segunda-feira, 31 de outubro de 2016

e viva a ignorância. Brasil

BRASIL:  UM VIVA A IGNORÂNCIA POLÍTICA 






Por Alacir Arruda

Ontem, 30 de outubro de 2016, fechou se o ciclo do pleito de 2016 com o segundo turno. 57 cidades escolheram seus mandatários naquilo que o TSE  insiste em chamar de "festa da Democracia". Ao ter acesso ao número final de  brasileiros que votaram Nulo, Branco ou se abstiveram de votar fiquei chocado. Há cidades por exemplo em que o Prefeito eleito foi B.N.A ( Brancos Nulos e Abstenções). Mas o que esses números revelam?  Qual o recado que a população quis passar aos mandatários dessa nação? Como especialista em política posso afirmar, nenhum! Brasileiro entende de política o mesmo que uma criança de 4 anos sabe de trigonometria, ou seja, nada. A sua relação coma política se limita a  satisfação de  seus próprios interesses, hoje ele esta chateado porque não conseguirá viajar para Fortaleza, Maceio ou Porto de Galinhas em dezembro, ou porque  não vai  poder assistir a queima de fogos "ridícula" de Copacabana, alguns perderam Plano de Saúde e outros assistirão chocado seus filhos deixarem a rede particular de ensino indo para a pública em 2017, essa é a grande realidade; Em suma, o brasileiro esta quebrado, cheio de dividas  e sem perspectivas de melhora,  ao menos nos próximos dois anos. 

Acho muito interessante quando alguns analistas políticos  de "butequin"  ( entenda analistas da globo), afirmam que o número de votos em branco, nulos e abstenções desse ano foi um recado da insatisfação do povo com a classe política, pura "balela' o povo esta preocupado com o seu emprego, casa própria e churrasco aos domingos  vendo "Curintias" e "Framengo". Em  países  onde a democracia é plena e o cidadão tem consciência do seu papel esse recado seria outro. Como ja disse em outros artigos, temos o politico mais caro do mundo e o mais ineficiente, a câmara de vereadores de Sao Paulo paga todo o Congresso inglês e ainda sobra, na Suécia deputado ganha o equivalente no Brasil a 3000,00 e não tem direito a nenhuma regalia (como combustíveis, moradia, passagens). O Brasil é o único país, entre as 10 economias,  do mundo onde o voto é obrigatório. Porque será? Discutir politica no Brasil ainda é um tabú, alguns órgãos públicos proíbem e a escola,  que deveria ser o centro disseminador e formador de mentes politizadas, está diminuindo aulas de sociologia e filosofia colocando-as como disciplinas optativas, uma vergonha!

Esses dados revelam o quanto à “democracia” brasileira deixa de ser ética, moralista e, principalmente, fiel aos seus verdadeiros compromissos. Verifica-se, ainda, que a demagogia procura usar a minoria para difamar aqueles que tentam mostrar a seqüência de fatos antidemocráticos. Como se observa, a democracia é um processo de lento amadurecimento, porque existem os falsos democratas que sabem encontrar mil maneiras de burlar os princípios da moralidade.


Portanto, para superar tais incoerências, o povo precisa educar-se e aumentar sua capacidade crítica, através das decepções e das esperanças tantas vezes frustradas. Principalmente agora, sob a pressão e fatos internos e externos inconcebíveis, é que se fazem necessário o povo estar mais vigilante e procurar progredir no plano político e social, em face dos avanços e recuos a que a democracia está sujeita a enfrentar uma cambada de demagogos que não têm em vista o bem público, mas procura abusar da credulidade popular, para satisfazer os seus interesses econômicos carreiristas.
Mas um alerta, num sistema político como o nosso, onde ainda sobrevive o coronelismo,camuflado no comando dos currais eleitorais, será muito difícil querer uma sociedade formada por pessoas politizadas, e que compreendam que seu papel na sociedade vai além de barganhar favores vendendo sua liberdade nas escolhas e nas reivindicações sociais.
Tudo o que a corrupção mais deseja é uma sociedade composta de pessoas inertes às causas políticas, e que emudece para suas aflições, num consentimento coletivo para todos os danos que possam acontecer, sem jamais demonstrar insatisfação ou indícios de descontentamento e indignação. Tudo o que os agentes corruptores à frente da máquina pública conspiram, só deve favorecer um lado da moeda, ou seja, suas ambições e aspirações, suprimindo qualquer exigência do povo, descartando qualquer necessidade social. O que se pretende com isso é uma sociedade alheia à competência e capacidade de liberdade, desse modo, é muito mais fácil redigir discursos com o objetivo de sobrepujar as lástimas que afetam a camada social que reside à beira da exclusão e do esquecimento.  
A história mostra claramente as marcas dos governos déspotas(tiranos) e o que eles querem de melhor (ironizando a palavra) para a sociedade; querem um povo ignorante, e fazem de tudo pra manter um povo assim, porque uma sociedade sem conhecimento afeta os pilares do desenvolvimento e uma sociedade composta por seres humanos cuja ausência da capacidade de pensar criticamente e de enxergar além do óbvio e das aparências torna-se uma semente incubada e impedida de crescer; um povo cujas raízes ficam impossibilitadas de alcançar o solo e podadas da sua capacidade de germinar e frutificar.
Uma sociedade que faz silêncio e que anda por veredas duvidosas apontadas por políticos sem escrúpulos, com a intenção de simplesmente enganar e mascarar seus atos cruéis de descaso social é a pior de todas as sociedades, porque é omissa e se torna cúmplice da injustiça que sofre. E o pior de tudo é que isso acontece às faces do povo sem o menor pudor ou discrição.  
como fazer mudança social e política numa sociedade que ainda defende aqueles que a engana, e muitos engolem o orgulho ferido com receio de pronunciar uma palavra de revolta?. Nas eleições desse ano foram eleitos mais de 100 candidatos que estavam na cadeia um,  inclusive, assassino em série confesso. Ha prefeitos despachando de dentro de celas em cadeias publicas e mais de 75% dos políticos brasileiros respondem algum tipo de processo na esfera penal, segundo o TSE. 
Ai me vem a globo afirmar que o povo esta tomando consciência politica? Me poupe Miriam Leitão.



