domingo, 26 de fevereiro de 2017

"A cegueira do carnaval"

A CEGUEIRA BRANCA DO CARNAVAL: "A DANADA SOU EU".

Por Alacir Arruda

Não!  Antes que me pergunte, eu não tenho nada contra carnaval, até acho interessante essa  festa profana  que teve inicio na Idade Média  com os  cristãos  ricos  como ultima comemoração antes da quaresma.  O que me assusta é a anestesia que atinge grande parte dos brasileiros nesse período. Senão vejamos: quem é Mc Ludmila? Mc Nego? Preta Gil? Bom, desculpe a ignorância, mas não conheço nenhum deles, salvo a filha do Gilberto Gil, que a cigana que leu sua mão e lhe disse que ela seria  cantora, lhe roubou dinheiro.

Bom, então lhes apresentarei essas três aberrações: cada  um deles, de forma alternada,  arrastou mais de  1 milhão de pessoas em blocos no Rio de Janeiro esse ano . Isso mesmo, juntos arrastaram três milhões de anestesiados que,  por algumas horas,  esqueceram o caos que hoje toma conta daquele Estado, onde  o governo está pagando esse mês ,se tudo correr bem, o salario de setembro do ano passado aos servidores, onde a polícia perdeu completamente o controle dos morros e da orla ( se é que algum dia teve),  e o governador, que tem um nome inusitado, “Pezão”  (deveria ser mãozão),    cria de Sérgio Cabral,  está sendo investigado por corrupção na Lava Jato e teve  seu mandato cassado pelo  TRE do RJ há uma semana.

Voltemos aos três “cantores”.  Ludmila é uma moça de 20 anos, criada na periferia do Rio de Janeiro, estudou até o 1 ano do ensino médio e  quando começou cantar, abandonou  a escola  e o tal de Mc Nego, com uma historia parecida,   sequer terminou o fundamental, mas ambos são ricos. Preta Gil, bom, essa tem berço, é filha de um dos  baluartes da MPB, Gilberto Gil,  logo, cantar para ela é um hobby, afinal,  “papai deixa”.

Não,eu não critico eles terem ficado ricos, alias, desejo-lhes sorte, a questão  é outra  e esta acima de modismos. O que preocupa é número de pessoas que são influenciadas por eles, sobretudo crianças, que os tem como ídolos, sendo natural,  no futuro,  que elas  reproduzam seus comportamentos. 

Nunca é tarde para lembrar que o Brasil é um dos últimos colocados nos processos avaliativos aplicados pela ONU, como o Pisa. É, ainda o segundo pior em distribuição de renda  do mundo.  Isso porque estamos entre as  10 economias mundiais. Somos um dos únicos países que não domina o inglês, e temos muita dificuldade em entender geopolítica. *Para muitos brasileiros a União Soviética ainda existe, Bolívia fica ao lado da Bélgica, Haiti e um país africano, a língua falada no Peru é o"peruanês",  Sócrates viveu no século XIX,  Estados Unidos e Austrália  são mais velhos que o Brasil,  Nova Zelândia  fica na Europa e o Brasil tem a mesma idade do Egito. Mas  adoramos o serviço público, onde  trabalha-se pouco em ganha-se muito e o melhor, ninguém pode lhe  mandar embora....adoramos estabilidade...  (*Essas respostas eu obtive durante minhas aulas de geopolítica)

Essa certa cegueira que toma conta dos brasileiros nesse período talvez possa explicar porque “Mc Ludmila” leva um milhão de pessoas pras ruas cantando “a danada sou eu” e os movimentos populares, que lutam contra a corrupção e combatem os maus políticos, não conseguem colocar 100 mil, e quando conseguem a Globo diz que são  apenas 25 mil...E Viva o carnaval...." a danada sou eu (....)"

-Aliás, por anda o Sr. Eliseu Padilha?


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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

A indicação de Alexandre Moraes

A INDICAÇÃO DE ALEXANDRE MORAES AO STF.

Por Alacir Arruda
 
A decisão do Presidente Michel Temer em indicar o seu Ministro da Justiça para fazer parte da maior corte desse país, STF, na vaga deixada por Teori Zavascki, tem sido objeto de muitas reflexões e algumas críticas. Alexandre é um jurista de renome com várias obras publicadas sobre Direito Constitucional, além de ter sido professor titular de Direito Constitucional da USP e membro do Ministério Público de SP. Filiado ao PSDB desde a juventude, Alexandre Moraes desempenhou vários cargos nos governos e na prefeitura de São Paulo, o último, antes de ser Ministro da Justiça, foi o de Secretario de Segurança Publica de SP onde foi acusado de mandar a policia  agir com truculência frente aos alunos que ocupavam varias escolas daquele Estado. A oposição aproveitou para despejar criticas:

Para o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), o objetivo do presidente ilegítimo Michel Temer é proteger o seu governo em eventuais julgamentos que envolverem quadros pertencentes a ele. “Não concordamos que um ministro do próprio governo, filiado a um partido da base [PSDB], seja indicado para compor o STF quando se sabe que vários membros desse governo estão sob investigação e possivelmente serão julgados pela mesma corte”, afirmou Zarattini, que acredita haver nomes mais adequados e preparados para o cargo. “Existem inúmeros juristas com melhores condições, com experiência, com conhecimento jurídico e, acima de tudo, com isenção para assumir esta vaga”, argumentou o líder petista.

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), em sua página no Facebook, chamou de “imoralidade” a decisão de Temer. “O ministro que deveria ter sido demitido pela sua omissão e irresponsabilidade nas rebeliões em Roraima, Amazonas e Rio Grande do Norte, ainda será o revisor da Lava-Jato, ação que tem o seu chefe (Michel Temer) citado 43 vezes. Além disso, o próprio Alexandre Moraes, em sua tese de doutorado, defendeu que, na indicação ao cargo de ministro do STF, fossem vedados os que exercem cargos de confiança ‘durante o mandato do presidente da República em exercício’ para que se evitasse ‘demonstração de gratidão política’.

E o que pensam os nossos Juristas?

Para o ex Ministro do Supremo Carlos Veloso, a nomeação foi acertada. Segundo ele, Alexandre de Moraes é um professor de Direito Constitucional, e o Supremo é uma corte constitucional, por isso precisa de constitucionalistas. Ele também foi do Ministério Público de São Paulo, que é bastante respeitado, e passou pela advocacia. Ele é um jurista de centro, nem conservador demais e nem liberal demais. Não apresenta excessos para nenhum desses extremos. É um jurista equilibrado. Sobre a filiação partidária, basta que ele se desfilie do PSDB. O Supremo já teve grandes ministros que vieram da política, como (Olavo) Bilac Pinto e Adaucto Lúcio Cardoso. Esse não é um problema. Alguém nomeado para o Supremo vai desejar enriquecer a própria biografia e não empobrecê-la.

Já para o ex Ministro do STJ, Gilson Dipp: "nesta conjuntura em que o STF está mais para uma corte penal com a Lava-Jato, penso que o governo deveria ter o cuidado de indicar com a máxima isenção. Não deveria indicar alguém com conotação político-partidária. Qualquer partido, que dirá sendo filiado ao PSDB, que apoia o governo. O ministro Alexandre de Moraes foi colega de ministério de pelo menos três ministros que já caíram (por causa da Lava-Jato). Não se sabe o que vai acontecer daqui por diante na Lava-Jato que possa envolver ou não outras figuras do governo. É mais uma atitude temerária do governo. Independentemente das qualidades pessoais do Alexandre, foi uma escolha politicamente incorreta, e espero que seja apenas incorreta".

