sábado, 27 de fevereiro de 2016

a pos modernidade e o fundamentalismo

A MENSAGEM FUNDAMENTALISTA E A POS - MODERNIDADE

Por: Alacir Arruda



“Há, porém, uma forma especificamente moderna de religião, nascida das contradições internas da vida pós-moderna, da forma especificamente pós-moderna em que se revelam a insuficiência do homem e a futilidade dos sonhos de ter o destino humano sob controle do homem. Essa forma veio a ser conhecida sob o nome inglês de fundamentalism [fundamentalismo] ou sob o nome francês de intégrisme, exibindo sua presença cada vez mais influente em toda a parte do mundo outrora dominada pelas religiões cristã, islâmica e judaica”  (Mal Estar na Pós-Modernidade, Zygmunt Bauman)

Assim começa a digressão de Bauman sobre a emergência do fundamentalismo. Para o autor, não se trata de algo atemporal, mas de um fenômeno típico da pos-modernidade. O fundamentalismo nasce na modernidade líquida, pois é justamente nela que o indivíduo está jogado às incertezas, inseguranças e impossibilidades de satisfação plena que o fundamentalismo tenta ultrapassar.
 
A mensagem do fundamentalismo contra a modernidade líquida é clara: o ser humano não é autossuficiente e precisa ser guiado, no entanto, diferente da mensagem anterior à modernidade, em que a fraqueza era própria da espécie humana (e por isso precisava de um guia), a conclusão atual é de que o insuficiente é o próprio indivíduo humano. A “oferta de racionalidade alternativa” proposta pelo fundamentalismo “dá expressão pública ao que muitas pessoas pressentem o tempo todo, embora lhes seja peremptoriamente dito para não acreditarem nisso ou sejam levadas a não pensar no assunto. Por outro lado, a estrutura da vida que o fundamentalismo oferece leva meramente a sua conclusão radical o culto do aconselhamento e orientação profissional”, escreve Bauman.
Uma outra solução é a “preocupação com a autodisciplina assistida por especialista”, outra coisa promovida pela cultura do consumidor pós-moderno. Não há nada de diferente no fundamentalismo, “pode-se concluir que o fundamentalismo religioso é um filho legítimo da pós-modernidade, nascido de suas alegrias e tormentos, e herdeiro, do mesmo modo, de seus empreendimentos e inquietações”, revela o autor.

 A diferença é que a solução fundamentalista não tem nada a ver com a proposta dos movimentos de trabalhadores. O público das religiões fundamentalistas é composto por excluídos da ordem, por pessoas que não se adequaram à lógica do consumo, ou seja, por consumidores falhos. Desta forma, o fundamentalismo emerge na modernidade líquida como uma maneira de ultrapassar as incertezas impostas ao consumidor fracassado.

A grande gama de fundamentalistas está, segundo Bauman, composta pelo pobres que foram “deixados para trás na escalada dos bilhetes de acesso ao partido dos consumidores”. O que o fundamentalismo faz é retirar o peso da escolha das costas de seus membros, ele propõe uma solução pautada na crença em uma racionalidade não legitimada, mas consagrada anteriormente, afinal, a racionalidade religiosa não deixa de ter seu funcionamento sistêmico tão igual como a racionalidade científica.

Sendo assim, afirma o sociólogo, “o fundamentalismo promete desenvolver todos os infinitos poderes do grupo que – quando plenamente disposto – compensaria a incurável insuficiência de seus membros individuais, e justificaria, desta maneira, a indiscutível subordinação das escolhas individuais a normas proclamadas em nome do grupo”. Resta, então, não só negar a solução fundamentalista para a modernidade líquida por suas características claramente totalitárias (como quando pretende legislar sobre todas as esferas da vida e de maneira universal), mas aprender com ela o que devemos evitar na tentativa de responder a questões genuínas sobre a vida em sociedade, que nos forçam a inventar solução para a fragilidade e insegurança humanas.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

o povo é conivente

A CONIVÊNCIA DO POVO

Por Alacir Arruda

Que o Brasil e um país de contrastes disso todos sabem, senão vejamos: Segundo a Constituição Federal, vivemos em “um Estado democrático de Direito”, ou seja, o regime político vigente é a Democracia (forma de governo em que prevalece a vontade da maioria do povo), mas o que ocorre de fato é que não sabemos fazer valer nossa vontade quando se trata de atitudes antiéticas dos nossos representantes, seja no âmbito municipal, estadual ou federal.

Todo trabalhador sabe o peso da carga tributária cobrada no Brasil e o valor inversamente proporcional no retorno deste desconto em benefícios como saneamento, moradia, estradas, unidades de saúde e demais serviços essenciais. O que muita gente não observa é o desperdício de dinheiro do contribuinte com anúncios publicitários sem sentido, praticado pelos nossos governantes.

De acordo com o mercado publicitário, um anúncio na TV em horário nobre – das 20:00h às 22:00h - cobrado pela emissora líder de audiência varia entre R$ 150.000,00 e R$ 300.000,00 referentes a 30 segundos! Então assistimos comerciais da Petrobrás, a empresa estatal que detém o privilégio exclusivo de distribuir combustíveis para todos os estados da federação. Se ela tem exclusividade, qual o sentido de um anúncio comercial tão dispendioso? E o pior, mantemos anúncios publicitários para “ladrões” se enriquecerem nessa estatal conforme prova o petrólão.