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domingo, 30 de outubro de 2016

PEC 241- ENEM 2016

O QUE ESTÁ POR TRÁS DA  PEC 241? 
Por Alacir Arruda
95%  dos brasileiros não faz idéia do que seja a  famosa PEC 241 recentemente aprovada pela câmara e que agora segue para o Senado com a certeza de sua aprovação. Michel Temer usou de toda a sua influencia para que essa emenda fosse apreciada ainda esse ano. Para muitos a saída para que a economia do Brasil volte a entrar nos trilhos, para outros o caos total, sobretudo da saúde e educação, que já são frágeis. Defensores ou críticos a parte, vamos refletir um pouco sobre essa emenda a constituição que limita os gastos da união por 20 anos.
 A PEC 241, também conhecida como a “PEC do Fim do Mundo”, consiste numa radical medida de contenção dos gastos públicos por vinte anos. Seus defensores alegam que, apesar de um remédio amargo, seria a única saída para equilibrar as contas públicas e propiciar a mítica volta do crescimento econômico, criando um “ambiente favorável” aos investimentos privados e daí a retomada do emprego.
Os pressupostos deste tratamento de choque são amplamente conhecidos e bastante desgastados. Isto é, trata-se de nos fazer crer, mais uma vez, que o desequilíbrio das contas públicas se dá devido a uma espécie de “irresponsabilidade” nos gastos em comparação com a arrecadação, gerando déficits que acabam por acarretar em alta de juros, inflação, desestimulo a atividade econômica e, consequentemente, desemprego.
Este fundamento carece de uma comprovação mais cuidadosa por alguns motivos. Considerando um determinado período de nossa história econômica, mais ou menos de 2004 para cá, a arrecadação de impostos tem se mantido estável, entre 33 e 34% do PIB, segundo levantamento realizado pela Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do governo ilegitimamente deposto (“Evolução Recente da Carga Tributária Federal”, de novembro de 2015). Os gastos públicos, segundo o Ministério da Fazenda, subiram de 16,7% para 19,6% do PIB. O superávit primário do setor público tem sido igualmente estável, de forma que no governo FHC ficou em 2,3% do PIB, nos governos Lula subiu para 3,7% e no governo Dilma, até ser interrompido, estava em 2,3%.
Todos nós sabemos qual foi o preço de se manter esta política de superávits primários e quem pagou este custo, gerenciado servil e brutalmente segundo as normas da Lei de responsabilidade Fiscal, a reforma da Previdência as políticas privatizantes, a contenção nos gastos sociais. Então a primeira dúvida que nos assalta é: se cortar era o remédio… o que aconteceu?
Mas, não parece estar aí a raiz do problema. Um dado destoa deste tão apregoado equilíbrio: a dívida. O estoque da dívida em 2005 estava em R$ 1,15 trilhão, passou para R$ 2,79 trilhões em 2015 e estimava-se que chegaria a R$ 3,3 trilhões em 2016. As despesas com juros da dívida saltaram de R$ 132,1 bilhões para R$ 367,6 bilhões em 2015.
Segundo Maria Lucia Fattorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida, estes números são ainda mais alarmantes, de forma que em 2014 os gastos com a dívida pública teriam alcançado a casa dos R$ 978 bilhões o que corresponde a 45% do Orçamento Federal. A mesma autora revela que este gasto com a dívida representa 12 vezes o que foi destinado à educação, 11 vezes os gastos com saúde e mais do que o dobro do gasto com a Previdência Social.
O que nós já sabemos há muito tempo, e que muitos têm denunciado, é que a chamada Lei de responsabilidade Fiscal e a política de superávits primários são claramente formas de arrochar os gastos sociais em benefício do capital financeiro. Equilíbrio, neste sentido, significa “gastar menos” para que não se comprometa a capacidade do Estado pagar e continuar pagando os juros da dívida interna e externa.
Esse diagnóstico remonta aos anos oitenta e à perversidade de localizar no Estado a fonte do desequilíbrio que deveria ser sanado, mas suas raízes são anteriores. O modelo de desenvolvimento implantado por Juscelino Kubitscheck nos anos cinquenta é o ponto de partida de tudo isso, vejamos.
Como sabemos, Juscelino implantou um modelo fundado na abertura da economia brasileira às multinacionais produtoras de bens de consumo duráveis, utilizando-se para isso toda uma infraestrutura (siderúrgicas, setor elétrico, petroleiro, portos, estradas, aeroportos, etc.) de base estatal criada no período anterior em que se aproveitou a conjuntura advinda da segunda Guerra Mundial. O Estado não apenas assumia o custo desta infraestrutura como desmontava seu incipiente Departamento I, isto é, a indústria de máquinas e bens de capital, em nome de uma industrialização rápida, gerando uma despesa inevitável com a importação de tecnologia e pagamento de royalties.
A fórmula encontrada para evitar o previsível desequilíbrio foi o incentivo à exportação fundada na estrutura agrária tradicional e na mineração, o que leva ao crescimento da concentração da propriedade no campo e a constante expulsão dos camponeses. Este elemento acaba sendo extremamente funcional uma vez que produz uma superpopulação relativa que rebaixa os salários e funciona como atrativo fundamental para os investimentos estrangeiros no setor industrial. Ao mesmo tempo cria o enorme problema urbano com o inchaço das grandes cidades com todos os problemas que daí derivam (isso faz com que vocês lembrem de alguma coisa?).
Ocorre que os custos de manutenção deste modelo recaem fundamentalmente sobre o Estado, seja na manutenção da infraestrutura, nos subsídios às empresas transnacionais, nos custos com a administração de serviços para a nova realidade urbana que se impunha, desde saúde e educação até em segurança, saneamento, moradia, assistência social, previdência, etc. A forma encontrada para contornar este problema (na época considerado passageiro uma vez que o crescimento da economia certamente regularia tudo mais à frente) foram os empréstimos do, então recém criado, Fundo Monetário Internacional (FMI).
Por um lado, o dinheiro vindo dos empréstimos equilibravam as contas, mas por outro geravam uma nova despesa com o pagamento dos juros e serviço da dívida que iam se avolumando. Já ao final no governo Juscelino em 1960/1961 temos uma crise com características muito interessantes: a explosão da dívida, inflação, enormes problemas urbanos, uma brutal concentração fundiária, retração a atividade econômica, desemprego, etc.
O governo João Goulart e seu ministro Celso Furtado fazem um diagnóstico pautado politicamente por um reformismo bastante moderado (que André Singer denomina de “reformismo forte”), mas correto naquilo que constatava, isto é, que os recursos estavam escapando por vias previsíveis: as remessas de lucro para o exterior, a dependência em relação à tecnologia estrangeira, a dependência em relação a exportação de produtos primários que reforçava a estrutura agrária tradicional e levava à crescente expropriação no campo e o inchaço nas cidades. Para enfrentar tal quadro, propõe as famosas reformas de base: reforma agrária, reforma urbana, reforma bancária, reforma universitária, lei que proibia a remessa de lucros, etc.
Nada que um golpe não resolva. Em 1964, o imperialismo, aliado aos  burgueses e a igreja brasileira, ainda os latifundiários, impedem as reformas e impõem a ditadura. A autocracia burguesa imediatamente suspende a lei de remessa de lucros e retoma o mesmo modelo que só se mantém pelo massivo endividamento externo e pesados investimentos de capitais do imperialismo.
Ora, o modelo mantido segue gerando seus conhecidos problemas: cresce a dependência tecnológica e cultural, cresce a dependência financeira, cresce a concentração de terras, as cidades vivem exponencialmente seu caos de reprodução de miséria e violência. Mas o governo do capital não podia apenas responder coercitivamente, é também através de uma serie de medidas, cuja base de sustentação é o crescimento da economia nas bases em que foram definidas pela aliança com o imperialismo, que a autocracia burguesa se mantém. Nesta direção encontramos o acordo MEC/Usaid, a criação da rede Globo de Televisão assim como o apoio à grande mídia coorporativa, além do estabelecimento de uma educação superior pública, de um sistema assistencial e previdenciário entre outras medidas.
Como sempre, o custo de manutenção do modelo, desde os enormes subsídios, o custo de manutenção da infraestrutura estatal, a importação de bens de capital, os custos com a gestão da força de trabalho e da superpopulação relativa e tudo que daí deriva, seria possível pela lógica perpetuada do endividamento. As classes e segmentos de classes aliadas no bloco dominante lucraram muito com este modelo, desde, evidentemente, o imperialismo, o grande capital monopolista investido na indústria, os grandes proprietários de terra, os bancos, o grande comércio exportador e importador, até segmentos de uma burguesia brasileira que aprendeu a se conformar com sua função subsidiária ao desenvolvimento voltado para os interesses monopolistas.
O resultado previsível desta farra foi a quebra do Estado, seja pelo esgotamento do ciclo de crescimento econômico em meados dos anos 1970, seja pelo estouro da dívida e dos elevados custos de manutenção de um modelo econômico falido. É neste momento que aparece o perverso diagnóstico que isenta os verdadeiros responsáveis e culpabiliza o próprio Estado que serviu de instrumento aos seus interesses. O problema seria que o Estado gasta mais do que arrecada, o Estado gasta mal, é perdulário e ineficiente, falta-lhe a capacidade de gestão e controle. Estavam dadas as premissas para o diagnóstico e a terapêutica neoliberal que seria imposta nos anos 1980. Cortes de gastos, privatizações, reforma do Estado… e tudo voltaria a crescer e a vida seria muito melhor.
Não foi. A receita neoliberal arrasou economias com a força de uma praga. No entanto, o que parece apenas uma pura e simples manipulação, na verdade um engodo nem tão sofisticado assim, é muito mais que isso. A alternância de remédios milagrosos e catástrofes previsíveis, escondem que as mudanças operadas funcionam de fato de forma muito eficiente para aquilo que se propõe e para os interesses que representam.
A forma atual da acumulação capitalista mundial tem de responder alguns problemas incontornáveis. Toda produção capitalista altamente desenvolvida desemboca na queda tendencial das taxas de lucro, na concentração e centralização da produção monopolista, na necessidade de exportação de capitais e consequente partilha e repartilha das áreas de influência pela Globo. Estes elementos que já estavam presentes no início desta fase que Lenin tão bem definiu como imperialismo, assumem agora uma forma particular que destaca um dos elementos estudados pelo revolucionário russo: o parasitismo.
O capital precisa se reproduzir em escala ampliada com taxas de lucro aceitáveis, mas encontra barreiras no interior de seu próprio processo de valorização. O Estado passa a ocupar um papel fundamental na administração das contratendências à queda da taxa de lucro, mas muito mais que isso que já havia sido constatado por Marx na segunda metade do século XIX. O Estado não é apenas o sujeito fundamental na administração das medidas que visam reduzir a queda na taxa de lucro (aumento do nível da exploração dos trabalhadores, redução dos salários, aumento da superpopulação relativa, barateamento dos elementos do capital constante, abertura de mercados, autonomização da esfera bancária), mas algumas delas, com o desenvolvimento do modo de produção capitalista na fase monopopolista/imperialista assumiram novas e mais complexas formas.
É o que ocorre com o capital portador de juros. Marx imaginava esta forma de uma maneira particular, diante do sistema bancário de sua época e da prática da emissão de títulos que formam a base da dívida pública. A dimensão do capital na fase atual faz com que a autonomização da esfera bancária (agora já em unidade com o capital industrial) tornasse um dos instrumentos essencial à reprodução do capital, sem que tenha superado aquilo que Marx corretamente identificava como seu caráter “fictício”. O capital fictício pode ser descrito com os mesmos termos que Marx e Engels um dia utilizaram para falar da ideologia, isto é, pode representar realmente algo, sem que representem algo de real.

