quinta-feira, 31 de maio de 2018

Enem 2018 - Nietzsche e deus

 NIETZSCHE E O HOMEM LOUCO.

Por Alacir Arruda

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) é considerado uma das maiores mentes da filosofia em todos os tempos. Sua vasta obra é hoje objeto de pesquisa em todos os continentes, leitura obrigatória em todos os cursos superiores além de  ser considerado o filosofo que mais vende livros no mundo. Apesar de tantas outras contribuições para o mundo letrado,  ele ficou marcado pela frase:  “Deus está morto,  nós o matamos”. Essa frase é interpretada como uma manifestação de seu ateísmo. Atribuem ainda ao filosofo a ideia de “assassino de Deus”;  mas será que ele estava nesta frase se referindo realmente a um ateísmo?

A morte de Deus é anunciada pela primeira vez na sua obra “A Gaia da Ciência” (1882) no aforismo 125:
“O homem louco - ‘Não ouvistes falar daquele homem louco que, em plena manhã clara, acendeu o candeeiro, correu para o mercado e gritava incessantemente: Estou procurando Deus! Então como lá se reunissem justamente muitos daqueles que não acreditavam em Deus, provocou ele então grande gargalhada (...). O homem louco saltou em meio a eles e disse: nós o matamos, vós e eu! (...) Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! A grandeza desse feito não é demasiadamente grande para nós? Não teríamos que nos tronar, nós próprios, deuses, para apenas parecer dignos dele? ’”
A primeira coisa que devemos perceber neste texto é quem falou que Deus estava morto. Não foi Nietzsche, mas o “homem louco”, alguém que não está preso a razão a metafísica aos valores morais, este homem lança diferentes olhares sobre a vida, não estando interessado em encontrar uma “verdade” que o guie, ele é um homem louco.
No contexto da época, século XIX (19)  em transição para o século XX (20), a morte de Deus, era uma visão muito difundida,  época de ruptura da teologia com o homem moderno. “Deus está morto” é uma “imagem” nietzschiana do homem moderno que passa a negar os valores cristãos, isto é, retira Deus do trono e coloca no lugar o homem – racional.
O homem louco percebeu que a ciência moderna, a revolução cientifica, os ideais renascentistas e iluministas, o pensamento racional de Descartes, Kant e muitos outros, tinham destronado Deus na medida em que os homens deixaram cada vez menos de explicações teológicas para se apoiarem na racionalidade divinizada. Com isso Deus foi morrendo na mente dos homens, e a razão tomou o lugar de Deus, a Razão é Deus. As pessoas por mais religiosas que fossem passaram a ir menos a Igreja, e muitos outros efeitos sociais foram causados pela divinização da razão, a idade moderna então, é interpretada pelo filosofo como a queda de Deus. Posso dizer que Nietzsche é um profeta, pois este mesmo acontecimento ocorre agora com a razão, na pós-modernidade, a transição do século XIX para o XX, é visto como uma desconfiança a razão. A modernidade pode ser entendida como um mundo perfeito regido pela razão, só que as sucessivas guerras desacreditaram o sonho da modernidade. Nietzsche aparece apontando para esse homem, que vive “além do bem e do mal”
O filosofo profetiza que nossa época é marcada pelo “nada”. Nada de Deus, nada de razão, o nada e o vazio, é este homem niilista passivo que Nietzsche aponta. O homem atual pouco se interessa pelo conhecimento enquanto busca de sentido e superação num fazer-desfazer. O homem atual busca o “conhecimento receituário”, o homem atual, um liberal que só se preocupa em acúmulo de riquezas, é um homem  caracterizado pelo que consome.
Enfim o filosofo profetizou sobre a morte, a morte de Deus, para o reinado da divina razão onde os valores cristãos, são abolidos pela racionalidade humana, criadora de novos valores, mas que morre como previsto pelo filosofo com o advento da “pós-modernidade”. E agora o que ira morrer?

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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Brasil: Uma Nau à deriva

PERDEMOS O RUMO!

Por Alacir Arruda

O Brasil tem mergulhado nos últimos anos numa crise ética sem precedentes. Esse caos social que assola o país tem razões explicitas. A corrupção solta e o desvio de dinheiro público há muito deixou de ser uma vergonha nacional para se transformar em vexame mundial, que o diga recente publicação do jornal inglês Daily Mail.. O deboche da classe política para com o povo transcende as imensas filas dos SUS ou o sucateamento da escola publica, ele afeta sobremaneira, a autoestima do cidadão. Essa crise ética acaba por desvelar uma “sacanagem”, com o perdão da palavra, quando o discurso de palanque é mascarado e revelado no ato do exercício de poder. Poder esse delegado por nós que votamos, sempre com as velhas desculpas de jogar a culpa em quem precedeu quando chegou ao governo. Alguém sempre é culpado, menos quem está no poder. A população brasileira cansou deste jogo de palavras. Este jogo que não possui cara partidária, diga-se de passagem. Parece que todos jogam no mesmo time e estudaram na mesma escola da mamata que lhes ensinou que o poder corrompe.

Uma parcela da sociedade brasileira tem reagido com greves, luta por transporte de qualidade, escolas e uma segurança que me garanta ao menos o direito e ir e vir. São essas as demandas estão no horizonte de uma sociedade que, representada recentemente pelos caminhoneiros, resolveu dizer um basta a um governo que entregou a Petrobras aos “urubus” de Wall Street, investidores não em enxergam um milímetro a sua frente que não seja lucro. Um governo que conseguiu elevar a nossa educação a uma das piores do mundo - na América Latina só estamos à frente do Haiti. Um governo que abandonou politicas sociais inclusivas, deixando a periferia nas mãos de facções criminosas que desafiam o Estado matando um policial por dia na certeza da impunidade. Enfim, um governo sem representatividade e que perdeu o “Time” da nação. 

A grande verdade é que Entra governo e sai governo e o discurso é sempre o mesmo. Os frutos dessa insanidade politica que vivemos todos nós conhecemos. Podemos falar ainda do estado paralelo de direito chamado narcotráfico. A droga está presente e vendida em todos os andares sociais. O crack deixou de ser um produto a ser consumido pela classe menos favorecida, há muito tempo. Vivemos tempo delirantes de um país que recebeu, a apenas 4 anos , uma Copa do Mundo e a 2 uma olimpíada , cujas autoridades não perceberam ainda qual é a verdadeira copa a ser ganha; Hospitais, saúde pública de qualidade, educação e valorização do magistério. Formação séria para uma juventude que está desejosa de ingressar no mercado de trabalho. Sem falar no emblemático problema da segurança. E a saúde? 

Emilé Durkheim, pensador francês e um dos fundadores da Sociologia, definiu no final do Século XIX aquilo que ele chamou de anomia social. Uma nação sem regras e sem ética sempre será tutelada pelo caos. Estamos em 2018. Durkheim era profeta? Não, apenas um pesquisador atento às mudanças de uma sociedade dinâmica. 

Aqui, enquanto milhões adoram ver futebol e esperam loucamente o mês de janeiro para assistirem e votar no próximo paredão do Big Brother, outras pessoas se organizam porque é direito ético achar as melhores formas de luta contra a corrupção. A grande maioria dos políticos estão investindo muito em suas páginas no Facebook. Natural, afinal o cidadão está lá, é levar o banquinho até a praça e subir nele. Errado. Hoje o fã da página é quase insignificante, o Facebook vem reduzindo absurdamente a entrega tornando as marcas dependentes de mídia para que sua página sirva de algo. Porém, amigos, durante as eleições político nenhum pode comprar mídia, ou seja, as fanpages, para serem realmente úteis, precisam de outro tipo de ativação… e você é essa ativação. Você, como eleitor e militante, será a ferramenta mais poderosa na propagação de propostas, ideias e causas envolvidas com as próximas eleições. Você, como eleitor ou apoiador de um candidato, será sua melhor ferramenta na conquista de votos.

E após essas eleições? Uma pergunta não quer calar; “algo mudará?”. O caos social no qual o Brasil está mergulhado esta no centro destas discussões. A quem escutar? Os velhos senhores cuja palavra já a conhecemos há muito tempo? Caminhos alternativos? Quais? A verdade é que, queremos e exigimos como nação soberana, ética na política, mas somos omissos. O povo esta cansado de palavras fáceis e de promessas que cheiram a “enrolação”, agredindo nossa inteligência e sensibilidade e o primeiro passo para que isso ocorra reside na efetiva participação de todos. Imaginar que somente uma classe, como a dos caminhoneiros, conseguirá reverter anos de descaso com a nação além de sinal pouca inteligência é Covardia! 


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terça-feira, 29 de maio de 2018

It. is Brazil 2

"O BRASIL CAMINHA A PASSOS LARGOS EM DIREÇÃO AO ABISMO"

Por Alacir Arruda

É triste como brasileiro ter que reconhecer essa verdade: o Brasil caminha para o abismo absoluto, logo estaremos todos f..... Podem anotar isso! Nos últimos quinze anos tivemos governos que seguiram religiosamente a cartilha que ensina como levar um país ao colapsos, e nem foi preciso pedir ajuda a Nicolás Maduro da Venezuela, o nosso modelo de fracasso é Made In Brazil mesmo. Senão vejamos:

Esse conjunto de coisas erradas teve inicio em 2002 com o “lulismo” e suas ações populistas destemperadas - e fora de qualquer razão minimamente aceitável - implementadas por um grupo que aparelhou o Estado brasileiro de tal forma que conseguiram aquilo que parecia impossível, falir a Petrobrás, até então a quarta maior companhia do mundo, hoje é a sexagésima. Não satisfeitos, partiram para a segunda etapa de seu projeto de poder, dissecar completamente as nossas reservas$$, usando para isso a velha receita de superfaturar obras em conluio com as grandes empreiteiras.

