”, afirma. “Clarice é melhor descrita como uma amante com a qual alguém tem momentos de luz, de amor, de sexo e de morte. Isso soará exagerado para aqueles que não a leram, mas, para aqueles que sim, parecerá óbvio e até mesmo um pouco limitado.”

Lispector morreu em 1977. Sua influência sobre futuros escritores do país acabou por ser mais problemática do que o esperado. Muitos tentaram ocupar seu espaço e, durante anos, proliferaram imitações de seu estilo: algumas excessivamente místicas, outras simplesmente impenetráveis. Outros escritores fugiram de sua temível sombra. Caio Fernando Abreu , um escritor dos anos setenta e oitenta que hoje também passa por um revival, 20 anos após sua morte, recusou-se a ler a obra de Lispector para não se contaminar. Não foi o único. “Um jovem escritor de São Paulo me disse que, depois de Clarice, muitos brasileiros sentiram que não tinham nada a dizer”, lembra Moser.

Ao mesmo tempo, a visão universal de Lispector ajudou sua obra a ganhar terreno no exterior. Em 1954, foi publicada na França a primeira tradução de um romance da escritora. Em Nova York , o primeiro foi lançado em 1964; já nos anos oitenta, os títulos em inglês haviam se multiplicado. A editora Schöffling & Co. comprou os direitos em alemão, e a Siruela fez o mesmo em espanhol. “Ela sempre foi uma figura de culto, mas apenas entre os especialistas, como um segredo bem guardado. Foram as traduções e o interesse que começou despertar no exterior que a transformaram em um fenômeno brasileiro”, opina o editor e escritor Pedro Correa do Lago. O prestígio de outros países completou a equação. Com um estilo tão peculiar que se limitava à sua obra, tendo cultivado muito pouco sua faceta pública e com seu nome mais endossado pelo estrangeiro do que pelo próprio país, Clarice Lispector passou a ser uma figura de culto. Mais algumas décadas nesse caminho e estaria protagonizando memes para a próxima geração.

Pelo menos por enquanto, desde que sua presença permaneça relativamente próxima no tempo. Seu valor para o país é claro: “É, juntamente com Guimarães Rosa, a grande escritora da segunda metade do século XX”, diz Corrêa do Lago. Talvez seja questão de que, com o tempo, acabe encontrando um espaço que não dependa de representar ou não a mentalidade brasileira. “E Shakespeare representava a mentalidade inglesa? Ou Miguel de Cervantes, a espanhola? No início, claro que não: eram simples escritores, e Dom Quixote poderia ter sido escrito na França tanto quanto Hamlet poderia ter sido escrito na Itália”, protesta Moser. “Mas os grandes artistas sabem projetar, de uma maneira muito estranha, uma visão muito excêntrica e pessoal sobre os falantes de todo um idioma, e também sabem fazer com que acreditem que essa visão é sua. Assim, é impossível imaginar a lingua espanhola  sem Cervantes,  o inglês sem Shakespeare, e o português sem Clarice.” 

Leiam Clarisse Lispector e se libertem!!!

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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Os mais iguais

PORÉM, NO BRASIL EXISTEM OS MAIS IGUAIS...

Por: Alacir Arruda

Tenho certeza que todo brasileiro, em algum momento da vida, já ouviu a seguinte frase: Todos somos iguais perante a lei: seja em meio a uma discussão de um direito, uma brincadeira entre amigos, análises jornalísticas nem sempre tão embasadas, entre outros momentos. Contudo, nos cabe fazer uma pergunta: será que realmente todos são iguais perante a lei?

O principal embasamento para a frase “todos são iguais perante a lei” é o princípio constitucional da isonomia, também chamado de princípio da igualdade. Veja o que diz o “caput” do art. 5º da Constituição Federal (CF):

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”.

Pela simples leitura do artigo constitucional, temos a impressão de que cada cidadão residente no Brasil deve ser tratado de maneira igual independente de sua condição econômica, raça, credo, sexo, e assim por diante. Contudo, não é o que ocorre na prática e isso, nem sempre, é motivo de preocupação ou algo ruim.

No passado,  o grande e saudoso Ruy Barbosa já dizia que a regra da igualdade é tratar desigualmente os desiguais na medida em que se desigualam.  Você pode estar pensando agora: como assim, tratar desigualmente os desiguais se todos são iguais perante a lei?

