sexta-feira, 31 de outubro de 2014

ENEM geopolitica

Movimentos separatistas europeus: um risco a sobrevivência da U.E?
Alacir Arruda

O que leva catalães (e levou muitos escoceses) a desejar independência não é ódio à Espanha ou Grã-Bretanha — mas desespero por escapar das políticas ultra-capitalistas contra direitos sociais 

A Europa tem passado, nos últimos tempos, por situações delicadas quanto a manutenção de sua unidade.  Há algumas semanas, o parlamento catalão tornou ilegal a homofobia, impondo penas para crimes e discursos de ódio contra gays e lésbicas. Os Membros do Parlamento na Câmara Regional explodiram em aplausos – mas era mais que uma celebração: o alvo do barulho eram os políticos conservadores que governam Madri.
Esse foi o mais recente gesto de Barcelona contra o governo central da Espanha, mas não o maior. Este virá no domingo de 9 de novembro, quando o governo da Catalunha pretende organizar uma consulta a respeito da independência. Embora o Supremo Tribunal da Espanha tenha suspendido as preparações para a votação e o governo espanhol diga que ela é ilegal, os preparativos não oficiais prosseguem em toda a Catalunha.
Assim como na Escócia, agora se trata de mais do que nacionalismo: os movimentos de independência de pequenos países estão sendo alimentados pelo fracasso dos grandes Estados em resolver a crise econômica. Nos países onde as políticas nacionais estão travadas por severos consensos de austeridade – e onde os velhos partidos socialistas parecem sem rumo –, é racional que a resistência corra pelas vias do separatismo e da autonomia.
Se você projetar uma visão de 50 anos para o capitalismo, como a OCDE fez em julho, verá um roteiro desastroso para os países desenvolvidos, mais ou menos assim: suas populações envelhecem, colocando um peso imenso nos gastos públicos; a desigualdade cresce, levando a uma erosão na base tributária; enfim, eles vão à falência, provavelmente encarando uma crise de suprimento de energia no caminho. Aqueles que não quebram transformam-se em lugares feios, pobres e intolerantes.
Existem duas estratégias que poderiam compensar isso, mas os países em crise vão achá-las difíceis de praticar. Primeiro, segundo a OCDE e muitos macroeconomistas imparciais, é necessário receber uma imigração massiva para rebalancear a população entre contribuintes e usuários dos serviços. Depois, é necessário elevado crescimento na produtividade, o que provavelmente significa um programa de inovação dirigido pelo Estado, que idealmente resolveria a questão da energia ao longo do caminho.
Uma vez que os problemas de longo prazo do capitalismo estão postos cruamente, a lógica econômica para a separação de pequenos países se torna mais clara. Não é apenas que os países grandes são pesados, difíceis de manejar. Velhos países desenvolvidos como a Grã-Bretanha e a Espanha têm elites políticas alinhadas com interesses econômicos que não favorecem a inovação financiada pelo Estado, alta imigração ou energia sustentável.
Nesse contexto, se a população de um pequeno país dentro de uma entidade maior suspeita que vai ser a perpétua perdedora em um período de cinquenta anos de austeridade, é lógico para ela buscar a independência. Tanto na Escócia quanto na Catalunha, pude sentir a convicção de que, se o futuro efetivamente envolve a recepção de imigração, eles seriam mais felizes gerenciando isso em um país pequeno com alta coesão social do que em um grande que é uma bagunça.
Mas no eventual rompimento entre Madri e Barcelona que se aproxima existem diferenças cruciais em relação à Escócia. Diferente da Escócia, a Catalunha é um grande contribuinte líquido de impostos para o centro: em um ano médio, 8% do PIB da região flui em impostos para o resto da Espanha, custando estimadamente 2.055 € a cada catalão em 2011 (o governo central não publica regularmente os valores). Agora em um movimento descrito como “incendiário” pela mídia nacional, o orçamento nacional da Espanha para 2015 destinou à Catalunha a menor parcela de investimento público em 17 anos.
Então, se a separação tornar-se uma realidade, nem o Banco Central Europeu nem o tesouro espanhol teriam muita influência fiscal sobre Barcelona. Em todo caso, o partido nacionalista catalão no poder, o CiU, de centro-direita, fez grandes cortes de gastos desde a crise de 2008. Os catalães declaram-se “a Alemanha da Espanha” e estão confiantes de que o novo país poderia se bancar.
A segunda grande diferença é a esquerda. Os radicais de esquerda da Escócia tiveram grande impacto na campanha do referendo, mas a sua presença em Holyrood – o parlamento escocês – consiste em apenas dois membros do Partido Verde. A esquerda catalã é muito maior e está em alta.
Em 2012, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) surgiu nas eleições para o parlamento regional, tornando-se o segundo maior partido, com 13%. Desde maio, todas as pesquisas de opinião colocam o partido com algo em torno de 23%, a caminho de ganhar a próxima eleição. A ERC já governou a Catalunha no período que precedeu a Guerra Civil Espanhola e – apesar de suas políticas serem basicamente de uma esquerda social-democrata – está pressionando por um confronto com Madri, ao organizar o referendo usando o serviço civil regional, mesmo que isso tenha sido declarado ilegal.
A esquerda foi impulsionada não somente pelos anos de crise econômica, mas por um escândalo de corrupção que atingiu a CiU. Jordi Pujol, político veterano da CiU, admitiu manter uma vasta fortuna em contas no exterior não declaradas. Ainda que ele negue que esse dinheiro tenha sido obtido de forma corrupta, é isto o que alega Madri e, de qualquer forma, trata-se de evasão fiscal. Enquanto isso, dois de seus filhos – um dos quais acaba de renunciar a um cargo importante na atual liderança do partido – também estão enfrentando investigações relacionadas a contas bancárias no exterior.
Embora não haja certezas e os Pujol afirmem que é tudo armação de Madri, entre as massas mais aguerridas da Catalunha o caso levou mais separatistas para a ERC.
O referendo – caso aconteça – será consultivo, sem efeito mandatório. Além disso, há duas perguntas: “você quer ser um estado” e “você quer ser independente”? Então existe uma boa quantidade de teatro político acontecendo aqui. Mas, quando se adiciona um ingrediente de esquerda-direita numa crise constitucional na Espanha, os riscos de conflitos sociais reais aumentam.
A Escócia e a Catalunha são as birutas que indicam a direção de ventos que sopram em toda a Europa. Na próxima quinta-feira, teremos os mais recentes dados de crescimento da Zona do Euro, que provavelmente mostrarão ainda outro trimestre de estagnação ou crescimento lento. Os economistas vão ralhar com Bruxelas e o BCE por falharem em fazer a Europa mais como a Inglaterra e os EUA. Mas o impulso político contra a reforma de livre mercado está crescendo.
Na França, temos a extrema-direita com 25%. Na Alemanha, mês passado, o partido anti-euro Aliança pela Alemanha (AfD) dobrou seus dígitos em duas eleições regionais. O governo grego – o canário na mina de carvão da crise como um todo, que cairia primeiro alertando para o risco de uma derrocada geral – está lutando para terminar seu mandato, enquanto o maior partido marxista europeu espera na coxia, tendo ganhado as eleições europeias de lá e tomado controle da maior região administrativa.
Existem agora na Europa grandes forças que rejeitam o status quo. Se os políticos da situação controlam todas as forças, isso simplesmente significa que a oposição vai seguir surgindo de formas imprevisíveis, com alguns nacionalismos se tornando de esquerda e alguns partidos de extrema direita propagandeando o estado de bem-estar social.
Com um mercado de títulos globalizado, apenas alguns países enormes têm real controle sobre suas políticas de arrecadação e gastos. Mas a sedução da secessão, de estratégias de saída do euro ou mesmo da UE, continua forte, pela seguinte razão.
Para o mundo desenvolvido readquirir seu dinamismo, algo drástico precisa acontecer. Se acreditarmos na OECD e em outros eminentes comentaristas, então mudanças de mentalidade radicais sobre investimentos, migração, oferta de serviços públicos e inovação precisam acontecer.
Na Catalunha e na Escócia, grandes parcelas da população prefeririam gerenciar essa situação livres de um Estado central no qual elas não confiam mais.