Um exemplo desse escárnio pôde ser visto na transposição do Rio São Francisco onde por cada saco de cimento, o governo pagou 120.00 (preço de mercado à época era 15.00) segundo apurou o TCU. E houve casos ainda mais aberrantes, como comprar 50 carros da Nissan - para os Ministérios - que à época custava cerca de 105.000,00 a unidade, o governo pagou 450.000, em cada um. Vai somando..

Como Lula não fez faculdade - acredito que nem o fundamental - estabeleceu que o seu governo seria conhecido como aquele que “transformaria” o país do ponto de vista educacional; deu bolsa para todo mundo que queria fazer um curso superior. Foi uma festa! Teve faculdade (particular é óbvio) que fazia feirão – tal qual aqueles de automóveis - aos sábados onde o interessado em fazer um curso superior fazia o vestibular na hora (na verdade uma redação onde respondia como foi suas férias) e era automaticamente aprovado. Logo após ele era encaminhado para a secretaria onde já estavam os funcionários da Caixa Econômica que davam entrada no Fies , independente do cidadão estar com o nome sujo, o pedido era aprovado na hora e esse individuo encaminhado na segunda-feira para uma sala de aula. Recebi muitos nessas condições, alguns mal sabiam ler. 

Quer saber a consequência dessa irresponsabilidade na gestão da coisa pública? Hoje menos de 40% dos alunos que foram beneficiados pelo Fies na época de Lula e Dilma pagam as mensalidades e, lógico, sobrou pra quem pagar essa conta? Advinha!? Recentemente o governo Temer restringiu o acesso ao Fies de tal forma que de cada 10 alunos que hoje buscam esse financiamento, menos de 3 conseguem. Com um detalhe; acabou a carência! O aluno começa a pagar assim que se forma. É o justo pagando pelos pecadores. Vai somando. 

Quando Temer assume em 2016 a desgraça já esta instalada. Entretanto, como no Brasil desgraça pouca é bobagem e nada é tão ruim que não possa ser piorado - Temer tratou de FUDER de vez a nação. Com uma politica fisiologista envolta por trocas de favores ele conseguiu misturar tudo com absolutamente nada. Temer não teve força politica para negociar com o Congresso com isso não conseguiu avançar com as Reformas estruturantes, não tem empatia popular, não tem a confiança do mercado financeiro, 90% dos brasileiros rejeitam seu governo e, por último, foi acusado de cometer vários crimes contra a administração pública: como receber propinas da JBS, das empreiteiras, de manter contas em paraísos fiscais etc... (mas tem uma mulher bonita). 

Para piorar temos um Estado inchado e ineficiente, que gasta mais que arrecada, São mais de 27 mil cargos de confiança somente na administração direta, se somarmos a isso a indireta chegaremos fácil a 50 mil pessoas que, mesmo sem qualquer mérito, são nomeadas para exercer cargos cujo salário médio gira em torno de 13.500,00, Alie-se a essa obra prima, mais de 30 ministérios, alguns sem qualquer razão de existir, acrescente as regalias em todos os poderes: como motoristas particulares, seguranças, cartão corporativo, jatinhos da FAB para alguns figurões, passagens aéreas, diárias milionárias em hotéis de luxo para participarem de Congressos que nunca existiram enfim... coisas jamais vista em qualquer nação decente, e isso aniquila com toda a arrecadação. Segundo economistas renomados, pelo andar da carruagem, em três anos tudo o que esse governo arrecadar só será suficiente para pagar a folha “inchada” de pagamento.

E continua....Segundo dados do próprio Governo Federal, O Brasil tem hoje quase 30 milhões de desempregados (me refiro aqui a emprego formal). Isso mesmo, 30 milhões de desempregados; isso equivale a uma Argentina inteira sem emprego, isso jamais foi visto em nossa historia. Para você que não tem noção do que isso acarreta ao Brasil, vou tentar ser mais claro: Com esse número de desempregados qualquer país se torna inviável, pois nenhuma nação sobrevive com quase 1/3 de sua Mão de Obra Produtiva sem trabalho, isso inviabiliza qualquer possibilidade de reaquecer a economia. Por quê? Quem não trabalha não compra, logo a economia não aquece, isso trás mais desemprego e esse circulo vai se tornando cada vez mais vicioso. Com isso os investidores internacionais “vazam”, o país perde credibilidade perante as agências de risco, o dólar sobe, os preços sobem e a inflação volta. 

Calma que não acabou: junte-se a esse circo de horrores o déficit da Previdência (INSS) que esse ano deve ultrapassar os 180 bilhões. Então vamos lá, façamos uma continha básica: o governo federal tem uma arrecadação anual da ordem de 2 trilhões, desses, 10 a 12% por cento ( cerca de 200 bilhões) tem que ser transferido ao INSS para conter o rombo, 1, 3 trilhão vai para manter a máquina pública e 800 bilhões transferidos aos Estados e Municípios a título de FPM e FPE. Percebam que a conta não bate e o pior, não sobra nada para investimentos. Isso tudo num país onde 1/4 de sua força produtiva está sem trabalho, com isso não arrecadam para o INSS, (e nem pra nada) isso implica num aumento do déficit. Como esse déficit cresce em progressão geométrica, e o governo arrecada cada vez menos, por uma questão de lógica podemos deduzir que é uma questão de tempo para o Estado brasileiro ir a falência e não conseguir mais pagar sequer aposentados, estenda isso aos quase 1,5 milhões de servidores públicos federais fornecedores e demais órgãos da administração pública e Pronto, chegamos ao caos absoluto... 

A ultima pá de areia na cova do Brasil foi dado essa semana pelo caminhoneiros, a greve proposta por esses profissionais, que levou o pais ao colapso em apenas uma semana, é apenas uma, entre muitas demandas reprimidas que podem levar esse pais ao caos absoluto. Temos ainda os militares das forças amadas que ate agora não deram o grito, mas é uma questão de tempo; professores das universidades federais, que estão nas mesmas condições dos militares; a rede de saúde pública que também esta sucateada entre outros setores da administração publica. 

O que o povo precisa entender é que o Estado não produz renda , ele não faz parte de nenhum seguimento da economia, vive única e exclusivamente dos impostos que ´pagamos que, em tese, deveriam voltar como benefícios para toda a nação. Mas aqui estou me referindo a Finlândia, Dinamarca que são países sérios, no Brasil somos diferentes, criamos o chamado “jeitinho brasileiro” , em suma, temos o pior, mais caro e ineficiente politico do mundo e alguns partidos que se instalam no poder com um único objetivo: expropriar o erário. 

A Petrobrás, (sob a égide de Pedro Parente e a aquiescência de Temer) adotou em julho de 2017 uma politica de preços atrelada ao capital estrangeiro, cujo o único objetivo é o lucro dos seus acionistas. Em nenhum momento o senhor Pedro Parente pensou no Brasil. Aliás, ele é um Tecnocrata, um homem de negócios, é sócio de um grande Banco, foi diretor da Bovespa é um neoliberal convicto, para ele Adam Smith é Deus e Milton Friedman Jesus. Esse senhor tem um mérito, pegou uma Petrobrás falida pelo PT, com uma valor de mercado da ordem de 67 bilhões de dólares e uma dívida de quase 1 trilhão e a elevou ao patamar de 350 bilhões de dólares e uma divida de 400 bilhões em apenas 1 ano e meio, tem seus méritos é um gênio dos negócios.

Se eu fosse um empresário contrataria o senhor Pedro Parente de de olhos fechados, o homem sabe recuperar uma empresa. Só uma questão senhor Pedro: a Petrobrás é uma empresa pública, é uma estatal, e não visa lucro e sim cumprir com sua função social Quem adquire seus ativos (ações) sabe do risco que corre se o país precisar intervir, como na situação que presenciamos agora. 

Eu gostaria, senhor Pedro Parente, que Vsa. explicasse a nação o acordo da ordem de 3 bilhões que acaba de fechar com acionistas americanos - que acionaram a PETROBRAS na justiça daquele país por perdas em 2016- para que retirem as ações da justiça? Eu gostaria, senhor Parente, de entender como o senhor fez uma renúncia fiscal de 40 anos em benefício das petroleiras internacionais como Shell, Chevron, Bhp, Texaco, entre outras para explorar petróleo aqui no Brasil? Eu gostaria, senhor Pedro Parente, que o senhor esclarecesse a nação como pode a Petrobrás ter um custo de insumos da ordem de 0,93 centavos por litro de Diesel e revender nas suas refinarias a 2,51 o litro, o que proporciona um lucro de mais de 269% por litro? E por último senhor Pedro Parente, explique a nação brasileira como pode a Bolívia, o Peru e o Paraguai comprar nosso combustível e revender em suas bombas a 1,20 o litro? E os caminhoneiros que são intransigentes? 