No momento da crise de superacumulação, parte do capital que não encontra taxas de lucros aceitáveis no âmbito da produção direta de mais valor, migra para a esfera bancário na busca de taxas de juros atrativas. A variação a mais de valor monetário remunerado pelos juros bancários ou do comércio de títulos públicos da dívida no chamado mercado financeiro não representa “realmente algo” se isolarmos o fato da produção real do valor, mas podem nas mãos dos agentes financeiros ou do Estado se tornarem crédito, migrar para a produção e retornar ao processo de valorização. No momento em que navegam no interior da bolha especulativa, estes valores se encontram numa espécie de limbo, podendo tanto de reproduzir artificialmente independente da real alteração na produção de valor (seu caráter fictício) ou servir de crédito ou parte do fundo público.
Aqui ocorre algo que me parece central. Como parte do fundo público o recurso que veio da taxação dos negócios do capital ou da venda de títulos do estado, é uma grandeza de valor que não serve ao capital. Caso seja utilizado em serviços públicos (saúde, educação, assistência, etc.) ele sai do circuito da valorização (seja real ou fictícia). Ocorre que o que vimos no último período é que o capital encontrou formas de capturar boa parte do fundo público salvando-o do abismo que o levava para longe do processo de valorização. São várias as formas, desde o retorno direto como crédito aos capitalistas, como subsídios (que atual diretamente na contra tendência apontada no sentido de baratear os elementos do capital constante), como pagamento de juros que remuneram os portadores de títulos públicos e alimenta a especulação financeira, como remuneração de atividades e serviços terceirizados e mercantilizados através de parcerias públicos/privadas.