De forma simples, sem aprofundar em questões filosóficas ou profundamente jurídicas, o princípio da isonomia e o nobre Ruy Barbosa querem dizer é que a verdadeira desigualdade seria tratar igualmente aqueles que são desiguais. Veja um  exemplo que pode facilitar a sua compreensão.

No Brasil as universidades federais são consideradas as melhores nas  avaliações do MEC,  disso ninguém tem dúvidas, logo, a concorrência nessas instituições é  muito grande. Até ai tudo bem. O problema  começa quando visitamos um curso de medicina em uma instituição federal e concluímos que,mais de 80% dos alunos ali matriculados  são filhos de "ricos", ou seja, grande parte deles vem de famílias abastadas que possuem condições financeiras de pagar as  mensalidades. Todavia, assegurados por esse principio constitucional,  eles tem todo o direito de estudar de graça e se alguém for questioná-lo,  com certeza ele  dirá: "estou aqui porque todos  somos iguais perante a Lei , não é razoável me excluir  em razão de minha condição social, eu não pedi para nascer rico".   

Bingo!!!....Se você pensou o mesmo que eu,  acertou.  É ai que se fundamenta  o comentário de Ruy Barbosa, para ele,    a verdadeira desigualdade é  tratar  como igual  aqueles que, por diversas razões,  são desiguais. Podemos concluir então que toda igualdade é uma utopia.

E porque digo isso? A grande questão no caso acima exposto, é que o  filho de rico no Brasil não estuda  nessa escola  pública  completamente sucateada onde o processo de ensino-aprendizagem funciona a partir da seguinte máxima: " o governo finge que paga, o professor finge que ensina, o aluno finge que aprende e a sociedade finge que esta tudo bem. Em suma, é uma sequência de fingimentos.  O filho de rico estuda em escolas particulares com mensalidades  altíssimas e toda uma sistemática pedagógica  como:  natação,  lutas marciais, aulas de reforço, lousas digitais, salas de informatica de ultima geração, aprofundamento de conteúdos  e professores de plantão, psicopedagogos, psicólogos etc.. voltadas  para que esse individuo seja aprovado nas melhores universidades e institutos como ITA e IME. Qual a chance do filho de pobre? Nenhuma! Salvo quando aparece algumas aberrações da natureza que  quebram esse paradigma conseguindo, mesmo vindo de escola pública, entrar em medicina nas federais, mas isso é raríssimo.

Se você fosse um estrangeiro e estivesse chegando no Brasil agora  e lesse o texto  do art. 5 da Constituição pela primeira vez, não tenho e menor  dúvida que  ficaria encantado(a) com o Brasil. Pensaria imediatamente: como deve ser bom viver num país como este, onde não há distinção entre homens e mulheres, onde todos têm o direito de viver livres, com segurança, propriedade garantida e, sobretudo, com a igualdade de tratamento que todos sempre sonharam, independentemente da crença religiosa ou convicção filosófica e política.

Pena que a teoria, na prática, nos mostre um quadro bem diferente. Darei  mais alguns exemplos;

Em novembro de 2011 o então  presidente do Supremo Tribunal Federal - STF e do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, Cezar Peluso, determinou que fossem retiradas da internet as iniciais dos nomes de juízes que na época estavam  sob investigação por desvios éticos/administrativos e até crimes. O próprio Peluso, antes de assumir a presidência do STF,  ordenou a divulgação destes mesmos dados como forma de dar mais transparência ao trabalho das corregedorias dos tribunais na apuração de processos contra magistrados.

O que mais chama atenção nesse caso é que essa suspensão ordenada por Peluso  atendeu a um pedido da Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB, que entendeu que a divulgação das iniciais dos nomes dos juízes investigados vinha causando "constrangimentos" a eles, que podiam ser facilmente identificados. ....It Is Brazil....

Cerca de um mês depois dessa ordem de Peluso, no dia 20 de dezembro, em entrevista coletiva, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, falou sobre as investigações que revelaram as quadrilhas de advogados fraudadores que atuavam no Judiciário Fluminense. Foi um espetáculo completo, onde presentes estavam também três dos sete magistrados integrantes da comissão que apura as fraudes. O desembargador Manoel Alberto explicou que a organização das quadrilhas é muito maior do que se pensou inicialmente. De acordo com ele, “somente um advogado tinha cerca de 18 mil ações em andamento, todas falsificadas", e um "outro casal de advogados tem 7 mil processos em seus nomes". Ele acredita que os grupos mencionados "atuavam há pelo menos dois anos no Rio”.

