quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

TEXTO PARA O ENEM-2017 - Trump e Netanyahu: 4 neuronios

O MUNDO TEM UMA SOLUÇÃO, MAS ELA REPOUSA SOBRE UM PARADOXO.


Por Alacir Arruda

A paz,  é isso que todos buscam. Mas tenha certeza ela não é fácil! Como dizia o pensador inglês Thomas Hobbes:  "se você quer a paz prepare-se para a Guerra". Vejamos o exemplo do Oriente Médio.  Ao ver Donald Trump ao lado do primeiro ministro israelense Benjamim Netanyahu na Casa Branca, é assustador. Pior são as asnices ditas por ambos, que são dois trogloditas; segundo Trump, a Paz no Oriente Médio não passa pela criação de um estado Palestino  e que Israel tem o direito de ampliar os assentamentos em direção a Cisjordânia, mas é bom dar uma "paradinha", dar um tempo, por enquanto. Para Netanyahu que, enfim encontrou alguém como ele, com apenas dois neurônios; o povo Palestino precisa reconhecer o Estado Judeu e Israel tem o direito de expandir seus territórios para garantir a segurança da região.

Ora, todos  que conhecem minimamente a história, sabe a opressão que o povo palestino vem sofrendo desde que a ONU ( que não serve pra nada),  criou em 1948 o Estado de Israel, deixando os palestinos  esquecidos e limitados a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.  Israel chegou como um "trator", passando por cima não apenas  do território palestino, mas sobretudo, se impondo a partir de um processo de limpeza étnica poucas vezes vistas, ou seja; palestino que fosse contrario ao Estado de Israel, era eliminado.

A grande questão daquela região é que não há dois países, existe Israel e existe uma população palestina em territórios ocupados por Israel. A forma como a mídia apresenta o problema traz muita confusão. A própria não-utilização do termo "ocupação militar" faz com que as pessoas não saibam que existe uma ocupação militar em Gaza e na Cisjordânia. Em vez de "ocupação militar" e "resistência palestina", fala-se em "conflito", como se houvesse dois lados iguais, dois países disputando um território. Não é bem o caso. Essa resistência palestina também é tratada como terrorismo, sendo que é a resistência de uma população com alguns grupos extremistas, como existem grupos extremistas dentro de Israel. Uma resistência legítima, contra uma ocupação militar que dura quatro décadas. O estado palestino nunca foi criado. Não existe esse estado palestino.

O problema é que, em 1947, a ONU [Organização das Nações Unidas] demarcou o território onde deveria ser criado o estado palestino, que seria aproximadamente a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Naquele ano foi dividido o território da palestina entre judeus, que estavam chegando na região desde o início do século 20, e a população palestina, que vivia ali há centenas de anos. Nessa partilha, o estado de Israel ficou com aproximadamente 55% da terra da Palestina. O estado da Palestina, que não foi criado, ficaria com 45% do território.

É obvio que essa divisão gerou um conflito.  Em 1948, houve uma guerra. Mas um ano antes já havia uma guerra de milícia, as milícias judaicas, que depois deram origem ao exército israelense. Em 1946 já ocorriam atentados a bomba praticados por israelenses, que geraram uma situação de terror dentro da Palestina. A historiografia registra 25 massacres nesse período contra a população palestina. Essa situação de medo levou a uma população de 750 mil de refugiados palestinos. Fugiram da região onde foi criado o estado de Israel para o Líbano, Síria, Jordânia, Gaza e Cisjordânia. Hoje é uma população de mais de quatro milhões de refugiados em 59 campos em toda essa região. Esses campos se assemelham a grandes favelas ou cidades precárias. A população de refugiados palestinos corresponde a um terço de todos os refugiados do mundo todo.

É importante ainda, entender por que a ONU entregou à Israel terras dos palestinos. Até a Primeira Guerra Mundial, havia um pequena população de judeus, cerca de 5% da população total da Palestina, vivendo em harmonia com os árabes. De vez em quando havia algum conflito, mas que não passava de um conflito tipo Palmeiras e São Paulo aqui no Brasil. Depois da Primeira Guerra, a Palestina, que era parte do Império Otomano, passou a ser dominada pela Grã-Bretanha, por um mandato outorgado à Inglaterra pela Liga das Nações, antecessora da ONU. A Palestina fazia parte do Império Otomano, que foi derrotado e, fragmentado, deixou de existir. Suas áreas passaram a possessões de outros países. No caso da Palestina, a Inglaterra passou a dominar a região até 1947. Durante esse período, a Inglaterra permitiu e favoreceu a imigração de judeus. A população judaica passou de 5% no início do século 20 a quase 40% da população total em 1946. Durante essa imigração começaram os choques entre os dois povos, mas sem grandes proporções. A partir de 1947 é que se cria o problema dos refugiados, a expulsão maciça de 750 mil palestinos. Depois de 1947, durante 20 anos, Gaza ficou sob administração do Egito, e a Cisjordânia ficou sob administração da Jordânia.