quinta-feira, 30 de outubro de 2014

enem 2014

ENEM 2014: Dicas de temas atuais.

Por  Alacir Arruda

Estamos há pouco mais de uma semana para o ENEM. Muitos alunos me perguntam o que fazer nesse momento: estudar, revisar conteúdos, fazer redações, estudar atualidades, enfim..as duvidas são as mais variadas, eu entendo a ansiedade deles em função da importância que hoje o ENEM adquiriu. Como é de conhecimento de quase todos, tive o prazer de ser um dos 40 professores que em 2008  foram convidados a  criar o NOVO ENEM a convite do INEP,  além de ser um dos elaboradores de Itens desse exame desde 2006. Minha resposta as indagações dos alunos são sempre a mesmas;  ao contrário dos antigos vestibulares decorebas, no   ENEM não existe o fator  sorte,  o exame premia os alunos que se prepararam uma vez que não tem qualquer possibilidade de chute . O segredo é estudar  de acordo com a metodologia do exame, ou seja, a partir de suas matrizes, alem de exigir do aluno um conhecimento amplo de tudo que ocorre no mundo atual, ou seja, as atualidades.

Mas  Entre os temas recorrentes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a influência da tecnologia e seu impacto na vida em sociedade poderá ser um dos temas atuais exigidos na prova. De acordo com informações disponibilizadas no edital, é possível que o candidato se depare com enunciados que envolvem conteúdos interdisciplinares, ligados à história, geografia, filosofia e sociologia.

O novo contexto social pode ser explicado pelo fácil acesso às ferramentas tecnológicas que, além de reformularem as relações sociais, também transformam nossa percepção de tempo-espaço.

A tecnologia hoje é parte fundamental da vida das pessoas. Filósofos como Heidegger, Foucault, Horkheimer e Pierre Lévy já pensaram como essas transformações poderiam impactar nossa percepção do mundo.

Um exemplo que caracteriza essas modificações é nossa relação com o tempo. A eficiência de objetos e pessoas é medida pela velocidade com que uma tarefa é executada. Novos aparelhos prometem poupar nosso tempo e simultaneamente criam dependência de sua utilização. É o caso dos aparelhos celulares, dos carros e da internet.
“Há alguns filósofos que afirmam que estamos vivendo a sociedade do controle, onde todos possuem o controle de todos e isso filosoficamente apresenta uma etapa interessante da história. Essa questão, no caso, interessa também muito ao mercado, já que é fundamental saber os gostos dos cidadãos”, relata o professor.

Era digital
No período atual da história, as redes sociais ocupam posição de destaque na interação entre as pessoas. É o que o afirma Pierre Lévy, o autor trabalha com a ideia da inteligência coletiva, em que cada usuário colabora de maneira significativa para a construção do conhecimento, adicionando novas informações e ampliando o diálogo sobre determinado assunto.

Com isso, a probabilidade de encontrar especialistas nas redes sociais que compartilham os mesmos gostos que o de outro usuário é muito maior. Por isso a importância de utilizar fóruns, chats e atualmente, as redes sociais como uma maneira de construir laços virtuais de interesse em comum.

No aspecto social, a rede rompeu barreiras e modificou o contato entre usuários das comunidades virtuais, que já não se unem de acordo com o reconhecimento cultural, mas sim a partir de redes de conhecimento especializadas. É o caso do universo de fóruns, chats, blogs e até mesmo grupos de correios eletrônicos, que reúnem interessados, amadores e/ou especialistas, com afinidades em comum.

Contrapartida 
No entanto, ao conseguir com que dados pessoais sejam compartilhados voluntariamente na internet, os internautas participam de um sistema onde todos administram e são administrados ao mesmo tempo. ''O alto nível de controle atrofia nossa reflexão, pois passamos a receber informações de forma passiva e a não sermos protagonistas de nossas escolhas'', opina o professor Paulo Andrade do Anglo-SP.

Outros dois conceitos que se confundem e podem ser cobrados no dia da prova são informação e conhecimento. Excesso de informação não significa, necessariamente, um grande conhecimento do assunto.
''Conhecimento é quando nós refletimos e avaliamos como podemos aplicar as informações que temos em nossa relação com a realidade. Hoje em dia existem muitas notícias enganosas e de fontes que não são seguras'', alerta o educador. 

Enem 2014
As provas acontecerão no dia 8 e 9 de novembro. No primeiro dia, será aplicada a prova de ciências humanas e ciências da natureza e suas tecnologias. A prova vai durar 4h30. Já no segundo dia de prova, os alunos responderão questões de linguagens, códigos e suas tecnologias e matemática. A redação também será aplicada no dia 9. O tempo da prova será de 5h30.

O Enem de 2014 será realizado em 1.699 municípios. Nos dois dias de prova, os portões de acesso serão abertos às 12h e fechados às 13h, de acordo com o horário de Brasília.

Saiba mais
A nota do Enem pode ser usada para participar de vários programas, entre eles o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferece vagas no ensino superior público; o programa de acesso a universidades privadas, que disponibiliza bolsas em instituições particulares; e o Sistema de Seleção Unificada do Ensino Técnico e Profissional (Sisutec), que destina a estudantes vagas gratuitas em cursos técnicos. 

O Enem é também pré-requisito para firmar contratos pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e para concorrer a bolsas de intercâmbio pelo Programa de mobilidade internacional.


terça-feira, 28 de outubro de 2014

a força do sistema

BRASIL: A POLÍTICA E A CRISE DE VALORES

Por Alacir Arruda

Por muitas vezes me perguntei: “O Brasil tem solução”? Então fui estudar sociologia, ciência política e antropologia para tentar encontrar nessas ciências uma resposta razoável a esse questionamento que me acompanha desde a minha adolescência. Confesso que ainda não a encontrei! Mas, por quê? Talvez isso se deva ao fato de realmente não termos solução, ou a solução ainda estar a caminho ou ainda que não haja uma forma conceitual de avaliar isso. Bom, teorias à parte as minhas preocupações residem na incapacidade dos nossos governantes enxergarem o óbvio; “o nosso povo carece de conhecimento”. É sofrível, para ser educado, o nível de alunos que hoje chegam as universidades brasileiras; aqui faço uma ressalva: os alunos de federais ainda conseguem estabelecer com a ciência uma relação de proximidade, mas o senso comum impera nas privadas. 