Mas a Petrobrás não é a única nesta mordomia custeada pelo contribuinte. Basta lembrarmos os comerciais da ECT, também chamada Correios. Não existe outra empresa responsável por entrega de correspondências operando no Brasil, principalmente porque a Constituição não permite. Contudo, propagandas dos serviços dos Correios também são veiculados na TV e demais mídias. Enquanto isso, faltam médicos nos hospitais, leitos, equipamentos, as escolas são mau aparelhadas, as estradas continuam esburacadas e o número de favelas aumenta.

Outro exemplo de desperdício do nosso dinheiro são as propagandas de prefeituras e governos estaduais para divulgar as suas obras, como saneamento de ruas, construção de creches, escolas e conjuntos habitacionais, reformas em praças e monumentos, ou seja, eles fazem questão de anunciar SUAS OBRIGAÇÕES COMO REPRESENTANTES ELEITOS.

O ex-presidente Lula disse que os recursos para as obras dos estádios empenhados na Copa do Mundo de 2014 seriam de responsabilidade do setor privado, mas no final, face a incompetência de nossas empreiteiras viciadas com o usso e abuso da coisa publica, foram utilizados recursos do FGTS, o Fundo de Garantia do trabalhador brasileiro e também BNDES a juros de pai para filho, sem que ninguém proteste. Aliás, protestar pelos seus direitos não é uma característica forte do nosso povo. Em 2010 ouve uma mobilização através das redes sociais para promoção de uma Marcha Contra a Corrupção, que deveria reunir um grande número de manifestantes em frente ao Congresso.

O resultado foi a concentração insignificante de vinte e dois mil cidadãos empunhando faixas de repúdio à corrupção, um motivo de piada. Em contrapartida, manifestações fúteis como: a banda de Ipanema com marchinhas de carnaval, só esse ano levou 800 mil pessoas na Av. Atlântica e a Parada Pelo Orgulho Gay, um evento anual, levou em 2015 mais de dois milhões de manifestantes às ruas. Imaginem esse número de pessoas pressionando nossos políticos?  Enquanto não aprendermos a lutar por causas mais sérias, os maus políticos continuarão a fazer farra com nosso suado dinheiro.



ACORDA BRASIL!!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Lula de novo

LULA: A REENCARNAÇÃO DE QUEM?????
 
   Por Alacir Arruda

Compararar Lula a qualquer sanguinário da história seria reduzir seus desmandos a pó. Senao vejamos:   Stalin, foi um canalha,  matou 70 milhoes de Russos mas por 30 anos manteve a economia do seu pais sendo a segunda do mundo atrás apenas dos EUA , Mao Tsé Tung outro mentecapto que poderia ser comparado a esse 4 dedos, mas não posso fazer isso, seria uma maldade com a economia que mais cresce no mundo que mesmo sob o comando de um pedófilo por mais de 30 anos, hoje colhe os frutos da abertura  que Xiao Ping concluiu mas iniciou , efetivamente,  no governo do "maluco" Mao.  Vamos tentar alguém mais próximo da gente, Fidel Castro o lunático que governa Cuba desde 1959 até hoje. Bom Fidel matou muita gente isso e fato e até hoje  persegue os contrários ao regime, porém, entretanto, todavia,  86% do povo cubano tem nível superior, não há Dengue no país muito menos Zika ou  Chikungunya, salvo se algum brasileiro levar e  a sua medicina esta entre as melhores do mundo. Reconheço que cuba e uma merd....mas está melhor que o Brasil em termos de saúde e segurança. 
 
Agora dizer o que do  homem que esteve à frente desta nação e não teve coragem, nem competência, nem vontade para implantar reforma alguma neste país, pois as reformas tributárias e trabalhistas nunca saíram do papel, e a educação, a saúde e a segurança ficaram piores do que nunca.

O homem que mais teve amigos safados e aliados envolvidos, da cueca ao pescoço, em corrupção e roubalheira, gastando com os cartões corporativos e dentro de todos os tipos de esquemas.
O homem que conseguiu inchar o Estado brasileiro e as empresas estatais com tantos e tantos funcionários, tão vagabundos quanto ele, e ainda assim fazê-lo funcionar pior do que antes.

O homem que tem uma mulher medíocre, inútil, vulgar e gastadeira, que usava, indevidamente e desbragadamente, um cartão corporativo, ao qual ela não tinha direito constitucional, que ia de avião presidencial para São Paulo "fazer escova" no cabelo e retornar a Brasília.

O homem que ajudou seu filho a enriquecer, tornando-o milionário do dia para a noite, sem esforço próprio algum, só às custas de conchavos com empresas interessadas em mamar nas “tetas” do governo.

E depois ainda disse para a nação que “esse garoto é um fenômeno”, e lhe concedeu um passaporte diplomático.

O homem que mais viajou inutilmente, quando presidente deste país, comprando um avião caríssimo só para viajar pelo mundo e hospedar-se às custas da nação brasileira nos mais caros hotéis, tão futilmente e às custas dos impostos que extorquiu do povo.