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sábado, 29 de outubro de 2016

Redação ENEM 2016 violencia de gênero

VIOLÊNCIA DE GÊNERO: UM BREVE HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.

Por Alacir Arruda

1.1. BREVE HISTÓRICO

A violência contra a mulher tem sido objeto de debates não apenas no Brasil, mas mundo afora. hoje estima-se que uma mulher e agredida a cada 11 segundos no Brasil e a Lei Maria da Penha, apesar de seus ganhos, não tem respondido a altura essa demanda.  Desde os tempos bíblicos que a mulher tem passado por gravíssimas violações em seus direitos mais elementares, como direito à vida, à liberdade e a disposição de seu corpo.

Embora não se possa concluir, esta visão de cunho religioso, talvez tenha sido responsável pela disseminação da violência no seio familiar e social. Haja vista, a forma em que são educados pelo casal os meninos e as meninas, fazendo nascer diuturnamente a diferença imposta pelo machismo e pela religiosidade.

Nas sociedades antigas, a mulher tinha pouca expressão, era vista como um reflexo do homem, e tida como objeto a serviço de seu amo e senhor. Também era vista como instrumento de procriação. Enfim, era a mulher a fêmea, sendo por muitas das vezes, comparada mais a um animal do que a um ser humano. 

Há pelo menos 2500 anos, alicerçou-se a construção ideológica da superioridade do homem em detrimento da mulher, e consequentemente a sua subordinação ao mesmo.

Nas civilizações Gregas, a mulher era vista como uma criatura subumana, inferior ao homem. Era menosprezada moral e socialmente, e não tinha direito algum.

Na Alexandria romanizada no séc. I d.C, Filón, filósofo helenista lançou as raízes ideológicas para a subordinação das mulheres no mundo ocidental. Ele uniu a filosofia de Platão, que apontava a mulher como tendo alma inferior e menos racionalidade, ao dogma teológico hebraico, que mostra a mulher como insensata e causadora de todo o mal, além de ter sido criada a partir do homem.

Na Idade Média a mulher desempenhava o papel de mãe e esposa. Sua função precípua era de obedecer ao marido e gerar filhos. Nada lhe era permitido.

Na Idade Moderna, ao lado da queima de sutiãs em praças públicas, simbolizando a tão sonhada liberdade feminina, vimos também as esposas serem queimadas nas piras funerárias juntas aos corpos dos marido falecidos ou incentivadas , para salvar a honra da família, a cometerem suicídio, se houvessem sido vítimas de violência sexual, mesmo se a mesma tivesse sido impetrada por um membro da família, um pai ou irmão, que nem sequer era questionado sobre o ato. 

Recentemente em Bagdá, embora a Constituição provisória adotada em março de 2004, determine a igualdade entre os sexos, a instabilidade e a violência têm mantido muitas estudantes em casa. Maus tratos à mulheres sem véu e ataques a alojamentos femininos criaram tensão nos campi, e clérigos xiitas e sunitas conservadores preconizam educação separada para homens e mulheres2 . 

Embora exista uma vontade mundial, no sentido de se combater a violência de gênero, o problema encontra-se longe de ser erradicado.

Várias são as espécies de violência contra a mulher. E a história relata-nos que a violência doméstica tem suas raízes alicerçadas de forma a definir o papel da mulher no âmbito familiar e consequentemente social. Visa resguardar o homem de forma a não lhe trazer inquietação, garantindo-se assim o poder masculino em uma sociedade patriarcal, cujos valores são passados de pai para filho.

Em se tratando de Brasil a luta contra a violência ao longo do tempo tem alcançado avanços e retrocessos, em nível institucional e governamental.

Vários serviços de proteção foram criados e fechados; as leis são retrógradas e várias mudanças pretendidas não lograram êxitos. 

1.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A VIOLÊNCIA DE GÊNERO - DEFINIÇÃO

A violência de gênero segundo Saffioti “ Violência de Gênero é tudo que tira os direitos humanos numa perspectiva de manutenção das desigualdades hierárquicas existentes para garantir obediência, subalternidade de um sexo a outro. Trata-se de forma de dominação permanente e acontece em todas as classes sociais, raças e etnias”

1.3. VIOLÊNCIA DE GÊNERO

Atualmente a violência contra a mulher tem sido denominada como “violência de gênero” esta expressão significa que não são as diferenças biológicas entre os homens e mulheres que determina o emprego da violência contra a mulher, significa que sob os papéis sociais impostos a homens e mulheres, reforçados por culturas patriarcais, se estabelecem as relações de violência entre os sexos.

A violência de gênero é uma das formas mais graves de discriminação em razão do gênero, manifesta-se de diferentes formas, tais como, o estupro, a violência sexual, a prostituição forçada, o assédio sexual nas ruas ou local de trabalho, e violência nas relações do casal, também conhecida como violência doméstica ou familiar. A prática de violência de gênero é uma forma de controlar e reprimir as iniciativas das mulheres. 

Compreender o fenômeno da violência contra a mulher é reconhecer a discriminação histórica da mulher, que tem aprofundado as relações de desigualdade econômicas sociais e políticas entre os sexos, onde a mulher ocupa uma posição de inferioridade em relação ao homem. Ressalvando que a falta de igualdade é que torna a mulher vulnerável à violência e em especial a violência no âmbito doméstico e das relações intrafamiliares, que acarretam sérias e graves conseqüências não só para o seu desenvolvimento pessoal integral e pleno, comprometendo o exercício da cidadania e dos direitos humanos, mas também para o desenvolvimento econômico e social do país. O custo dessa violência reflete-se em dados concretos.
No mundo, um em cada cinco dias de falta ao trabalho é decorrente de violência sofrida por mulheres em suas casas, a cada cinco anos a mulher perde um ano de vida saudável se ela sofre violência.

No Brasil, 76% dos crimes contra a mulher acontecem dentro de casa e o agressor é o próprio marido ou companheiro, a violência doméstica custa para o país 10,5% do seu PIB, ou seja, 84 bilhões de dólares.5
Apesar dos índices mencionados existe uma conspiração do silêncio que cerca essa violência isso impede que dados quantitativos e qualitativos possam melhor revelar a magnitude desse fenômeno que é considerado uma espécie de território fora do alcance da lei.