Como visto não há um consenso sobre essa nomeação. Seria prudente, por parte do Presidente, que o escolhido não tivesse conotação politico-partidária visto que a Suprema Corte é a última instância recursal da nação e guardiã da Constituição, sua politização pode causar um certo descredito em suas decisões futuras. Enfraquecer o STF é a ultima coisa que os brasileiros precisam nesse momento, em que vivemos épocas de transformação em nossas estruturas politicas, e o Supremo tem papel fundamental nesse processo, nomear alguém que possa "dificulta-lo" seria um desserviço, não apenas ao país, mas a todos que ainda acreditam numa nação séria. Só nos resta desejar sorte ao novo ministro e que suas decisões sejam pautadas pela imparcialidade
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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

ENEM 2017- O PAPEL DA UNIÃO EUROPEIA

OS REFUGIADOS DE GUERRA E O PAPEL DA UNIÃO EUROPÉIA.


Por Alacir Arruda

Nos últimos anos, a Europa tem sofrido com a maior deslocação de pessoas em massa desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de um milhão de refugiados e migrantes chegaram à União Europeia, a grande maioria fugindo da guerra e do terror na Síria, Iraque e outros países conturbados. A UE adotou uma série de medidas para fazer frente a esta crise. Algumas das medidas consistem em tentar resolver as causas profundas da crise, bem como, em grande medida, aumentar a ajuda às pessoas necessitadas de assistência humanitária, tanto no interior como no exterior da UE. Estão a ser tomadas medidas para a recolocação dos requerentes de asilo que já se encontram na UE, a reinstalação de pessoas necessitadas de países vizinhos e o regresso das pessoas que não reúnem as condições para beneficiar de asilo. A UE está a melhorar a segurança nas fronteiras com uma nova guarda costeira e de fronteiras, que luta contra o tráfico de pessoas e proporciona formas seguras de entrada legal na UE.

Muitas pessoas em situação vulnerável chegam diariamente à UE em busca de asilo. Esta é uma forma de proteção internacional concedida às pessoas que fogem dos seus países de origem e que não podem regressar por existir um receio fundado de perseguição. A UE tem a obrigação legal e moral de proteger quem precisa. Os Estados‑Membros são responsáveis pela análise dos pedidos de asilo e por decidir quem beneficiará de proteção.

Mas nem todas as pessoas que chegam à Europa necessitam de proteção. Muitos deixam o seu país de origem na tentativa de melhorar as suas condições de vida. Estas pessoas são frequentemente referidas como migrantes econômicos e, se não virem os seus pedidos de asilo deferidos, os governos nacionais têm a obrigação de os reenviar para o país de origem ou para qualquer outro país seguro pelo qual tenham passado.

Milhares de pessoas morreram no mar tentando alcançar a UE. Quase 90% dos refugiados e migrantes pagaram a grupos do crime organizado e passadores para os fazerem atravessar fronteiras. Consequentemente, são conhecidos como migrantes ≪em situação irregular≫, ou seja, que não entraram no território da UE por meios legais.

O fornecimento de alimentos, água e abrigo a estas pessoas constitui uma enorme pressão sobre os recursos de alguns Estados‑Membros da UE. É, em especial, o caso da Grécia e da Itália, os países onde chega a grande maioria dos refugiados e dos migrantes que entra pela primeira vez na UE. Muitas destas pessoas pretendem alcancar posteriormente outros países da UE, como a Alemanha ou a Suécia. Esta situação tem causado problemas nos Estados‑Membros que os migrantes atravessam para chegar ao seu destino final, por exemplo, na Croácia, na Hungria, na Áustria e na Eslovénia.

Numa grande parte da UE — o espaço Schegen - as pessoas podem circular livremente sem controlos nas fronteiras internas, mas o fluxo de refugiados levou alguns Estados‑Membros a restabelecerem os controlos nas suas fronteiras com outros países da UE. Assim como o afluxo de migrantes afeta alguns Estados‑Membros mais do que outros, o número de pedidos de asilo não está distribuído de forma uniforme entre eles. Em 2015, 75% dos pedidos de asilo foram registados em apenas cinco Estados‑Membros (Alemanha, Hungria, Suécia, Áustria e Itália).
A UE chegou recentemente a um acordo com a Turquia para travar o fluxo descontrolado de migrantes através de uma das principais rotas no mar Egeu. O acordo também prevê vias legais para a entrada de refugiados na Europa. Consequentemente, o número de refugiados e migrantes provenientes da Turquia foi significativamente reduzido. De um pico de cerca de 7 000 pessoas por dia em outubro de 2015, o número médio de chegadas foi reduzido para 47 por dia até ao final de maio de 2016.

Com base numa proposta da Comissão Europeia, os Estados‑Membros acordaram pela primeira vez na recolocação de 160 000 requerentes de asilo da Grécia e de Itália noutros Estados‑Membros da UE até setembro de 2017. No entanto, em julho de 2016, apenas 3 000 requerentes de asilo tinham sido recolocados. Os governos nacionais têm de acelerar o ritmo deste regime para ajudar as pessoas que necessitam de proteção.

A UE também pretende criar vias seguras e legais para os requerentes de asilo que entram na UE, de modo a que não tenham de pôr em risco as suas vidas e as poupanças de toda uma vida recorrendo a passadores e traficantes. Existe um programa de reinstalação voluntaria acordado pelos Estados‑Membros da UE que prevê a transferência de 22 500 pessoas provenientes do exterior da UE para um Estado‑Membro da UE.

A UE vem aumentando a taxa de regresso ao país de origem dos migrantes em situação irregular e sem direito a permanecerem na UE. Os Estados‑Membros acordaram em aplicar as regras em matéria de regresso de forma mais ativa, e a Agência de Fronteiras da UE ajudará a coordenar os voos de regresso.

Embora a UE tenha começado a desenvolver uma politica comum de asilo em 1999, as regras não foram concebidas para fazer face à chegada de uma grande quantidade de pessoas num curto espaço de tempo. A Comissão tem agora sobre a mesa novas propostas para rever a legislação vigente, em conformidade com as necessidades atuais e futuras. O princípio fundamental mantém se o mesmo — as pessoas devem apresentar um pedido de asilo no primeiro Estado-Membro da UE em que entram, a menos que tenham família noutros países — mas, sempre que um Estado-Membro esteja sobrecarregado, deve haver solidariedade e partilha equitativa de responsabilidade no seio da UE.

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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Que mal lhe fiz eu?

ENQUANTO OS CÃES LADRAM, A CARAVANA PASSA.

Por Alacir Arruda

Infâmia, calúnia, perfídia e difamação: quem nunca sofreu com isso?  O  incomparável escritor gaúcho Mario Quintana ironizava:  Sorri com tranquilidade quando alguém te calunia. Quem sabe o que não seria Se ele dissesse a verdade.” Já o norte americano  Mark Twain, um dos maiores escritores da língua inglesa, era categórico com os seus  difamadores: “Primeiro, informe-se dos fatos; depois, pode distorcê-los quanto quiser.”  

A literatura mundial   é farta de contos  onde  Calúnia, Injuria e a Difamação são as  grandes protagonistas. Me  vem a mente  agora, um livro que li,  ainda na adolescência,  " Otelo"  do maior escritor da língua inglesa, Willian Shakespeare.  Apesar de escrito há um tempo, achei que valia a pena complementar  essa reflexão  com mais um tantinho dessa  grandiosa obra. Sem mais delongas, aí vai. 


Otelo é uma das mais conhecidas tragédias de William Shakespeare cujo cerne é o ciúme, a insensatez e a perfídia. Um dos maiores e melhores exemplos de como a palavra pode se tornar manipuladora e desencadear uma série de consequências irremediáveis. Como diria Sardas, 'influência da palavra como criadora de fatos (...) usada para fomentar intrigas, para intrigar corações, para mudar a vida das pessoas, para mudar o rumo das coisas, para provocar rupturas, para criar adesões."