O homem que aceitou passivamente todas as ações e humilhações contra o Brasil e contra os brasileiros diante da Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai.

O homem que, perdulária e irresponsavelmente, e debochando da nossa inteligência, perdoou dívidas de países também corruptos, cujos mandatários são “esquerdistas”, e enviou dinheiro a título de doação para eles, esquecendo-se que no Brasil também temos miseráveis, carentes de bons hospitais, de escolas decentes e de um lugar digno para viver.

O homem que, por tudo isso e mais um elenco de coisas imorais e absurdas, transformou este país num chiqueiro libertino e sem futuro para quem não está no seu "grande esquema".

O homem que transformou o Brasil em abrigo de marginais internacionais, FARC'anos etc., negando-se, por exemplo, a extraditar um criminoso vagabundo, para um país democrático que o julgou e condenou democraticamente. Esse homem representa o que mais nos envergonha pelo Mundo afora!!

O homem que transformou corruptos e bandidos do passado em aliados de primeira linha.

O homem que transformou o Brasil num país de parasitas e vagabundos, com o Bolsa-Família, com o repasse sem limite de recursos ao MST, o maior latifúndio improdutivo do mundo e abrigo de bandidos e vagabundos e que manipulam alguns ingênuos e verdadeiros colonos.

Para se justificar a estes novos vagabundos, o homem lhes afirma ser desnecessário ESTUDAR e que, para se "dar bem" neste País, basta ser vagabundo, safado, esquerdista e esperto.

Aliás, neste caso, o homem fez inverter uma das mais importantes Leis da Física, que é a Lei da Atração e repulsão; significa que força de idênticos sinais se repelem e as de sinais contrários se atraem.

Mas esse homem inventou que forças do mesmo sinal se atraem.

Por exemplo: ele (o homem) atrai, para sua base, políticos como JOSÉ SARNEY, COLLOR, RENAN... que ficaram amiguinhos de seus comparsas JOSÉ DIRCEU, GENOÍNO, GUSCHIQUEN, e ainda agregaram o apoio de juristas como LEWANDOVSKI, TOFOLI, etc. ....

É, homem... Você é o cara... É o cara-de-pau mais descarado que o Brasil já conheceu.

É, homem, você é o cara...É o cara, que não tem um pingo de vergonha na cara, não tem escrúpulos, é "o cara" mais nocivo que tivemos a infelicidade de ter como presidente do Brasil!

Mas ...como diz o velho ditado popular:

NÃO HÁ MAL QUE SEMPRE DURE..


Como disse o jornalista Joelmir Beting:

"O PT é de fato um partido interessante: começou com presos políticos e vai acabar com políticos presos."

Avante, Ministério Público e Supremo......

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

lula e seus 40 ladroes


  LULA: A SÍNTESE DE UMA  DESGRAÇA ANUNCIADA
 Por Alacir Arruda

Depois que o Lula se declarou  ser "a pessoa mais honesta que jamais existiu no Brasil," ele, que entre outras coisas que a nossa vã filosofia não alcança e que o juiz Moro ainda não publicou, foi o mentor do mensalão que levou às grades uma boa quantidade de “cumpanheros”, menos ele, favoreceu amigos tipo Bumlai conseguindo polpudos financiamentos do BNDES para sua empresa falida, que colaborou e continua colaborando com empreiteiras corruptas dentro e fora do país, que está envolvido na Operação Zelotes e suspeito de envolvimento no petrolão, que vive ostentando com a maior cara de pau propriedades como um apartamento triplex no Guarujá, luxuoso sítio em Atibaia reformado a seu gosto pela OAS, tudo adquirido, é claro, com seu salário de sindicalista e de Presidente da República, além de ser titular de um instituto milionário, comecei a vacilar e a ter dúvidas sobre o significado do conceito de honestidade tal como aprendi de meus pais ainda pequenino. Imaginando poder estar equivocado, fui ao Google em busca de uma interpretação mais moderna. Vejam o que encontrei: “honestidade é a palavra que indica qualidade de ser verdadeiro: não mentir, não fraudar, não enganar”.

Já que Lula é caso perdido, comecei a tentar enquadrar a nossa Presidenta nessa definição, ela que, com menos pompa que seu antecessor, também se declara honesta. Numa rápida análise, conclui que ela, apesar de não zerar a redação, não passa no exame.

Quanto a não mentir, não há o que falar. A campanha de 2014 faria de pinochio um aprendiz. Nunca se mentiu tanto na história política do país. Não consigo imaginar como a nossa “mulher sapiens” conseguia se olhar no espelho com aquele imenso nariz a lhe adornar o rosto, que já não é dos mais bem dotados pela natureza, depois dos seus discursos eleitoreiros que enganaram milhões de ingênuos e incautos, que acreditaram na sua enganação a ponto de reconduzi-la ao Palácio do Planalto.