Outra coisa não menos óbvia, é que não há, por parte dos governantes, qualquer interesses em mudar esse quadro pois isso seria um tiro no próprio pé. O Estado tem um papel central nesse processo, uma vez que controla a educação e essa, por si só, será sempre reprodutora: A Escola sempre reproduz algo. O seu problema maior não reside nessa necessidade da reprodução cultural, mas sim naquilo que há por se reproduzir. A escola transmite as ideologias dominantes; é, assim, „reprodutora‟ do disciplinamento capitalista. É antiga essa constatação da importância da educação para a manutenção de uma estrutura social. Numa carta de 11 de junho de 1868, enviada a Kugelmann, Marx afirmou que “se uma formação social não reproduz as suas condições de produção ao mesmo tempo que produz, não conseguirá sobreviver um ano que seja” – (cf. Luckesi, 1994, p. 51).

Diante disso, como discutir ou entender o binômio ética e política no Brasil? Até que ponto a política é compatível com a ética? A política pode ser eficiente se incorporar a ética? Não seria puro moralismo exigir que a política considere os valores éticos? 

Quando se trata da relação entre ética e política não há respostas fáceis. Há mesmo quem considere que esta é uma falsa questão, em outras palavras, que ética e política são como a água e o vinho: não se misturam. Quem pensa assim, adota uma postura que nega qualquer vínculo da política com a moral: os fins justificam os meios.

O ‘realismo político’, ou seja, a busca de resultados a qualquer preço, subtrai os atos políticos à qualquer avaliação moral, entendendo esta como restrita à vida privada, dissociando o indivíduo do coletivo.

Esta concepção sobre a relação ética e política desconsidera que a moral também é um fator social e como tal não pode se restringir ao santuário da consciência dos indivíduos. Em outras palavras, embora a moral se manifeste pelo comportamento do indivíduo, ela expressa uma exigência da sociedade (um exemplo disso é a adoção dos diversos "códigos de ética"). Ou seja, não leva em conta que a política nega ou afirma certa moral e que, em última instância, a política também é avaliada pelo comportamento e entendimento moral das pessoas. Aliás, se a política almeja legitimidade não pode, entre outros fatores, dispensar o consenso dos cidadãos — o que pressupõe o apelo à moral.

Há também os que, ingenuamente ou não, adotam critérios moralizantes para julgar os atos políticos. Por conseguinte, condicionam a política à pureza abstrata reservada ao ‘sagrado’ espaço da consciência individual. Estes imaginam poder realizar a política apenas pelos meios puros.

O moralismo abstrato concentra a atenção na esfera da vida privada, do indivíduo. Portanto, aprisiona a política à moral intimista e subjetiva deste. Ao centrar a atenção na esfera individual, o moralista julga o governante tão-somente por suas virtudes e vícios, enfatizando suas esperanças na transformação moral dos indivíduos.


Ao agir assim reduz um problema de teor social e coletivo a um problema individual. No limite, chega à conclusão de que as questões sociais podem ser solucionadas se convencermos os indivíduos isoladamente a contribuírem, por exemplo, dividindo sua riqueza como os desafortunados.

O resultado é catastrófico: o moralista angustia-se porque a política não se enquadra nos seus valores morais individuais e termina por renunciar à própria ação política. Dessa forma, contribui objetivamente para que prevaleça outra política.

De um lado o ‘realismo político’; de outro, o moralismo absoluto. Nem tanto mar, nem tanto terra. A política e a moral, embora expressem esferas de ação e de comportamento humano específicas e distintas, são igualmente importantes para a ação humana no sentido da transformação social.

Política e moral são formas de comportamento que não se identificam (a primeira enfatiza o coletivo; a segunda o indivíduo). Nem a política pode absorver a moral, nem esta pode ser reduzida à política. Embora sejam esferas diferentes, há a necessidade de uma relação mútua que não anule as características particulares de cada uma. Portanto, nem a renúncia à política em nome da moral; nem a exclusão absoluta da política.

Mas, ainda fica a pergunta inicial: é possível a ética na política? Para uma resposta mais abrangente é preciso analisar as diferenças entre ética e moral (conceitos que usamos de forma indistinta).

QUEM SABE RENATO RUSSO NOS AJUDE A REFLETIR 


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

um pais de luto

QUANDO A MENTIRA E O ÓDIO OBTÉM MAIORIA NAS URNAS..

Para o revolucionário, e não menos genial,  cineasta brasileiro Glauber Rocha: “Enquanto continuarmos levando a política na sacanagem, os políticos continuarão a nos levar pelo mesmo caminho”. Não tenho dúvidas que  a vitoria de Dilma Rousssef se deve muito a essa frase. Senão vejamos. Quem é o eleitor de Dilma? Salvo alguns anencéfalos e  pseudos intelectuais, seu eleitorado e composto da grande massa de assistidos por programas “criminosos" de transferência de renda.

Dilma Rousseff, do PT, é mineira e  vai fazer 67 anos no dia 14 de dezembro próximo, reelegeu-se presidente da República. Aos 96,24% dos votos apurados, ela tem 51,18% dos votos, contra 48,82% de seu oponente, Aécio Neves, do PSDB. Obtém o segundo mandato de forma legítima, segundo as regras do jogo, mas é importante destacar que apenas cerca de 80% do eleitorado. Nada menos do que cerca de 28 milhões e brasileiros  deixaram de comparecer às urnas. Os brancos e nulos ultrapassam 6,37%, e há, como se mencionou, os quase 50 milhões que queriam Aécio presidente. E assim é com o absurdo instituto do voto obrigatório. Um presidente é ungido, note-se, com o voto de uma minoria. Parece-me que um de seus deveres é tentar atrair a adesão daqueles que preferiram outro caminho. E é nesse ponto que as coisas podem se complicar para Dilma.

Vamos ser claros? O PT não se caracteriza exatamente por fazer campanhas limpas. Gosta de dossiês e de montar bunkers para destruir reputações; adere com impressionante presteza às práticas mais odientas da política; transforma adversários em inimigos; não distingue a divergência legítima da sabotagem e o oponente de um alvo a ser destruído; julga-se dotado de um exclusivismo moral que lhe confere o suposto direito de enlamear a vida das pessoas. Não foi diferente desta vez. Ou foi: a violência retórica e as agressões assumiram proporções inéditas. Nunca se viram tanta baixaria, tanta sordidez e tanta mentira numa campanha.

