segunda-feira, 30 de novembro de 2015

somos espertos, espertalhões ou idiotas?

Desde muito jovem uma coisa sempre me chamou atenção em nosso país;  de onde vem nosso jeitinho, nosso modo de falar, nossa malandragem? Depois de mais uma temporada de escândalos políticos, inclusive com a prisão de um Senador em pleno exercício do mandato e líder do governo no Senado, a discussão em torno da origem do caráter nacional está de volta.  Em função disso, e  como sociólogo, fui buscar nessa ciência as explicações para que possamos entender esse fenômeno.
Afinal, quem somos nós, os brasileiros? À primeira vista, a resposta para essa pergunta é fácil: somos o produto da miscigenação entre os colonizadores portugueses, os índios que aqui viviam e os africanos trazidos como mão-de-obra escrava, além dos imigrantes que chegaram entre os séculos 19 e 20 (alemães, italianos, japoneses).  Até aí, tudo bem. Somos, enfim, um povo mestiço genética e culturalmente que, apesar da diversidade, compartilha certos traços em comum.
A questão, porém, fica um pouco mais complicada quando se trata de buscar a essência do que se convencionou chamar de caráter nacional, aqueles traços que explicam uma série de comportamentos que costumamos encarar com naturalidade, mas que, quase sempre, causam surpresa entre os estrangeiros.
“Não é só um estereótipo. As pessoas aqui se relacionam com mais afetividade. Os brasileiros conversam na rua, enquanto na Europa o silêncio predomina nas estações de ônibus e metrô”, diz o jornalista espanhol Juan Arias, que há 7 anos vive no Rio como correspondente do jornal El País. “Mas fiquei chocado com a burocracia kafkiana para tirar o visto de permanência após casar com uma brasileira. Foram mais de 600 dias de espera, 6 quilos de documentos e a insinuação de que tudo poderia sair rapidamente se pagasse 8 mil reais”,  afirmou Árias ao deparar com a nossa já famosa “Burocracia”.
Brooke Unger, correspondente da revista inglesa The Economist, em São Paulo, é mais um que se diz a um só tempo encantado e estarrecido com certos traços do povo brasileiro. “Quando cheguei ao Brasil pela primeira vez, vi garis em um desfile pelas praias do Rio, numa cena impensável para um americano”. Em compensação, ele diz não entender a espécie de amnésia coletiva diante de casos graves de violência e impunidade. “A maioria dos brasileiros sabe mais sobre o atentado terrorista do dia 7 de julho, em Londres, do que sobre a chacina na Baixada Fluminense que matou 29 pessoas no dia 31 de março”. Afinal somos o quê? Criativos ou enrolões, extrovertidos ou indiscretos, cordiais ou malandros, maleáveis ou corruptíveis?
Em 2011 houve  uma enxurrada de denúncias de corrupção no governo Dilma – com direito a queda de 7 ministros e  outros ainda   estão a perigo – a discussão sobre do nosso caráter volta à berlinda. De onde vem nosso jeitinho, nossa informalidade (aqui, até um ex-presidente da República era tratado pelo apelido), nossa naturalidade diante da miséria, nossos preconceitos, nossa capacidade de depositar fé em mais de uma religião?
O que mais impressiona quem não e brasileiro são os porquês?  Por que aceitamos ônibus lotado  que mais parecem gaiolas de bois? Por que aceitamos a maior carga tributaria do Planeta, quase 40% do PIB? Por que aceitamos Jose Sarney na politica desde 1954 comandando o Maranhão e o Amapá como um Caudilho? Por que aceitamos hospitais abarrotados de miseráveis morrendo a míngua  em cenas que lembram os sanatórios religiosos  da Idade Media? Por que aceitamos, apesar de emergente, ter  a  terceira pior educação do mundo,  em que  o governo finge que paga, o professor,  finge que ensina, o aluno finge que aprende e a sociedade finge que esta tudo bem? Por que a nossa policia mata mais inocentes que países em Guerra?  Por que somos omissos ao descaso com nossos idosos, prostituição infantil, violência contra a mulher e a criança ? Por que aceitamos um governo que comandou uma desfalque de quase 400 milhões dos cofres públicos (mensalão)?  Porque..porque??
Aqueles que gostam de entender o Brasil, se lembrarão que no século XX, livros como Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda e Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado Júnior, tentaram responder a algumas dessas perguntas. Mas as interpretações clássicas sobre o que é o brasileiro seguem válidas hoje? “A base dessas interpretações ainda é essencial, mas é preciso lembrar que o chamado caráter de um povo é algo que muda a cada instante”, diz a antropóloga Lilia Schwarcz, da USP.
Se o Brasil e, por extensão, o brasileiro “não é para principiantes”, como disse Tom Jobim,  com ajuda de alguns dos principais especialistas em nossas origens, temos hoje um guia para entendermos mais por que somos assim , ou seja, a  genética do jeitinho  brasileiro cuja a melhor definição que ouvi ate hoje  é:    " A corrupção esta em nosso DNA."