Até aí, nenhuma novidade, até porque o fato já vinha sendo divulgado pela imprensa carioca há algum tempo. O problema vem agora: 

Durante a entrevista, com toda a pompa que o momento recomendava, Manoel Alberto Rebêlo dos Santos esclareceu que os advogados tiveram a prisão preventiva decretada e divulgou suas identidades. Estão cravados no site do TJRJ os nomes dos dez advogados investigados, que eu não vou declinar pela mesma razão sustentada pela Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB, qual seja, a possibilidade de que tal divulgação venha a causar constrangimentos aos investigados. 

Faço questão de esclarecer, para começo de conversa que,  torço para que esses advogados, se considerados culpados, sejam metidos na cadeia, o mesmo destino que deveriam ter juízes, desembargadores, ministros de tribunais superiores e integrantes da classe política que a todo momento são destaques nas páginas policiais de todo o país.  Mas não e razoável  concordar com a desigualdade de tratamento. Juízes e desembargadores que têm contra si procedimentos investigatórios devidamente instaurados e em curso, não podem ter as iniciais de seus nomes divulgadas, mas os advogados supostamente envolvidos nas fraudes noticiadas, que sequer foram denunciados pelo Ministério Público, têm seus nomes completos divulgados numa entrevista coletiva e estampados no portal da instituição encarregada da apuração dos ilícitos. Por que é que o vento que venta lá não venta cá?

É claro que a tão sonhada "igualdade" entre os humanos jamais haverá. Ninguém é burro o suficiente para ficar imaginando essa possibilidade. Mas a Constituição Federal não é um sonho. Ela existe! Por que justamente os juízes insistem em rasgá-la?

Será que o art 5 da nossa Carta Magna é um direito uma sentença?

Quando um  mortal comum , como eu muitos, responde a um processo criminal, seja ele culpado ou inocente, as páginas de consulta do Google e dos tribunais brasileiros estampam  fotos,  número do processo, a vara de origem, seu nome completo (e não apenas as iniciais) e a capitulação do delito em apuração. A partir dessa execração pública, nem é preciso enumerar os problemas que esse cidadão, repito, culpado ou inocente, tem que enfrentar, principalmente no momento de buscar uma ocupação profissional.

Você ainda lembra daquele papo bonito logo no início do texto sobre a Constituição Federal? Esqueça! Essa tal de igualdade nunca existiu, nem jamais existirá, principalmente quando  está em jogo os interesses de cidadãos tão desiguais em direitos e obrigações como desembargadores e magistrados e a classe dos advogados ou o aluno da escola privada com aqueles de  escola publica, ou ainda, quem tem Bradesco Saúde, com aquele que chega as 4 da manhã na fila do SUS..Enfim, eu poderia ficar aqui escrevendo por dias  algumas dessas disparidades no país da coisa errada,  mas opto por  ficar por aqui. Termino usando uma célebre frase escritor britânico George Orwel,  que certa vez afirmou: " Todos são iguais perante a Lei, porém, existem os mais iguais"...


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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Concursos?

CONCURSOS: UMA MÁQUINA DE EXCLUSÃO SOCIAL...

Por Alacir Arruda 

Em épocas de reforma de previdência, onde o pais discute uma reestruturação da coisa publica, os altíssimos salários dos servidores públicos vem a baila. Não é de hoje que defendo fim dos concursos públicos e vivo recebendo "paulada" por pensar assim, mas não recuo um milimetro naquilo que acredito. Concursos Públicos no Brasil são voltados para quem tem tempo e dinheiro para pagar bons e caros cursinhos, eles não foram feitos para escolher os melhores candidatos. Essa não é apenas a minha opinião, também pensa assim o professor doutor de Direito da FGV Rio, Fernando Fontainha, crítico voraz desse sistema que não filtra os melhores para ocuparem cargos públicos no País.