Vejam de novo o placar: Dilma vai vencer Aécio por diferença pequena. Quantos desses votos são a expressão do terror, do medo, do clientelismo mais nefasto? Não! Não se trata, e evidente, de tachar os eleitores de Dilma de “desinformados” — até porque, felizmente, a democracia ainda não inventou um mecanismo que distinga os “bons” dos “maus” votos. Mas é preciso ser um pilantra para ignorar que pessoas economicamente vulneráveis, que estão à mercê do Bolsa Família, acabam decidindo não exatamente com menos informação, mas com menos liberdade.

Multiplicaram-se aos milhares as denúncias de chantagens aplicadas contra as pessoas que recebem benefícios sociais do Estado brasileiro. Cadastrados do Bolsa Família e do Minha Casa Minha Vida passaram a receber torpedos e a ser bombardeados com panfletos afirmando que Aécio extinguiria os programas, como se estes pertencessem ao PT, não ao Brasil. De própria voz, Dilma chamou os tucanos de inimigos do salário mínimo — que teve ganho real acima de 85% no governo FHC, superior, proporcionalmente, aos reajustes concedidos pela própria Dilma. E daí? As mentiras sobre o passado foram constrangedoras: FHC teria entregado o país com uma inflação maior do que a que recebeu; tucanos teriam proibido a construção de escolas técnicas; o governo peessedebista teria sido socialmente perverso… E vai por aí. Sobre o futuro do Brasil, não disse uma miserável palavra a não ser um daqueles miraculosos programas — agora é a vez do “Mais Especialidades”…

Quanto dos cerca de 52 milhões de votos que Dilma obteve a mais do que Aécio se consolidaram justamente no terror? Ora, esbarrei em São Paulo com peças verdadeiramente sórdidas de terror e de agressão à honra pessoal de Aécio. Estatais foram usadas de maneira vergonhosa na eleição, como se viu no caso dos Correios. Em unidades de bancos público, como CEF e BB, houve farta distribuição de panfletos contra o candidato tucano.

É claro que o medo, ainda que por margem estreita, venceu a esperança. Dilma assumirá o novo mandato, no dia 1º de janeiro, com boa parte dos brasileiros sentindo um certo fastio de seu governo. Pior: o país parou de crescer, os juros estão nas nuvens, e a inflação, raspando o teto da meta. Dilma também não tem folga fiscal para prebendas, e o cenário internacional não é dos mais hospitaleiros. Não será fácil atrair aqueles que a rejeitaram porque vão lhe faltar os instrumentos de convencimento.

Petrolão

Mais: Dilma já assumirá o novo mandato nas cordas. Além de todas as dificuldades com as quais terá de lidar, há o estupefaciente escândalo do Petrolão. A ser verdade o que disse sobre ela o doleiro Alberto Youssef, não vai terminar o mandato; será impichada — e por boas razões.

O escândalo não vai se desgrudar dela com tanta facilidade. Youssef pode estar mentindo? Até pode. Mas ele deve conhecer as consequências de fazê-lo num processo de delação premiada. Ele pode não servir para professor de Educação Moral e Cívica, mas burro não é. E que se note: em meio a crises distintas e combinadas, a governanta promete engatar uma reforma política, com apelo a plebiscito. Vêm tempos turbulentos por aí, podem esperar.

Dilma venceu por um triz porque o terrorismo funcionou. Sua campanha foi bem além do limite do razoável. Seu governo já nasce velho, com parcela considerável do eleitorado a lhe devotar franca hostilidade. E, por óbvio, seus “camaradas” à esquerda não vão lhe dar folga.

A petista assumirá o novo mandato no dia 1º de janeiro tendo à frente o fantasma do impeachment e a realidade de uma economia estagnada. Não a invejo. E creio que Aécio também não porque, por óbvio, se ele tivesse vencido, isso teria ocorrido segundo as suas circunstâncias, não as dela, que são muito piores.

O Brasil vai acabar? Não! Países não acabam. Eles podem entrar em declínio permanente. Mas Dilma pode ficar tranquila: nós nos encarregaremos de lembrar que ela foi eleita para governar um país segundo regras que estão firmadas pelo Estado de Direito. Ela pode contar com a nossa vigilância. Agora, mais do que nunca. 

sábado, 25 de outubro de 2014

ignorancia

"VEJAM ATE  QUE PONTO CHEGA A IGNORÂNCIA HUMANA"

Mulher é enforcada no Irã por assassinar o homem que tentou estuprá-la.

Fonte: Yahoo..

Jabbari durante julgamento 

Uma jovem iraniana de 26 anos, Reyhaneh Jabbari, condenada à morte pelo assassinato de um homem, foi enforcada na manhã deste sábado, apesar dos apelos internacionais para poupá-la, informou a agência de notícias oficial Irna.

A Anistia Internacional, que havia afirmado em um comunicado na sexta-feira que a mulher seria executada, condenou o enforcamento da jovem, considerando o ato "uma nova mancha nos direitos humanos do Irã e uma afronta à justiça".

Na página no Facebook criada para apoiar Reynhaneh Jabbari aparece agora a mensagem "Descanse em Paz".

Reyhaneh Jabbari foi condenada à morte pelo assassinato, em julho de 2007, de Morteza Abdolali Sarbandi, um cirurgião e ex-funcionário do ministério da Inteligência, em um julgamento considerado como "parcial" pela Anistia Internacional.

Desde então, artistas e membros da sociedade civil reclamavam clemência, assim como organizações internacionais de direitos humanos.

Um perito especial da ONU sobre o Irã fez um apelo em abril a Teerã para que suspendesse a execução, alegando que o tribunal não havia considerado todas as evidências e que as confissões da decoradora tinham sido obtidas por meio de coação.

De acordo com "fontes confiáveis" citadas pelo especialista, Morteza Abdolali Sarbandi teria agredido fisicamente e sexualmente a jovem que, tentando se defender, esfaqueou o homem antes de fugir e chamar uma ambulância.

Mas a justiça iraniana rejeitou as críticas, afirmando que o assassinato foi premeditado,

Reyhaneh Jabbari "comprou uma faca de cozinha (...) dois dias antes da morte", e a utilizou para cometer o crime, segundo um comunicado do procurador federal.

Enfim, ela teria "enviado um SMS a um amigo, no qual diz que iria matá-lo, o que comprova a premeditação e que a afirmação da defesa sobre um estupro é sem fundamento", acrescenta o texto.

A Justiça iraniana havia dado várias oportunidades para a família da vítima perdoa-la, o que, de acordo com a sharia (lei islâmica) em vigor no Irã, permite que uma sentença de morte por assassinato seja anulada em troca de uma sentença de prisão.

Mas a família de Sarbandi se recusou, exigindo, segundo a imprensa, que Reyhaneh Jabbari falasse "a verdade".

"Em sua confissão, ela disse que um homem estava em seu apartamento quando meu pai foi esfaqueado, mas ela se recusa a dar a sua identidade", indicou Jalal, o filho de Morteza Abdolali Sarbandi, à imprensa em abril.

"Se ela disser a verdade, ela será perdoada, se não ela sofrerá retaliação" e, portanto, o enforcamento.