Sobrou aos  palestinos os territórios, de  Gaza e Cisjordânia. Mesmo assim em 1967, uma nova guerra levou à ocupação, por parte dos israelenses, de Gaza, Cisjordânia e das Colinas de Golan, na Síria, territórios que estão ocupados por Israel até hoje . É a maior ocupação da história atual. O povo palestino acabou pagando por um crime cometido por países europeus, com a cumplicidade desses países. 

O mais interessante é que, até hoje,  Israel não concorda com a divisão da ONU. O  Estado de Israel foi criado para reparar os judeus, frente ao ocorrido durante a II Guerra, mas os palestinos, que não tiveram nada a ver com o massacre, acabaram se tornando as vítimas das vítimas do Holocausto. Os judeus, que até meados do século 20 se concentravam na Rússia, preferiam imigrar para os EUA, onde havia mais chances de trabalho de desenvolvimento. O Holocausto mudou tudo isso. Os judeus chegaram à conclusão de que não havia mais como fugir, o mundo passou a ser um mundo sem visto para eles. E eles acharam que o estado de Israel poderia ser a solução de seus problemas. Hoje, o estado de Israel pratica racismo contra a população palestina interna, se configura como um estado de apartheid. O problema acabou gerando mais anti-semitismo ainda, o que é lamentável, um crime histórico.

Quando Trump afirma que não precisa ser criado um Estado palestino, esta apenas reforçando a politica expansionista israelense e dando munição a Netanyahu,  que é um sanguinário, déspota comparado aos piores da historia. O povo palestino hoje vive num espaço reduzido sofrendo com as ações, cada vez mais agressivas, de Israel. 

A paz só pode existir quando cessa o Conhecido, porque é no Desconhecido que se encontra a solução! Como não há conceito de mudança entre os homens, à humanidade viverá sempre na confusão, nisso reside o paradoxo da paz.



Contato: agaextensao@gmail.com

4 comentários:

  1. Obrigado professor,uma verdadeira aula de historia e geopolítica, peço que continue publicando textos que podem cair no ENEM nos ajuda muito. Eu, e muitos, não temos condições de pagar um cursinho então lemos seu Blog todos os dias e acho vc muito inteligente.Tive o prazer de conhecer alguns de seus ex alunos e todos falam que vc em sala de aula era um "mosntro" para ensinar dizem que era muito bom. Muito obrigada - Jessica Diaz e Matheus de Cuiaba

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  2. Belíssimo artigo Alacir.

    Eu não consigo entender como pode um professor como você pode estar fora da sala de aula. Meu..tem tanto professor ruim, incompetente e que nao domina aquilo que ensina e se acham.Você domina ao menos 4 disciplinas,fui sua aluna e suas aulas eram as mais concorridas no cursinho,eram mais de 200 alunos aos sábados,lembra? Me recordo que iniciava as 8 da manha e você tocava até as 11 sem intervalo e não saia uma aluno da sala. Sua empatia, conhecimento descomunal e uma capacidade ímpar de prender os alunos é uma coisa que jamais vi. Fizeram aquela sacanagem com você ano passado, só para te tirarem da sala de aula, não há outra explicação,você não precisa provar nada mais pra ninguém Alacir,você em sala de aula é o melhor que ja vi. Estou na Universidade hoje e sempre comento de você para meus amigos de curso, digo como você dava aula,eles param e ficam de boca aberta dizem que nunca tiveram nada igual.Eu conto mesmo e acho que aqueles que hoje estão nas universidades graças a você deveriam se manisfestar quanto a essa maldade que lhe fizeram. Espero que supere isso volte logo. LHE RESPEITO DEMAIS: Raquel-UFMT

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  3. Muito bom o texto. Parabéns por ser tão útil a população que tem sede e fome de esclarecimentos. Vejo o carinho e admiração que os alunos têm por você. Seu lugar é a sala de aula. Abraços

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  4. Obrigado Raquel, espero que esteja e gostando da faculdade, agradeço as belas palavras e me lembro sim daqueles sabados,eram muito bons. Jessica e Matheus,fiquem tranquilo que continuarei publicando temas do ENEM para que possam reforçar seus estudos e Professora Naildes, muito obrigado pela força

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