Para esse acadêmico, a ideologia concurseira que se firmou ajuda a alimentar uma "indústria milionária de cursos preparatórios e um sistema de arrecadação que desvirtuou os processos seletivos". Boa parte destas críticas está num livro lançado há dois anos chamado:  “Processos Seletivos para a Contratação de Servidores Públicos: Brasil, o País dos Concursos”. Essa obra é fruto de uma pesquisa do Centro de Justiça e Sociedade da FGV Direito Rio em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF). No livro, Fontainha propõe criar um marco regulatório para mudar radicalmente os critérios de seleção de funcionários públicos no Brasil.

O professor propõe ainda, entre outras ideias, abolir as provas, inscrições etc...Nesse estudo, ele apresenta exemplos de provas em 20 órgãos federais, entre eles Banco Central, INSS, Polícia Federal e Receita, orgãos que pagam acima de 15.000 inicial, um acinte num pais onde a renda media da população não passa de 1.800,00 e mais de 20 milhões vivem abaixo da linha de pobreza com menos de 1 dólar ao dia. A impressão é que temos dois Brasis, um para massa desvalida e desprovida do minimo e outro daqueles que moram em condomínios fechados  e isolados da plebe.   Grande parte desses moradores são   servidores públicos e se enquadram numa nova denominação de classe:  os " New Rich", ou novos ricos que, seguros por uma estabilidade maléfica, desfrutam uma realidade paralela no país da coisa errada.

O grande questionamento que fazemos é que os  concursos no Brasil são autocentrados, voltados para si mesmos. Neles, impera a ideologia concurseira, que acontece em enorme prejuízo do serviço público brasileiro, sem dúvida alguma. Eles servem para selecionar os que mais se prepararam para as provas, e não os mais competentes. Isso reflete na qualidade dos serviços públicos no Brasil.

O ideal é que fossem usadas  duas maneiras de se averiguar os candidatos mais competentes: de forma profissional ou acadêmica. Proponho a criação  de um novo marco regulatório, com 10 itens que passam pelo fim das provas de múltipla escolha e pela necessidade de expor as habilidades e competências exigidas pelas carreiras já no edital.

E porque acabar com as  provas de múltipla escolha? Com certeza, esse tipo de prova não avalia ninguem, é uma prova cheia de macetes. Ela averigua capacidades completamente desligadas das competências acadêmicas. Não são provas de múltipla escolha que os alunos estão acostumados a fazer na faculdade e não elas não vão definir o que farão na carreira. As questões de múltipla escolha não avaliam nem competências acadêmicas, nem profissionais. Esse é o problema. Todo mundo sabe como se treina para essas provas em cursinhos. Você pega os truques e técnicas para escapar das pegadinhas.

Outra ideia é a criação de uma prova prática. O médico do Ministério da Saúde faz apenas uma prova de múltipla escolha para ser admitido. A única exigência é de que ele seja bacharel em medicina. Isso é no mínimo questionável. Mas não quero parecer elitista.

O cargo de técnico do INSS, que pede ensino médio, e que em 2012 recebeu quase um milhão de candidatos, é alguém que fica atrás do balcão atendendo pessoas. Ele é avaliado por uma prova de múltipla escolha, com questões de direito previdenciário, português, informática. Mas a competência fundamental pra prestar um bom atendimento público não é avaliada, apesar de ser fundamental.

Escolhendo alguém com experiencia previa seria uma solução simples pra diminuir essa quantidade alucinante de inscritos e, com certeza, aumenta as chances de contratar pessoas que vão prestar um bom serviço. Exige que, para se inscrever, a pessoa comprove que tem cinco anos de experiência com atendimento ao público. Isso não é elitista, pelo contrário. Você exige que a pessoa demonstre que durante cinco anos ela foi caixa de supermercado ou balconista de farmácia por exemplo. Aquele sujeito que hoje tem condições de ser liberado para se preparar para os cursinhos não vai poder concorrer ao cargo, por exemplo.

O concurso público hoje é uma máquina de exclusão social, e não de inclusão. Esse sistema é voltado para quem tem tempo e dinheiro para pagar um bom cursinho. Pra quem pode pagar um bom colégio, que já no ensino médio ministra disciplinas para preparar o seu filho para os concursos da administração pública. Esse é um dos reflexos perversos da ideologia concurseira. Pra fazer cursinho, você precisa ter tempo e dinheiro. E ter tempo é poder não trabalhar. O brasileiro que sai do ensino médio e precisa trabalhar estará concorrendo em desvantagem com alguém que pode ficar só em cursinhos. É uma máquina de injustiça social.