Iago, o invejoso alferes de Otelo, primeiro despertou a ira de Brabâncio, contando que sua filha, a boa e doce Desdêmona, fugira com o Mouro:


Irra, senhor! Irra! O senhor está roubado! Vista-se, por decência!, despedaçaram-lhe o coração, perdeu metade da sua alma; agora mesmo, neste instante, um velho carneiro negro está cobrindo a sua ovelha branca. Levante-se, erga-se! Acorde com o toque de rebate os cidadãos que ressonam descuidados, quando não o diabo fá-lo à avô. Erga-se: digo-lhe eu.

E quando Brabâncio, aturdido, pergunta-lhe que é, responde o intrigueiro:



Sou aquele que lhe vem anunciar que sua filha e o mouro estão agora perfazendo o animal de duas costas.
Não satisfeito, e ambicionado o posto do tenente Cássio, Iago, ainda com a força da palavra, instiga Rodrigo, que é apaixonado por Desdêmona, fazendo-o crer que a doce dama por aquele se apaixonara:



Põe o teu dedo assim e deixa que a tua alma seja instruída. Repara com que violência ela primeiro amou o Mouro, somente pela sua jactância e fantasiosas mentiras. Ama-lo-á ela ainda pelo seu palavreado? Não deixes que o pense o teu discreto coração. Os seus olhos precisam de alimento; e que deleite poderá ela ter em olhar para o diabo? - Quando o sangue está entorpecido pela ação dos deleites, deveria haver - para outra vez o inflamar e saciar -, um novo apetite - beleza que ajudasse, harmonia de idade, maneiras e encantos; tudo isto falta ao Mouro. À míngua destes requisitos essenciais, a sua delicada ternura se achará iludida, começará a sentir náuseas, a enjoar-se e a aborrecer o Mouro. A própria natureza a instruirá no assunto e a compelirá a uma segunda escolha. Agora, posto isto (e é uma suposição a mais fecunda e natural), quem está tão iminente nos degraus desta fortuna como Cássio? - um biltre extremamente volúvel -, com tanta capacidade quanta basta para se envolver nas formas polidas e decentes, com que melhor possa encobrir o seu obsceno e libertino afeto? Ninguém, com certeza ninguém, um sutil e insinuante patife, um farejador de ocasiões, que tem olhos capazes de publicar e simular quando mesmo tais fortunas nunca se deram; um endiabrado velhaco! Além disso, o patife é bonito, novo e tem todos os requisitos que a doidice e a imaginação inexperiente procuram. Um biltre completo, pestilento; e a mulher já está eivada.
E, numa clara demonstração de suas intenções , Iago planeja derramar peçonha no ouvido do Mouro, levando-o, envolvido com as palavras do alferes, a matar a bela Desdêmona.



Divindade do inferno!, quando os diabos sugerem os mais negros pecados, tentam-nos primeiro com aparências celestiais, como eu faço agora; porque enquanto este honesto imbecil pede a Desdêmona que repare a sua fortuna, e ela intercede por ele junto do Mouro, eu derramarei esta peçonha no seu ouvido: - Que ela o protege por motivo da luxúria do seu corpo; - e quanto mais ela tratar de fazer bem, mais destruirá o próprio crédito no conceito do Mouro. Assim transformarei a sua virtude em pez; e a sua própria bondade farei a rede que os colherá a todos.
Bom, há milhares de Iagos espalhados por aí. Homens e mulheres escondidos atrás de máscaras ridículas de vítimas iverossímeis que demoram a cair. Estragam as relações das pessoas porque elas mesmas não sabem se relacionar com os outros. Mentem, manipulam, traem, gerenciam intrigas e calúnias das mais variadas formas, plantam rumores e fofocas e invejam o que não possuem e quando não possuem ou se lhes escapa das mãos, não medem esforços na maldade para reconquistar o 'prêmio'. E enganam a todos, sem remorso, nunca tomando a culpa para si, são sempre vítimas das intrigas e calúnias que elas mesmos criaram. Não há limites para a maldade. Ai de quem se põe diante de seu caminho!

Me permitindo dar um "pitaco",  penso que tudo isso decorre de algo mais perverso, a inveja, pois ela se reveste de muitas facetas: críticas, ofensas, dominação, rejeição, difamação, agressão, rivalidade, vingança. Se as pessoas soubessem as consequências que uma difamação, uma ofensa, uma injuria , causa , não sairiam apontando dedos a ninguém. Não seriam cruéis com as outras, não falariam do que não sabem, nem tocariam em feridas que ja foram abertas pela vida. O preço é alto , e a carga é pesada pra quem não se da conta do amanhã que virá. As voltas que o mundo dá , são ligeiras, e o coração da gente nos engana nas certezas que a gente insiste em acreditar ... Sementes que plantamos florescem em qualquer lugar.... e quando tivermos fome , é delas que vamos nos alimentar... 

Caí de paraquedas, infelizmente, mas não há de ser nada. Eu sobrevivo. Tenho bons ombros pra carregar o peso do fardo. Há de ser só mais um teste do 'Cara lá de cima' pra ver se eu aguento o tranco. Que ano de provações. O que passou e o que entrou. Alguma dúvida? Eu supero. Ah, se supero. Ego sum qui sum. Infeliz de quem plantou a intriga e fez-se de vítima. Jamais e grifo bem JAMAIS falo daquilo que não sei porque não quero que façam comigo o que não gostaria que fizessem. E busco os porquês e as provas para mim porque só a mim interessa. Não faço uso de mentiras. Sou Professor, com P maiúsculo, e busco fontes mais do que confiáveis para escrever meus artigos. Sempre. Em tudo o que faço na vida. Não confio no diz-que-me-disse

Tenho que confessar que, neste caso específico que ocorreu comigo, somente busquei expor a  verdade, mais ela assusta, e muitos se incomodam... Não, não faço intrigas porque cresci vendo em que poço de maldade é capaz de afundar o ser. E isso não quero pra mim JAMAIS!!! Sou transparente. Sou o que sou. Não preciso de estorinhas ou mirabolices para tornar-me mais interessante. Sou bem resolvido quanto a isso. Mais uma vez: ego sum qui sum. Sou o que sou. Sou porque busco ser. E nunca precisei atropelar ninguém para isto. Acredite você ou não. Mas isso, o tempo há de mostrar. Falem o quanto quiserem. Se incomodo, não sei. Esse ódio todo, felizmente, não me atinge. Como diria Shakespeare, é o veneno que você toma querendo que eu morra, que me alimenta.

-E lembre-se:

1. Nada do que disserem a seu respeito poderá diminuir o seu real valor. Ninguém pode fazer você se sentir inferior sem que você permita.

2. O tempo é o maior aliado da verdade. Nenhuma mentira, calúnia ou difamação resiste à ação do tempo!

3. Sua melhor resposta é sua história de vida. Pratique a virtude, faça o bem. Nada poderá destruir esse patrimônio!


É O QUE POSSO DIZER!

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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Conteúdos ENEM 2017

CONTEÚDOS DO ENEM 2017


Por: Alacir Arruda

O ENEM completa esse ano 19 anos de história, 19 anos sendo a esperança ou o empecilho de muitos jovens, o céu ou o inferno.  O  ENEM mergulha na sua maioridade como o maior exame avaliativo  do mundo, são mais de 8 milhões de inscritos por ano,   e  Conhecer o seu Conteúdo é hoje condição,  Sine Qua Non,  para que o aluno possa traçar uma linha de estudos que o permita obter uma boa nota.. O ENEM é hoje o mais importante exame nacional e porta de entrada para  muitos benefícios:  SiSU, Prouni, Fies, e outros. 