Sob a lei islâmica, assassinato, estupro, assalto à mão armada, tráfico de drogas e adultério são punidos com a pena de morte.

Em 2013, pelo menos 500 pessoas foram executadas no Irã, principalmente por delitos relacionados a drogas, segundo a ONU.




quarta-feira, 22 de outubro de 2014

auto ajuda...eca...

PORQUE DETESTO AUTO-AJUDA 

Por Alacir Arruda

Bom, hoje vou falar da minha ojeriza a livros de auto-ajuda. Todos os meus alunos já sabem, pois eu costumo sempre dizer em sala de aula; “não leiam autoajuda, pois é autoajuda para quem escreve e mais ou menos ajuda quem lê”. 

Roberto Shinyashik, Paulo Coelho, Augusto Cury, Lair Ribeiro, Eckehart Tolle e Stephen R Covey entre outros são alguns representantes bem sucedidos dessa " nova literatura" carente de referenciais, vazias e que inundam as prateleiras de livrarias por todo Brasil se transformando em bálsamo para "depressivos enrustidos" , candidatos a ricos e mulheres desesperadas. 

Para começar vamos a uma breve e inquestionável descrição do termo “Auto Ajuda” 

O termo autoajuda pode ser referir a qualquer caso em que um indivíduo ou um grupo (como um grupo de apoio) procura se aprimorar econômica, espiritual, intelectual ou emocionalmente. O termo costuma ser aplicado como uma panacéia em educação, negócios e psicologia, propagandeada através do lucrativo ramo editorial de livros sobre o assunto. Para quem não sabe Na mitologia grega Panacéia (ou Panacea em latim) era a deusa da cura. O termo Panacéia também é muito utilizado com o significado de remédio para todos os males. Pois bem a partir daqui já posso falar tudo o que penso sobre esse assunto que desde sempre tive essa ideia, a qual muitos falam ser sem sentido mais não é. 

Bem é fato que esse termo auto ajuda so ajuda a quem o escreveu sendo este o que o autor vê e acha correto afirmar que seria a tal “cura para suas aflições” e uma maneira que vamos ser sinceros de faturas belas verdinhas, as pessoas hoje em dia gastam com roupas, bolsas, sapatos, mais não gastam da maneira correta seu dinheiro em se tratando de sua saúde mental, é fato que psicólogos hoje em dia sim são procurados mais já em casos de extremo sofrimento se pessoas que tem problemas não recorressem a livros tais esses falados aqui e fossem a um bom analista evidente que a coisa em si daria mais resultado, uma vez que você sim ira se ajudar entrando então nessa questão auto ajuda, o analista ira te auxiliar nas questões que tem importância para sua melhora ou compreensão do fato angustiante 

Mais ai claro, psicólogos e psicanalistas não se encontram em revistas de Avon e nem muito menos em bancas de jornais a vista de qualquer um, e por 10, 20, ou 30 reais claro que não, por isso cada vez mais o consumo desse tipo de bem esta a cada dia aumentando feliz esta Augusto Cury que tem seus livros sempre no topo das vendas, e você que os comprou me diga, francamente o que você levou desse livro pra sua vida? E se levou você o coloca em pratica? Bem você pode ate dizer que sim, mais no fundo você sabe que a angustia primaria aquela que estava ai antes da leitura do tal livro da cura e hoje você ainda tem ela e continua comprando livros e mais livros, mais por um lado sim e bom leitura sempre e boa independente do que for, so por isso não repudio tanto assim esses livros mais no seu conteúdo e sua eficácia como eu critico.


(Kama sutra é o melhor autoajuda de todos os tempos, embora você não consiga realizar metade das dicas deste livrinho sagrado...)

A melhor solução evidentemente é você procurar alguém que sim sabe como te ajudar não se ajudar com uma leitura,uma vez que evidentemente a interpretação fica por conta de quem o lê e cada um tem uma forma de ver a coisa e entendimento, fica então em credito a analise de cada um e o que cada um ira fazer com suas informações. 

Ai nesse momento os fãs desse tipo de livro ou já pararam de ler ou estão me criticando ate os ossos 

E estão certos tem mesmo de falar e achar o que pensam sobre o assunto e aqui e um espaço para você falar o que quiser afinal livre expressão minha gente, e se estão pensando a essa ai nunca leu e sai por ai falando bem li sim, claro que li eu não poderia criticar algo o qual eu não conheço, o primeiro e o que me fez realmente afirmar minha ideia foi o livro “ Você e insubstituível” do Cury, ganhei ele em meados de 2003 quando ministrava aula no Rio de Janeiro. Agora o que achei dele? Pra começar uma critica positiva um livro doce, doce de ler, fora isso somente a tiazinha mal amada da esquina e aqueles adolescentes em busca de serem aceitos pela sociedade e que iriam se interessar este livro foi diretamente para atingir pessoas com baixa auto estima se funciona não sei, só sei que pra mim serviu mais de não auto ajuda mais motivação é feito de palavras bonitas bem formulado e do jeito e o povo gosta “pequeno” pra ser fácil, rápido e que de pra ler sentando na pracinha da rua ou mesmo no ônibus indo pra casa. 

É o fato é que livros assim não deveriam ser tão estimulantes pras pessoas se acharem curadas de males mentais, vou contar uma breve historinha verídica que eu presenciei a uns anos atrás. 

Bem quem nunca leu aqueles livros do tipo porque as mulheres amam e os homens mentem? E aqueles títulos que pra mim são sempre a mesma coisa, pois bem certa vez uma amiga em questão que comprava esses livros todo mês pelo menos uns 2, veio pra mim com aquele discurso certo de quem estudou anos sobre o assunto “ ai que esta o problema as pessoas lêem os livros e enxergam nele uma bíblia em que nada é contestado” ( o que eu acho da bíblia mim outro post eu falo disso) ai com esse discurso que remetia como agir em relacionamentos que a mulher tem que ter sua opinião sobre o assunto saber o que quer e não deixar o homem controlar a situação e bla..bla...bla ...toda dona da verdade eu então disse a ela, “ então Fulana ( não vou citar nomes né )você sabendo disso vai usar isso na sua vida agora? E ela sem nem pensar claro que vou, ai perguntei de novo, agora me fala uma coisa antes de você ler isso ai que você me falo você nunca parou pra pensar que as mulheres em uma relação deve-se valorizar e não deixar o homem controlar a relação e não so isso que uma relação não deve ser controlada por apenas um dos lados e sim pelos dois juntos? Nesse momento ela ficou calada e o assunto terminou passada algumas semanas ela veio em falar sobre um episodio onde ela estava ficando com um cara e colocou em pratica os mandamentos sagrados do tal livro e adivinha meus caros? O cara simplesmente não apenas não ligou no dia seguinte como nunca mais deu as caras. 