A violência de gênero é denomina como violência física, sexual e psicológica contra a mulher e é também a manifestação das relações de poder historicamente desiguais estabelecidas entre homens e mulheres. Tem, portanto no componente cultural o seu grande sustentáculo e fator de perpetuação.

1.4. GÊNERO

Gênero, parte de uma cultura arcáica que afirma ser o homem superior à mulher, os homens assimilaram este desajuste e passaram a exigir das mulheres total submissão às suas ordens e desordens. A relação homem-mulher é firmada na autoridade masculina, muitas vêzes reforçada pela própria mulher. As relações de gênero estão marcadas pela relação de poder onde prevalecem o conceito de subordinação dos recursos e bens familiares, aumentando assim seu poder de decisão e domínio sobre a mulher.

1.5. PRINCIPAIS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
A violência doméstica, segundo alguns autores é resultado de agressão física ao companheiro ou companheira. Na maior parte das vezes porem, a vítima da é uma mulher, e o agressor, tem com ela um relação de poder, seja ele justo e necessário ou ditatorial.
A expressão ‘violência contra a mulher se refere a qualquer ato de violência que tenha por base o gênero, e que resulta ou pode resultar em dano ou sofrimento de natureza física, sexual ou psicológica. Coerção ou privação arbitrária da liberdade quer se reproduzam na vida prática ou privada, podem ocorrer como formas de violência”. (IV Conferência Mundial Sobre a Mulher, China, 1996).
A violência contra a mulher é uma expressão abrangente, abarca a violência física, psíquica e sexual, que ocorre no espaço doméstico.

Conceitualmente, a violência física ocorre quando há uma ação destinada a causar dano físico a outra pessoa, produzindo lesões corporais, interna e/ou externa, com a utilização de agentes lesivos que podem ser analisados sobre diferentes aspectos tais como classificação de ação e lesões resultantes.

Maria Amélia Azevedo define a violência física ou, mas especificamente, o espancamento como sendo [...] exacerbação de um relacionamento hierárquico entre sexos: a violência masculina é um exercício perverso de dominação do macho sobre a fêmea .

A violência psicológica é toda ação ou omissão destinada a produzir dano psicológico ou sofrimento moral a outra pessoa, como sentimento de ansiedade, insegurança, frustração, medo humilhação e perda de auto estima. 

A violência doméstica produz vários danos e desequilíbrios humanos, levando a sociedade à reprodução do mesmo comportamento machista, além de causar várias espécies de transtorno à vítima, dificultando, e, até impossibilitando sua reintegração ao trabalho e a escola, além de incentivar a fuga pelas drogas e o suicídio.

A violência doméstica é uma das formas mais comuns de violação dos direitos humanos e também a mais praticada. Não existem fronteiras, por tratar-se de um fenômeno mundial. Disseminada em todas as camadas sociais, independente de raça, religião, etnia ou grau de escolaridade.

É a violência perpetrada contra a mulher no seio da família por membro desta. Pode ser definida segundo duas variáveis: quem agride, onde agride. Para que a violência sofrida por uma mulher esteja enquadrada na categoria “doméstica” é necessário que o agressor seja algum familiar seu, pessoa que freqüente sua casa, ou cuja casa ele freqüentava, ou pessoa que more com ela – namorado, noivo, amigo, agregado, etc. O espaço doméstico, portanto, torna-se a segunda variável, delimitando o agressor como pessoa que tem livre acesso a ele.

Várias são as formas de violência praticada contra a mulher e constitui crime. O agente trata-se de pessoa de sua estreita convivência e que tem acesso ao espaço doméstico. 

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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Violência no Brasil

"VIOLÊNCIA: O MITO DO BRASILEIRO CORDIAL"

Por Alacir Arruda


Dados recentemente divulgados pela ONU dão conta que se mata mais no Brasil que na Síria ou Iraque (países em guerra). A Human Right classificou essa semana a polícia brasileira como a que mais mata no mundo. Só para se ter uma ideia a nossa polícia matou em 2015 quase 60.000 pessoas, os americanos perderam 58.000 soldados no Vietnã em 10 anos de conflito, essa comparação é, por si só, um disparate. No Rio de Janeiro morre uma pessoa por dia vitima de bala perdida. 



Alguém acredita que o povo brasileiro é assim, criminoso, violento, machista, homofóbico e racista, como características gerais da Nação? Segundo o sociólogo Sergio Buarque " o brasileiro é um povo cordial". No Japão quando o sujeito tem um mal súbito na rua ninguém para, mas em 2 minutos tem uma equipe de socorro para atender o individuo. Aqui quando o sujeito tem um ataque na via publica, juntam centenas de cordiais curiosos, mas o socorro aparece 2 horas depois. Brasileiro é brasileiro e só isso. 

A questão é que  somos órfãos, o Estado no Brasil é uma figura abstrata em todos os sentidos, ele simplesmente não aparece, salvo na hora dos impostos, ai é possível vê-lo com toda sua força e gana. O Estado no Brasil foi estruturado desde seculo XIX só para cumprir uma função: atender as benesses dos grupos que se instalaram no poder, senão vejamos: você já se perguntou quanto custa um senador, um deputado um vereador? Caro! A Human Right classifica o politico brasileiro como o mais caro do mundo, a pergunta que não quer calar. Para quê os pagamos? 

Um senador no Brasil é eleito para 8 anos e seu suplente é escolhido por ele ( pode ser irmão, esposa etc..) com 120 dias de exercício, pasmem, 120 dias de exercício ele ja tem direito a aposentadoria vitalicia, hoje algo em torno de 28.000,00. Como ele ficara 8 anos, em determinado momento - isso eles ja combinam- esse Senador se afasta e assume seu suplente, lembra? Aquele que ele mesmo escolheu. Esse suplente, após 120 dias, passa a ter igualmente direito a aposentadoria integral e vitalicia. Lembre-se de que o INSS estabelece hoje, um minimo de 35 anos de contribuição para homens e 30 para mulheres se você quiser aposentar com 1.500,00 mês. Isso é um atentado ao convívio civilizado entre brasileiros, um degrau a mais na escalada impressionante de violência que está empurrando o país para um teor ainda mais exacerbado de barbárie.

Os incidentes com bala perdida no Rio de Janeiro são apenas uma parte de uma coreografia de violência crescente que se dá por onde quer que se olhe. Nunca se matou com tanta facilidade em assaltos. Nunca se apertou o gatilho com tanta facilidade. É até curioso que as estatísticas policiais no Estado de São Paulo apontem uma redução no número de homicídios dolosos, como se fosse um avanço, quando aumenta o número de vítimas de latrocínio, que não passa de homicídio precedido de roubo. 