Cuidado senhor Pedro Parente, sempre que assumimos uma postura demasiadamente tecnocrata corremos o risco de assinar um Atestado de Burrice Estratégica e, ao fechar os olhos aos gritos que vem da rua V.Sa se assemelha a aquele oficial francês que durante a Revolução Francesa (1779-1789) ignorou os manifestantes que cercavam a Bastilha com gritos de ordem, enquanto ele lançava em seu diário:"dia normal, noite normal, apenas uma meia duzia de arruaceiros gritando aqui na frente mas nada atrapalhasse o bom andamento do serviço" . Ao meio dia sua cabeça estava na ponta de uma lança de um desses manifestantes.

Sem dúvida nenhuma, o saudoso maestro  Tom Jobim estava coberto de razão: " O Brasil não é para principiantes"


"isso tudo eu alertei aos meus alunos de psicologia em 2013, basta pesquisar nesse blog"



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quarta-feira, 16 de maio de 2018

ENEM 2018- A criação do Estado de Israel

A CRIAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL E AS TRÊS VERSÕES.

Por Alacir Arruda


Em 1948 ,  esse ano completa 70 anos, um grupo de diplomatas, sob comando do brasileiro Osvaldo Aranha, se reuniram  na recém criada ONU para deliberar sobre a criação do Estado de Israel, o que talvez esses senhores não imaginassem, ou até imaginasse mas ignoraram, era o problema que estavam criando.  Após sua criação, em 14 de maio de 1948, Israel foi atacada no dia seguinte por seus vizinhos Egito, Líbano, Síria e Arabia Saudita que saíram em defesa dos Palestinos que ali habitavam há mais de dois mil e foram obrigados a ceder suas terras aos recém chegados judeus. Bom até ai todos aqueles que, minimamente, estudaram um pouco de historia contemporânea sabem. De lá pra cá Israel ampliou seus territórios, se tornou uma potência econômica e   cientifica e hoje possui os segundo melhor exército do mundo, atrás apenas dos USA, além do Mossad, considerado o melhor serviço  secreto do mundo, responsável pela prisão de todos os oficiais nazistas que fugiram da Alemanha pós 1945:  mas o que há por trás da criação do Estado Judeu?

Alem, é obvio, dos interesses políticos, uma vez que Israel se tornou o principal aliado dos USA numa região que é a maior produtora de petróleo do mundo e que odeia os americano, existem outros fatores que explicam tal fato histórico, lógico que nenhum justifica a carnificina que Israel pratica até hoje contra os Palestinos, um deles é o sionismo.



O Sionismo é um movimento político e filosófico que defende o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado judaico independente e soberano no território onde historicamente existiu o antigo Reino de Israel.   O sionismo também pode ser considerado como uma reação ao crescente assimilacionismo provocado pela integração dos judeus da Europa Central aos povos e comunidades onde se encontravam estabelecidos, o que, segundo os críticos, solapava as bases culturais e religiosas fundamentais do judaísmo tradicional.  considera-se que o "Pai do sionismo" tenha sido o jornalista e escritor austríaco Theodor Herzl, autor do livro Der Judenstaat (O Estado Judeu).

Porém o Estado de Israel de hoje é uma das maiores farsas da história! Pois estes judeus de hoje são na verdade judeus de origem europeia chamados judeus Asquenazes ou asquenazim (do hebraico אַשְׁכֲּנָזִי "ashkenazi"; plural אַשְׁכֲּנָזִים ashkenazim) é o nome dado aos judeus provenientes da Europa Central e Europa Oriental.

No século XX, o escritor Arthur Koestler, em seu livro A 13ª Tribo (1976), retomou a antiga teoria de que os judeus asquenazim seriam descendentes dos cazares que abandonaram suas terras, fugindo às devastações perpetradas pelos mongóis, afinal refugiando-se na Europa Oriental, principalmente nos atuais territórios da Polônia, Hungria e Ucrânia, isto é, nos territórios mais afetados pelo extermínio nazista, que por sua vez também foi uma tramoia planejada pala elite global para a criação do Estado de Israel.

O Livro "A Invenção do Povo Judeu". Best-seller do historiador israelense Shlomo Sandem, traduzido para 21 idiomas, defende que não há uma origem única entre os judeus espalhados pelo mundo. A versão de que um povo hebreu foi expulso da Palestina há 2.000 anos e que os judeus de hoje são seus descendentes é, segundo Sand (Autor do Livro), um mito criado por historiadores no século 19 e desde então difundido pelo sionismo.

"Por que o sionismo define o judaísmo como um povo, uma nação, e não como uma religião? Acho que insistem em ser um povo para terem o direito sobre a terra. Povos têm direitos sobre terra, religiões não".  Ele compara: até meados do século 20, "a maioria dos franceses achava que era descendente direto dos gauleses, os alemães dos teutões e os italianos, do império de Júlio César". "São todos mitos", afirma, "que ajudaram a criar nações no século 19".

Os judeus não são uma nação até à criação de israel. Tratava-se de diferentes povos, diferentes etnias e culturas espalhados pelo mundo. Em comum tinham uma religião, sequer falavam a mesma língua, hoje a língua falada não é o hebraico e sim a língua iídiche. Israel é um estado artificial criado em 1948 pela ONU, ou seja pelos países dominantes, notadamente por influência dos Estados Unidos e da Inglaterra. 

Ora, o estado de Israel é uma farsa que foi jogada goela abaixo do mundo.

Os Estados Unidos e a Inglaterra criaram a fraude da imigração judia para a Palestina para lá estabelecerem seu posto avançado, Israel. Para tanto, internamente, tiveram apoio financeiro e político dos judeus fundamentalistas. 

Usando o dinheiro e a mobilização dos fundamentalistas, e pensando num interesse nada religioso, a Inglaterra e os Estados Unidos financiaram a imigração de judeus para a palestina e criaram os grupos terroristas. "De fato, em 1918, a Palestina tinha 700.000 habitantes: 644.000 árabes (574.000 muçulmanos e 70.000 cristãos) e 56.000 judeus." "Em 1939, já são mais de 445.000 e em 1946 atingem o número de 808.230 de um total de habitantes da Palestina respectivamente de 1.500.000 e de 1.972.560." 

Como a Inglaterra passou a cogitar a divisão da Palestina para árabes e judeus, os GRUPOS TERRORISTAS JUDEUS Haganá, Irgun e Stern passaram a atacar não mais os árabes apenas, mas também os ingleses, e buscaram apoio nos Estados Unidos.  Já em 1948 houve a resolução 181 que criava 2 países, um árabe e um judeu. Com a retirada das forças britânicas, houve a guerra, e Israel, apoiado pelos Estados Unidos, derrotaram os árabes. A ONU se calou sobre isso. A maior parte da população da palestina, nativa, virou refugiada em seu próprio país. 

Segundo alguns teólogos renomados,  professores de grandes universidades,   os Judeus  mudaram a verdade  bíblica  em uma   mentira politica, adorando e servindo a criatura, em lugar do Criador. Para alguns ortodoxos críticos do Estado de Israel o hexagrama é formado unindo-se o Triângulo da Água com o Triângulo do Fogo, formando a estrela de seis pontas, que estampa a bandeira israelense, também conhecida como Selo de Salomão. Esse símbolo é também chamado de Estrela de Davi, o símbolo nacional de Israel . Para a autora maçônica Mary Ann Slipper, escrevendo em O Simbolismo da Estrela do Oriente, 1927, faz a mais reveladora admissão, quando diz, “A estrela de seis pontas é usada na obra maçônica e também é encontrada em outras ordens secretas.

Não estou aqui querendo tomar parte nesse conflito que  persiste a séculos, porém não acho justo a forma como os meios de comunicação ocidental tratam de forma geral os palestinos,  que, não raro,  são vistos como: terroristas, extremistas e preguiçosos. Meu interesse  é apenas informar e dizer que as coisas nem sempre são o que aparentam, como já disse um alguém a muito tempo: "toda disputa tem sempre três versões: a  sua, a  do seu oponente e a verdade". E  como dizia George Orwel: " Em épocas de mentiras universais, dizer a verdade é uma ato revolucionário".


Fontes de consulta: -A invenção do povo Judeu - Shlomo Sandem
                                     -Wikipedia



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sábado, 12 de maio de 2018

Fim do Foro Privilegiado.

FIM DO FORO PRIVILEGIADO: PIADA DE MAU GOSTO!

Por Alacir Arruda

Como eu gostaria que o tema da Redação do ENEM 2018 fosse "O fim do foro privilegiado" , só  para ver como esses 6.5 milhões que inscrevem todo ano iriam se virar... Mas o governo federal é canalha , e manda no INEP, logo, a hipótese desse tema cair é zero. Depois de meses de espetáculos na mídia, lobismos e muita coisa escusa que deve ter rolado por baixo do pano, enfim, o Supremo aprovou o fim do Foro Por Prerrogativa de Função, conhecido popularmente como Foro Privilegiado. Mas e ai? Há algum motivo para comemorar? Se você - leitor - tivesse que fazer agora uma redação sobre esse tema quais seriam seus argumentos na dissertação, e a proposta de intervenção? Olha,  posso até estar enganado, mas menos de 10% da população brasileira tem noção  da desgraça para a nação que foi essa votação. Não que eu seja a favor do foro, mas que os políticos, sobretudo aqueles que estão em vias de irem para a cadeia,  fizeram uma jogada de mestre, isso fizeram. No xadrez chamaríamos de Check Match.