E será porque meus caros? Porque ela não sabia como agir diante de informações que apenas diziam pra ela ser autoritária num relacionamento falar o que pensa mais não deixou claro que num primeiro encontro você não esta la pra dar as regras da sua vida pro seu futuro esposo e sim conhecê-lo claro que o cara entro em curto e claro que deve ter pensando que das duas uma ou ela era louca ou estava esperando mais do que ele no momento estava disposto a ter. 

Bem com isso não quero e nem acho que irei conseguir alcançar a massa dos grandes leitores de auto ajuda mais sim aos que ainda não caíram nessa armadilha do consumismo do mundo capitalista e de coisas rápidas e baratas mais sem a menor comprovação cientifica de validade, não caiam nessa armadilha se seu problema esta tão grande que você não consegue aquentá-lo procure alguém que tem capacidade pra isso, hoje em dia praticamente todas as cidades tem centros de atendimento psicológico amparado pelo SUS, os CAPS procure-os retirar 1 ou 2 horas do seu dia pra falar com alguém que sim ira te ajudar não custa mais do que o que você ira gastar na sua vida com livros desse tipo, claro se quiser lê-los e uma boa cultura nunca e de mais so tenha cuidado ao interpretar tudo o que dizem porque hoje em dia ate prostitutas escrevem auto ajuda. 


-Como montar um livro de autoajuda? 

Bom, o procedimento é simples. Se você é famoso, não precisa ser uma mala nacionalmente reconhecida como Fatima Bernardes e/ou Faustão, pode ser um ex-BBB, ou um representante de comunidade do seu bairro, basta você preencher no mínimo umas 70 páginas com uma idiotice qualquer de sucesso que você tenha promovido, pode ser uma festa de aniversário, uns catos na sua vizinha gostosa, ou uma gambiarra bem elaborada no decorrer dessa sua vidinha medíocre, o seu nome já basta para vender. Se não tiver uma história de sucesso, invente, já que o seu livro será tão importante quanto a influência da lua na menstruação das ostras, o assunto não importa, o que importa é um nome style e uma capa bem-elaborada para agradar uma porção de pessoas que compram livros pela capa e que se dane o conteúdo. 

-Que título usar? 

O título também é indiferente, basta que tenha um impacto para o consumidor, tipo; "Você é dono da sua felicidade!"; "Seja rico ou morra tentando"; "Faça sucesso com as mulheres"; "Seja dono do seu negócio". Enfim, qualquer coisa , o importante é chamar atenção. 

-Que conteúdo escrever? 

Taí o segredo do autoajuda. NÃO TEM SEGREDO! Basta colocar qualquer bobagem, desde que seja bem-disfarçada com frases e impacto. 

O negocio e chamar a atenção se precisar coloque uma capa Pink daquelas que gastam 200wts pra ficarem incandescente e borá colocar na primeira banca de jornal e ta feita a felicidade da editora e a do seu bolso claro 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

identidade brasileira

A Identidade Brasileira e Suas Contradições

Por Alacir Arruda

A identidade do povo  brasileiro passa por um importante teste no século XXI. Ou permanecemos “Vira Latas”, como dizia Nelson Rodrigues, ou emancipamos e assim possamos ser referencia alguma coisa que não seja: “samba, mulher e futebol”. O Brasil é nosso lar, memória e consciência de um lugar com o qual se tem uma ligação especial. Então existem aspectos da sociedade como comida, festas, mulher, casa etc., que refletem o Brasil tanto quanto as leis, a política e a economia. Sendo que aqueles mostram o Brasil do povo e das suas coisas, como as leis da amizade e do parentesco, da malandragem e do carnaval, tudo combinado através da relação que define um estilo, um modo de ser exclusivamente brasileiro.

Vale salientar que embora existam padrões de comportamento universais, cada grupo humano age para responder de uma forma, isso leva a identidade de cada grupo, que é construída a partir de afirmativas e negativas diante de certas questões.

Através da forma como as pessoas se posicionam em relação as leis, família, política, religião, moralidade, se faz um inventário da identidades sociais e se descobre o estilo e o jeito de cada sociedade.

Porém, o que faz um indivíduo se realizar concretamente como brasileiro é a sua disponibilidade de ser como um brasileiro é, assim é a sociedade que dá a fórmula para traçar o perfil do povo.

Para o Antropólogo Roberto da Matta (1984), o que torna típica e singular a sociedade brasileira é sua capacidade relacional que gera uma lógica que na política aparece na negociação e conciliação, na economia é a combinação de uma economia estatizada com vigorosa iniciativa privada etc.

Ainda segundo DaMatta (1984), o brasileiro vive o dilema entre ser o indivíduo que segue as leis (seja de que tipo forem) e a pessoa que se vale das suas relações sociais para conseguir seus objetivos, isto é ilustrado pelo famoso “jeitinho” brasileiro e pelo não menos famoso “sabe com que está falando?” que seriam modos tipicamente brasileiros de enfrentar o paradoxo de ser indivíduo e pessoa, tentando mediar a lei, a situação em que ela será aplicada e as pessoas implicadas nela, de forma que só a lei seja desmoralizada.

Como um brasileiro reage diante de uma fila grande? De um proibido estacionar quando está com pressa?

E o interessante é a contradição de as pessoas ficarem admiradas porque em outros países as leis são respeitadas, existe ordem, disciplina, civilização e educação, sem se dar conta de que tudo isso é resultado de se adequar a prática social ao mundo constitucional e jurídico.

Se as leis existem por que não são cumpridas? Ao que parece, justamente esta desobediência leva a falta de confiança no mundo jurídico, sendo outro fator contribuinte para o descumprimento aqui e o cumprimento nos outros países é que a lei é feita para a sociedade funcionar neles e não para explorar ou submeter o cidadão como aqui.

Além disso, em outros países não se compactua com privilégio, ou seja, a lei ser aplicada de forma diferente de acordo com o nível da pessoa.

A legislação brasileira é uma regulamentação do não pode, que submete o cidadão e entre o não pode e o pode se escolhe a junção dos dois que produz os jeitinhos.

O jeito indica um modo simpático, desesperado ou humano de relacionar o impessoal com o pessoal, em geral é pacífico, sendo que não se deve usá-lo com argumento autoritário porque aí se transforma no “sabe com quem está falando?” Que traz à tona a hierarquização da desigualdade.

Tanto o “jeitinho” como o “sabe...” são dois pólos da mesma situação, sendo que um é harmonioso e o outro conflituoso e ambos representam a dificuldade que o brasileiro tem de lidar com a lei e a realidade social cotidiana.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

analfabeto midiatico

O NOVO ANALFABETO..