Quanto ao quesito não fraudar (estamos nos aproximando do Carnaval quando a expressão quesito vira moda), os exemplos das suas infrações são aos montes: lei da repatriação dos dinheiros ilícitos no exterior, uma ode à lavagem de dinheiro; MP das empreiteiras, para não estancar o propinoduto; bilhões para o fundo partidário e para as emendas dos deputados, em mais uma tentativa de comprar votos para se manter no cargo (coitado do Joaquim Levy e seu ajuste fiscal de saudosa memória); compra de refinaria de Pasadena, quando ela era presidente do conselho da Petrobrás; doação da BR Distribuidora para o meliante Fernando Collor, que ri na nossa cara exibindo sinais aparentes de muita riqueza como seus “carrinhos” importados – antes era Fiat Elba, agora são Lamborghinis e Ferraris; etc. etc. etc.

Na área da enganação, a coisa continua com ela prometendo mundos e fundos, como uma rápida recuperação da economia que esculhambou e aumento de empregos, conversa para engambelar os 10 milhões de desempregados e mais os outros milhões que estão morrendo de medo de perder os seus.

Por essas e outras que, convenhamos, não dá para classificar Dilma de honesta. Honesta ela seria se renunciasse ao cargo, como quer 88% da população, e nos desse a chance de começar a tapar os buracos feitos nos 13 anos de desmandos perpetrados pela clePTocracia que seu partido instaurou.

Mas acho que isso não vai acontecer: Dilma não é suficientemente honesta.

Enquanto isso, a nave vai. Em direção ao precipício.

Eu morei em Porto Alegre existe um ditado lá dos pampas  que diz "pulga gorda só dá em cachorro magro." As pulgas de Brasília estão cada vez mais gordas e o povo cada vez mais magro.





quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Sergio Moro

"SÉRGIO MORO: UM HERÓI NUM PAÍS DE CORRUPTOS"

"No primeiro mundo os bandidos estão na cadeia e no Brasil eles estão no poder, essa é a diferença"   ( Sergio Moro) 

Por Alacir Arruda

O badaladíssimo e competente juiz Sérgio Moro foi personagem essa semana de uma matéria do jornal The Washington Post, onde o repórter Dom Phillips chama o juiz de novo herói brasileiro, ao explicar sua atuação na Operação Lava Jato.

A matéria faz uma alusão, citando brasileiros conhecidos mundialmente como Neymar Júnior e Gisele Bundchen, “mas o herói este ano é um juiz federal de terno escuro, fala mansa, que é, de acordo com um dos seus amigos mais próximos, ‘nerd’”.

Depois de relatar o esquema de corrupção envolvendo políticos e empresários na Petrobras, explicando como e quando ocorreu a Operação Lava Jato, “Moro tem presos executivos de algumas das maiores empresas do Brasil e políticos num escândalo que ameaça o governo profundamente impopular da presidente Dilma Rousseff”.

A reportagem elucida os prejuízos que a corrupção causou para a Petrobras, “a empresa teve que amortizar US$ 2 bilhões em custos relacionados com suborno e barrar investimentos. O impacto do escândalo na empresa de petróleo gigante do Brasil e seus fornecedores é tão grande que ajudou a mergulhar o país na recessão”. Ressalta.

O texto fala da atuação do juiz, “Moro mudou a forma como os casos de corrupção foram julgados, acelerando os processos e fazendo uso liberal de detenções preventivamente para manter os réus suando na cadeia em vez de sair sob fiança”. E demostrando os resultados, “a prisão de mais de 100 pessoas, e até novembro os promotores tinham recuperado mais de US$ bilhões em subornos”.

E finaliza relatando que Moro em 1998 passou um mês em um programa especial na faculdade de direito de Harvard e que no ano de 2007 o juiz participou de um curso de três semanas, patrocinado pelo departamento de estado dos EUA.
 
 
 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

a atualidade em Nietzsche

FRIEDRICH NIETZSCHE: SOMOS CAUSA NÃO EFEITO
Por Alacir Arruda

Para quem me conhece, sabe que nao fico muito tempo sem falar de Nietzsche, para mim o maior do seculo XIX e o que mais influenciou o seculo XX e XXI. Apesar de polêmico, Nietzsche é reconhecido como o pensador que re-modelou a forma como o ocidente vê o mundo e acima de tudo sua moral.

Para Nietzsche, o racionalismo ético não é a única concepção filosófica da moral. Uma outra concepção filosófica é conhecida como emotivismo ético.

Para o emotivismo ético, o fundamento da vida moral não é a razão, mas a emoção. Nossos sentimentos são causas das normas e dos valores éticos. Inspirando-se em Rousseau, alguns emotivistas afirmam a bondade natural de nossos sentimentos e nossas paixões, que são, por isso, a forma e o conteúdo da existência moral como relação intersubjetiva e interpessoal.


Outros emotivistas salientam a utilidade das emoções para nossa sobrevivência e para nossas relações com os outros, cabendo à ética orientar essa utilidade de modo a impedir a violência e garantir relações justas entre os seres humanos.

Há ainda uma outra concepção ética, francamente contrária à racionalista (e, por isso, muitas vezes chamada de irracionalista), que contesta à razão o poder e o direito de intervir sobre o desejo e as paixões, identificando a liberdade com a plena manifestação do desejante e do passional. Essa concepção encontra-se em Nietzsche e em vários filósofos contemporâneos.