Me perdoem os vocábulos a seguir, mas não  achei outros  adjetivos que se ajustassem melhor a essa situação : na verdade tudo não passa de uma tremenda sacanagem! Uma mentira das mais deslavados, tudo um faz de conta, traidores desleais, desumanos. Os parlamentares brasileiros estão entre os piores seres da espécie humana;  saqueadores, roubadores, ladrões,  genocidas, assassinos de uma sociedade que agoniza por falta saúde, por emprego e renda, moradia, justiça social e jurídica; - quantos brasileiros estão tendo as suas vidas ceifadas por conta da conduta perversa desses  parlamentares, aliados a grandes empresários? –Juntos constituem-se em tiranos dos mais cruéis, homens desleais, desumanos putrefos no proceder.  Ufa!!!!

Os últimos governos que tivemos e o atual mostram o quanto os nossos políticos são implacáveis na sua ganância pelo dinheiro e pelo poder – roubam de alimento de crianças à fundos de pensão e aposentadoria de idosos. O que há de mais covarde e abominável na atitude desses indivíduos - é que não há neles nenhum tipo de remorso, nenhuma sensibilidade, ou qualquer consideração ou respeito em relação a seus semelhantes – cujo, a ambos crianças e idosos não poupados da sua ganância deles; são brasileiros, os quais se encontram em fases da vida de total fragilidade, vulneráveis - não dispõem se quer, de forças para se defenderem ante a um ato de extrema e incomensurável covardia. – Pergunto: a que, ou aquém podemos comparar esses homens públicos, os quais são denominados e intitulados representantes do povo?

Mas vamos a  farsa do fim do foro.

Peguemos como exemplo o senhor Aécio Neves, mas poderia ser qualquer outro. Hoje ele é réu em varias ações no supremo, mas seria julgado em breve por atos de  improbidade administrativa ( roubar)  quando era governador de Minas Gerais, com  aprovação do fim do foro, todas as acusações contra ele,  desse  período em que governava Minas, serão encaminhadas para a 1 instância daquele Estado. Conhecendo a morosidade da  nossa justiça  e, levando se em conta que ele pode usar toda sorte de recursos a seu favor  garantidos aos réus de 1 instancia, sendo otimista Aécio cumprirá a sua pena,  por volta de 2040, se estiver vivo. Isso não aconteceria se o foro fosse mantido, visto que,  uma vez julgado pelo Supremo não há recurso, é de lá  direto para a cadeia. E esse exemplo pode estendidos  a todos que estavam na mesma situação que a dele, como  Renan, Jucá, Moreira Franco entre outros. Será que estão felizes os meninos??!

No momento atual que se vive no Brasil, evidencias, provas de investigações gravações as quais mostram categoricamente a verdade dos fatos, o mal proceder daqueles que ocupam os mais altos cargos nos poderes constituídos do governo brasileiro; - refiro-me aos poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Então, o que vemos nos presidentes desses três poderes é uma conduta reprovável, abominável, que não condiz com a ética, com o direito, com o lícito e com a moralidade, a qual a gestão desses cargos exige daqueles que os ocupam, deveriam ser cidadãos de conduta ilibada à frente dos poderes que regem o governo de um país .

Ao  contrário, são os lideres dos nossos poderes  os maiores promotores de toda à sorte de corrupção: suborno, propinas, compra de votos, roubos e desvios de verbas do dinheiro público, injustiças e opressão. - Esses males, encabeçados pelo tumor da corrupção, gera e favorece o surgimento de uma infinidade de outros males que assolam a nossa sociedade sobremaneira, e assim, conduzem esse país a uma desordem extrema, já à muito –insuportável. 

Os nossos governantes estão nos levando a falência de princípios como: boa conduta, ética, moralidade, honestidade, integridade, respeito a dignidade, e o pior, estão empenhados a tudo custo para levar a falência a nossa esperança, pois, o povo brasileiro não esboça mais nenhuma motivação para confiar e acreditar em nossas autoridades, não vislumbra nenhum horizonte de dias melhores, com essa corja de corruptos e corruptores à frente do poder e das nossas instituições, pois, estes governam e legislam para se protegerem e se blindarem de seus crimes, um verdadeiro favorecimento da impunidade e a criminalidade deliberada de ricos e poderosos .

Categoricamente o que há hoje, e se estabelece em nosso país é um governo dos maus. Mas, uma coisa eu lhes garanto cidadãos - se esses algozes, avarentos e assazes pela ganância ao dinheiro, - não pagarem por seus crimes aqui - e não se arrependerem, e não se desviarem do mal caminho em que andam semeando tais injustiças, opressão, promovendo genocídios em meio a nossa sociedade, que está sendo massacrada. Certamente eles pagaram no inferno, está escrito nas palavras do justo juiz. - Aquele não se corrompe, nem se pode corromper, e que não aceita suborno. - Esses homens tem uma contenda com Deus; - e não há algo que seja mais terrível, quando o homem se faz e se torna inimigo do próprio Deus.

- Todos que me conhecem sabem da minha ojeriza a qualquer tipo de religião ou dogma, mas como todos os nossos políticos, ao contraio de mim, se dizem homens de fé, são religiosos, amam a deus, pregam o amor, alguns são ate pastores  e padres, enfim, são espiritualmente, bem mais evoluídos que eu,  há em Isaías, uma passagem que assim diz:

“Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem leis de pressão, para negarem justiça aos pobres, para arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo, a fim de despojarem as viúvas e roubarem aos orfãos!” Isaías 10:1.

Para  você , religioso ou não,  isso não é  a mais absoluta verdade?! -É dessa maneira que temos visto o governo brasileiro proceder nas suas três esferas do poder em relação à nação brasileira? - A citação bíblica acima revela uma verdade viva e incontestável, - a não ser pela teimosia dos nossos bravos políticos. O cinismo dessa corja esta ai, se mostra visível aos olhos de todos,  Quero ainda evidenciar que os  culpados por essa situação, não estão somente no poder, mas em meio à própria população, que já aceitou e incorporou esse modelo corrupto de governar e que faz da política uma moeda de troca de favores, desde o momento em que digita o seu voto na urna. Eu já vi de tudo em politica, mas nunca vi politico sem voto, logo, para estarem lá alguém os colocou.  Agora é fácil se esquivar,  se fazendo de  rogado quando a casa cai, é bem mais cômodo.


Os nossos parlamentares tentam  maquiar  a realidade dos fatos, buscam a todo custo se camuflarem. No atual momento de efervescência da ética na política nacional, querem vender essa mentira na mídia, onde os ancoras que apresentam determinados telejornais não rejeitam, não contestam a essa palhaçada a qual chamam de fim do foro privilegiado; e noticiam: “Senado aprova o fim do foro privilegiado a políticos” - mentira da grossa, maquiagem que logo se desbota com o desenrolar da matéria, quando os repórteres começam a evidenciar a farsa e afirmam: “os presidentes dos poderes estão fora dessa medida” - e pior, é quando eles começam a informar e detalhar o remoto enquadramento de parlamentares e supostamente os crimes que dificilmente os levaram a serem enquadrados e/ou punidos pela medida que é na verdade, um faz de conta. –É Algo que nos causa nojo, vergonha – cada vez mais temos vergonha de ser brasileiros por conta desse sistema de governo dominado por corruptos. Temos vergonha até de viajar para fora do país e dizermos que somos brasileiros – receber do anfitrião a seguinte interjeição - interrogativa: -Aaahh! Você é brasileiro?! – Entendeu? - mesmo sendo um cidadão integro - você é exposto à vergonha, à desconfiança de ser considerado como mais um possível desonesto ou corrupto, simplesmente por ser brasileiro.

- Não é mais suportável aceitar essa classe abominável no governando do país, da nossa nação! - Muda Brasil! – É tempo e hora de mudança! Não podemos mais aceitar, é inconcebível a possibilidade de ouvirmos a repetição dessas expressões: -Saí ladrão, entra ladrão! E pior: - A volta ladrão! Ou então: Ruim com esse, pior sem esse! É hora de darmos um basta nessa conduta deplorável.

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sexta-feira, 11 de maio de 2018

For you my Brother

PARA MEU IRMÃO....


Sabe, meu maninho Altair? Você sempre foi o melhor de nós. Talvez por isso ainda seja tão difícil de acreditar e aceitar a sua partida. Aos 47, eu já devia ter aprendido que a vida não é feita de justezas. Mas sua morte  dói. Dói todos os dias.

Passei os últimos 1 ano e meio pensando e tentando entender o porquê das coisas. Uma dessas inquietações é saber qual o significado da morte. Existem muitas interpretações, Altair. a Filosofia Budista  falava do riso e de ser zen para a morte, porque a vida e a morte não estão separadas. Tudo o que é a sua atitude perante a vida será a sua atitude para com a morte, porque a morte vem como o florescimento final da vida. Buda  dizia que a morte não é o fim, mas o ponto culminante, o crescendo. Que a morte não é a inimiga, é a amiga, já que ela torna a vida possível. Por isso só agora tive coragem de escrever.

O filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard falava da angústia e do desespero, mas ele dizia também de algo que parecia complementar olha:  Você pode sair ferido, mas essa é a única maneira de viver a vida completamente.