É  importante que o aluno saiba que  ENEM foge de tudo aquilo que  é tradicional. A sua característica principal é a interdisciplinaridade, ou seja, as disciplinas perpassam entre si, seria como um caracol, aquilo que você aprendeu em determinada área,volta como tema relacionado ao cotidiano no ENEM.  Nesse contexto, é fundamental, para que o aluno consiga obter um bom resultado, uma capacidade extra, que é  de fazer uma leitura de mundo  de tal forma que consiga co-relacionar o mundo em que vive com os conteúdos que  se aprende nas escolas, é  aquilo que o INEP chama de"visão holística de mundo".

A prova do Enem, é bem conhecida por exigir um alto grau de complexidade, pois exige várias habilidades dos estudantes que participam do Exame.  Como ja é do conhecimento de todos, a prova do ENEM  2017 será aplicada em 2 dias distintos, e divida em alguns cadernos separados de provas, são eles, Linguagens, códigos e suas tecnologias, Ciências Humanas e suas tecnologias, Ciências da Natureza e suas tecnologias, Matemática e suas tecnologias e ainda conta com uma redação dissertativa, e geralmente cobram uma discussão sobre temas importantes da sociedade atual.

-As Matérias ENEM 2017, são:

Prova de Linguagens, códigos e suas tecnologias do Enem 2017: Essa prova contem questões de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Tecnologia da informação, Arte, Literatura.

Língua Portuguesa ENEM 2017

• Gramatica da Língua Portuguesa
• Norma culta
• Gêneros textuais
• Interpretação de texto
• Variedade Linguísticas
• Regionalismo
• Períodos literários
• Obras literárias brasileiras

Língua Estrangeira ENEM 2017 (Inglês ou Espanhol)

• Compreensão e interpretação de textos

Artes ENEM 2017

• Obras artísticas
• Movimentos de artísticos
• Artistas

Prova de Ciências Humanas e suas tecnologias do Enem 2017: Essa prova contem questões de História, Filosofia, Geografia, Sociologia e também de conhecimentos gerais.

História ENEM 2017

• Historia do Brasil
• Historia mundial
• Diversidade cultural Brasileira
• Historia de povos brasileiros
• Cultura indígena
• Principais processos de revolução
• Guerras mundiais

Geografia ENEM 2017

• Cartografia
• Impacto ambiental
• Geopolítica
• Mudanças climáticas
• Economia brasileira
• Recursos hídricos
• Questões ambientais mais discutidas atualmente

Prova de Ciências da Natureza e suas tecnologias do Enem 2017: Essa prova contem questões de Física, Química e também de Biologia.

Física Enem 2017

• Leis da Física
• Termodinâmica
• Eletricidade
• Eletromagnetismo

Química Enem 2017

• Códigos da Química
• Transformações químicas
• Termoquímica e oxidação

Biologia Enem 2017

• Características dos organismos com ênfase ambiente brasileiro
• Seres vivos e microrganismos
• Fisiologia
• Meio ambiente
• Reino animal
• Genética

Prova de Matemática e suas tecnologias do Enem 2017: Essa prova contem questões de matemática e de suas tecnologias.

Matemática Enem 2017

• Calculo simples
• Aritmética
• Analise combinatória
• Progressão geométrica
• Probabilidade
• Estatística

Redação Enem 2017

A Redação Enem 2017, é uma prova cuja as anteriores, sempre foram muito importantes para a nota final do aluno no exame, por se tratar de uma prova dissertativa, que o aluno deve expressar sua opinião sobre algum tema bem discutido ou relevante da atualidade, com isso a prova de redação busca verificar além da qualidade da escrita e de ortografia, também analisa o poder argumentativo sobre determinado assunto. Além de que o candidato deve sempre estar atualizado, ler e escrever bastante, para ter melhores chances de fazer uma boa redação.

A redação do Enem 2017, tem 5 pontos que devem ser respeitados, que são:

-O texto deve ser apresentado de forma clara e objetiva
-Compreensão da prova, e argumentação bem embasada da sua opinião
-Intervenção sobre o tema, mas sempre com respeito aos direitos humanos
-Ser criativo com o uso das palavras e usar sinônimos, escrever corretamente
-Deve fazer a seleção de sua ideia a relação e a sua prática no mundo

Pontuação do Enem 2017

As provas do Enem 2017, são pontuadas de formas separadas, e o candidato terá a sua nota formada pela soma de todas as notas dívidas pela quantidade de matérias, mais a prova de redação, sendo a redação do Enem 2017, muito importante para a formação da sua nota total.

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

TEXTO PARA O ENEM-2017 - Trump e Netanyahu: 4 neuronios

O MUNDO TEM UMA SOLUÇÃO, MAS ELA REPOUSA SOBRE UM PARADOXO.


Por Alacir Arruda

A paz,  é isso que todos buscam. Mas tenha certeza ela não é fácil! Como dizia o pensador inglês Thomas Hobbes:  "se você quer a paz prepare-se para a Guerra". Vejamos o exemplo do Oriente Médio.  Ao ver Donald Trump ao lado do primeiro ministro israelense Benjamim Netanyahu na Casa Branca, é assustador. Pior são as asnices ditas por ambos, que são dois trogloditas; segundo Trump, a Paz no Oriente Médio não passa pela criação de um estado Palestino  e que Israel tem o direito de ampliar os assentamentos em direção a Cisjordânia, mas é bom dar uma "paradinha", dar um tempo, por enquanto. Para Netanyahu que, enfim encontrou alguém como ele, com apenas dois neurônios; o povo Palestino precisa reconhecer o Estado Judeu e Israel tem o direito de expandir seus territórios para garantir a segurança da região.

Ora, todos  que conhecem minimamente a história, sabe a opressão que o povo palestino vem sofrendo desde que a ONU ( que não serve pra nada),  criou em 1948 o Estado de Israel, deixando os palestinos  esquecidos e limitados a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.  Israel chegou como um "trator", passando por cima não apenas  do território palestino, mas sobretudo, se impondo a partir de um processo de limpeza étnica poucas vezes vistas, ou seja; palestino que fosse contrario ao Estado de Israel, era eliminado.

A grande questão daquela região é que não há dois países, existe Israel e existe uma população palestina em territórios ocupados por Israel. A forma como a mídia apresenta o problema traz muita confusão. A própria não-utilização do termo "ocupação militar" faz com que as pessoas não saibam que existe uma ocupação militar em Gaza e na Cisjordânia. Em vez de "ocupação militar" e "resistência palestina", fala-se em "conflito", como se houvesse dois lados iguais, dois países disputando um território. Não é bem o caso. Essa resistência palestina também é tratada como terrorismo, sendo que é a resistência de uma população com alguns grupos extremistas, como existem grupos extremistas dentro de Israel. Uma resistência legítima, contra uma ocupação militar que dura quatro décadas. O estado palestino nunca foi criado. Não existe esse estado palestino.

O problema é que, em 1947, a ONU [Organização das Nações Unidas] demarcou o território onde deveria ser criado o estado palestino, que seria aproximadamente a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Naquele ano foi dividido o território da palestina entre judeus, que estavam chegando na região desde o início do século 20, e a população palestina, que vivia ali há centenas de anos. Nessa partilha, o estado de Israel ficou com aproximadamente 55% da terra da Palestina. O estado da Palestina, que não foi criado, ficaria com 45% do território.