De fato, em 2015, o número de latrocínios (379) foi o mais alto em dez anos, com aumento de 13% em relação aos 324 casos do ano anterior. Mas a violência não é um fenômeno restrito à criminalidade. A polícia age muitas vezes com uma violência desproporcional. O Policial no Brasil, com raras exceções, ao colocar uma arma na cintura se reveste da figura mítica de um vingador que usa do expediente de ser agente publico para intimidar cidadãos, sobretudo negros e pobres, isso no Brasil é cultural. Não raro, a sociedade tem medo da policia. 

A vida nas grandes cidades tem se tornado um desafio e, cada vez mais, também no interior e violência é inacreditável. O trânsito é uma violência contra a mente humana. O transporte público violento dia após dia não deixa de ser um vertente da violência urbana. Não é um atentado aos direitos humanos perder às vezes três horas entre ir e voltar do trabalho? 

A saúde é uma violência contra o usuário. A educação violenta, pela sua baixa qualidade, o natural anseio de ascensão social. A existência de moradias em zonas de risco é outra violência. A contaminação do ar mata ou fere de maneira invisível os habitantes das cidades em que o nível de poluição supera o mínimo tolerável. 

Não adianta, agora, culpar o governo do PT ou a suposta herança maldita legada pelo PSDB, ou os crimes praticados pela ditadura militar ou a turbulência que precedeu o golpe de 1964. O país foi sendo construído de maneira torta, irresponsável, sem o mais leve sinal de planejamento, de preparação para o futuro. 

Acumularam-se violências em todas as áreas de vida. A explosão no consumo de drogas exacerbou, por sua vez, a violência da criminalidade comum. Não há "coitadinhos" nessa história. Há delinquentes e vítimas e há a incompetência do poder público. 

É como escreveu, para Carta Capital, o renomado economista e humanista Luiz Gonzaga Belluzzo: 

"O descumprimento do dever de punir pelo ente público termina por solapar a solidariedade que cimenta a vida civilizada, lançando a sociedade no desamparo e na violência sem quartel". 

Antes que o desamparo e a violência sem quartel se tornem completamente descontrolados, seria desejável o surgimento de lideranças capazes de pensar na coisa pública, em vez de se dedicarem a seus interesses pessoais, mesmo os legítimos. 

Alguém precisa aparecer com um projeto de país, em vez de projetos de poder. Não é por acaso que 60% dos brasileiros querem mudanças, ainda que não as definam claramente. A encruzilhada agora é entre ideias e rojões. 

Enfim, a conclusão de que o brasileiro é um povo cordial, à qual chegou o autor Sergio Buarque, ignora a apreensão que todos temos da realidade no dia-a-dia. Quando somos levados ao limite do esquecimento estatal, podemos facilmente nos tornar uma população bruta, grosseira, antipática, zangona, hostil, irascível, indelicada, agressiva, triste e macambúzia, uma gente – aí, sim, generalizando! 





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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Redação ENEM 2016 - Intolerancia

ONDE NASCE A IGNORÂNCIA.. 

Por Alacir Arruda


A Argentina parou semana passada para protestar contra um caso brutal de feminicídio que chocou o país. Lucía Pérez morreu, aos 16 anos, em um caso que foi classificado pela juíza responsável pelas investigações como "uma aberração desumana".

Pelo menos três homens são suspeitos de envolvimento no estupro e na morte da jovem, ocorrido em Mar Del Plata, cidade litorânea a cerca de 400 km da capital, Buenos Aires. Segundo o jornal Clarín, os três - que tem 23, 41 e 61 anos - estão presos.

Após cometer o crime, eles lavaram o corpo da vitima,  trocaram suas roupas e levaram a adolescente a um hospital, alegando que Lucía estava sofrendo uma overdose. Os médicos tentaram reanimá-la, mas ela já estava morta ao dar entrada no local,  segundo o periódico Clarin

De acordo coma  investigação, a menina foi entorpecida com uma grande quantidade de maconha e cocaína, e "estuprada via vaginal e anal, não apenas com o pênis do homem que a violou como também com um objeto pontiagudo, como um pau". A morte de Lucía foi um "reflexo vagal" da violência que sofreu. María Isabel Sánchez, oficial responsável pelo caso, disse que a jovem morreu devido à "dor excessiva" de ser empalada. 