Genealogia: estudo que tem por objeto estabelecer a origem. Em Nietzsche (1844-1900) e Foucault (1926-1984), investigação da história com o objetivo de identificar as relações de poder que deram origem a ideias, valores ou crenças.

Nietzsche primeiramente identifica que os valores atuais são valores decadentes. Os valores atuais são valores que negam o homem e seus instintos naturais. São valores que dizem não a vida!

Nietzsche não considera que se deva fazer as coisas por uma questão de “dever” ou porque é “bom”. Não devemos nada para algum Deus ou alguém! Não precisamos sentir culpa de nada que fizemos ou deixamos de fazer, porque não se deve nada a ninguém.

O homem é algo a ser superado

A ideia de Nietzsche de que o homem é algo a ser superado aparece em Assim falou Zaratustra, talvez sua obra mais famosa. Foi escrito em três partes, entre 1883 e 1884, com uma quarta parte acrescentada em 1885. O filósofo alemão usou-a para lançar um ataque sistemático contra a história do pensamento ocidental. Ele mirava três ideias ligadas, em particular: primeiro, a ideia que temos de "homem" ou natureza humana; segundo, a que temos de Deus; e terceiro, a que temos sobre moralidade, ou ética.

Em outra obra, Nietzsche escreveu sobre filosofar "com um martelo" e, aqui, ele certamente tentou estilhaçar muitas das visões mais estimadas da tradição filosófica ocidental, especialmente em relação àqueles três temas. Ele o fez num estilo impetuoso e febril, de modo que às vezes a obra parece mais próxima da profecia do que da filosofia. Foi escrita rapidamente, com a Parte I tomando-lhe apenas alguns dias para ser posta no papel. Ainda assim, embora a obra de Nietzsche não tenha o tom sereno e analítico comum a obras filosóficas, o autor conseguiu expor uma visão extraordinariamente desafiadora e consistente.

Zaratustra desce
O nome do profeta de Nietzsche, Zaratustra, é a denominação alternativa do antigo profeta persa Zoroastro. A obra começa contando-nos que, aos trinta anos, Zaratustra vai viver nas montanhas. Durante dez anos deleita-se na solidão, mas certa manhã acorda para descobrir que está cansado da sabedoria que acumulou. Então, decide descer ao mercado para compartilhar sua sabedoria com o resto da humanidade.

No caminho para a cidade, ao pé da montanha, encontra-se com um velho eremita. Os dois homens já tinham se encontrado, dez anos antes, quando Zaratustra subira para seu retiro. O eremita vê que Zaratustra mudou durante a década que se passou: quando subiu, o eremita diz, Zaratustra carregava cinzas, mas agora, ao descer, está carregando fogo.

Então, o eremita pergunta a Zaratustra por que ele está se dando ao trabalho de compartilhar sua sabedoria. E aconselha Zaratustra a permanecer nas montanhas, advertindo-o que ninguém entenderá sua mensagem. Zaratustra então questiona: o que o eremita faz nas montanhas? O eremita responde que canta, chora, ri, resmunga e louva Deus. Ao ouvir isso, o próprio Zaratustra ri. Deseja boa sorte ao eremita e continua em sua descida da montanha. Enquanto avança, Zaratustra diz para si mesmo: "Como é possível! Esse velho eremita ainda não ouviu falar que Deus está morto".

Super-homem

A ideia da morte de Deus talvez seja a mais famosa de toda a obra do autor. Está intimamente relacionada com a ideia de que o homem é algo a ser superado e com a concepção característica de moralidade de Nietzsche.

Subvertendo valores antigos

Nietzsche acreditava que certos conceitos tornaram-se indissociavelmente emaranhados: humanidade, moralidade e Deus. Quando seu personagem Zaratustra diz que Deus está morto, não apenas lançou um ataque contra a religião, mas fez algo muito mais audacioso. "Deus", aqui, não significa apenas o deus sobre o qual os filósofos falam ou para o qual os religiosos rezam: ele significa a soma total dos valores mais elevados que podemos ter. A morte de Deus não é apenas a morte de uma deidade. É também a morte de todos os valores ditos elevados que herdamos.

Um dos objetivos centrais da filosofia de Nietzsche é o que ele chamou de "revalorização de todos os valores" (transvaloração), uma tentativa de questionar todas as maneiras habituais de pensar sobre ética e sobre os sentidos e objetivos da vida. Ele defendia que muitas das coisas que pensamos que sejam "boas", são, de fato, maneiras de limitar a (ou afastar as pessoas da) vida.

Podemos pensar que não é "bom" bancar o tolo em público e, assim, resistir ao impulso de dançar alegremente na rua. Podemos acreditar que os desejos da carne são pecaminosos e, então, punirmo-nos quando eles se manifestam. Podemos ficar em empregos tediosos, não porque precisamos, mas porque julgamos nosso dever aturá-los. Nietzsche quer pôr fim a tais filosofias que negam a vida, de modo que a humanidade possa se ver de maneira diferente.