Isso tudo resume bem o tipo de vida que você levou  meu irmao. Repleta de riso e amor profundo por todos. Não sei se você viu, Altair, mas muita gente estranha também sentiu muito. Quando te visitei no Pronto Socorro vi um enfermeiro  rezando do lado da tua cama me mandou mensagem no meu celular depois. Teve também o motorista da ambulância do Samu  que veio te ver depois do expediente, dizendo que não tinha nem conseguido dormir entre os socorros, algo que fazia com frequência, mas o seu foi diferente.  Como não se comover com demonstrações assim?

E a homenagem que seus amigos do trabalho lhe fizeram, você estava em coma, mas  viu que bonito, maninho? Todos entraram juntos com uma faixa e uma coroa enorme de flores. Eles te conheciam há 18 anos e  eram apaixonados por você. Como você era foda, mano.

As 4:30 da madrugada do dia 21 de setembro de 2016 sua moto lhe traiu e o meio fio não lhe perdoou. Ate hoje não sei o que houve pois ninguém presenciou, mas prefiro aceitar o acaso e as explicações dos competentes paramédicos do Samu.  As 6:00 da manhã alguém veio me acordar. era nosso irmão caçula, o toninho, me trazendo a trágica noticia. Confesso fiquei sem chão, olhei para ele e me lembro que só saiu uma pergunta:  por quê? A partir dai acompanhei seu sofrimento entubado numa U.T.I por quase 60 dias se qualquer perspectiva de melhora,  ate que o dia 13 de novembro chegou e você partiu, partiu quietinho como sempre foi em vida

Maninho tem uma banda argentina que gosto muito chamada El mato a un policia motorizado. Eles sempre abrem o show com uma música bem curtinha chamada El magnetismo . Olha o que ela diz:

Quién te va a cuidar? (Quem vai cuidar de você?)
En este mundo peligroso tenemos que estar juntos. (Neste mundo perigoso temos que estar juntos)
Quién detendrá a la turba iracunda si no estoy con vos, nena? (Quem vai conter a multidão furiosa se não estou com você, baby?)
Con este magnetismo que sigue bajando, nena. (Com esse magnetismo que segue caindo, baby)

Ainda é difícil de acreditar, maninho.

Lembra de quando eu ainda era sargento do exercito com 22 anos e disse, brincando, que você jamais me passaria na altura? É,  eu não estava errado afinal cheguei aos 1.90 e você parou nos 1,75 e isso virou graça entre nós. E as nossas violadas na conveniência do posto Pan-Americano  aos sábados depois de meio dia, quanta moda tocamos? Eu você e seu eterno amigo Etevaldo, alias,  como ele chorou em sua campa. Foi la que ele me disse uma coisa que você o havia confessado em vida, o quanto me admirava,  o quanto você tinha orgulho de mim e o quanto você confiava em mim. Oh..meu irmão, mesmo sem nunca ter dito isso a mim pessoalmente eu nunca tive duvidas. Te fiz ser Vascaíno como eu, a amar formula 1 como eu amo, quantas vezes acordamos de madrugada para não perder o Gp do Japão, lembra? Fomos testemunhas vivas dos três títulos de Nelson Piquet e nunca perdemos uma corrida de Senna, época boa maninho.

Eu poderia passar horas aqui relembrando tudo que passamos, até  uns causos impublicáveis e de uma infinidade de boas lembranças. Mas vou fazer isso da maneira como você preferia: pessoalmente, rodeado de amigos e de boas energias.

Pude acompanhar e compartilhar desde muito cedo do seu amor pelos motores, alias você era um gênio da mecânica, games. Então quero que saiba que tenho orgulho demais de você, maninho. De tudo que você realizou, desse legado que você deixou, três lindos filhos todos amparados. Orgulho desse irmão foda que você sempre foi, desse filho maravilhoso para nossa mãezinha, que não tem mais de onde tirar lágrimas, bom  pai, amigo incrível para todos. O melhor de nós, sempre.

Nesses seus 40 anos de vida anos pude aprender muito contigo, especialmente sobre esse seu jeito de levar a vida sempre de bom humor, enxergando graça nas coisas – mesmo com as porradas que a vida nos dá. As pessoas sempre dizem que precisamos traçar metas, essas coisas todas. Sabe qual é hoje a  minha, maninho? Chegar o mais perto possível disso tudo que você representou para todos.  - Logo estaremos juntos. amo-te

Vou encerrar com clip da musica que você mais gostava, você era fã da banda IRA e dessa musica "Vida Passageira".. É uma letra fascinante e ate parece que você sabia que iria partir.





ENEM 2018 - 2001 - Uma Odisseia no Espaço

OS 50 ANOS DE 2001 - UMA ODISSEIA NO ESPAÇO.

Por Alacir Arruda

Os amantes da sétima comemoram em 2018 os 50 anos de lançamento do filme que é considerado por muitos "a maior obra de cinema ate hoje feita", 2001 Uma Odisseia no Espaço de Stanley Kubrick. Essa  obra é considerada como um marco da ficção científica, adorado incondicionalmente por uma legião, mas também detestado por muitos. 

Aqueles que detestam o filme normalmente reclamam da lentidão da narrativa e do final lisérgico. De fato, a fita é lenta, quase parada e sim, o final não é dos mais claros. Mas, foi exatamente pensando nas pessoas que detestam 2001 é que eu finalmente decidi que tipo de enfoque eu daria para essa crítica. E ele é muito simples. Não tentarei explicar o filme, pelo menos não completamente (nem mesmo me atrevo a dizer que teria essa capacidade), mas sim focar meus esforços em convencer mesmo que uma só pessoa que tenha detestado 2001 a dar outra chance ao que Kubrick fez juntamente com Arthur C. Clarke. Soou prepotente? Bom, talvez seja, mas prometo que só tenho as melhores intenções. 

2001 – Uma Odisseia no Espaço foi lançado em 1968, pouco mais de um ano antes do primeiro homem colocar os pés na Lua. Assim, mesmo como mera curiosidade, o filme é extremamente interessante, pois Kubrick, com a forte ajuda do saudoso escritor e “futurista” Arthur C. Clarke (que tirou a ideia base de seu conto The Sentinel, publicado em 1951), faz algo muito próximo da realidade. O resultado é uma aula de como nós, os seres humanos, nos comportaríamos no espaço, sem invencionices, sem explosões e sem raio laser. O que vemos e ouvimos é o espaço silencioso, com sequências longas e lentas exatamente como devem ser na realidade. Há um tom documental evidente em 2001 que é absolutamente fascinante. 

E isso é claro em diversos detalhes: o voo comercial da PanAm para a Lua, com um pit stop em uma estação espacial, a falta de gravidade, a comida espacial, a inteligência artificial, as roupas dos astronautas, as naves espaciais. Apesar de Kubrick e Clarke terem “errado” o ano em que todas essas maravilhas aconteceriam, parem um pouco e pensem que todas elas estão logo ali, na esquina, prestes a acontecerem e quase exatamente como eles colocaram nas telas. 

Mas vamos “rebobinar” um pouco o raciocínio. Uns quatro milhões de anos pelo menos. Pois é nesse momento, na Aurora do Homem, que o filme começa. Kubrick nos presenteia com imagens naturalistas de câmera parada da savana africana ao nascer do sol. De repente, somos apresentados a uma pequena tribo de hominídeos convivendo com antas, sendo atacados por leopardos e comendo o que está disponível ali na terra, provavelmente larvas e coisas do gênero. São seres em harmonia com a natureza, muito longe do topo da pirâmide evolucionária. A tribo é, então, hostilizada por outra, que pretende tomar posse do local, já que lá há uma preciosa fonte de água. A tentativa fracassa, mas os invasores não desistem muito facilmente. 

Outro dia amanhece e a tribo acorda com algo que chama muito sua atenção e, como um choque de mil volts, Kubrick chacoalha o status quo da película. É a primeira aparição do imponente monólito negro. Sua geometria perfeita contrasta fortemente com o ambiente ao redor e os hominídeos, primeiro com medo, passam a se aproximar do objeto e a acaricia-lo. 

Depois, já acostumados com o visitante inesperado, vemos uma sequência que talvez seja a mais linda já filmada: um hominídeo evolui e se “transforma” no Homem. Aquele ser observa uma carcaça de ossos no chão e, aos poucos, muito hesitante, pega um dos ossos mais robustos e começa a bater no chão e nos demais ossos. É a primeira vez que uma ferramenta é usada por ele ou por qualquer outro ser. Acabou a fome da tribo, pois as antas são abatidas para alimentá-la e, quando a tribo inimiga invade o território novamente, o osso é usado como ferramenta de dominação, marcando a tribo vencedora como a que, em alguns milhões de anos, tomaria o planeta Terra. 

Se esse momento não o mover, não o fizer quase que derramar uma lágrima, nada mais fará. É, literalmente, o nascimento do Homem. E o que ele faz ao nascer? Ora, ele usa um instrumento de violência e morte, instrumento esse que, em uma brilhante transição, se transforma em um satélite militar orbitando a Terra. Será que somos definidos por nossa habilidade de ferir e matar? 

E nossas ferramentas tomam de assalto o filme, quando, no terceiro ato, somos jogados para uma missão espacial batizada de Júpiter, que tem como objetivo investigar uma mensagem de rádio enviada par o planeta gigante pelo segundo monólito, dessa vez escavado na Lua. É nessa missão que somos apresentados a Dave Bowman (Keir Dullea) e Frank Poole (Gary Lockwood), os pilotos da gigantesca nave em formato de espermatozoide (não por coincidência, que fique claro) que singra o espaço. Mas, mais importante que isso, somos apresentados a HAL 9000, a inteligência artificial que comanda a nave e o precursor cinematográfico de Ash, Joshua, Skynet, a Matrix, Tron e diversos outros computadores com vontade própria. 

