quinta-feira, 3 de maio de 2018

Brasil parte 2

BRASIL S/A: PARTE 2

Por Alacir Arruda


Eu havia prometido a mim mesmo que daria um tempo em escrever textos críticos relacionados a nossa política, mas confesso, não aguentei. Assistindo diariamente as  peripécias produzidas por esses senhores, resolvi me manisfestar.  Começamos com o circo que virou a nossa justiça, onde o Supremo,  me parece, perdeu o norte quanto a sua condição de guardião da Constituição com decisões pouco democráticas, tivemos ainda a insanidade cometida por Temer ao decretar intervenção do exército na segurança pública do Rio de Janeiro, juro que imaginei não viver para ver um destempero desses. Teve ainda a prisão "espetacular" de Lula com direito a helicópteros, aviões e "tchauzinho" para a câmera  ( se  Guy Debort ainda fosse vivo, veria  na prática aquilo que escreveu em sua obra: "Sociedade do Espetáculo" em 1968). Ainda no judiciário tivemos declarações nada diplomáticas de sua "excelência" o Ministro do Supremo Gilmar Mendes, que toda semana produz uma pérola e,   para fechar eu vi um Deputado Federal pelo Estado do Pará "descer a porrada" num professor que o questionou sobre suas tatuagens. Parece piada não é?  #SQN, na verdade tudo é  consequência de um povo que se divorciou da nação, abriu mão do papel de grande juiz e quando um povo se  cala a nação sucumbe.

A exceção dos componentes do Supremo, que juro não sei quais os requisitos usados para que sejam ministros, todos os demais citados acima foram eleitos pelo povo, saíram dos seio da sociedade para nos representar. Mas o que houve? O que acontece com o Brasil que, antes chamado de país do futuro pelos europeus, nos tornamos simbolo de corrupção, impunidade e leniência? O que ocorre com nossos homens públicos? Ora, garanto que se tivesse as respostas para esses questionamentos escreveria um livro e, com certeza, ficaria rico. Na verdade não há uma resposta, a coisa é mais complexa do que possamos imaginar e, evidente se queremos uma solução ela passa, indiscutivelmente, pelo seu povo.

Ano passado o ex presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que, na época, encontrava-se preso fez a seguinte declaração a um dos juízes do Tribunal Superior Eleitoral numa ação que investigava o uso de caixa 2 na chapa Dilma - Temer. “no Brasil, não existe politico eleito que não usou caixa 2 (ou propina)”. O ex ministro da CGU, Jorge Hage, declarou, também ano passado, que não há um só município brasileiro - dos 5575- que não esteja envolvido falcatruas. Em suma, definitivamente o Brasil é não para principiantes, como dizia Tom Jobim. Há muito o que se mudar por aqui.

Talvez uma das explicações para essa horda de absurdos esteja no fato que no Brasil se naturalizou o impróprio, acostumamos com as coisas erradas. Logo, quando precisamos ir ao medico, em um postinho de saúde, é comum dizermos: "preciso madrugar para pegar a senha": quando somos maltratados por servidores públicos nos calamos e ainda dizemos "é assim mesmo, sempre foi assim" : quando um gerente de banco lhe aprova um empréstimo, você o agradece, como se ele estivesse lhe fazendo um favor: quando um politico aparece em seu bairro no seu carrão importando vestindo um terno italiano alinhado seguido por diversos assessores, você o chama de doutor e ainda pede para tirar uma Selfie com ele. Mas sem dúvida, o nosso maior erro é quando afirmamos que "odiamos politica", que "políticos são todos iguais", ou pior, que você vota em quem lhe faz o ultimo favor, esta ai a gênese da nossa desgraça.

-Não!! Você não deve aceitar como normal sair as 4 da madrugada para conseguir senha para passar por um Clinico Geral em um postinho de saúde, deve exigir o que prescreve a nossa Constituição em seu Art. 196. "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção e proteçao :

-Não! Você não deve se calar quando é maltratado em alguma repartição pública, o servidor publico é seu empregado e tem, por Lei, O Estatuto do Servidor (Lei 8.112/90) e a Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92), o dever de lhe tratar com urbanidade e parcimônia sob pena de exoneração. Denuncie os abusos de autoridade

-Não!! Não aceite que esses marginais, disfarçados de políticos, lhe manipule, o trate como um bobo alegre, um fantoche a mercê de seus interesses. REAJA! Crie comitês populares com objetivos de cobrar desses "inertes" que cumpram suas obrigações, qual seja , legislar em nome e em favor do povo. Não os chame de doutor, eles não são. Não queira se aproximar para tirar selfie e, sobretudo, não aceite favores dessa corja.