Blasfemando contra a vida
Depois de proclamar a vinda do Super-homem, Zaratustra passa a condenar a religião. No passado, ele diz, a maior blasfêmia era contra Deus, mas agora a maior blasfêmia é contra a própria vida. Este é o erro que Zaratustra acredita que cometeu na montanha: ao afastar-se do mundo, e ao oferecer orações a um Deus que não está lá, ele pecou contra a vida.

A história por trás dessa morte de Deus, ou da perda da fé em nossos mais elevados valores, é relatada no ensaio de Nietzsche Como o "mundo verdadeiro" se tornou finalmente fábula, publicado em Crepúsculo dos ídolos. O ensaio tem o subtítulo "História de um erro" — e é a história da filosofia ocidental condensada em uma página. A história começa, diz Nietzsche, com o filósofo grego Platão.

O mundo real
Platão dividiu o mundo em um mundo "aparente", que se revela a nós por meio de nossos sentidos, e em um mundo "real", que podemos apreender pelo intelecto. Para Platão, o mundo percebido pelos sentidos não é "real", porque mutável é sujeito ao declínio. Platão sugeriu que há também um mundo "real" imutável, permanente, alcançável com o auxílio do intelecto. Essa ideia provém do estudo de matemática de Platão. A forma ou ideia de um triângulo, por exemplo, é eterna e pode ser apreendida pelo intelecto. Sabemos que um triângulo é uma figura de três lados, bidimensional, cujos ângulos somam 180°, e que isso sempre será verdadeiro, esteja alguém pensando sobre ele ou não e por mais que existam triângulos no mundo. Por outro lado, as coisas triangulares existentes no mundo (sanduíches, pirâmides ou formas triangulares desenhadas num quadro negro) só são triangulares na medida em que constituem reflexos da ideia ou forma do triângulo geométrico.

Influenciado pela matemática dessa forma, Platão propôs que o intelecto pode conseguir acesso a um mundo de Formas Ideais, que é permanente e imutável, enquanto os sentidos só têm acesso a um mundo de aparências. Então, por exemplo, se quisermos conhecer a bondade, precisamos ter uma avaliação intelectual da Forma de Bondade, da qual os vários exemplos de bondade no mundo são apenas reflexos. Essa é uma ideia que teve amplas consequências para a nossa compreensão do mundo: como Nietzsche salientou, essa maneira de dividir o mundo transforma o "mundo real" do intelecto no lugar onde residem todos os valores. Em contraste, o "mundo aparente" dos sentidos é transformado num mundo sem importância, em termos relativos.

Valores cristãos
Nietzsche traçou o destino dessa tendência de dividir o mundo em dois e encontrou a mesma ideia dentro do pensamento cristão. Em lugar do "mundo real" das Formas de Platão, o cristianismo sugere "um mundo real" alternativo, um mundo futuro do céu prometido ao virtuoso. Nietzsche acreditava que o cristianismo julga o mundo em que vivemos agora menos real do que o céu, contudo, nessa versão da ideia de "dois mundos", o "mundo real" é atingível, ainda que após a morte e sob a condição de que sigamos as regras cristãs em vida. O mundo presente é desvalorizado, como em Platão, salvo na medida em que age como degrau para o mundo do além. Nietzsche afirmou que o cristianismo nos pede para negar a vida presente em favor da promessa da vida por vir.

Tanto as versões platônicas quanto cristãs da ideia de divisão do mundo em "real" e "aparente" afetaram profundamente nossas concepções sobre nós mesmos. A sugestão de que tudo de valor está de algum modo "além" do alcance deste mundo leva a um modo de pensar que nega fundamentalmente a vida. Como resultado dessa herança platônica e cristã, fomos levados a considerar o mundo em que vivemos como um mundo do qual devemos nos ressentir e desdenhar. Um mundo do qual devemos nos afastar, transcender, e certamente não desfrutar. Mas, ao fazer isso, afastamo-nos da própria vida em favor de um mito ou invenção: um "mundo real" imaginário, situado em outro lugar. Nietzsche chama os sacerdotes de todas as religiões de "pregadores da morte", porque seus ensinamentos nos encorajam a abandonar este mundo e a abandonar a vida pela morte. Mas por que Nietzsche insistiu que Deus está morto? Para responder isso, temos de conferir a obra do filósofo alemão do século XVIII Immanuel Kant, cujas ideias são cruciais para compreender a filosofia por trás da obra de Nietzsche.

Um mundo além do alcance
Kant estava interessado nos limites do conhecimento. Na obra Crítica da razão pura, argumentou que não podemos conhecer o mundo como ele é "em si". Não podemos alcançá-lo com o intelecto, como Platão acreditava, nem é prometido a nós como na visão cristã. Ele existe, mas está para sempre fora do alcance. As razões que Kant usou para sugerir essa conclusão são complexas, mas o que importa, do ponto de vista de Nietzsche, é que se o mundo real é considerado absolutamente inatingível — mesmo ao sábio ou ao virtuoso, em vida ou após a morte —, então trata-se de "uma ideia que tornou-se inútil, supérflua". Como resultado, é uma ideia a ser posta de lado. Se Deus está morto, Nietzsche topou com o cadáver, mas são as impressões digitais de Kant que estão na arma do deicídio.