Mas HAL é o mais humano dos personagens nessa parte do filme. Dave e Frank é que são os robôs. Insensíveis, completamente imutáveis e com expressões faciais fixas. HAL tem medo da morte e faz de tudo para sobreviver. Isso não é muito mais humano do que as ações que vemos ao encargo dos seres biológicos que transitam pela nave? É o instrumento humano – que começou lá com aquela ferramenta de osso – tomando o lugar do Homem. 

Mas e o Homem, para onde ele vai então? É aí que entramos na quarta parte do filme, a chamada “viagem lisérgica”. Há dezenas de interpretações possíveis e todas elas muito boas. Há a interpretação de que esse é o próximo passo da evolução humana. Há a interpretação de que é o encontro do Homem com seu Criador. Há a interpretação de que é o Homem encarando sua mortalidade. Há a interpretação de que aquilo nada mais é do que um monte de cenas aleatórias montadas como se um filme fosse. 

Independente de sua interpretação – e Kubrick deixa isso muito em aberto, ainda que Clarke tenha tentando explicar tudo no livro que escreveu com base no roteiro – um fato permanece: 2001 – Uma Odisseia no Espaço é de uma plasticidade quase que incomparável. A direção de Kubrick, completamente obcecado com centralizações e simetrias (se você assistir repare como o foco do que ele quer mostrar está sempre no meio e como os lados esquerdo e direito são iguais), além de círculos (tudo, menos o monólito, é circular), nos transporta para um outro universo, um que precisamos desacelerar, diminuir nossa exigência por cortes a cada três segundos (ou menos) e por ação ininterrupta. É um universo em que devemos observar. Ir além da narrativa e verificar os detalhes. Apreciar como o design da produção dá soluções criativas para a falta de gravidade, como Kubrick usa – ou deixa de usar – o som, a música, para marcar os momentos. 

Se 2001 – Uma Odisseia no Espaço puder fazer com que cada um de nós pare para pensar e apreciar com vagar o que temos ao nosso redor, ele terá alcançado sua missão evolutiva. E, se eu conseguir fazer com que uma só pessoa dê outra chance a esse impecável trabalho de Kubrick, serei um crítico feliz - Palavras de Stanley Kubrick.


* Achei interessante publicar esse texto pois o INEP se utiliza desses factóides para construir a prova do ENEM, logo, seria interessante , quem vai fazer a prova prova, dar uma olhadinha nesse tema e assistir o filme. É longo e lento, mas fascinante.


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quarta-feira, 9 de maio de 2018

E o politicamente correto?

INTOXICADOS PELO "POLITICAMENTE CORRETO"

Por Alacir Arruda
Ta certo que já passei dos 40 anos, mas que esse mundo tá chato, isso tá! Quando eu era pequeno minha mãe sempre tentou me ensinar que deveria pensar muito bem antes de falar. Alguns amigos me acusam de não ter filtro entre o cérebro e a boca ou nos dedos,  já que agora grande parte de nossa comunicação é feita de forma escrita. Expressar-se tornou uma tarefa diária de diplomacia e para mim isso é fundamental. 
Hoje eu entendo os   conselhos da minha mãe, hoje eles  se tornaram muito mais importantes. Vivemos uma época que determinadas palavras se tornaram verdadeiros palavrões, temos de nos comportar de uma maneira esperada, proferir as opiniões apenas agradáveis aos outros, pois se não corremos um serio risco de sermos vistos como racistas, xenófobos, machistas, radicais, homofóbicos entre outros neologismo criados por uma sociedade que se perdeu - talvez intoxicados pela internet - em  "frescuras".  Hoje tudo é motivo para processos.
Na minha adolescência se o camarada falasse fino e quebrasse a mão, não tinha duvidas de que ele era  chamado de "Viado"  ou  "Bicha", e isso nada tinha a ver com preconceito,  tínhamos respeito por ele. Menina com comportamento masculino era chamada de "macho/fêmea"  ou "sapatão" e  nunca tive qualquer problema com elas. Como morava num bairro onde 90% eram negros eu tinha amigos com os seguintes apelidos: "Negão",  "Pretão" (que eram irmãos),  tinha ainda o "Meia Noite" e o 'Alemão",  todos negros, e continuam sendo  meus amigos ate hoje. Saímos juntos quando posso e nunca nenhum deles me chamou  de preconceituoso  por eu ser um ´pouco mais claro, ao contrário me tratam como irmão.  Hoje  em dia se eu ousar brincar com alguém nesses termos, vou em cana ou terei sérios problemas jurídicos é o tal do "politicamente correto" que o filósofo da Pondé chama de "censura moderna".
E o mais engraçado é que você pode ser acusado de coisas diferentes no mesmo dia e até de coisas que se confrontam. Pensemos juntos: se  uma mulher  chegar para alguma  amiga que entrou na moda da não depilação e falar “eu não gosto desta ideia, acho que depilação é uma forma de higiene”, bem  provavelmente ela será  acusada de estar corrompida pelos moldes sociais impostos às mulheres e vai escutar a tal frase: “moça, você é machista”. Mas se essa mesma moça chegar para um amigo e começar a falar sobre o direito da mulher sobre seu próprio corpo, acredite ela  vai se tornar a feminista mais radical na visão dele.
Durante o  governo Lula, em 2004, foi  lançada uma “Cartilha do Politicamente Correto”que vem sendo atualizada e ganhando outras versões pela rede. Na tal cartilha há palavras e expressões que segundo a autoria não se encaixam no falar “correto”. A primeira frase que, segundo a cartilha, é politicamente incorreta é “A coisa ficou preta”, pois “a frase é utilizada para expressar o aumento das dificuldades de determinada situação, traindo forte conotação racista contra os negros.” Ou então indo à letra B encontramos o termo “Barbeiro – O uso da expressão, no sentido de motorista inábil, obviamente é ofensiva ao profissional especializado em cortar cabelo e aparar barba.” 
Hoje o correto seria gritar: “vai lá motorista sem grandes aptidões ao volante!” Jamais barbeiro. . Mas será que vou estar ofendendo o volante?! Na verdade gritar, seja na rua, seja no transito, também não ´r  considerado  um comportamento aceitável. Ainda mais em um país feito para “Inglês ver”.  Pronto, ja fui  politicamente incorreto! 
Hoje, há uma superlativação dos fatos e, principalmente, de termos, mas a tal cartilha consegue levar isso ao extremo. Vou demonstra com um exemplo que acredito irá ficar muito claro, se é que já não ficou: “Comunista" – Termo utilizado até recentemente para discriminar ou justificar perseguições a qualquer militante de esquerda ou de causas sociais. Desde as revoluções que explodiram na Europa, no final dos anos 40 do século 19, e principalmente depois da Revolução Russa, em 1917, os adeptos do socialismo e do comunismo tornaram-se os principais alvos das polícias dos Estados liberais e dos propagandistas do capitalismo. Contra eles foram inventadas as piores calúnias e insultos, para justificar campanhas de perseguição que resultaram em assassinatos em massa, de caráter genocida, por exemplo, durante o regime nazista na Alemanha”.
Comunista para mim era a pessoa que tinha inclinações às ideias comunistas. Então, segundo o pensamento de tal cartilha, jamais poderei falar que tenho um amigo  anarquista – afinal os mesmos também sofreram perseguições por seus ideais e ainda sofrem – ou ainda, na ideia pregada pela tal cartilha sobre o termo comunista, toda vez que me dirigir ao meu querido  amigo la de Cachoeira Paulista, Guto Capucho, um professor de história extremamente questionador, um ativista (conhecidamente comunista), como “comuna”, estarei cometendo algo em detrimento à imagem dele?!
Temos de pensar se o politicamente correto na realidade não é uma forma de se viver os preconceitos de maneira velada, afinal se eu não falar, não expor os meus pensamentos, eu não ofendo o outro. Usar o bom senso para falar ou escrever é usual, mas o que estamos vendo é uma censura do tal politicamente correto. Não basta mudar a maneira de falar, mas sim a forma de agir, de pensar. Um país sem preconceitos não tem de ter cartilhas para se falar. Afinal quer algo mais preconceituoso que um negro vestido uma camisa escrita: 100% negro. Fico imaginando um branco usando uma  escrita:  100% branco,  como seria interpretado pela sociedade? É pessoal,  a coisa é mais complexa do que possa imaginar nossa pobre filosofia. De  uma coisa tenho certeza: preconceito,  ou qualquer forma de  extremismos,  só pode ser combatido com EDUCAÇÃO.  Por isso continuarei  chamando meus amigos de Negão e Pretão pois aprendi a respeitá-los antes de tudo.
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terça-feira, 8 de maio de 2018

MARX - 200 anos de uma lenda

KARL  MARX -  HÁ 200 ANOS NASCIA UMA LENDA.