Para essa máquina poder funcionar, é preciso haver um contingente enorme de pessoas que não param de fazer provas, uma atrás da outra. A ideia de vocação, de desejo de um cargo desaparece diante da ideia de que se vai sair fazendo vários concursos por aí, até passar em algum. Isso é ser um concurseiro profissional, faz parte da sua ideologia se inscrever para todos os cargos que puder. Ele não sabe se gostaria de trabalhar com previdência ou ser policial. Mesmo que não queira fazer aquilo da vida, vai pelo salário, pela estabilidade e por outras vantagens que a vida de funcionário público oferece.

Uma das soluções é que  o candidato não possa prestar mais de três vezes o mesmo concurso. Isso ja acontece na França, Alemanha,  Inglaterra e USA. Você só vai se inscrever se achar que tem condições reais de passar. Vai acabar com essa coisa de prestar por prestar. E inverte essa relação de cliente que existe nos concursos. Quando você instaura uma taxa, está privatizando a relação. Por isso é um problema grave no Brasil. O que se discute hoje não é a qualidade do serviço público e do recrutamento, mas o rol de direitos dos concurseiros. Acho que tem que haver esses direitos, mas o foco do concurso é pensar num recrutamento que vai ampliar a qualidade da prestação do serviço público. Esse deveria ser o foco principal.

E  antes que você destile seu veneno,  gostaria de deixa uma coisa bem clara:  eu não tenho nada contra os servidores públicos, até porque eu também  ja fui,  e por vários  anos,  tanto estadual quanto federal. Federal  cumpri 4 anos e estadual foram 12 e gostei do que fiz, quando vi que  aquilo não me acrescentava mais nada, resolvi sair.  O que critico é essa ideia ultrapassada de que o Estado é  uma grande vaca leiteira  responsável por mim, onde milhares se digladiam atrás de uma teta para mamar..... Em países sérios estaríamos criando algo novo  e empreendendo e não engordando atrás de uma escrivaninha sob a égide da estabilidade.

  Seja comum, aproveite para baixar a lenha...

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A mordaça na educação

A EDUCAÇÃO E SUA MORDAÇA..

Por Alacir Arruda

Durante 24 anos estive dentro de uma sala de aula, tive a honra de ministrar aulas para alunos desde a 5 serie a programas de mestrado e doutorado, passando ainda  pelo ensino médio e universidades. Durante esse período nunca escondi para meus alunos,  minhas convicções ideológicas, sem com isso doutriná-los. Venho de uma formação marxista  e durante minha adolescência, e grande parte da juventude, militei em movimentos comunistas,  como a Ala Jovem do PCdoB  no final dos anos  80 e principio dos 90. Eu era um menino, um jovem com ideais libertários e, como muitos daquele período,  acreditava que o comunismo seria a solução para esse mundo.  Assisti ao vivo a queda do Muro  de Berlim em 1989,  o fim da URSS em 1992 e os conflitos nos Bálcãs. Mesmo carregando convicções de esquerda isso não me impediu de dar aulas em varias instituições confessionais  católicas  e protestantes  em SP e RJ, até no famoso seminário Santo Afonso em Aparecida-SP trabalhei ministrando filosofia na formação de sacerdotes. Apesar de um rebelde confesso,  nunca admiti que  secretarias de educação, diretoras de ensino,  diretores ou coordenadores de escola  interferissem em minhas estrategias pedagógicas.

Mas recentemente tenho observado, com muita preocupação, as interferências do Sistema em estratégias usadas por alguns docentes. A repercussão de um  vídeo (https://goo.gl/JhAv21) em que alunos de uma escola estadual de Curitiba aparecem parodiando a música “Baile de Favela” em uma aula de sociologia  com conceitos marxistas como “ideologia”, “luta de classes” e “mais-valia”,   me chamou atenção. Em pouco tempo o vídeo viralizou e chegou até no radar de Rodrigo Constantino, ex-colunista da Revista Veja, que promoveu uma verdadeira cruzada contra a professora responsável, que foi acusada por esse jornalista de  praticar a “doutrinação” dos alunos. Constantino a chamou de safada e bandida intelectual. Ela acabou sendo afastada porque, segundo a direção, expôs os adolescentes e difamou a instituição. Pode isso?