Por Alacir Arruda

A sociedade pós-moderna se depara com um novo tipo de analfabeto, o Analfabeto Midiático. Ele ouve e assimila sem questionar, fala e repete o que ouviu, não participa dos acontecimentos políticos, aliás, abomina a política, mas usa as redes sociais com ganas e ânsias de quem veio para justiçar o mundo. Prega ideias preconceituosas e discriminatórias, e interpreta os fatos com a ingenuidade de quem não sabe quem o manipula. Nas passeatas e na internet, pede liberdade de expressão, mas censura e ataca quem defende bandeiras políticas. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. E que elas – na era da informação instantânea de massa – são muito influenciadas pela manipulação midiática dos fatos. Não vê a pressão de jornalistas e colunistas na mídia impressa, em emissoras de rádio e tevê – que também estão presentes na internet – a anunciar catástrofes diárias na contramão do que apontam as estatísticas mais confiáveis. Avanços significativos são desprezados e pequenos deslizes são tratados como se fossem enormes escândalos. O objetivo é desestabilizar e impedir que políticas públicas de sucesso possam ameaçar os lucros da iniciativa privada. O mesmo tratamento não se aplica a determinados partidos políticos e a corruptos que ajudam a manter a enorme desigualdade social no país.

Questões iguais ou semelhantes são tratadas de forma distinta pela mídia. Aula prática: prestar atenção como a mídia conduz o noticiário sobre o escabroso caso que veio à tona com as informações da alemã Siemens. Não houve nenhuma indignação dos principais colunistas, nenhum editorial contundente. A principal emissora de TV do país calou-se por duas semanas após matéria de capa da revista IstoÉ denunciando o esquema de superfaturar trens e metrôs em 30%.

O analfabeto midiático é tão burro que se orgulha e estufa o peito para dizer que viu/ouviu a informação no Jornal Nacional e leu na Veja, por exemplo. Ele não entende como é produzida cada notícia: como se escolhem as pautas e as fontes, sabendo antecipadamente como cada uma delas vai se pronunciar. Não desconfia que, em muitas tevês, revistas e jornais, a notícia já sai quase pronta da redação, bastando ouvir as pessoas que vão confirmar o que o jornalista, o editor e, principalmente, o “dono da voz” (obrigado, Chico Buarque!) quer como a verdade dos fatos. Para isso as notícias se apoiam, às vezes, em fotos e imagens. Dizem que “uma foto vale mais que mil palavras”. Não é tão simples (Millôr, ironicamente, contra-argumentou: “então diga isto com uma imagem”). Fotos e imagens também são construções, a partir de um determinado olhar. Também as imagens podem ser manipuladas e editadas “ao gosto do freguês”. Há uma infinidade de exemplos. Usaram-se imagens para provar que o Iraque possuía depósitos de armas químicas que nunca foram encontrados. A irresponsabilidade e a falta de independência da mídia norte-americana ajudaram a convencer a opinião pública, e mais uma guerra com milhares de inocentes mortos foi deflagrada.

O analfabeto midiático não percebe que o enfoque pode ser uma escolha construída para chegar a conclusões que seriam diferentes se outras fontes fossem contatadas ou os jornalistas narrassem os fatos de outro ponto de vista. O analfabeto midiático imagina que tudo pode ser compreendido sem o mínimo de esforço intelectual. Não se apoia na filosofia, na sociologia, na história, na antropologia, nas ciências política e econômica – para não estender demais os campos do conhecimento – para compreender minimamente a complexidade dos fatos. Sua mente não absorve tanta informação e ele prefere acreditar em “especialistas” e veículos de comunicação comprometidos com interesses de poderosos grupos políticos e econômicos. Lê pouquíssimo, geralmente “best-sellers” e livros de autoajuda. Tem certeza de que o que lê, ouve e vê é o suficiente, e corresponde à realidade. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e o espoliador das empresas nacionais e multinacionais.”

O analfabeto midiático gosta de criticar os políticos corruptos e não entende que eles são uma extensão do capital, tão necessários para aumentar fortunas e concentrar a renda. Por isso recebem todo o apoio financeiro para serem eleitos. E, depois, contribuem para drenar o dinheiro do Estado para uma parcela da iniciativa privada e para os bolsos de uma elite que se especializou em roubar o dinheiro público. Assim, por vias tortas, só sabe enxergar o político corrupto sem nunca identificar o empresário corruptor, o detentor do grande capital, que aprisiona os governos, com a enorme contribuição da mídia, para adotar políticas que privilegiam os mais ricos e mantenham à margem as populações mais pobres. Em resumo: destroem a democracia.

Para o analfabeto midiático, Brecht teria, ainda, uma última observação a fazer: Nada é impossível de mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual.


O analfabeto político

O pior analfabeto, é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha
Do aluguel, do sapato e do remédio
Depende das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que
Se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil,
Que da sua ignorância nasce a prostituta,
O menor abandonado,
O assaltante e o pior de todos os bandidos
Que é o político vigarista,
Pilanta, o corrupto e o espoliador
Das empresas nacionais e multinacionais.

(Bertold Brecht)

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

ser professor

Porque sou professor...

Por Alacir Arruda

Certa vez um aluno na faculdade  me perguntou : por que você dá aula? “Você é  um cara inteligente poderia passar em qualquer concurso publico bom que pague altos salários assim  poderia ter uma vida tranqüila e um futuro garantido.!!”. Boa pergunta e digna de uma boa resposta. 

Por outro lado, o que vemos é o descaso e a falta de respeito que nós, professores, sofremos. A desvalorização em qualquer âmbito profissional nos leva a crer que não somos importantes e que não fazemos parte da sociedade de certa forma. Qualquer profissão que conduz à ética, como um dos principais valores a ser seguido, deve ser respeitada e valorizada a fim de que haja mais profissionais habilitados, motivados e imbuídos a exercerem seu papel com excelência, e tornarem-se, deste modo cidadãos mais dignos, nesse sentido, o professor deveria ser mais respeitados por quem de direito.

Bom.. agora vou responder ao questionamento do meu aluno. Vamos por partes: Primeiro sou professor por opção e não por condição, segundo que não busco segurança, ao contrario, sou um errante da educação busco sempre a incerteza pois ai que esta a necessidade. E terceiro..bom ...

“Quão satisfatório e motivador é levantar todos os dias para ir trabalhar com orgulho; um orgulho inexprimível, um orgulho que quando perguntado o que significa ser professor e não encontrar palavras para denotar. Um orgulho de saber que faço a diferença na vida das pessoas, o que é muito gratificante. Isso é uma prova que aquilo que eu faço (a paixão que tenho em ensinar), está sendo levado a sério, e está alcançando o coração das pessoas com a mensagem que eu quero transmitir.
Ver o brilho dos olhos de um aluno sobre o entendimento de um determinado tema que esta sendo explanado é algo simplesmente incomum a ser transmitido em palavras sobre o que sinto ao me deparar com tal ação. Além do ser professor procuro também ser amigo, ser companheiro. Acredito que isso me diferencia (não julgo que outros não façam). Costumo dizer:
Se em sala de aula você somente usar a Educação Bancária, muitas pessoas de opiniões que você diz estar ensinando (e elas dizem estar aprendendo) sairão com poucas ou nenhuma chance no futuro; com mínimas oportunidades na vida. Temos que formar alunos de opinião própria, também saber corrigir o limite que eles podem impor sua opinião.



Então....Não me perguntes porque sou professor...Porque ser professor para mim..é a minha vida!!!