O erro mais duradouro

Uma vez que renunciarmos à ideia do "mundo real", a distinção duradoura entre "mundo real" e "mundo aparente" começará a sucumbir. Em Como o “mundo verdadeiro” se tornou finalmente fábula, Nietzsche foi adiante para explicar isso da seguinte maneira: "Abolimos o mundo real - que mundo restou? O mundo aparente, talvez?... Mas não! Com o mundo real também abolimos o mundo aparente". Nietzsche via, então, o início do fim do "erro mais duradouro" da filosofia: sua fascinação pela distinção entre "aparência" e "realidade", pela ideia de dois mundos. O fim desse erro, Nietzsche escreveu, é o zênite de toda humanidade. É nesse ponto - em um ensaio escrito seis anos depois de Assim falou Zaratustra — que Nietzsche elaborou "Zaratustra começa".

Esse é um momento-chave para Nietzsche, porque quando apreendemos o fato de que existe apenas um mundo, subitamente verificamos o erro de transferir todos os valores para além desse mundo. Somos, então, forçados a reconsiderar nossos valores, até mesmo o significado do que é ser humano. E, quando olhamos através dessas ilusões filosóficas, a antiga ideia de "homem" pode ser superada. O super-homem, na visão de Nietzsche, é um modo de ser que fundamentalmente afirma a vida. É alguém que pode se tornai o portador de sentido não no mundo do além, mas aqui: o super-homem é "o sentido da Terra".

Criando a nós mesmos

A noção de Nietzsche acerca da ilimitada possibilidade humana foi importante para muitos filósofos depois da Segunda Guerra Mundial. Suas ideias sobre a religião e a importância da autoavaliação ecoaram especialmente nas obras dos existencialistas subsequentes, como Jean-Paul Sartre. Como o super-homem de Nietzsche, Sartre disse que cada um de nós deve definir o significado de nossa existência. As críticas de Nietzsche contra a tradição filosófica ocidental tiveram enorme impacto não apenas na filosofia, mas também na cultura europeia e mundial, influenciando incontáveis artistas e escritores no século XX.

A moral

“(..) a história da luta da moral contra os instintos fundamentais da vida é a maior imoralidade que até hoje existiu sobre a terra...” (NIETZSCHE, Vontade potência, 2011, p.274)

“Vejo a má consciência como a profunda doença que o homem teve de contrair sob a pressão da mais radical das mudanças que viveu — a mudança que sobreveio quando ele se viu definitivamente encerrado no âmbito da sociedade e da paz. O mesmo que deve ter sucedido aos animais aquáticos, quando foram obrigados a tornar-se animais terrestres ou perecer, ocorreu a esses semianimais adaptados de modo feliz à natureza selvagem, à vida errante, à guerra, à aventura — subitamente seus instintos ficaram sem valor e "suspensos". A partir de então deveriam andar com os pés e "carregar a si mesmos", quando antes eram levados pela água: havia um terrível peso sobre eles. Para as funções mais simples sentiam-se canhestros [sem habilidades], nesse novo mundo não mais possuíam os seus velhos guias, os impulsos reguladores e inconscientemente certeiros — estavam reduzidos, os infelizes, a pensar, inferir, calcular, combinar causas e efeitos, reduzidos à sua "consciência", ao seu órgão mais frágil e mais falível! Creio que jamais houve na terra um tal sentimento de desgraça, um mal-estar tão plúmbeo [pesado] — e além disso os velhos instintos não cessaram repentinamente de fazer suas exigências! Mas era difícil, raramente possível, lhes dar satisfação: no essencial tiveram de buscar gratificações novas e, digamos, subterrâneas. Todos os instintos que não se descarregam para fora voltam-se para dentro — isto é o que chamo de interiorização do homem: é assim que no homem cresce o que depois se denomina sua "alma". Todo o mundo interior, originalmente delgado [fino], como que entre duas membranas, foi se expandindo e se estendendo, adquirindo profundidade, largura e altura, na medida em que o homem foi inibido em sua descarga para fora. Aqueles terríveis bastiões [ênfase] com que a organização do Estado se protegia dos velhos instintos de liberdade — os castigos, sobretudo, estão entre esses bastiões [ênfase] — fizeram com que todos aqueles instintos do homem selvagem livre e errante se voltassem para trás, contra o homem mesmo. A hostilidade, a crueldade, o prazer na perseguição, no assalto, na mudança, na destruição — tudo isso se voltando contra os possuidores de tais instintos: esta é a origem da má consciência. Esse homem que, por falta de inimigos e resistências exteriores, cerrado numa opressiva estreiteza e regularidade de costumes, impacientemente lacerou, perseguiu, corroeu, espicaçou [bicou], maltratou a si mesmo, esse animal que querem "amansar", que se fere nas barras da própria jaula, este ser carente, consumido pela nostalgia [melancolia] do ermo [solitário], que a si mesmo teve de converter em aventura, câmara de tortura, insegura e perigosa mata — esse tolo, esse prisioneiro presa da ânsia e do desespero tornou-se o inventor da "má consciência". Com ela, porém, foi introduzida a maior e mais sinistra doença, da qual até hoje não se curou a humanidade, o sofrimento do homem com o homem, consigo: como resultado de uma violenta separação do seu passado animal, como que um salto e uma queda em novas situações e condições de existência, resultado de uma declaração de guerra aos velhos instintos nos quais até então se baseava sua força, seu prazer e o temor que inspirava.” (NIETZSCHE, Genealogia da moral, 2010, p.67-68)