Por Alacir Arruda

No último dia 5 de maio o mundo fez referência aos 200 anos de nascimento do autor com mais impacto na vida dos homens modernos: Karl Heirinch Marx. Nascido em 05 de maio de 1818 na pequena Trier - extremo oeste da Alemanha - Faleceu em 14 de março de 1883 em Londres. Marx demonstrou, desde muito jovem, uma forte tendência a quebrar paradigmas e uma liderança inata. Hoje, o comunismo inspirado nas suas críticas e ideias está em decadência e circunscrito a um país de apenas um bilhão e trezentos milhões de habitantes, a China, que ainda, de algum modo, reconhece-se no seu legado. Eu costumo dizer que nasci marxista, mesmo sem ter na, época, a minima ideia de quem era Karl Marx. O meu primeiro contato efetivo com suas ideias surgiu ainda no ensino fundamental, quando uma velha professora de história ( Profa. Ana Maria Delgado) me apresentou um livro chamado " O manifesto Comunista de 1848" - eu tinha 14 anos. É obvio que não entendi nada do que li, não tinha a menor ideia do era Luta de Classes, Mais-Valia e capitalismo selvagem etc.., entretanto uma frase do livro me chamou atenção" Proletários do mundo Uni-vos". Aos 17 anos eu já havia lido toda a sua obra, inclusive os três volumes de sua maior obra "Das Capitals" - O Capital..

Marx é uma daquelas figuras que fascina e sua leitura nos transforma de tal forma, que nunca voltaremos ao modo anterior. Ler Marx é compreender a ganância humana a partir de uma das suas piores face: "a exploração do homem pelo próprio homem". É evidente que seus críticos podem dizer que suas ideias eram utópicas e impraticáveis, respeito suas posições. Uma coisa é certa, estou velho demais para recomeçar discussões ideológicas do tipo: o comunismo é bom, o capitalismo é mal etc...Sobretudo hoje, num mundo polarizado e sem sentido onde qualquer idiota conectado a uma rede social expõe suas insanidades sem qualquer referencial e as ideologias, assim como meus heróis, morreram de overdose. Não posso, porém, deixar de reconhecer que um espectro ainda ronda o mundo. É o fantasma de Karl, o insubmisso. Mais do que prometer o paraíso futuro, Marx decodificou a engrenagem do capitalismo, que tratou de absorver parte da sua crítica para se manter. 

Poucos são os autores cujos nomes viram qualificativos. Quantos já viveram e morreram pelo marxismo? Quantos ainda se dizem marxistas? Quantos estudos marxianos? Quantas vezes o nome de Marx já foi citado por toda parte? Quem definiu com tanta precisão como ele um modo de produção, de vida e de organização social? “A riqueza das sociedades onde rege a produção capitalista configura-se em ‘imensa acumulação de mercadorias, e a mercadoria, isoladamente considerada, é a forma elementar dessa riqueza”. O capitalismo é o sistema onde tudo se torna mercadoria. Guy Debord, um dos seus discípulos tardios, escreveria, em 1967, uma síntese em tom de epitáfio para as ilusões socialdemocratas de muitos: “O espetáculo não canta os homens e suas armas, mas as mercadorias e suas paixões”. O espetáculo é o mundo como mercadoria.

Karl Marx é um nome que não produz indiferentes. Amado e odiado, venerado e conspurcado, continua a ser lido e discutido. Em seu nome foi construído um império, o soviético, e erguidos campos de concentração. Em seu nome se sonhou com a liberdade mais ampla possível e se praticou genocídio. Ele já estava morto. Na sua obra não se encontra autorização formal para tantos desatinos. O marxismo sempre quis ser ciência. É uma aspiração que sempre dividiu com a astrologia. O tempo das leis da história entrou em declínio. Salvo para aqueles que creem. As crenças são inabaláveis e prescindem da razão. A própria crença na razão absoluta vem sendo relativizada.

O intrépido Karl não perdoava a inação, criticava acidamente os filósofos de sua época: “Até agora os filósofos se preocuparam em interpretar o mundo de várias formas. O que importa é transformá-lo”. Os seus seguidores trataram de por as suas ideias em prática. Ou, melhor, em praticar transformações a partir das suas constatações sobre o funcionamento do capitalismo. O marxismo fracassou. O capitalismo jamais eliminou as misérias do mundo. Muitos marxistas alegam que os regimes ditos comunistas foram só deturpações das ideias de Marx. Capitalistas sustentam que só o liberalismo econômico completo pode resolver os problemas que ainda subsistem.

Max Stirner, contemporâneo de Karl Marx, desconfiava do comunismo e do capitalismo. Anarquista, disparava contra tudo e todos. Um exemplo: “O juiz está perdido se deixa de se comportar como uma máquina, se não tiver o apoio das ‘regras que servem para estabelecer a prova’. Se assim não for, ele tem apenas uma opinião como qualquer outro, e se decidir de acordo com essa opinião isso não é considerado um ato oficial; como juiz, ele só pode decidir de acordo com a lei. É caso para louvar os antigos parlamentos franceses, que examinavam eles mesmos o que era de direito e o faziam registar depois da sua aprovação. Esses, pelo menos, julgavam à luz do seu próprio direito, não se deixavam reduzir a máquinas do legislador, se bem que, enquanto juízes, tivessem de se transformar em máquinas de si mesmos”.

Uma verdade é  incontestável:   o mundo continua imbecil, liberais e marxistas ainda hoje praticam um jogo macabro: quem matou mais? O comunismo ou o capitalismo? Contas são feitas. Metodologias são empregadas. Para o pensador alemão Stirner eram dois sistemas escravizadores. A palavra “comunista”, como categoria da acusação, está novamente em moda no Brasil. Talvez tenha a ver com esta observação feita num clássico marxista, “A ideologia alemã”: “De fato, para o materialista prático, ou seja, para o comunista, é mister revolucionar o mundo existente, atacar e transformar praticamente o estado de coisas que encontra”. Nessa perspectiva, haveria duas “classes”, a dos que querem conservar e a dos que querem transformar revolucionando. Ou não?

Há quem queira transformar para conservar. Teriam Marx e Engels razão? “Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes, ou seja, a classe que tem o poder material dominante numa dada sociedade é também a potência dominante espiritual. A classe que dispõe dos meios de produção material dispõe igualmente dos meios de produção intelectual, de tal modo que o pensamento daqueles a quem são recusados os meios de produção intelectual está submetido igualmente à classe dominante”. Nunca é demais suscitar o debate. Talvez seja mesmo a tarefa mais importante numa época de polarização em que todos querem falar sozinhos. O que diria Karl Marx do marxismo praticado em 2018? Marx  entraria no Mc Donalds para fazer uma lanche? Bom, me atreveria dizer que sim, afinal, ele tudo, menos burro!


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segunda-feira, 7 de maio de 2018

ENEM 2018- A morte segundo Schopenhauer

A ESSÊNCIA DA EXISTÊNCIA É A DOR.

Por Alacir Arruda

Vou iniciar uma sequência de releitura de algumas obras  dos filósofos que admiro e que, costumeiramente,  são cobrados no  ENEM e ao final sempre deixarei um sugestão de leitura.  É evidente que eu não poderia começar com outro que não o meu filosofo predileto, o alemão Artur Schopenhauer. Nunca neguei aos meus alunos uma forte queda pelas ideias schopenhauerianas por considerá-lo o primeiro filosofo moderno a descrever as angústias humanas divorciadas de pensamentos míticos. 

Arthur Schopenhauer nasceu em Danzig -Alemanha- em 22 de Fevereiro de 1788 e  faleceu em 21 de setembro de 1860 em Frankfurt.  Seu pai, Heinrich Schopenhauer, era um rico comerciante, banqueiro, e conselheiro da corte – o que o fez, desde cedo, preparar seu filho para os negócios –, sendo ele um homem de grande integridade moral, porém, violento, segundo o filho. Sua mãe, Johanna Henriette Troisiner, era uma escritora popular, dotada de grande cultura. De acordo com algumas informações, a relação entre seus pais não era muito boa. 

A sua maior obra "O mundo como vontade e representação, foi publicada em 1818  e nao causou muito impacto no mundo acadêmico da época que vivia intoxicada pelas ideias de Hegel. Em 1844 Schopenhauer, ja conhecido pelo mundo acadêmico, publica a segunda edição dessa obra. Schpenhauer é o tipico caso de autor que só ficou famoso após sua morte.

A filosofia de Schopenhauer é fundamentada em uma filosofia da vontade que é o centro, a essência e a coisa-em-si do mundo. Todas as coisas são formas da objetivação da vontade, o princípio fundamental da natureza no perpétuo movimento de vida e de morte. A vontade é cega, arbitrária, tirânica e brutal, não possuindo nem um Deus que a controle, transformando o mundo em algo cruel, sendo responsável por todo o sofrimento do globo, que para Schopenhauer, são prévias da morte. Portanto, se a essência da existência é dor, a vida é então uma queda perpétua em direção a morte. 

Para falar da concepção e o conceito de morte em Schopenhauer é preciso primeiro esclarecer o que é Vida para ele. A existência do homem é vazia; e o homem se torna consciente de sua existência após um estado de não-existência como um perpétuo retorno, o chamado pêndulo metafísico. O tempo é então algo ideal à natureza humana, pois a idealização dele é a chave para qualquer sistema metafísico, de certo que, de cada evento que vivemos, é por um momento apenas que podemos dizer que este é; após isso devemos dizer para sempre que este foi; essa ilusão de que devemos aproveitar o dia – a idéia da frase “carpe diem” – logo se desfaz quando refletimos que aquilo que passará logo, jamais poderá merecer um esforço sério. Schopenhauer parte então do pensamento de Platão sobre o Éros: desejamos aquilo que não temos e quando temos, não desejamos mais; assim, a existência humana é marcada por um desassossego, sempre vivendo o presente e buscando um novo que supere o atual. 