Apesar de pedagogicamente injustificável e legalmente insustentável, o afastamento da professora foi necessário para revelar a verdadeira face do movimento Escola Sem Partido, que majoritariamente o comemorou com entusiasmo — o próprio Constantino é um dos seus adeptos.  Digo isso porque ainda há quem caia no conto de que o propósito dessa asneira aí, como bem definiu o historiador Leandro Karnal, é garantir a pluralidade do ensino formal. Não é. Nunca foi. E eu explico:

Se o problema com a aula fosse a ausência de pluralidade, ninguém exigiria o afastamento da professora e nem ficaria escandalizado com a abordagem marxista, mas cobraria, no máximo, um trabalho semelhante com outros sociólogos clássicos como, sei lá, Comte, Durkheim e Weber. A cobrança seria questionável, afinal há sociólogos demais para que todos sejam contemplados num ano letivo, mas seria pelo menos compreensível e coerente com a propaganda da proposta de uma escola mais plural.

Não é de pluralidade que estou falando, mas de censura. E esse é, evidentemente, o primeiro motivo pelo qual me preocupo com a interferência em sala de aula. A rigor, são profissionais muito pouco familiarizados com as Ciências Humanas que se sentem no direito de determinar o que é e o que não é legítimo ensinar em sala de aula. O que estamos prestes a assistir não é muito diferente do que se viu em experiências totalitárias, quando alunos eram estimulados a denunciar, pelo bem da nação, professores alinhados à esquerda. Hoje a professora é afastada. Amanhã é o quê? O que basta para saciar a sanha persecutória da nova direita brasileira? O mais curioso disso é que Rodrigo Constantino e a imensa maioria dos entusiastas do movimento Escola Sem Partido se intitulam “liberais” — de fazer inveja aos republicanos, nos EUA dos anos 1920, diga-se.

Mas não é só isso. Se você assistir ao vídeo em que os alunos cantam a versão marxista de Baile de Favela, não vai ser capaz de diferenciá-lo de outros que se veem por aí de professores que ensinam fórmulas químicas ou matemáticas em cursinhos pré-vestibulares. Nas maiores escolas particulares do país, paga-se uma nota pela aula deles.

A única diferença aqui, e que torna a ação da professora ainda mais admirável, é que foram os próprios alunos que escreveram aquelas linhas. Os conceitos estão todos ali. É uma aula de Sociologia. Com a participação ativa e entusiasmada dos alunos. E só quem trabalha com adolescentes sabe o quanto isso é difícil. Estamos falando de um autor oitocentista sendo cantado por alunos do Ensino Médio. Um autor que está presente em todos os currículos de Sociologia do mundo e que vai cair em todos os vestibulares e ENEMs  que essa criançada irão prestar. Isso que está acontecendo é mais que macarthismo. É burrice. Os burros sequestraram este país. Por falta de aviso que não foi em 2001 eu avisei.....

O nome da jovem professora é Gabriela e mesmo sem conhecê-la já sou seu fã, visto que,  mesmo afastada do trabalho,  ela recusou a se dobrar a um sistema que mutila o professor não apenas financeiramente, com salários miseráveis, mas,  e sobretudo, intelectualmente. Em 1565, no Concilio de Trento,  a Igreja Católica Apostólica Romana retomou a Santa Inquisição, que havia sido abolida desde o seculo XIV,  a partir dai passamos a ver que eles  queimavam não apenas pessoas, mas também, livros e mentes, que o diga, Giordano Bruno, Galileu Galilei  e Isaac Newton. Gabi, a inquisição continua por ai instrumentalizando o sistema,   perseguindo e  aniquilando pessoas e carreiras, ela apenas mudou de tática, ao invés de queimar, ela  te persegue de tal forma  que um dia, sem saída, você acaba por desistir, como eu fiz. Lembre-se mocinha,  você é apenas mais uma vitima disso.  Força!!

Ah, os alunos não gostaram nada da decisão. Por isso organizaram protestos e abriram uma campanha que todos temos a obrigação de abraçar:

‪#‎VoltaGabi‬. É isso: volta, Gabi.


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