Político no Brasil sempre foi sinônimo de corrupto, já afirmava o ex-presidente da França Charles de Gaule na década de 60: “o Brasil não é um país sério”. Mas a “roubalheira” nunca foi tão declarada como nos últimos 15 anos. Temos o pior politico do mundo, como já disse em artigos anteriores, são caros e ineficientes. Pra se ter uma ideia, o custo da câmara de vereadores de São Paulo paga todos os gastos do Congresso inglês e ainda sobra. Na Suécia, mais de 40% dos deputados e vereadores trabalham de graça e aqueles que são remunerados recebem algo em torno de três mil reais por mês sem nenhuma regalia.

O Brasil é um dos únicos países do mundo, só os africanos são iguais, que política virou profissão. Ou seja, o politico aqui ingressa na vida publica e não quer sair mais, contrariando um dos princípios básico da Democracia que é a alternância no poder. É evidente que esses “ canalhas” não largam o “osso” em face das benesses do cargo: salário astronômico, trabalhar apenas dois dias por semana, inúmeros assessores, passagens, gasolina, celular, moradia, status e foro privilegiado tudo as expensas do povo, quer vida melhor? . Enfim..,para o politico brasileiro, desempenhar função pública, ao contrário do que prescreve a constituição, esta intimamente ligado ao aumento de seu patrimônio é como diz o velho ditado: "eu sei que a farinha é pouca, então, meu pirão primeiro".

Essa visão patrimonialista remonta aos patronos da proclamação da República-1889 que enriqueceram pós Império, nossos atuais políticos trazem consigo ainda hoje essa herança. Aqui produzimos aberrações do naipe de José Sarney, que está na vida pública desde 1954. Ou seja, esse infeliz nunca trabalhou na vida. Esse “ser”, juntamente com seus asseclas, conseguiram elevar o Maranhão à condição de Estado mais pobre da nação, superando o Piauí. E tem mais, quando era Presidente, não feliz em ter o Maranhão nas mãos, Sarney criou um Estado só para si, o Amapá, lá ele se tornou "deus", se elegeu Senador sem jamais ter ido lá. Sarney criou ainda, enquanto presidente, o Estado de  Roraima e lá  treinou seu discípulo Romero Jucá, que primeiro foi  eleito deputado, depois  a governador e hoje é Senador. Jucá está metido até o pescoço em denúncias na Operação Lava Jato e responde  s mais de 10  inquéritos no Supremo, aprendeu direitinho o pupilo de Sarney.

Jader Barbalho, que ainda hoje é senador pelo Pará, é outro que, além de ser um dos maiores latifundiários do Brasil, é acusado de mandar eliminar seus adversários com requintes de crueldade. Considerado por muitos, o dono do Estado do Pará. Jader é aquilo que podemos chamar o sinônimo de ganância. Não satisfeito, após 500 anos governando aquele estado e movido pela sanha por poder, elegeu recentemente seu filho a governador. Um jornalista norueguês, que visitava Belem em 2008, após ter conhecimento das suas façanhas, publicou em seu jornal que, em qualquer país sério, esse individuo estaria preso e, dependendo da nação, condenado a morte pelas suas peripécias. Por último nossa politica produziu ainda Paulo Maluf, esse dispensa apresentações, basta dizer uma de suas frases mais famosas: “roubo, mas faço”. Recentemente Maluf foi preso mas, raposa como é, não ficou 3 meses encarcerado, hoje está em sua mansão de 15 mil metros quadrados e 45 cômodos no bairro do Morumbi em SP, naquilo que o judiciário chama de "prisão domiciliar" e recebe integralmente o salario de 33.000,00 de deputado, uma vez que a Câmara insiste em não votar a casação de seu mandato.

Encerro fazendo alusão a um dos maiores dramaturgos brasileiros, Nelson Rodrigues, que dizia que brasileiro sofre da “síndrome de vira-latas”, ou seja, tudo que vem de fora é melhor, talvez fosse a hora de importamos políticos. Quem sabe uma leva de políticos suecos, finlandeses ou noruegueses fosse capaz de mudar nossa triste sina. O meu medo é que eles desistam ao depararem com algo muito pior que os nossos políticos, a inércia do povo.....
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2 comentários:

  1. Nossa professor, parabéns você voltou escrevendo demais. A impressão que tenho é estou em uma das suas aulas, toda aquela indignação que você nos passava era emocionante. Tenho orgulho de ter passado pelas suas mãos na faculdade, aprendi a ser critica com vc, antes eru imaginava que isso era coisa para loucos, hj acredito que o mundo precisa de muitos loucos. Loucos por conhecimento. (MINHA MÃE MANDA LEMBRANÇAS E DIZ QUE E PARA VIR AQUI COMER O BOLINHO DE CHUVA DELA KKKKKK) Lembra? Bjs Stephanie

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  2. Excelente texto A latir. Mais um texto que dispensa comentários.

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