Em um mundo onde nada é estável, a felicidade é inconcebível, onde nenhum homem é feliz e a vida é uma constante mentira por dar a ele a ilusão de felicidade, quando na verdade não passa de ser ausência da dor – que inclusive não dura por muito tempo. Por conseguinte, conclui-se para o filósofo que a vida humana é um erro e a existência em si não possui valor algum. Para ele, a vida só tem sentido se olhada de longe, ou seja, superficialmente, pois se nos aprofundarmos em conhecê-la, veremos que esta é desprovida de sentido e beleza. A vida, é dor; quem desejsofre; e quem vive, deseja.

 Mais do que participante da vida – e até mesmo motivo dela – a dor é necessária; para o filósofo, se a dor não existisse o homem morreria de tédio, pois conseguiria as coisas com muita facilidade e mais, ela nos faz sentir as coisas erradas da vida, enquanto a felicidade nos deixam acomodados. A vida é, portanto, matéria; a matéria é estruturada de vontade; a vontade é carregada de necessidades e ilusões. Então, para quê e o que é a morte em Schopenhauer? É famosa a frase do filósofo que afirma a morte como musa da filosofia e ainda acrescenta a fala de Sócrates reconhecendo a filosofia como uma preparação para a morte. A morte é então, uma cura para os males da vida; se a vida é um erro, a morte é a solução. 

Para ele, a individualidade humana não deveria existir e o verdadeiro fim da vida é nos livrar-mos dela, todavia, a morte é uma necessidade pois aniquila a individualidade do homem realizando a principal condição: deixar de ser o que é; e se a vida é uma “amostra grátis do inferno”, por que preferimos o ser do que o não-ser? Schopenhauer ousa ainda mais dizendo que se bater nos túmulos e perguntar aos mortos se querem ressuscitar, recusarão sacudindo a cabeça. Ademais, cita Voltaire para explicitar com clareza o seu pensamento: ”Ama-se a vida; mas o nada não deixa de ter o seu lado bom”; “Eu não sei o que é a vida eterna, mas se existir  é uma brincadeira de mau gosto”. Ora, quem em total reflexão iria preferir uma vida de dores constantes ao invés do nada tranquilo? Se analisarmos a vida de perto, veríamos quanto sofrimento detém dele, portanto, não seria a morte a coisa mais fabulosa em relação à vida? Contudo, se a vida é dor e sofrimento, se a individualidade/o egoísmo humano é um erro particular e um passo em falso, por consequência, algo que seria melhor não ser, então, a morte é sua aniquilação, por conta disso, a morte é a cura da doença humana: a Vontade; ou seja, para ele, no fundo somos algo que não deveria ser e, por conta disso, deixamos de ser. 

A morte é um acontecimento tão importante para Schopenhauer que atribui, até mesmo, certa defesa ao suicídio; para ele, o suicida entende que precisa morrer, pois é preciso que ele morra para que a vontade seja cumprida. A vida é um ciclo constante, onde a morte é essencial no fluir deste ciclo. É preciso morrer para que a vida continue, é preciso que um saia para que outro entre, isso significa que nossa matéria deve ser descartada com a morte. Esta é então comparável ao pôr-do-sol em um determinado lugar, que é ao mesmo tempo, o nascer do sol em outro.

O medo da morte é o problema da imortalidade: “Filosofar é se preparar para a morte”; já está mais que claro que a morte é essencial para Schopenhauer e a vida, o maior erro já existente. Deste modo, se a morte é necessária, o medo da morte seria uma tolice pois o valor da vida é incerto; para o filósofo, o temor da verdadeira coisa que faz sentido na vida chega a ser ridículo, irracional e cego. Segundo ele, a angústia da morte é desprovida do conhecimento, pois este atua em sentido oposto da vontade de vida, nos revelando toda a insignificância da existência e combate, consequentemente, o medo da morte; pois, se o conhecimento fosse presente, saberíamos que a vida e a morte não passam de pequenos acidentes, para ele, é preciso sempre nascer de novo e retornar ao nada depois de um curto espaço de tempo para dar lugar aos novos seres; Schopenhauer se pronuncia sobre o assunto em uma fala em seus escritos sobre a morte, comparando o homem que ignora a própria essência a uma folha seca que se queixa quando sabe que irá cair, sem lembrar que de sua queda virá outra folhas, equiparando a geração dos homens com a geração das folhas; isto é, a folha seca tem sorte de cair da árvore, pois é a partir da queda dela que surgem novas folhas e que mantém a vida da árvore, assim como o homem tem sorte de morrer, pois é a partir dele que novas vidas virão. 

O filósofo americano Stephen Cave em uma palestra do TED (Tecnologia, Entretenimento e Design) com o tema “As quatro estórias que nos contam sobre a morte” expressa bem o pensamento Schopenhaueriano sobre o assunto em sua fala: “o saber da morte é o preço que pagamos pela nossa inteligência”, esta inteligência seria o mesmo que consciência para Schopenhauer, que é a única coisa que nos faz temer a morte. Como o filósofo possuía total noção que para aliviar a maior angústia humana era preciso um consolo, expressa então em alguns de seus escritos Da Morte; o primeiro é que em alguns casos a morte pode ser um bem, uma saída, uma “amiga bem-vinda”, como nos casos de grande sofrimento, dor, deficiência ou velhice, “neste sentido defunctus é uma bela expressão”, afirma Schopenhauer.

Outro pensamento expressado por ele seria a falta de sentido do temor pelo não-ser que seremos depois da morte, pois não tememos o não-ser antes de vivermos, pois perder algo que não podemos constatar a ausência não é nenhum mal, ou seja, tornar-se não-ser não pode nos afetar, da mesma forma que o não-ter-sido não nos afeta. É no mesmo posto de vista que a morte é analisada por Epicuro quando diz que a morte não nos concerne, ou seja, quando estamos vivos, a morte não está, e quando a morte está, nós não estamos mais. 

Outro filósofo que expressa esse pensamento Epicurista é Wittgenstein (filósofo Austríaco, naturalizado britânico), afirmando que a morte não é um acontecimento da vida porque não se vive a morte; isso justifica que a morte não faz parte da vida, pois quando a morte está presente, a vida se ausenta. Está absolutamente claro que, para o filósofo estudado, a vida é algo muito pior do que a morte, então se não temes a vida, também não dever temer a morte; assim, se vale a pena a existir, a morte também deverá valer. Contudo, é justificável o temor do homem sobre a morte, pois este é um ser repleto de vontade de vida e esta vontade pensa que será aniquilada com a morte, por isso faz o homem temê-la. 

Logo, ele deseja profunda e intimamente a imortalidade, como uma solução para sua vida finita. No entanto, para Schopenhauer, desejar a imortalidade da individualidade humana é querer perpetuar um erro ao infinito, pois cada uma dessas individualidades não passam de um erro particular. A existência infinita seria monótona, fastio e insignificante, uma vez que a vida se resuma em: pranto, dor e aborrecimento; viver para sempre é repetir os mesmos erros e as mesmas dores perpetuamente. O conceito de eternidade não existe na natureza humana, pois somos matéria que deve ser descartada e reciclada.

O medo da morte é inerente ao processo do desenvolvimento humano, se trata de um medo do desconhecido – ou seja, uma angústia –, que é somado com medo da extinção, de deixar tudo o que tem pra trás, de ficar sozinho e de sofrer. O resultado dessa valorização e ilusão de uma vida eterna causa bem mais sofrimento do que aceitar a morte como algo que faz parte do seu ciclo de vida. A ideia do não-ser causa um desconforto gigantesco na pessoa, que acaba criando alguns mecanismos de defesa, querendo fugir de sua própria realidade. A socioantropóloga da Universidade de Quebec em Montreal-Canadá, Luce Des Aulniers, afirma que esse medo é o “pivô das civilizações”, pois a partir do desejo de perenidade, se desenvolve as crenças, ciências, artes, as técnicas, as instituições e até mesmo as organizações políticas e econômicas; saber que somos finitos nos força a viver, a nos relacionar, criar e construir coisas para garantir que não sejamos esquecidos. 

Algumas pesquisas comprovam que pessoas com forte grau religioso possuem menos medo da morte, comprovando que a fé seria então um dos meios que ajuda na superação do terror da ideia de finitude. Outro meio também que funciona como um exercício espiritual de aceitação diária da morte vem de certas ordens religiosas católicas que costumam se cumprimentar dizendo: “Memento Morri”, que significa “Lembre-se de que vai morrer”, um contraponto de “Carpe Diem” (“Aproveite o dia”). 

Ou até mesmo como expressa o psicólogo do Centro Dharma da Paz, em São Paulo, Bel Cesar: “Refletir sobre a morte pode torná-la mais familiar e, portanto, menos ameaçadora”, ou seja, reconhecendo nossa finitude, reavaliamos nossas escolhas e comportamentos; segue, pois, a mesma linha de pensamento do filósofo Pascal que afirma a virtuosidade do homem quando sabe que irá morrer. Portanto, assemelha-se ao pensamento schopenhaueriano, isto é, pensar na morte faz refletir sobre a verdadeira finalidade da vida, que é viver cada instante com total consciência de que vai morre.  Então.....VIVA LA MUERTE!


* sugestão de leitura: "O mundo como vontade e representação"


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