domingo, 29 de novembro de 2015

Delcidio a bola da vez

DELCÍDIO  E SEU   TRISTE FIM:    UMA ÓPERA TRAGICA

Por Alacir Arruda


Quando questionado em 1971 por um repórter do New York Time sobre o Brasil, o grande maestro Tom Jobim soltou essa pérola: “o Brasil não é para principiantes”. 

Ainda bem que Tom não viveu para ver os últimos atos dos nossos homens públicos, sendo o último, a prisão em flagrante de um senador, líder do governo, em pleno exercício do mandato (fato único na história recente do Brasil). A prisão de Delcidio não apenas trás a baila a forma nefasta como o PT se apropriou, no sentido literal, do país, mas acima de tudo nos demonstra o “cinismo” da alta cúpula desse partido ao abandonar o “colega” preso, chegando ao ponto do Presidente do Partido soltar uma nota a imprensa dizendo que irão se abster do fato. 

O mais interessante nesse “samba do crioulo doido”  que virou a politica nacional foi a reação do Congresso, sobretudo do Senado. Após um geral desespero inicial, aqueles que devem, como Delcidio, ficaram com as “barbas de molho” , sobretudo se ele abrir a boca. Enfim, estamos em via de assistir um “escarnio”. 

A pergunta que não quer calar: “e o Lula nisso tudo?”. Será que mais uma vez ele vai dizer que nada sabia? Acredito que essa desculpa não cola mais. O Juiz Sergio Moro vem dando uma demonstração a nação de que é possível vislumbrarmos, mesmo que num futuro distante, uma certa moralidade nesse país. Diante disso, chegar ao Sr. Lula, na minha modesta opinião, é apenas uma questão de tempo. A forma, ou a sua culpabilidade, se houver, cabe a justiça definir. Eu só estranho ver um grupo e marinheiros subalternos na cadeia e o comandante desse navio solto. 

Quanto a Delcidio, seu futuro esta traçado, ficara na cadeia tempo suficiente para refletir sobre as besteiras que fez enquanto homem público entrará em depressão quando descobrir que o PT o abandonou e como na opera de Puccini “Madame Butterfly” , ao desaparecer da vida publica seu sumiço deixara um sentimento de culpabilidade aos vivos. Mas seu fim será trágico

domingo, 22 de novembro de 2015

e viva a idiotice

ELOGIO AOS IDIOTAS

Por Alacir Arruda 

Na vida acelerada de hoje,  todos desejam ser espertos, vivos e astuciosos.

Ninguém quer ficar para trás – quando você está indo, os outros já estão voltando. Ninguém mais diz frases com segundas intenções: dizem coisas com terceiras, quartas e quintas intenções. Frases que, com sorte, um leigo no assunto precisa de várias horas para decifrar e talvez dois ou três dias para imaginar uma resposta à altura.

Em compensação, alguém que diz diretamente aquilo que pensa acaba provocando escândalo e mal-estar. É imediatamente catalogado como perigoso e tratado como idiota. A sinceridade parece contrariar as normas da convivência e da boa educação modernas. Assim, as pessoas bem educadas são amáveis, mas nem sempre se deve acreditar no que dizem.

A idiotice é um tema vasto, com muitos aspectos diferentes, e está inscrita com destaque na cultura brasileira. Um exemplo disso são as tradicionais piadas de português. Elas são uma projeção da brasilidade. No fundo, os portugueses idiotas das piadas somos nós. Os episódios que envolvem Manuel, Joaquim e Maria são todos parte da alma do nosso país – tanto é assim que só são conhecidos no Brasil. Em Portugal, ao contrário, circulam piadas de brasileiros.

É certo que, quando examinamos a questão da inteligência e da idiotice, surgem algumas perguntas indiscretas. O que é inteligência? O que é burrice? Quantos tipos há de idiotas?