É obvio que essa divisão gerou um conflito.  Em 1948, houve uma guerra. Mas um ano antes já havia uma guerra de milícia, as milícias judaicas, que depois deram origem ao exército israelense. Em 1946 já ocorriam atentados a bomba praticados por israelenses, que geraram uma situação de terror dentro da Palestina. A historiografia registra 25 massacres nesse período contra a população palestina. Essa situação de medo levou a uma população de 750 mil de refugiados palestinos. Fugiram da região onde foi criado o estado de Israel para o Líbano, Síria, Jordânia, Gaza e Cisjordânia. Hoje é uma população de mais de quatro milhões de refugiados em 59 campos em toda essa região. Esses campos se assemelham a grandes favelas ou cidades precárias. A população de refugiados palestinos corresponde a um terço de todos os refugiados do mundo todo.

É importante ainda, entender por que a ONU entregou à Israel terras dos palestinos. Até a Primeira Guerra Mundial, havia um pequena população de judeus, cerca de 5% da população total da Palestina, vivendo em harmonia com os árabes. De vez em quando havia algum conflito, mas que não passava de um conflito tipo Palmeiras e São Paulo aqui no Brasil. Depois da Primeira Guerra, a Palestina, que era parte do Império Otomano, passou a ser dominada pela Grã-Bretanha, por um mandato outorgado à Inglaterra pela Liga das Nações, antecessora da ONU. A Palestina fazia parte do Império Otomano, que foi derrotado e, fragmentado, deixou de existir. Suas áreas passaram a possessões de outros países. No caso da Palestina, a Inglaterra passou a dominar a região até 1947. Durante esse período, a Inglaterra permitiu e favoreceu a imigração de judeus. A população judaica passou de 5% no início do século 20 a quase 40% da população total em 1946. Durante essa imigração começaram os choques entre os dois povos, mas sem grandes proporções. A partir de 1947 é que se cria o problema dos refugiados, a expulsão maciça de 750 mil palestinos. Depois de 1947, durante 20 anos, Gaza ficou sob administração do Egito, e a Cisjordânia ficou sob administração da Jordânia.

Sobrou aos  palestinos os territórios, de  Gaza e Cisjordânia. Mesmo assim em 1967, uma nova guerra levou à ocupação, por parte dos israelenses, de Gaza, Cisjordânia e das Colinas de Golan, na Síria, territórios que estão ocupados por Israel até hoje . É a maior ocupação da história atual. O povo palestino acabou pagando por um crime cometido por países europeus, com a cumplicidade desses países. 

O mais interessante é que, até hoje,  Israel não concorda com a divisão da ONU. O  Estado de Israel foi criado para reparar os judeus, frente ao ocorrido durante a II Guerra, mas os palestinos, que não tiveram nada a ver com o massacre, acabaram se tornando as vítimas das vítimas do Holocausto. Os judeus, que até meados do século 20 se concentravam na Rússia, preferiam imigrar para os EUA, onde havia mais chances de trabalho de desenvolvimento. O Holocausto mudou tudo isso. Os judeus chegaram à conclusão de que não havia mais como fugir, o mundo passou a ser um mundo sem visto para eles. E eles acharam que o estado de Israel poderia ser a solução de seus problemas. Hoje, o estado de Israel pratica racismo contra a população palestina interna, se configura como um estado de apartheid. O problema acabou gerando mais anti-semitismo ainda, o que é lamentável, um crime histórico.

Quando Trump afirma que não precisa ser criado um Estado palestino, esta apenas reforçando a politica expansionista israelense e dando munição a Netanyahu,  que é um sanguinário, déspota comparado aos piores da historia. O povo palestino hoje vive num espaço reduzido sofrendo com as ações, cada vez mais agressivas, de Israel. 

A paz só pode existir quando cessa o Conhecido, porque é no Desconhecido que se encontra a solução! Como não há conceito de mudança entre os homens, à humanidade viverá sempre na confusão, nisso reside o paradoxo da paz.



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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O fim da literatura e o aumento da ignorância!

COMEÇOU A REFORMA DO ENSINO MÉDIO.

Por Alacir Arruda


No Brasil é assim, quando é para piorar as coisas os nossos homens públicos são ágeis. O Estado de Mato Grosso do Sul ( do sul viu, não confundam com o outro), deu o ponta pé inicial na reforma do Ensino Médio proposta pelo governo federal, retirou de sua grade curricular a Literatura. Isso mesmo, no MS o aluno do Ensino Médio não tem mais literatura como disciplina, mas sim, ela foi "ajuntada" à Língua Portuguesa e fará companhia à gramatica. 

Será que esses " gênios" da secretaria de educação daquele Estado tem noção da insanidade que estão fazendo? Será que sabem a importância da Literatura no processo de construção de um individuo com uma visão critica e holística de mundo? Sabem para que serve a Literatura? 

A Literatura, juntamente com filosofia e sociologia, é uma das disciplinas mais importantes para um aluno que está concluindo o Ensino Médio,  pois ela dará base para que o mesmo enfrente o tão concorrido e desigual ENEM, afinal, Literatura é a arte da palavra. Podemos dizer que a literatura, assim como a língua que ela utiliza, é um instrumento de comunicação e de interação social, ela cumpre o papel de transmitir os conhecimentos e a cultura de uma comunidade. 

A literatura está vinculada à sociedade em que se origina, assim como todo tipo de arte, pois o artista não consegue ser indiferente à realidade. A obra literária é resultado das relações dinâmicas entre escritor, público e sociedade, porque através de suas obras o artista transmite seus sentimentos e idéias do mundo, levando seu leitor à reflexão e até mesmo à mudança de posição perante a realidade, assim a literatura auxilia no processo de transformação social. 

A literatura também pode assumir formas de crítica à realidade circundante e de denúncia social, transformando-se em uma literatura engajada, servindo a uma causa político-ideológica. 

Podemos dizer que o texto literário conduz o leitor a mundos imaginários, causando prazer aos sentidos e à sensibilidade do homem.A literatura transformou-se, em várias partes do mundo, em disciplina escolar dada a sua importância para a língua e a cultura de um país, assim como para a formação de jovens leitores. 

Em face disso, só há uma justificativa para esse disparate em MS: "formar um grupo de seres não pensantes", incapazes de fazer uma leitura de mundo e que irão engrossar as estatísticas de analfabetos funcionais em nosso país. que hoje esta na ordem de 40%. Essa decisão do governo sul mato-grossense não me surpreende, alias, temo que logo será seguido pelos demais estados da Federação. Como afirma o pensador francês Louis Althusser ao analisar a educação no modelo capitalista: a sobrevivência da sociedade capitalista depende da reprodução de seus componentes propriamente econômicos (força de trabalho, meios de produção) e da reprodução de seus componentes ideológicos. 

Além da continuidade das condições de sua produção material, a sociedade capitalista não se sustentaria se não houvesse mecanismos e instituições encarregadas de garantir que o status quo não fosse contestado. Isso pode ser obtido através da força ou do convencimento, da repressão ou da ideologia. O primeiro mecanismo está a cargo dos aparelhos repressivos de estado (a polícia, o judiciário); o segundo é responsabilidade dos aparelhos ideológicos de estado,e nesse contexto, a escola é a principal ferramenta, e sua função é formar robôs-humanos que irão reproduzir aquilo que alimenta o sistema, qual seja, a ignorância do povo!  

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

O enigma que é existir

"O INFERNO SÃO OS OUTROS:  A ANGÚSTIA DA EXISTÊNCIA"


Por:  Alacir Arruda

Quando ensinava Sartre na faculdade, uma coisa sempre me chamava atenção, como alguns alunos tinham dificuldade em entender a frase “ O inferno são os outros “ do filósofo existencialista francês Jean Paul Sartre. Esses alunos eram compostos, em sua grande maioria, de egressos de Escola Publica, onde a filosofia sempre foi considerada um "monstro" que ninguém ousa ensinar, logo, eram analfabetos nesse mister. Para os mais interessados eu sempre sugeria ler o artigo homônimo da professora de Filosofia e Mitologia grega Luciene Felix na revista Visão Jurídica n.º 41, ali,com muita propriedade e uma linguagem acessível a todos, ela faz uma síntese dessa afirmação existencialista.