"DEDICO A TODOS AQUELES QUE, COMO EU , ESCOLHERAM ESSE OFICIO"

terça-feira, 14 de outubro de 2014

a banalização do mal

QUANDO O MAL SE TORNA BANAL..

Por Alacir Arruda 

Como sociólogo as vezes me pergunto; o que ocorre com o ser humano atual que não consegue sentir compaixão mesmo diante da mais cruel barbárie? Na semana passada na periferia da nossa capital duas meninas, uma de 16 outra de 14 anos, foram assassinadas “brutalmente” por pauladas até seus miolos fossem expostos. Não sou policial, não vou entrar no mérito da investigação, muito menos conjecturar quem foi a “besta fera” que praticou tal ato. Mas será que o assassino era realmente uma besta fera? Um monstro? Ou uma pessoa comum?

Faço essa reflexão a partir da filosofa alemã Hannan Arendt que cunhou a expressão "banalidade do mal" após assistir o julgamento de Adolf Eichmann, nazista preso pelo Mossad e julgado em Jerusalém na década de 60. Hannan, que não gostava de ser chamada de filósofa, embora fosse, afirmou após o julgamento que “a incapacidade de pensar como indivíduo leva o homem a cometer as piores atrocidades”. A obediência cega, seja a um chefe ou a princípios, sem consciência crítica, pode resultar na barbárie. Por isso Hannah Arendt dizia que o que aconteceu, sob as ordens dos nazistas, pode voltar a acontecer em qualquer tempo. 

Quando escreveu seu polêmico “Eichmann em Jerusalém” ela recebeu muitas críticas porque a julgaram defensora dos nazistas, logo ela que era judia vinda dos campos de concentração na França ocupada. A análise dela foi desmistificatória; o carrasco nazista capturado na Argentina e julgado em Jerusalém em 1962, um homem visto por muitos como um monstro, um ser maligno, um louco, cruel e perverso, na sua percepção era apenas um caráter medíocre, comum, um fiel cumpridor de ordens, que tinha uma postura ordinária que o fazia igual à tanta gente, e isso causou mal estar entre todos os que defendiam a justiça e o bem. 

Foi justamente a atitude de Eichmann que permitiu a Arendt cunhar a curiosa idéia relativa à “banalidade do mal”. Por banalidade do mal, ela se referia ao mal praticado no cotidiano como um ato qualquer, feito de maneira automática, sem muito pensar. Muitas pessoas interpretaram a visão de Arendt como uma afronta à desgraça judaica, mas ela era uma filósofa descomprometida com seu povo, religião, partido ou ideologia; só tentava entender o que realmente se passava com a particularidade de um homem como Eichmann. 

A pensadora não adotava sua condição de judia como superior ao seu caráter de filósofa comprometida com a compreensão de seu tempo. A condição judaica era, para ela, sua condição humana. Não menos, não mais. O problema da individualidade, das nossas escolhas éticas que provocam nossa liberdade e responsabilidade, era a questão central naquele momento para ela. Como hoje lá em Israel e Gaza, aliás! 

A tese da banalidade do mal é uma tese difícil, não por sua lógica, mas por seu desempenho. Aquele que é confrontado com ela precisa fazer um exame de sua consciência particular em relação ao geral e, portanto, de seus atos enquanto participante de um grupo, de um estado e de sua condição humana. A banalidade do mal significa que o mal não é praticado como atitude deliberadamente maligna. O praticante do mal banal é o ser humano comum, aquele que ao receber ordens não se responsabiliza pelo que faz, não reflete, não pensa. As pessoas comuns tomadas pelo “vazio do pensamento”, como imbecis que não pensam e repetem clichês e que são incapazes de um exame de consciência. 

Heidegger, o filósofo que diz ter se arrependido de aderir ao regime nazista, e que foi o amor e mestre maior de Hannah era um gênio da filosofia e, no entanto pouca coisa diferente de Eichmann. 

O aterrador é constatar que entre Eichmann, o imbecil, e Heidegger, o gênio, está o ser humano comum. O nazista não era diferente de qualquer pessoa, era um simples burocrata que recebia ordens e que punha em funcionamento a “máquina” do sistema! Do mesmo modo que cada um de nós pode fazê-lo a cada momento em que, autorizado pela reflexão que une, em nossa capacidade de discernimento e julgamento, a teoria e a prática, e ai, seguimos as “tendências dominantes”, o “caminho da manada” como escravos livres de si mesmos. 

SAIR DA BANALIDADE DO MAL É FAZER A OPÇÃO ÉTICA E RESPONSÁVEL DO PENSAR E DESCOBRIR, ( NA CONTRAMÃO DA TENDÊNCIA À DESTRUIÇÃO, QUE CONVIDA CADA UM A CONFORMAR-SE COM AS INJUSTIÇAS), UMA FORMA DE REAGIR . 

A banalidade do mal é, portanto, uma característica de uma cultura carente de pensamento crítico, em que qualquer um – seja judeu, cristão, alemão, brasileiro, mulher, homem, não importa – pode exercer a negação do outro e de si mesmo. 

Em um país como o Brasil, em que a banalidade do mal realiza-se na atitude autorizada, PELO AGIR DA MAIORIA, na homofobia, nos preconceitos do racismo, no consumismo e no assassinato de todos aqueles que não têm poder, seja no caso Amarildo de Souza no Rio de Janeiro ou Chico Mendes, Irmã Dorothy Stang nos confins do amazonas ou ainda o adolescente negro da periferia ou da favela, o sem-terra que ocupou uma fazenda improdutiva, uma parada DE TODOS NÓS PARA PENSAR, pode significar o bom começo de um crime a menos na sociedade que extermina e na polícia do Estado transformados em máquina mortífera.

Não nos esqueçamos que também somos tomados pelo “vazio do pensamento” quando repetimos os clichês disfarçados de crítica contra o mal, quando separamos os vilões dos mocinhos, distinguindo pela aparência os opressores dos oprimidos. São as mesmas que combatem preconceitos com outros preconceitos. 

Melhor seria cada um fazer um exame particular e olharmos de frente para o monstro que habita um canto sombrio de todos nós. E nesse auto-exame deixarmos de ser “especialistas” na crítica do modo de agir e pensar do "outro". Em nome de interesses pessoais, muitos abrem mão do pensamento crítico, engolem violência e toleram conviver com aqueles que desprezam. 

A banalidade do mal em nosso povo está ligada diretamente ao fato das pessoas estarem se tornando tolerantes com a corrupção política e social, enquanto tornam aqueles honestos e bem intencionados cidadãos, (como Betinho e Irmã Dulce) figuras míticas ou tolas e antiquadas. Algumas pessoas, e não são poucas, comentaristas de redes sociais estão contaminadas pela lógica da banalidade do mal, apoiadas por uma mídia dominante que vulgariza o mal, tornando-o corriqueiro. 

Será que só Estado, o capital financeiro e a sociedade são "máquinas mortíferas"?... E nós? 



Sugestão de Leitura: Eichman em Jerusalém: Um relato sobre a Banalidade do Mal - (Hannan Arendt)