quinta-feira, 31 de maio de 2018

Enem 2018 - Nietzsche e deus

 NIETZSCHE E O HOMEM LOUCO.

Por Alacir Arruda

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) é considerado uma das maiores mentes da filosofia em todos os tempos. Sua vasta obra é hoje objeto de pesquisa em todos os continentes, leitura obrigatória em todos os cursos superiores além de  ser considerado o filosofo que mais vende livros no mundo. Apesar de tantas outras contribuições para o mundo letrado,  ele ficou marcado pela frase:  “Deus está morto,  nós o matamos”. Essa frase é interpretada como uma manifestação de seu ateísmo. Atribuem ainda ao filosofo a ideia de “assassino de Deus”;  mas será que ele estava nesta frase se referindo realmente a um ateísmo?

A morte de Deus é anunciada pela primeira vez na sua obra “A Gaia da Ciência” (1882) no aforismo 125:
“O homem louco - ‘Não ouvistes falar daquele homem louco que, em plena manhã clara, acendeu o candeeiro, correu para o mercado e gritava incessantemente: Estou procurando Deus! Então como lá se reunissem justamente muitos daqueles que não acreditavam em Deus, provocou ele então grande gargalhada (...). O homem louco saltou em meio a eles e disse: nós o matamos, vós e eu! (...) Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! A grandeza desse feito não é demasiadamente grande para nós? Não teríamos que nos tronar, nós próprios, deuses, para apenas parecer dignos dele? ’”
A primeira coisa que devemos perceber neste texto é quem falou que Deus estava morto. Não foi Nietzsche, mas o “homem louco”, alguém que não está preso a razão a metafísica aos valores morais, este homem lança diferentes olhares sobre a vida, não estando interessado em encontrar uma “verdade” que o guie, ele é um homem louco.
No contexto da época, século XIX (19)  em transição para o século XX (20), a morte de Deus, era uma visão muito difundida,  época de ruptura da teologia com o homem moderno. “Deus está morto” é uma “imagem” nietzschiana do homem moderno que passa a negar os valores cristãos, isto é, retira Deus do trono e coloca no lugar o homem – racional.
O homem louco percebeu que a ciência moderna, a revolução cientifica, os ideais renascentistas e iluministas, o pensamento racional de Descartes, Kant e muitos outros, tinham destronado Deus na medida em que os homens deixaram cada vez menos de explicações teológicas para se apoiarem na racionalidade divinizada. Com isso Deus foi morrendo na mente dos homens, e a razão tomou o lugar de Deus, a Razão é Deus. As pessoas por mais religiosas que fossem passaram a ir menos a Igreja, e muitos outros efeitos sociais foram causados pela divinização da razão, a idade moderna então, é interpretada pelo filosofo como a queda de Deus. Posso dizer que Nietzsche é um profeta, pois este mesmo acontecimento ocorre agora com a razão, na pós-modernidade, a transição do século XIX para o XX, é visto como uma desconfiança a razão. A modernidade pode ser entendida como um mundo perfeito regido pela razão, só que as sucessivas guerras desacreditaram o sonho da modernidade. Nietzsche aparece apontando para esse homem, que vive “além do bem e do mal”
O filosofo profetiza que nossa época é marcada pelo “nada”. Nada de Deus, nada de razão, o nada e o vazio, é este homem niilista passivo que Nietzsche aponta. O homem atual pouco se interessa pelo conhecimento enquanto busca de sentido e superação num fazer-desfazer. O homem atual busca o “conhecimento receituário”, o homem atual, um liberal que só se preocupa em acúmulo de riquezas, é um homem  caracterizado pelo que consome.
Enfim o filosofo profetizou sobre a morte, a morte de Deus, para o reinado da divina razão onde os valores cristãos, são abolidos pela racionalidade humana, criadora de novos valores, mas que morre como previsto pelo filosofo com o advento da “pós-modernidade”. E agora o que ira morrer?

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