Podemos dizer que inteligência é a capacidade de perceber o real. Como há realidades muito diferentes no mundo, não existe um tipo único de inteligência. Cada situação da vida requer um tipo específico de percepção, e por isso as inteligências são múltiplas. A idiotice e a burrice podem ser definidas como a incapacidade de perceber o real, e são tão variadas quanto as inteligências. Há, portanto, muitos tipos de idiotas. Alguns deles, inclusive, são espertalhões. Sim, há muitos idiotas que passam por inteligentes, e também grande número de pessoas inteligentes que passam por idiotas.

Além disso, quem é inteligente em uma área da vida pode ser burro em outras. Você é esperto em política e burro na hora de jogar futebol. Sua namorada pode ser menos intelectual que você, na hora de discutir filosofia, mas há aspectos da vida em que ela coloca você no chinelo. Há coisas que seus filhos fazem bem melhor que você, como, talvez, compreender as sutilezas de um videogame ou computador. Felizmente, ter sabedoria não é saber tudo. Ter sabedoria é saber o mais importante – e administrar bem os seus talentos.

Dos inúmeros tipos de idiotas, um dos mais interessantes foi examinado por François Rabelais, o escritor francês do século 16. Ele abordou a imbecilidade doutoral específica dos “eruditos” que usam palavras complicadas para não dizer coisa alguma. Um deles – conta Rabelais – fez certo dia uma longa pesquisa para saber “se uma entidade imaginária, zumbindo no vácuo, é capaz de devorar segundas intenções.” Outro queria saber “se uma ideia platônica, dirigindo-se para a direita sob o orifício do Caos, poderia afastar os átomos de Demócrito”. Um terceiro investigava “se a frigidez hibernal dos antípodas, passando numa linha ortogonal através da homogênea solidez do centro, podia, por uma delicada antiperístase, aquecer a convexidade dos nossos calcanhares”. Rabelais qualifica tais idiotas eruditos como professores cegos de discípulos cegos, “que tateiam em um quarto escuro à procura de um gato preto que não está lá”. Tais indivíduos eram precursores de Rolando Lero, o grande erudito que iluminou a televisão brasileira nos anos 1990. Não é de todo impossível encontrar esse tipo de pesquisador fazendo teses de pós-doutorado em certas universidades.

Conheço seres humanos que têm tanto medo de parecer burros que aplaudem – ou pelo menos fingem que compreendem – esse tipo de raciocínio longo, difícil, sem significado algum. Mas tal constrangimento é desnecessário: deixando de lado o medo de parecer idiotas, perderemos menos tempo fingindo e seremos mais felizes.

O exemplo de Albert Einstein, um dos maiores gênios da ciência moderna, é ilustrativo. No início da vida, ele recusou-se a falar até os três anos de idade. Seus pais – pessoas sensatas – pensavam que fosse retardado mental. Mais tarde, quando Einstein ingressou na escola, ele foi novamente considerado imbecil. Seu biógrafo é obrigado a admitir:

“Para os colegas de classe, Albert era uma anomalia que não demonstrava interesse nenhum pelos esportes. Para os professores, era um idiota que não conseguia decorar nada e se comportava de modo estranho. Em vez de responder imediatamente a uma pergunta, como os outros alunos, sempre hesitava. E quando respondia, movia os lábios em silêncio, repetindo as palavras.” 

Décadas mais tarde, Einstein deu o troco. Ele qualificou o nosso moderno sistema educacional como uma estrutura que reprime a inteligência e busca fabricar idiotas obedientes:

“A humilhação e a opressão mental imposta por professores ignorantes e pretensiosos causam danos terríveis na mente jovem; danos que não podem ser reparados e que geralmente exercem influências maléficas na vida futura.”

E ainda:

“A maioria dos professores perde tempo fazendo perguntas para descobrir o que o aluno não sabe, quando a verdadeira arte consiste em descobrir o que o aluno sabe ou é capaz de saber.” 

O sábio, o santo e o idiota têm muito em comum, não só entre si, mas também com as árvores e os animais. Todos eles vivem em um estado de comunhão com todas as coisas que é independente do pensamento lógico. Isso contraria a inteligência situada no hemisfério cerebral esquerdo, que rotula e classifica todas as coisas. Essa inteligência gosta de colocar-se como se tivesse o monopólio da consciência. Esse, aliás, é um dos grandes obstáculos para a prática da meditação: a mente pensante não aceita passar o poder à mente que contempla e que compreende a verdade sem necessidade de pensamentos.

