segunda-feira, 6 de outubro de 2014

PT bizarro

AS BIZARRICES DO PT

Por: Alacir Arruda/ Alex Antunes

Passado a histeria do 1º turno, seguimos agora para o coroamento do bipartidarismo que persiste no Brasil desde a época dos militares com Arena e MDB, hoje são PT e PSDB. A metralhadora petista banhada pela “sanha” de poder conseguiu anular Marina Silva, mas o PT pode ter criado um “monstro”, Aécio.

Não sou inimigo da irracionalidade. Acredito em magia política – que, se chamarmos de “memética”, explica como grandes quantidades de energia psicossocial podem ser movidas, para transformar um país e se possível aproximá-lo de sua essência (sim, eu acredito que um país tem uma “essência”).

A do Brasil, no caso, é aquela chavinha macunaímica que nos mantém o tempo todo atados à genialidade e à mesquinharia mais absoluta; à generosidade e à miséria mais cruel. Como sabem os artistas, os neurocientistas e os argumentadores sutis, a distância entre os grandes acertos e os erros catastróficos é mínima, e o mais brilhante sucesso nunca se presta à analise moralista e linear.


Lula começou a errar quando escolheu Dilma. Não estava errado em imaginar uma mulher para sucedê-lo. Mas errou em enxergar esse equilíbrio entre pulso firme e inteligência emocional em Dilma. Como supostamente disse José Dirceu, era Marina o Lula de saias - ou, melhor ainda, o pós-Lula. Dilma é só o pulso firme.

O problema (para o país, mais do que para a própria Marina) é que as qualidades dela se parecem muito com defeitos, vistas com má vontade e preconceito, de uma lógica simplória e linear. Na verdade, a compreensão de Marina sobre os problemas brasileiros deriva do fato de que a confusão nacional começa DENTRO dela.

É o contrário do que esperamos desse ilusório político salvador. Ele, que entende de tudo (e isso é SEMPRE mentira; a boa política tem muito mais a ver com intuição e com saber se cercar dos colaboradores certos); ele, que brande números complexos com segurança fingida, é simplesmente uma síntese da nossa frustração com o fato de que não há uma saída líquida e certa para nada. O que há são tentativas, e o que nos resta é estar íntegro dentro delas, e pronto para a autocrítica e a correção desassombrada. E Dilma encarnou a “ele”, o salvador ilusório.

As incertezas, as inconsistências, os paradoxos de Marina são sua lucidez, sua sinceridade, sua coragem de mulher nascida pobre e negra, no meio da mata. Era ela o passo além de Lula, na direção do país que nos interessa.

Ao invés disso, Lula e o PT resolveram retirar seus créditos na forma de arrogância, chantagem e terror eleitoreiros. A ex-petista cujo projeto o PT deveria ter tratado com mais carinho, fraternidade e elegância (e inteligência política inclusive) foi tratada a pontapés. E acordar os demônios políticos a pontapés certamente não foi uma boa escolha. Foi uma escolha de fraqueza, não de força.

A posição de Marina já era delicada. Não por ela ser “indecisa”, como o PT afirmou. Mas por ter um discurso menos linear e mais difícil de sustentar e explicar. O PT descarregou todo seu arsenal de imprecisões, exageros e inverdades numa ex-companheira, uma ex-ministra de Lula. O efeito, além de ser politicamente emburrecedor, pode ser eleitoralmente burro.

O que o PT conseguiu, por enquanto, foi trazer um Aécio que já esteve rendido de volta, seguro, motivado e na ascendente. Perdeu-se a oportunidade histórica de ter no segundo turno duas mulheres, de um campo político socialmente mais generoso, no que seriam as eleições mais bonitas e politicamente qualificadas de toda a história do país.

Ao contrário, o PT resolveu provocar os piores instintos do eleitorado, mobilizar a ignorância e a imaturidade políticas da nação (essa mesma que, para falar só de São Paulo e das primeiras colocações, elege Russomanno, Bolsonaro, Maluf e Tiririca. Ou que reforça o grande percentual de votos nulos, brancos e abstenções). Era nesse sentido que Marina era o passo seguinte após Lula: o de trazer mais gente, para quem o coquetel sindicalista-católico-marxista do PT é incompreensível, senão inaceitável, para a conversa.

Ou quem simplesmente já enjoou do sistema como um todo. Esse paradoxo já estava presente nos protestos de junho de 2013. Ao escolher “derrotar” junho, junto com gente como Alckmin e “Cabrão” (Cabral + Pezão), ao invés de depurá-lo, o PT faz uma manobra arrogante e impensada, talvez suicida. O que a enorme transferência de votos de Marina para Aécio instantes antes da votação demonstra é óbvio.