Segundo os dicionários, preconceito (ou “pré-conceito”) é um “conceito formado com base em julgamento próprio que exige tom depreciativo da diferença”, é uma “análise tendenciosa”, uma “discriminação provocativa”. Na verdade, existem diversas definições para preconceito, a maioria baseada na idéia de que se trata de “um juizo preconcebido” com “conotação negativa” “imposta pelo meio, época e educação”.
Existem diversos tipos de preconceito no Brasil: contra negros, mulheres, deficientes, homossexuais, obesos, nordestinos, adeptos de religiões afro-brasileiras, seguidores de religiões não-cristãs, de classe social etc.
Xenofobia é o medo de estrangeiros. Pessoas xenófobas normalmente tem preconceito contra estrangeiros e por pessoas de outras regiões.
Homofobia é o medo de homossexuais, travestis e transexuais. No Brasil, a palavra homofobia é normalmente usada para designar o preconceito e a aversão a gays.
Racismo é um termo usado para definir o prenconceito contra grupos raciais (negros, judeus, índios etc) diferentes daquele a que pertence o sujeito.
Etaísmo é o preconceito baseado na idade, a discriminação por idade. O tipo mais comum de etaísmo é o preconceito contra idosos.
Machismo é a crença de que os seres humanos do sexo masculino são superiores aos do feminino. Alguns sociólogos e intelectuais classificam o machismo como preconceito contra a mulher.
Eugenia é um termo criado pelo britânico Francis Galton, cujo significado é “bem nascido”. Os defensores da eugenia pregam o melhoramento genético da espécie humana. Em suma, a eugenia é uma forma de racismo.
Intolerância religiosa é um termo usado para definir tanto o preconceito contra religiões ou indivíduos filiados a determinadas religiões como a falta de liberdade religiosa.
Islamofobia é aversão e preconceito contra o Islã e os maometanos. A islamofobia cresceu de forma acentuada no Ocidente e em diversas regiões do planeta após os ataques terristas de 11 de setembro nos Estados Unidos.
Antisemitismo é palavra usada para designar o preconceito e a perseguição a judeus.
Pogrom é um ataque maciço e violento contra um grupo de pessoas. Além de destruir o grupo, o pogrom visa a destruição de seu ambiente. Alguns dos mais recentes pogroms da história foi contra os judeus europeus, especialmente durante o regime nazista alemão.
Gueto (palavra oriunda do italiano ghetto) é uma região ou bairro onde vivem os membros de um grupo étnico ou social. Um dos guetos mais conhecidos foi o de Varsóvia (Polônia), para onde foram removidos milhares de judeus.
Campo de concentração é uma espécie de centro de confinamento militar para onde são enviados opositores do regime, soldados estrangeiros e grupos sociais perseguidos (ou seja, também é resultado do preconceito). Um dos campos de concentração mais famosos é o de Auschwitz, na Polônia, onde morreram milhões de judeus.
Nazismo: doutrina política propagada pelo ex-ditador alemão Adolf Hitler que sustentava a idéia de superioridade da “raça” ariana (europeus brancos) sobre as demais “raças”. Os nazistas foram os maiores responsáveis pela perseguição e extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Neonazismo: doutrina baseada nas idéias racistas nazistas. Seus seguidores propagam o ódio a diversos grupos, de judeus a homossexuais, de negros a comunistas. Existem movimentos neonazistas em diversas partes do mundo, inclusive na América Latina.
Skinheads: grupos neonazistas que propagam tanto as idéias de superioridade racial da “raça” branca quanto a violência contra judeus, negros, homossexuais, comunistas, hippies e imigrantes. Os skinheads são formados na maioria por jovens. No Brasil, os grupos mais conhecidos são o White Power e o Carecas do ABC.
Kun Klux Klan: grupo racista formado nos Estados Unidos logo após a Guerra de Secessão. Além de pregar a supremacia W.A.S.P (do branco, anglo-saxão e protestante), a Kun Klux Klan persegue negros, judeus e imigrantes. Hoje, esse ódio também é dirigidos aos islâmicos e homossexuais.
Apartheid: regime de segregação racial sul-africano. A palavra apartheid vem do africâner e significa separação. O apartheid dividia a população entre brancos e não-brancos (negros, indianos etc). As grandes vítimas eram justamente a maior parte da população: os negros. Brancos e negros não podiam frequentar juntos os mesmos banheiros públicos, ônibus, trens, piscinas e até praias.
A situação dos negros norte-americanos não era diferente. Até o início da década de 1960, eles eram proibidos em muitos Estados de frequentar as mesmas escolas, usar os mesmos assentos de ônibus e até utilizar os mesmos banheiros públicos dos brancos. A situação começou a mudar quando Rosa Parks, uma senhora do Alabama, se recusou a ceder seu lugar no ônibus a um branco. Rosa foi presa e seu encarceramento gerou uma onda de protestos de negros nos Estados Unidos. Os protestos foram liderados por um pastor negro chamado Martin Luther King. E todos conhecem o resto da história.
Outra manifestação de preconceito é a limpeza étnica. Ela visa muito mais do que a discriminação, visa a eliminação do outro. A maior limpeza étnica de que se tem notícia ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. No total, seis milhões de judeus foram mortos. Mas houveram outras grandes limpezas, como o genocídio armênio no início do século XX, quando cerca de um milhão de armênios foram assassinados pelos otomanos. Mais recentemente, houveram limpezas étnicas em Ruanda e na antiga Iugoslávia.
Um dos maiores genocídios da história foi praticado pelo regime Khmer Vermelho entre 1975 e 1979, no Camboja. Dos 8 milhões de habitantes do país, 1,7 milhões foram assassinados. As maiores vítimas foram os chineses, os muçulmanos e os vietnamitas. Acreditava-se que as motivações eram políticas, mas descobriu-se que também eram segregacionistas. O regime considerava determinados grupos criminosos, entre eles os chineses – que tiveram a sua língua e seus hábitos proibidos no país. Os muçulmanos foram obrigados a comer carne de porco (o que é proibido pelo Islã) e os vietnamitas foram fuzilados um por um até desaparecerem do país.
O preconceito racial no futebol é tão antigo quanto o próprio esporte no Brasil. Tanto é que, no princípio, os times não aceitavam jogadores negros. Para jogar, eles alisavam o cabelo ou cobriam o rosto com pó-de-arroz para disfarçar a cor da pele. A estratégia nem sempre dava certa, pois, com o suor, o pó acabava escorrendo. Foi o que aconteceu com Carlos Alberto, jogador do fluminense. Em uma partida pelo Campeonato Carioca de 1914, o rosto borrado do jogador chamou a atenção da torcida adversária, que apelidou o time de Pó-de-arroz.
Atitudes racistas contra jogadores estrangeiros (africanos e latinos, principalmente) no futebol europeu são mais comuns do que se imagina. Jogadores brasileiros como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos, Adriano e Juan, entre outros, foram vítimas de comportamento racista e xingamentos fora e dentro dos campos. Ronaldo chegou a ser xingado de “macaco gordo”. Mas uma das maiores vítimas foi o camaronês Eto’o. Durante uma partida contra o Barcelona, a torcida adversária jogava bananas no campo sempre que Eto’o pegava na bola.
Um dos atos antissemitas mais comuns na Europa atualmente é a profanação de cemitérios judaicos. Túmulos são destruídos e, muitas vezes, pichados com a suástica nazista. Em janeiro de 2010, dezenas de túmulos de judeus foram pichados na cidade francesa de Estrasburgo. O detalhe é que a agressão ocorreu no dia em que se comemorava os 65 anos do fim do campo de concentração de Auschwitz.