A primeira frase dos famosos “Ioga Sutras de Patañjali”, o tratado milenar sobre Raja Ioga, afirma: “Ioga é a cessação das modificações da mente”. Para alcançar a hiper-consciência, o estado mental do êxtase divino, é necessário paralisar momentaneamente a mente inferior. O sábio é um ser que renunciou à inteligência convencional e optou por uma percepção que a mente comum não consegue captar. Por isso, mesmo no século 21, se aquele que ingressa no caminho espiritual não tiver certos cuidados, pode ser considerado louco ou idiota pelos parentes e amigos. Mas, do ponto de vista do sábio, a situação se inverte e idiota é aquele que fica preso à lógica do mundo externo.

O ser humano geralmente vive imerso em ilusões que ele mesmo criou. Para obter a sabedoria, ele deve aprender algumas coisas e desaprender outras. Helena Blavatsky escreveu:

“A primeira condição necessária para obter autoconhecimento é tornar-se profundamente consciente da ignorância; sentir com cada fibra do coração que somos incessantemente iludidos. O segundo requisito é uma convicção ainda mais profunda de que tal conhecimento – um conhecimento intuitivo e seguro – pode ser obtido por esforço próprio. A terceira condição, a mais importante, é uma determinação indômita de obter e enfrentar aquele conhecimento.” 

Quase todo o potencial da mente humana ainda está por ser desenvolvido. A ciência reconhece que usamos uma parcela muito pequena do cérebro. O problema não é, pois, que sejamos um tanto limitados mentalmente. O lamentável é que, sendo limitados, nos consideramos extremamente espertos. O filósofo Sócrates, escolhido como o homem mais sábio da Grécia, explicou:

“Eu e os homens notáveis de Atenas nada sabemos, e a única diferença entre eu e eles é que eu, nada sabendo, sei que nada sei, enquanto que eles, nada sabendo, pensam que sabem muito”.


Por ai...vai..... 

domingo, 15 de novembro de 2015

atentado em Paris

O LIMITE PARA AS ATROCIDADES HUMANAS É A NOSSA  IMAGINAÇÃO

Por Alacir Arruda



O mundo amanheceu coberto por uma nuvem de dúvidas e chocado neste sábado 14 novembro de 2008. Mais de 120 pessoas foram mortas e outras 300 se feriram em vários pontos de Paris vítimas da intolerância. A pergunta que não quer calar: Até quando!? Ate quando suportaremos inocentes sendo aniquilados por extremistas que buscam reconhecimento através do terror? E o G7, o grupo dos países mais ricos do mundo, o que tem a dizer sobre isso? Será que não eles os grandes culpados por toda essa barbárie? Ou seria Alah? Talvez Tiririca, (grifo nosso). 

Bom, perguntas e satirizações à parte, esse atentado em Paris apenas reforça a idéia de que vivemos em um mundo onde impera o transitório e o ambivalente. Transitório em função da extemporaneidade dos fatos, nada mais é óbvio os interesses, os princípios e até Deus vaga pela transitoriedade. Tentar responder qualquer das perguntas acima e mergulhar nesse mundo transitório. E ambivalente porque o conceito de ambivalência leva indistintamente, a existência simultânea, e com a mesma intensidade, de dois sentimentos ou duas ideias com relação a uma mesma coisa e que se opõem mutuamente. 

Tentar explicar quais são os reais interesses do Estado Islâmico é mergulhar em um oceano de incertezas, cogitações e dúvidas. Esse grupo se perdeu em suas propostas iniciais há tempos, hoje mais parece um partido radical tentando um golpe de estado tanto na Síria quanto no Iraque sob a égide da Sharia. O EI Utiliza do terror como arma em um mundo onde impera o medo. Países como Inglaterra, França, Alemanha e o Estados Unidos , sobretudo os dois últimos, apenas esperam o dia e horário do próximo ataque, pois uma certeza e corrente entre eles, o EI vai nos atacar! A pergunta é: Porque não reagem? Querem saber a resposta? Por que não há como reagir, simplesmente por isso. As armas usadas pelo Estado Islâmico, que se baseia na alienação religiosa, é a mesma utilizada (guardadas as devidas proporções) por essas superpotências há mais de 100 anos, a alienação capitalista voltada para consumo e o ter a qualquer custo. Esse mecanismo funcionou de tal forma que tente tirar uma coca cola de uma criança.....A reciproca é verdadeira e funciona da mesma forma do lado oponente: tente tirar um fuzil AK 47 das mãos de um extremista do EI! No fundo ambos são alienados, que os diferenciam são os interesses. 