Que, para um monte de gente, a prioridade é simplesmente barrar o PT. O PT “escolheu” Aécio ao invés de Marina. E, ao evitar lidar com uma figura híbrida cujo programa tinha traços neoliberais, mas cuja prática está enraizada nas camadas mais sofridas e solidárias da sociedade, o PT escolhe um Brasil conflagrado, venezualizado, o do “eles contra nós” (falsos eles contra falsos nós, pondo o barco de todos em risco).

Mais do que isso, o PT mentiu loucamente. Mentiu sobre a conveniência de se acreditar cegamente no petróleo do pré-sal, e do próprio petróleo como combustível prioritário; mentiu sobre Neca Setubal (na verdade Neca é tudo o que o Brasil precisa: gente egressa da elite econômica que simpatize com o ativismo social); mentiu até na semântica, ao negar que líderes como Chico Mendes constituem, sim, uma nova elite política crítica e necessária.

O PT fez escolhas políticas patriarcais, para quem gosta dos modos do patriarcado: apelo ao medo, à violência psicossocial, à manipulação. Confesso que, “enquanto comédia de erros”, acho engraçado o PT levar esse Aécio redivivo para o segundo turno. Será ainda mais engraçado se Aécio ganhar. Não deixa de ser uma demonstração bizarra de tudo que Marina tentou ensinar que tínhamos que evitar. O PT escolheu dar razão a quem acha que o PT é o maior problema do Brasil. Agora é, finalmente




4 comentários:

  1. Professor, enquanto o povo estiver anestesiado por programas de transferência de renda como Bolsa Família, Pro Uni, Fies etc...Essa porcaria de partido de bandidos, chamado PT, conseguirá sobrevida. Mas acredito que um dia ele irá morrer

    ResponderExcluir
  2. Brasil, o circo do mundo!

    ResponderExcluir
  3. Não acredito que seja o PT o responsável pelo banditismo brasileiro. Fosse isso São Paulo q a 24 anos o PSDB está no poder n haveria as corrupções que la existem. E mais se analisarmos estatisticamente a produção dos 12 anos do mandato do PT, com relação a saúde, (mais médicos), educação,(pronatec, proUni, mais educação, etc., veja quantas universidades o governo do PT criou, as escolas tecnicas, educação integral. por outro lado, nao me lembro do governo do PSDB ter feito algo que pelo menos se aproxime disso), ai vc vai dizer q isso é entregar o peixe pronto para as pessoas, pois eu te digo se não fosse assim milhões de brasileiros (as) estariam na rua da amargura sem poder estudar, e sem condições minimamente dignas para a sobrevivência. A... o bolsa familia n presta! ora, se nao fosse ele milhoes de brasileiros estavam morrendo de fome ainda. O programa é assistencialista! Claro que é mas é o que por enquanto tem dado conta, mesmo q em condições discutíveis, mas tem dado. Não é o melhor que q queremos? Não. Não é mas é o que mais fez até o momento e dentro do que temos é o melhor sim.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olha aqui..creio que voce não entendeu o objetivo do artigo, logo, preciso te reorientar. Falo aqui de hábitos...costumes, herança. Quero dizer com isso que o PT inaugura no Brasil uma nova fase de se praticar corrupção..a ERA DA TRADIÇÃO.

      Tradição é, em certo sentido, aquilo sobre o que não precisamos pensar… aquilo que dispensa reflexão pois “consagrado pelo tempo”… pode quase ser poupado da crítica, do crivo da moral contemporânea e do raciocínio lógico à medida que apela para aspectos emocionais e noções atávicas à uma determinada cultura. Desconfio que, à luz da razão, o consagrado é sob certo aspecto “esquecido”.

      O que quero demonstrar aqui é que, apesar de a corrupção no Brasil não ter começado com o PT, foi essa organização criminosa a responsável por estabelecer na sociedade brasileira a noção de “tradição” no crime político e por transformar imoralidade em amoralidade capaz de nos anestesiar depois de cada novo escândalo.

      Quando afirma que sempre houve “caixa dois”, quando denuncia a “compra de deputados por outros partidos” e quando fortalece no imaginário popular a ideia de que as coisas “sempre foram assim”, o que o PT faz na população é uma espécie da vacina, é a inoculação de um determinado tipo de antígeno capaz de nos fazer perder a sensibilidade, de abandonar o juízo crítico e aceitar passivamente e com indiferença que essa é a ordem natural das coisas na política e que, portanto, não poderia ser diferente na medicina.

      Havia corrupção no Brasil antes do PT? Havia, sim. Depois que o PT desaparecer é possível que ela continue? Sem dúvida! Então qual a diferença? A diferença é que depois do PT ela vai ficar como uma das “tradições da nossa classe política”, como algo que nunca mais vai poder ser questionado pois tornou-se patrimônio cultural brasileiro, algo como o samba, o carnaval e o futebol; algo como um Cristo Redentor com uma maleta cheia de dólares numa das mãos, um novo símbolo, uma nova característica da sociedade brasileira que nenhuma “junta de historiadores” poderá enfrentar: a Tradição de Corrupção.

      Excluir