Os ataques a minorias religiosas são mais frequentes do que se imagina. No Paquistão, um ataque terrorista a uma mesquita da minoria muçulmana Ahmadi matou 80 pessoas e deixou dezenas de feridos em maio de 2010. Os terroristas lançaram granadas e atiraram contra a multidão do alto de um minarete. Os ahmadis foram declarados uma minoria não-islâmica pelo governo paquistanês nos anos 70 e proibidos de participar de atos muçulmanos, inclusive orações.
Apesar de 10% da população seguir o Islã, não se pode afirmar que o Paquistão é um país exclusivamente muçulmano. Existem minorias hindus, sikhs, budistas e cristãs, vítimas frequentes de intolerância. Entre abril e junho de 2009 ocorreram diversos casos de violência contra cristãos no país. Em junho de 2009, uma multidão de muçulmanos atacou e incendiou as casas de cristãos por causa de uma acusação de “profanação” contra o profeta Maomé. E em 2010, também no Paquistão, uma mulher cristã foi condenada a morte por suposta blasfêmia contra o Islã.
Apesar de constituírem uma minúscula e inexpressiva ilha no oceano islâmico paquistânes, a minoria étnica kalash é vítima constante de intolerância racial e religiosa. Politeístas em um país monoteísta e loiros em uma nação morena, os kalachis se declaram descendentes das tropas gregas e macedônicas que invadiram sob o comando de Alexandre Magno a região que compreende o atual Paquistão. Além de sofrerem ataques violentos de militantes islâmicos contrários às suas tradições, seus cemitérios são frequentemente profanados.
No Irã, pipocam as acusações de perseguição à minoria baha’í. Há anos os adeptos da “Fé Baha’Í” reclamam da dificuldade de conseguir empregos, aposentadorias e licenças de negócios no país. Os estudantes são expulsos das escolas e os cemitérios, constantemente profanados. Recentemente, diversos líderes baha’ís foram presos pelo governo iraniano. Em 2010, por mais de dois meses, os baha’is tiveram suas propriedades incendiadas na cidade de Rafsanjan.
Outro tipo de preconceito é o de castas. Apesar do governo indiano não incluir as castas no censo desde 1931 e proibir o sistema a partír de 1950, na prática a história é outra. O preconceito ainda é grande na Índia, principalmente contra os dalits (os intocáveis, ou impuros). Segundo os hindus, os dalits nasceram da poeira dos pés do deus Brahma e não são exatamente uma casta, mas uma “sub-casta”, abaixo das outras quatro. Eles sofrem diversos tipos de restrições e preconceitos. Os dalits não tem acesso aos templos das castas superiores e sequer podem se aproximar de um brâmane (membro da mais alta casta). Além disso, não podem retirar água de poço ou beber da mesma fonte das castas superiores. Em 1999, 23 trabalhadores dalits foram assassinados por seguranças particulares de uma fazenda pertencente a um homem de outra casta. Veja a que ponto chegou a intolerância aos dalits! Duas casas de dalits são queimadas por hora. Três mulheres dessa casta são estupradas por dia. E a cada 24 horas, dois dalits são assassinados.
As perserguições aos ciganos são tão antigas quanto esse povo. De origem indiana, língua romani e hábitos nômades, o ciganos foram vítimas de preconceito em diversos momentos da história. Na França do século XII, os homens ciganos eram presos sem motivos e as mulheres e crianças enviadas para hospícios. Entre 200.000 e 300.000 ciganos europeus foram mortos nos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Mais recentemente, o governo francês aprovou uma lei visando a expulsão dos ciganos ilegais de seu país.
Um dos mais horrorosos casos recentes de intolerância contra minorias aconteceu na África em 2009. Além de sofrerem discriminação em suas aldeias, nas escolas e no mercado de trabalho os albinos africanos são assassinados por causa da cor da sua pele. Dezenas de albinos foram mortos e esquertejados na Tanzânia e em outras partes da África para que seus órgãos fossem retirados e vendidos a bruxos. Braços, pernas, pele, língua e até sangue são vendidos no mercado negro. Acredita-se que beber o sangue de um albino atrai boa sorte e fortuna.
Um jornal de Uganda chamado The Rolling Stone (que não tem nada a ver com o famoso grupo de rock) publicou em 2010 uma lista de possíveis homossexuais ugandenses com a manchete: “Enforque-os”. O ato gerou protestos no mundo todo, inclusive de entidades de defesas dos Direitos Humanos e governos de diversos países. Depois da publicação, pelo menos quatro pessoas sofreram agressões. No início de 2011, David Kato, um dos principais ativistas gays do país foi espancado até a morte em sua casa.
Também no início de 2011, uma organização internacional chamada Avaaz lançou uma campanha pela internet contra o “estupro corretivo” de lésbicas na África. Um dos casos mais recentes foi o da sul-africana Millicent Gaika. Gaika foi amarrada, espancada e estuprada diversas vezes pelos seus agressores.
O diplomata, escritor e filósofo francês Arthur Gobineau (1816-1882) se celebrizou como ensaísta ao escrever em 1855 o livro Ensaio Sobre a Desigualdade das Raças Humanas, considerado a Bíblia do racismo moderno. Para Gobineau, a miscigenação “é a causa da decadência moral da sociedade”. Na visão dele, o Brasil era um país sem futuro por que possuia muitos cidadãos de “raças inferiores”.
Se Gobineau sustentou teorias racistas, o general norte-americano Philip Sheridan (1831-1888) sustentou a prática do racismo. Sheridan é autor da frase “índio bom é índio morto”, que ilustra o genocídio de milhões de índios praticado pelos colonos europeu durante a conquista do meio-oeste norte-americano.
O criminologista italiano Cesare Lombroso foi autor de vários estudos que procuravam relacionar traços físicos a tendências criminosas. Lombroso não só teve quem o ouvisse, como encontrou seguidores. No Brasil, seus seguidores estudaram os crânios de Antônio Conselheiro e Virgulino Ferreira (conhecido como Lampião) para explicar sua personalidade e suas atitudes “criminosas”.
Estudo feito na Alemanha em 2009 comprovou que a rejeição da sociedades a grupos minoritários aumenta em época de crise. As minorias são sempre acusadas pelos males da sociedade, principalmente quando as coisas não vão bem. A boa notícia é que os sentimentos antissemitas, racistas e homofóbicos diminuíram consideravelmente na Europa nos últimos quatro anos.
Um estudo feito entre estudantes no Brasil e divulgado pelo jornal O Estado de São Paulo no início de 2010 revelou que – reproduzimos aqui um trecho da reportagem – “99,3% dos entrevistados têm algum tipo de preconceito e que mais de 80% gostariam de

manter algum nível de distanciamento social de portadores de necessidades
especiais, homossexuais, pobres e negros.

Do total, 96,5% têm preconceito em relação a pessoas com deficiência e 94,2% na questão racial”. A mesma pesquisa demonstrou que “pelo menos 10% dos alunos relataram ter conhecimento de situações em que alunos, professores ou funcionários foram humilhados, agredidos ou acusados injustamente apenas por fazer parte de algum grupo social discriminado, ações conhecidas como bullying. A maior parte (19%) foi motivada pelo fato de o aluno ser negro. Em segundo lugar (18,2%) aparecem os pobres e depois a homossexualidade (17,4%). No caso dos professores, o bullying é mais associado ao fato de ser idoso (8,9%). Entre funcionários, o maior fator para ser vítima de algum tipo de violência –verbal ou física – é a pobreza (7,9%)”.


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