É, realmente entender Sartre é para poucos. Mas vamos lá. Temos por hábito, pensar no inferno quando nossas relações corroem, se deturpam ou se extinguem. Achamos entretanto que o inferno é o outro, aquele que rompemos, que mandamos embora de nossa vida, mas não, ele não é especificamente o inferno.

O que Sartre quer nos alertar com essa frase, é que inferno é o olho do outro, é o desmascarar de nossas verdades ocultas que não escapolem o olhar do outro e nos revela o íntimo, o âmago. Observe: “ Sem que possam sequer expiar suas faltas, descobrem o horror da nudez psíquica que os outros lhe evidenciam. Está revelado o verdadeiro inferno: a consciência não pode furtar-se a enfrentar outra consciência que a denuncia, por isso: o inferno são os outros.” 

Vivemos numa constante nudez psicológica ao nos relacionarmos no dia a dia com amigos, amores, família, etc. Nos auto-sabotamos, mentimos ou tergiversamos para ocultar nossas deficiências mas não por muito tempo. A intimidade e a rotina vai desgastando nossas máscaras até chegarmos a nudez total. E quando o outro nos aponta a flecha em direção a verdade inerente, o ódio e o ressentimento recendem e o outro passa a ser o nosso inferno. 

Pensemos ainda que: “Os outros são todos aqueles que, voluntária ou involuntariamente, revelam a nossa verdadeira face. Algumas vezes, mesmo sufocados pela indesejada presença do outro, tememos magoar, romper, ferir e, a contragosto, os suportamos. Uma vez que a incapacidade de compreender e aceitar as fraquezas humanas torna a convivência realmente um inferno, o angustiante existencialismo ateu sartriano não nos deixa saída. Sem o mínimo de boa-vontade, não há paraíso possível.” ( grifo meu )

Ao elucidar a ideia Sartriana de que o homem produz a sua própria essência, elucidamos também outra frase igualmente famosa desse filosofo: “ a existência precede a essência". Para Sartre é na construção da própria essência, que o homem se justifica enquanto "ser" e, ao contrário, quando ele foge disso, age de má-fé e covardia, transferindo para outrem a infelicidade justificando assim, seu próprio fracasso. 

Mediante tal constatação, da proposição de Sartre, pergunto: é possível nos livrarmos do inferno do outro? 

Para responder a essa pergunta, socorri-me de outro grande filósofo chamado Arthur Schopenhauer que, no seu livro, “ O mundo como vontade e representação,” livro IV, nos apresenta a metáfora dos porcos-espinhos que contra-põe e atenua o pessimismo de Sartre. Diz o texto in verbis:  “ Um grupo de porcos-espinhos perambulava num dia frio de inverno. Para não congelar, os animais chegavam mais perto uns dos outros. Mas, no momento em que ficavam suficientemente próximos para se aquecer, começavam a se espetar com seus espinhos. Para fugir da dor, dispersavam-se, perdiam o benefício do convívio próximo e recomeçavam a tremer, o que os levava a buscar novamente a companhia uns dos outros – e o ciclo se repetia: a luta para encontrar uma distância confortável entre a dor e a proximidade. “ 

Se o olhar do outro é o espinho que me espeta a carne, me faz doer e até odiá-lo, a sua ausência também é abandono e solidão. A metáfora dos porcos-espinhos nos faz pensar sobre o preço do olhar do outro e da compensação do calor, quando pensamos que também somos o inferno de alguém. 


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domingo, 12 de fevereiro de 2017

a legitimação do uso da força

A POLITIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA E A LEGITIMAÇÃO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL.


Por: Alacir Arruda


Quando se estuda Ciência Politica a primeira coisa que aprendemos é: "o Estado detém o monopólio da força" e o utiliza, quando necessário, para ajustar certos "desiquilíbrios" sociais. Uma pergunta: "e quando o Estado perde esse monopólio, como assistimos recentemente no Espirito Santo?" Bom, para tentar entender essa celeuma, faz-se necessário um mergulho nas entranhas do que seja segurança pública no Brasil e de como o Estado a utiliza de forma estratégica em seus discursos políticos.

Senão vejamos: mesmo antes do ocorrido no Espirito Santo, já havia, por parte daqueles que são os responsáveis por manter a nossa integridade, propriedade e família seguros  ( estado e suas forças policiais), a repetição de um forte discurso de alerta sobre a violência urbana, gerando o medo e a necessidade de medidas “fortes” para conter a situação de insegurança vivida nas grandes cidades. Reduzir a idade penal para conter a presença dos adolescentes no crime; encarceramento em massa da população com aumento das penas; contratação de mais homens e aquisição de armamentos novos e mais eficazes para as polícias militares; investimento em tecnologia de vigilância da população, criação de batalhão de policiais preparados para impedir manifestações de rua; uso de forças armadas para patrulhamento de espaços civis precarizados com a ausência do Estado.

Não há dúvida de que a considerada população vitimizada de fato sofra com a ocorrência constante de crimes, dos mais corriqueiros e leves aos mais trágicos e horríveis. E nesta sociedade agressivamente machista, especialmente as mulheres têm sido alvo desta aparente desordem das cidades.

Contudo, há a produção de eficientes máquinas de controle social fundamentadas no discurso da violência urbana e na legitimação de políticas de uso da força na segurança pública, o que têm alimentado uma violência desmedida e histórica por parte de agentes do Estado. Ano após ano, em continuidade à lógica de combate ao inimigo interno institucionalizada durante a ditadura pela doutrina de segurança nacional, o Estado de Direito não tem obtido resultados positivos no incremento da capacidade de uso da força por parte dos equipamentos de segurança pública. Além de pouco modificar o quadro da forma de vida vulnerável dos grandes centros urbanos, as informações publicizadas indicam o aumento constante da violação de direitos por parte dos aparatos e agentes do Estado, com destaque para o crescimento das cifras de brasileiros assassinados por ações de instituições de segurança.

São chacinas operadas por policiais e com apuração muito lenta, quase inexistente, pelos órgãos de justiça. A autorização da ação violenta nas periferias contra os jovens atingiu seu ápice de legitimação com a discussão e aprovação parcial na Câmara Federal da redução da maioridade penal. Não é preciso tornar-se lei a definição social e biológica do “inimigo”, mas é suficiente que o discurso social e das instituições assim o considerem.

Parece esquizofrênico, mas quanto mais o Estado é violento, mais o quadro social se apresenta como de crise produzida pela violência urbana e mais se autoriza o investimento na capacidade de uso da violência por parte das políticas de segurança pública. Parece-nos que tal quadro não é o resultado de falhas ou má execução destas políticas. Ao contrário, há neste processo a eficaz produção de uma sociedade de controle, disciplinamento e punição, produzindo o cidadão domesticado e manso, para que assim ele seja ainda mais produtivo sem tomar em suas mãos a própria potência de agir politicamente. Do ponto de vista da eficácia desta política de segurança pública é mais importante uma situação de violência urbana do que de relações harmoniosas e ordeiras.