Quem me acompanha sabe que gosto muito da filosofa alemã Hannan Arendt. Segundo ela: "À violência é sempre dado destruir o poder; do cano de uma arma desponta o domínio mais eficaz, que resulta na mais perfeita e imediata obediência. O que jamais poderá florescer da violência é o poder." (Hannah Arendt) 

O homem violento, aquele que acredita em sua força, este não tem poder. O poder só pode ser encontrado onde não há violência. Uma coisa é obediência e medo outra é o real sentido daquilo que transforma sem agredir. Esta é uma das razões pelas quais a democracia apresenta-se como algo frágil pois, está implícito em sua natureza este caráter de incompletude na medida em que dá ao outro a compreensão de que não há uma imposição antecipada. Ao contrário, o que existe é o direito da autoprodução dentro do percurso. 

Os riscos e as múltiplas possibilidades de escolhas fazem parte deste contexto de tolerância e respeito. Embora haja o risco, este sinaliza para a ausência de passividade e também para o recuo que as atitudes absolutas podem despertar com a falsa sedução de uma ordem preexistente. 

Faz parte do exercício da maturidade entender que a tolerância pode ser um caminho para uma convivência mais pacífica e que tal atitude não significa passividade. Portanto, nem sempre é necessário que o mais forte seguido, pois múltiplos são os caminhos... . 

Realmente é uma questão a refetir......Será que o Estado Islâmico atingirá seus objetivos pela violência? ou estão dando um tiro nos próprios pés? Passo a palavra a vocês.... 








quinta-feira, 5 de novembro de 2015

MEDIOCRIDADE

O Brasil  não passaria na prova do ENEM
Por Alacir Arruda
Estou horrorizado com a capacidade de superação dos conservadores reacionários e imbecis desse país. Se não bastasse terem eleitos bandidos para nos governarem, agora querem discutir Ideologia de Gênero  a partir de Simone de Beauvoir. A incapacidade de concatenar idéias desse povo supera qualquer governo Bush. Senão vejamos! Por uma questão do ENEM 2015 – por sinal muito bem elaborada- de humanidades,  onde o elaborador  cita um pequeno fragmento da obra “O Segundo Sexo” da filosofa francesa Simone Beauvoir resolveram execrar essa filósofa.  Aliás, filósofa da mais alta magnitude,  essa cidadã só  era esposa de Jean Paul  Sartre um ícone da filosofia existencial.
Agora imaginem  um aluno vendo na sua frente um parágrafo de texto escrito por uma figura histórica conhecida, uma dessas pessoas que viveu um momento histórico particular, que pensou sobre o mundo e agiu para transformá-lo. Será que consegue ler e interpretar o tal parágrafo? E se puder escolher uma resposta pronta entre 5 possíveis (sendo que algumas delas claramente não tem relação nenhuma com o texto)? Ajuda? Escolha a alternativa certa e eu vou saber se você conseguiu entender o que o texto estava dizendo. Isso é o resumo da mecânica de uma prova como o ENEM, que pretende avaliar as habilidades dos alunos com 180 questões e uma redação.
A polêmica a respeito de parágrafos de texto assinados por Simone de Beauvoir e Milton Santos, usados como enunciados de questões do ENEM, são uma má interpretação dessa mecânica. O objetivo da prova é avaliar, entre outras habilidades, a capacidade de interpretar textos, e isso não tem nenhuma relação com a opinião dos alunos. Se os tais enunciados são polêmicos ou se vão na contramão das convicções daquele que está fazendo a prova, tanto melhor. Se eu não conheço os autores citados, se não concordo com eles, mas ainda assim consigo ler e compreender o que eles estão querendo dizer, isso significa que eu consigo interpretar um texto, qualquer texto.
Mesmo a redação, não tem como objetivo abrir um espaço para conhecer a opinião dos alunos sobre esse ou aquele tema. A redação é também um teste para saber se o estudante consegue estruturar argumentos em sequência, com começo, meio e fim, sem apelar para afirmações sem fundamento. Aliás, os enunciados das questões, assinados por pensadores, poderiam servir como argumentos e contra-argumentos para a redação, já que o tema – a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira – pode ser abordado por diferentes ângulos. Isso mostra apenas como a prova é bem elaborada.
Se tudo o que conseguimos extrair do ENEM 2015 é a polêmica, a doutrinação ideológica, o feminismo etc., nossa capacidade de interpretar textos está bem prejudicada. A sociedade brasileira não passaria nessa prova de conhecimento gerais e habilidades básicas, e isso significa que não temos formação para navegar pela complexidade da vida contemporânea. Vamos ter que começar de novo. Aos livros, cidadãos!