“Essa hipótese sobre a origem da má consciência pressupõe, em primeiro lugar, que a mudança não tenha sido gradual nem voluntária, e que não tenha representado um crescimento orgânico no interior de novas condições, mas uma ruptura, um salto, uma coerção, uma fatalidade inevitável, contra a qual não havia luta e nem sequer ressentimento. Em segundo lugar, que a inserção de uma população sem normas e sem freios numa forma estável, assim como tivera início com um ato de violência, foi levada a termo somente com atos de violência — que o mais antigo "Estado", em consequência, apareceu como uma terrível tirania, uma maquinaria esmagadora e implacável, e assim prosseguiu seu trabalho, até que tal matéria-prima humana e semianimal ficou não só amassada e maleável, mas também dotada de uma forma.” (NIETZSCHE, Genealogia da moral, 2010, p.69)

“... Não podemos hoje imaginar a degenerescência moral separada da degenerescência fisiológica: a primeira nada mais é que o conjunto de sintomas da segunda: somos necessariamente maus, como somos necessariamente doentes... Mau: a palavra exprime aqui certas incapacidades que são fisiologicamente ligadas ao tipo da degenerescência: por exemplo, a fraqueza da vontade, a incerteza e até a multiplicidade da "pessoa", a impotência para suprimir a reação a uma excitação qualquer e de "dominar-se", o constrangimento diante de toda espécie de sugestão de uma vontade estranha. O vício não é a causa; o vício é a consequência.” (NIETZSCHE, Vontade potência, 2011, p.269)

“A partir de todas as idiossincrasias [características peculiares] morais, vejo uma avaliação fundamentalmente diferente: não conheço essas separações absurdas entre o gênio e o mundo da vontade moral e imoral. O homem moral é de uma espécie inferior ao homem imoral, de uma espécie mais fraca; é um tipo segundo a moral, não é porém seu próprio tipo; é uma cópia, uma boa cópia ao rigor — a medida de seu valor reside fora dele. Estimo o homem pela quantidade de potência e pela plenitude de sua vontade; e não conforme o enfraquecimento e a purificação da vontade; considero uma filosofia que ensina a negação da vontade como uma doutrina de aviltamento e de calúnia... Julgo a potência de uma vontade segundo o grau de resistência, de dor, de tortura que ela suporta para convertê-las em seu favor; não censuro à existência seu caráter mau e doloroso, mas espero que esse caráter se tornará um dia mais mau e mais doloroso ainda...” (NIETZSCHE, Vontade potência, 2011, p.475)

“A ‘escala dos valores morais’, enquanto social, mede o homem de acordo com os efeitos exercidos sobre seus semelhantes. Um homem que degusta seu próprio sabor, envolto e escondido em sua solidão, incomunicável, não expansivo — um homem não calculado, portanto um homem de categoria superior, e, em todos os casos, de outra espécie: como quereis avaliá-lo, quando não podeis nem conhecê-lo, nem compará-lo com outros?
A escala dos valores morais teve por resultado a maior obtusidade do julgamento: o valor que um homem possui por si mesmo não é apreciado como merece, descuidamo-lo quase ou quase o negamos. É um saldo de teleologia ingênua o de julgar o valor do homem por relações com os outros homens.” (NIETZSCHE, Vontade potência, 2011, p.477)

“O constrangimento da vontade era tido como o que dava ao ato valor superior: Deus era considerado então o autor...

Vem o contramovimento: o dos moralistas, sempre com o mesmo preconceito, o de crer que somos responsáveis pelos menores acontecimentos, se os quisermos. O valor do homem está fixado como valor moral: portanto, seu valor deve ser causa prima; logo, deve haver aí um princípio no homem, o "livre-arbítrio", que seria a causa prima. Há sempre a segunda intenção: se o homem não é a causa prima enquanto vontade, é irresponsável, consequentemente, não é da competência da moral. A virtude e o vício serão então automáticos e inconscientes.” (NIETZSCHE, Vontade potência, 2011, p.266)

“O erro do livre-arbítrio. — (...) Em todo lugar onde se procura responsabilidades, costuma ser o instinto de querer punir e julgar que está a procura delas. O devir foi despido de sua inocência quando se busca explicar pela vontade, pelas intenções ou por atos de responsabilidade alguma maneira de ser: a doutrina da vontade foi inventada essencialmente com a finalidade de punir, ou seja, de querer encontrar culpados. (...) O cristianismo é uma metafísica de carrasco...
(...) Fomos nós que inventamos a noção de "finalidade": a finalidade está ausente da realidade... Somos necessários, somos um fragmento de destino, pertencemos ao todo, estamos no todo — não há nada que possa julgar, medir, comparar e condenar o nosso ser, pois isso significaria julgar, medir, comparar e condenar o todo... Mas não há nada fora do todo!” (NIETZSCHE, Crepúsculo dos ídolos, 2010, p.57-59)



Nós somos efeito e não causa.