Parece haver um cálculo da aplicação da força por parte do Estado, dando à sua ação um aspecto teatral e espetacular, com o objetivo de produzir essencialmente dois efeitos práticos. O primeiro seria a disseminação do terror, mobilizando uma opinião pública com a sensação de vulnerabilidade e alimentando o jogo do medo mantido pelo Estado, o que institucionalmente e em larga escala ocorre ao menos desde a ditadura. Neste contexto, pouco importa se as polícias têm a imagem de eficientes ou de serem completamente desestruturadas. O segundo efeito é o de mostrar para a população que a força aplicada será sempre que necessário acima da legalidade. Nesta prática de segurança pública a lei funciona como um parâmetro de medida da violência vinda dos agentes do Estado para aqueles que saírem da normalidade social e política.

Exemplo trágico deste modelo foram as chacinas ocorridas em Sao Paulo nos últimos anos, levadas a cabo ( segundo os ministério publico) por policiais agindo no formato dos antigos esquadrões da morte dos anos 70 e contando com a impunidade – resultado da conivência das ouvidorias, da própria polícia e do judiciário com os crimes do Estado. 

Se a grande mídia tenta colar a ideia de um evento abusivo por parte de alguns policiais, a modificação da cena dos crimes e de destruição de provas praticadas por policiais que atenderam as ocorrências mostra a cumplicidade do sistema ao modus operandi. Segundo recente relatório da ONU (de outubro de 2016), ocorreu de 2013 a 2016 uma política sistemática de “limpeza” dos grandes centros urbanos sob a aparente justificativa de preparar as cidades para os mega eventos esportivos (Copa do Mundo-2014 e Olimpíadas-2016). No caso da chacina de Osasco, ocorrida em 20015, a demora e os recorrentes “erros” nos procedimentos de apuração estão produzindo um terreno para que não se coloque em risco a política atual de segurança.

Assim, o Estado atinge seu objetivo, qual seja, criar um cidadão de bem, pacífico, trabalhador (ou proprietário) e ordeiro, e o vagabundo, vândalo, louco, drogado, arruaceiro, o indivíduo fora das bordas que delimitam o possível autorizado pela ordem. Desta forma, a combinação do jogo do medo com a percepção de uma força acima das leis, a segurança pública em prática no país visa demonstrar que o aparato jurídico é insuficiente para proteger os cidadãos.

É por estas razões que campanhas pela diminuição da maioridade penal ou pelo recrudescimento das leis são vitoriosas mesmo quando não atingem seu objetivo aparente e discursivo. Um exemplo disso, é a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006 hoje se tornou um entrave para o Estado, visto que na prática ela não funciona. Em 2005, antes da Lei, uma mulher era agredida a cada 15 minutos no Brasil, hoje, 11 anos após a sua sanção, uma mulher é agredida a cada 1o minutos, e a reincidência nas agressões aumentaram em 38% de lá para cá. Sou a favor dessa Lei, a considero importante e uma ferramenta que as mulheres possuem contra agressores, porém, se não houver, por parte do Estado, mecanismos que garantam a segurança da mulher além do papel, com certeza será mais uma dessas Leis sem eficacia . Assim também ocorre com os defensores da diminuição da maioridade penal, não é necessário alterar a menoridade ou aumentar a pena por determinado crime, pois a pauta conservadora de seus debates já criam um imaginário e legitimam a ação violenta e violadora por parte do Estado.

Alguém certa vez disse " violência gera violência", na época o chamaram de louco. Mahatma Ghandi, outro grande pacifista indiano, dizia que se fosse necessário pegar em armas para salvar a Índia do controle inglês, ele preferia que seu país se tornasse uma eterna colônia. Vários são os exemplos, mundo afora, de pessoas e países que entenderam que a convivência pacifica entre as pessoas é resultante, dentre outros fatores, de politicas publicas inclusivas, distribuição igualitária de renda e um forte sistema educacional. A legitimação da violência pelo Estado não parece ser um engano ou falha do Estado de Direito, mas sim a ação política de uma sociedade do controle e do bloqueio de suas potências criativas e transformadoras, isso em sociologia tem um nome: "Estado Policial".


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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Nietzsche e a decadencia

A NOSSA DECADÊNCIA, SOB A ÓTICA DE FRIEDRICH NIETZSCHE.


                                                                           " O macaco é um animal demasiado simpático para que o homem descenda dele." (Nietzsche) 

Por Alacir Arruda

Há muito tempo não escrevo sobre Nietzsche, e nunca escondi de ninguém a minha predileção por ele, que considero, juntamente com Schopenhauer e Marx, os três maiores pensadores do século XIX. Em face disso, e diante do quadro de esfacelamento social, econômico e político que vivemos hoje tanto no plano nacional como internacional, resolvi fazer essa reflexão utilizando como referencial o pensamento nietzschiano.

O filosofo alemão Friedrich Nietzsche, que morreu em 1900, nunca sentiu nenhuma simpatia pela democracia. Ao contrário, a considerava um regime cuja presença em qualquer país já prenunciava uma irreparável decadência. Como sintoma disso, da decomposição dos valores superiores que fizeram a glória da cultura ocidental, ele apontou o verdadeiro culto, que na moderna sociedade - envenenada pelo cristianismo e pelo liberalismo dos medíocres - presta aos fracos, aos fracassados e aos insanos. A compaixão para com o que é débil e enfermo pareceu-lhe o sinal mais agudo da decomposição de uma cultura que outrora fora superior.

Nietzsche tinha a firme convicção de que a sociedade européia do século XIX  (assim como a nossa hoje), estava atacada por profundos males, cujas sinais de decadência mais evidentes revelavam-se: a) pela expansão do liberalismo (visto como doutrina de uma burguesia senil e covarde, sem energia para reprimir a emergência da nova barbárie); b) pela crescente demanda pela democracia feita por sindicatos e pelo populacho em geral, ao qual se associavam movimentos feministas e outros libertários ("porque, bem sabes, chegou a hora da grande, pérfida, longa, lenta rebelião da plebe e dos escravos; que cresce e continua a crescer" ; c) pelo crescente império do mau gosto, no teatro, na ópera, na música, exposto pela difusão e divulgação da arte popular ("É que, hoje, os pequenos homens do povinho tornaram-se os senhores...isso, agora, quer tornar-se senhor de todo o destino humano).

A vontade de poder

Foi Elizabeth Föster-Nietzsche, a irmã do pensador, tutora do espólio dele conservado no Nietzsche-Archiv em Weimar, quem organizou e deu a forma final, em 1901, um ano depois da morte do pensador, ao volume do Der Wille zur Macht, a Vontade de Poder. Nada mais era do que uma enorme coleção de aforismos, bem mais de 600, alguns alcançando a medida de uma página, que ele tentou distribuir em quatro livros, com um conjunto de escritos um tanto desconexos que ele decidira juntar num livro só. Porém o definitivo acesso de demência que o acometeu em Turim, em 1889, impediu-o disso. O livro pode perfeitamente ser considerado como o testamento político e filosófico de Nietzsche (se bem que a seleção que ela fez foi muito criticada pelos especialistas e pelos críticos e outros admiradores de Nietzsche) e igualmente a suma derradeira de tudo o que ele escrevera até então. É de alguns dos seus aforismos, especialmente o de número 389, e de alguns mais, que extraiu-se o que se segue e que ele chamou de "a corrente descendente".

A mudança do centro da gravidade

Nietzsche, como ideólogo contra-revolucionário, responsabilizava o clima geral de decadência, que ele sentiu generalizar-se na sua época, aos eventos da revolução francesa de 1789. Momento em que, segundo ele, a equivocada idéia de igualdade estabeleceu direitos comuns a todos, deixando-se a Europa levar pela "superstição da igualdade entre os homens". A era moderna, por conseguinte, nascia sob o signo de um grande equivoco, responsável único pelas enormes modificações no universo social e cultural. Para ele, a decadência do mundo moderno facilmente se verificava pelo fato do centro da gravitação ter-se deslocado da personalidade aristocrática - do homem de exceção, ser extraordinário e raro - , para uma órbita plebéia, concentrada no tipo comum, ordinário, dominada pela alma do rebanho, onde reinava o medíocre, o filisteu, o fracote, o doente. Logo, a ascensão das massas, tão celebrada e enaltecida pelos progressistas de todas as tendências e pelos políticos liberais-radicais do século XIX, não passava para ele de um sintoma da profunda crise geral da civilização européia

O que fazer?

A expectativa de Nietzsche, a única esperança que ele vislumbrou para evitar a bancarrota da grande cultura ocidental, ameaçada pelo mau gosto do populacho e pela possível insurreição das massas (como correra com a Comuna de Paris em 1871), era aguardar a chegada do super-homem. A ele, a este novo messias, estaria reservada a tarefa hercúlea de enquadrar a plebe, reprimindo seus anseios político e sua desqualificação estética. O super-homem não existia na época em que Nietzsche viveu, mas profetizou sua chegada para o futuro. Ele é quem executaria a transmutação dos valores, fazendo com que "Bom" e "Justo" voltassem a ser associado a "Nobre" e "Digno", e não mais a "Pobre" ou "Humilde", como ocorria na moral cristã


Quem é o super-homem?

Este poderoso e tão popular personagem da imaginação nietzscheana derivou do romantismo alemão (com sua incontida celebração do gênio, do indivíduo dotado de virtudes incomuns) mas também da secularização da mitologia, encarnada num Prometeu redivivo, já assinalado por Goethe. O gênio é uma força irracional, um fenômeno da natureza, quase divino e absolutamente extraordinário: assim o enalteceram Goethe, Fichte e Hegel (que afinal conviveram com Napoleão Bonaparte). Ele encontrava-se bem acima dos demais mortais, sendo característico dele usar os outros seres humanos apenas como degrau para sua ascensão. É um forte, um aristocrata (não no sentido de sangue, mas de personalidade), um colossal egocêntrico que faz suas próprias leis e regras e que não segue as da manada. Mas o super-homem pode ser visto também como o resultado último da uma concepção evolucionista. Se, no passado remoto, como ensinou Darwin, fomos precedidos pelos símio, sendo o homem do presente apenas uma ponte, o futuro seria irremediavelmente dominado pelo super-homem.

"Dedico esse artigo a todos os meus ex alunos por um dia terem sido apresentados a  Nietzsche por esse velho docente"


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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O Brasil nao deu certo!

RECONHEÇAMOS, O BRASIL NÃO DEU CERTO!

Por Alacir Arruda

Uma verdade é insofismável, o Brasil enquanto nação não deu certo. É preciso sermos humildes o suficiente para  reconhecer  tal fato. E não adianta buscarmos  culpados, pois todos temos uma parcela de culpa. Senão vejamos: temos o hábito de culparmos os políticos pelas mazelas brasileiras, correto?  São eles que envergonham a nação e a expropriam certo?  São corruptos, correto?  E você, qual a sua parcela?

Na verdade é assim que pensamos:  o grande mal do Brasil são os políticos. Esse pensamento não está totalmente errado, realmente temos os piores políticos do mundo, caros e ineficazes, porém, só políticos ruins não seriam suficiente para levar uma nação  de dimensão  continental como a nossa,  à bancarrota,  como agora estamos. Para que um país com mais de 200 milhões de habitantes  quebre, ou perca credibilidade internacional,  é necessário um conjunto de fatores acontecendo ao mesmo  tempo, dentre eles,  a inércia de seu povo.

Se eu perguntar para um brasileiro qualquer na rua: nas ultimas eleições  em quem você  votou para deputado federal ou senador? Com certeza serão  poucos os que  lembram. Mais de 85% dos nossos eleitores votam por obrigação, segundo o IBGE, e  apenas 15%  são compostos de votos úteis, aquele que foi realizado com consciência. A coisa piora seu eu perguntar a esse mesmo indivíduo: qual o papel de um deputado federal  e de um senador? Aí que a confusão mental dele aumenta e seus neurônios entrarão em colapso, com certeza ele me pedirá um  Diazepam. Ele é um coitado, não tem a menor ideia do que cada um faz, isso não é ensinado em sala de aula no Brasil ( segundo o IBOPE apenas 4%  do eleitorado brasileiro  sabe essa  diferença).

Ora,  se hoje  temos quase 140 milhões de  eleitores, (segundo dados do TSE)  e, desses,  ao menos 110 milhões votam a cada 2 anos, ao somarmos  15%  desse universo,  não chegamos  a 18 milhões de pessoas, esse é o total do chamado  “voto consciente” no Brasil. É tão pouco que, para se ter uma ideia,  quase não elege um  Governador em São Paulo, logo, temos um eleitorado composto em sua maioria absoluta de analfabetos políticos, que votam em qualquer um, ou mesmo, vende seu voto. Aí o culpado ainda  são apenas os políticos?

Quando comparado a outras nações, ai que a nossa vergonha e maior ainda. Vamos pegar como exemplo a Alemanha. Esse país europeu passou por duas Guerras Mundiais, na segunda foi praticamente arrasada pelos Aliados, sua capital Berlim, virou cinzas e foi dividida em duas, tropas americanas se instalaram na parte  ocidental e os soviéticos na oriental e  foram  proibidos de ter exercito. Mesmo com toda essa desgraça, passados 60 anos,  essa mesma Alemanha é hoje a terceira potência mundial,  de cada dez  prêmios Nobel, ao menos  dois são destinados a  alemães ( nós nunca ganhamos nenhum), suas  escolas são em tempo integral, aluno estuda em media  8 horas diária, existem  mais de 30 universidades alemãs entre as 100 melhores do mundo ( do Brasil a USP é melhor nesta lista na posição 216),    o voto é facultativo, porém, mais de 70% de alemães comparecem com orgulho para votar, e não se houve falar em corrupção na politica alemã a pelo menos 50 anos. Lá,  politico corrupto não é perdoado e o aluno é apresentado a ciência politica a partir do 5 ano e de cada 4 alemães, dois querem ser Primeiro Ministro.

No Brasil estudamos apenas 4 horas (a tarde nossa cabeça e oficina do diabo), trocamos sala de aula por futebol, adoramos assistir ”pegadinha do Faustão”, Gugu, e Cidade Alerta,  38% dos nossos universitários são analfabetos funcionais, não  conseguem compreender um texto que Lê, e o pior, 12%  dos professores universitários não tem a menor noção do que estão fazendo em sala de aula,   no ensino médio isso passa para 38%. Adoramos uma “boquinha”  no serviço público, de preferência que não precisemos  bater ponto: furamos fila, não devolvemos o troco quando vem a mais, se temos um amigo na prefeitura pedimos para ele dar um “jeitinho” naquele alvará,  e no Detran pedimos para que ele resolva aquela multa, que não foi por culpa sua, mas sim, por  intransigência do Amarelinho. Quando um guarda de trânsito nos para,  e estamos irregulares, adoramos oferecer um “cafezinho” para que nosso  carro não seja  guinchado. Prometemos celulares, carro, ou presentinhos  em troca do  filho passar de ano ( como se não fosse obrigação dele isso),  e quando um amigo seu é eleito para qualquer cargo público,  você é o primeiro a dizer “não esquece de mim ok”, (como se as  obrigações parlamentares  dele fosse  apenas com você).  A  corrupção está em nosso DNA.

-E você ainda insiste que só os políticos são culpados por esse caos?

Se foi Deus quem nos criou, não tenho a menor duvida que  ele se arrependeu...Definitivamente, enquanto nação, não demos certo!

Contato: agaextensao@gmail.com