sábado, 31 de agosto de 2013

Essa eu achei digna de publicar.. vejam só a  que ponto chegamos 
Olhem essa história:

Na Alemanha homem é processado por não conseguir engravidar mulher do vizinho 

"Um homem que vive na Alemanha foi processado por não conseguir engravidar a mulher do vizinho, depois de ser contratado por 2 mil euros (cerca de R$ 5,7 mil) para isso. 
Demetrius Soupolos e a mulher, Traute, queriam ter uma criança, mas descobriram que Soupolos não poderia ter filhos. Por isso, decidiram contratar Maus, na esperança que o homem casado e com dois filhos pudesse engravidar Traute. A informação foi divulgada pela publicação alemã "Bild". 
Depois de seis meses e nenhuma gravidez – com uma média de tentativas de três vezes por semana, Soupolos insistiu para que Maus passasse por exames médicos. 
Os testes mostraram que o vizinho também é estéril. Por isso, a mulher de Maus foi obrigada a admitir que as duas crianças não eram dele.  

Agora, decida você o que é pior: 
a) Ir a justiça cobrar um cara que "ficou" com sua mulher por seis meses.
b) Contratar um cara para "ficar" com sua mulher por seis meses.
c) Descobrir que você é estéril enquanto tenta engravidar a mulher do vizinho, recebendo pra isso.
d) Descobrir que os dois filhos que você tem não são seus.
e) "Cornear" o vizinho e descobrir que já foi corno, no mínimo duas vezes.
f) Todas as anteriores.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A Situação dos  Médicos Cubanos: Isso me dá Vergonha!

Por: Alacir Arruda

    Nos últimos dias desembarcaram no Brasil algo em torno de 800 médicos cubanos para trabalhar no programa Mais Médicos do Governo Federal. Segundo o Ministério da Saúde, esses médicos irão atuar em áreas isoladas do país aonde a assistência médica ainda não chegou ou é deficitária. Para aqueles que estão preocupados com a qualificação desses médicos, segue um esclarecimento aos menos avisados. Cuba é uma referência mundial no que diz respeito a medicina tanto a familiar quanto a clinica. O país é, ainda,  uma referencia na produção de vacinas e  no tratamento do vitiligo. Neste ultimo item é considerado o  mais avançado do mundo, até Michael Jackson se tratou com médicos cubanos. O perfil dos profissionais que desembarcaram no Brasil é o seguinte: em geral, eles têm mais de uma década de formados, passaram por missões em outros países, fizeram residência, parte deles (cerca de 20%) cursaram mestrado e 40% obtiveram mais que uma especialização. 
   Aos incomodados com a cor desses profissionais ou mesmo com sua aparência, (como aquela jornalista do Rio Grande do Norte que disse em seu perfil no Facebook que as medicas cubanas tem aparência de empregadas domésticas)  segue um esclarecimento; Cerca de 66% dos Cubanos são de origem espanhola, 22% são mestiços e 12% do Pretos, descendentes dos escravos conduzidos a ilha no século XVI. Os Asiáticos, procedentes da imigração chinesa da segunda metade do século XX, constituem uma minoria (0,1%). Não existe quase nenhum descendente dos Índios Ciboneyes, Guanajuatabeyes e Taïnos, que habitavam a ilha antes da sua descoberta por Cristóvão Colombo no século XV. 
    E para quem está preocupado com o cidadão e não apenas com a corporação, a pergunta essencial é: a origem dos cubanos ou sua formação importam efetivamente nesse momento? Ou o devemos levar a cabo o tratamento de brasileiros isolados? Alguns jamais viram um medico na vida e comunidades inteiras no Brasil são acometidas por doenças que hoje só existem em lugares isolados da África. 
    Aproveito ainda essa pergunta para apontar o que vejo como uma absurda incoerência -uma incoerência pouca conhecida da população - de dirigentes de associações médicas. Um dos dirigentes, aliás, disse publicamente que um médico brasileiro não deveria prestar socorro (veja só) se um paciente for vítima de um médico estrangeiro. Deixa morrer. Bela ética. Provas têm demonstrado que uma boa parte dos alunos formados nos cursos de medicina no Brasil não está apta a exercer a profissão. Não vou aqui discutir de quem é a culpa, se da escola ou do aluno. Até porque para a eventual vítima tanto faz. Mesmo sendo reprovados nos testes, os estudantes ganham autorização para trabalhar. 
     Por que essas mesmas associações, tão furiosas em atacar médicos estrangeiros, não fazem barulho para denunciar alunos comprovadamente despreparados? A resposta encontra-se na moléstia do corporativismo. Se os brasileiros querem tanto essas vagas por que não se candidataram? Será que preferem que o pobre se dane apenas para que outro médico não possa trabalhar? Sinceramente, sinto vergonha por médicos que agem colocando a vida de um paciente abaixo de seus interesses.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O CASO DONADON E O CORPORATIVISMO

Por  Alacir Arruda

   A decisão da Câmara Federal  de não cassar o mandato do Deputado Federal por Rondônia, Natan Donadon, trás à luz das discussões a importância de se rever a questão dos votos secretos. Um país que pretende, ou pleiteia, um assento definitivo no  Conselho de Segurança da ONU, que se orgulha de ser considerado  democrático e,  onde os direitos individuais e coletivos, em tese, são o norte nas relações sociais, não pode aceitar que uma Câmara eleita pelo povo tenha a prerrogativa do voto secreto. Essa situação é inaceitável em qualquer país, sobretudo,  um democrático.
    A história do voto secreto no Brasil remonta ao Regime Militar (1964-1985) e representa os resquícios de um regime de exceção algo ultrapassando nos dias atuais.  Manter o mandato de um politico condenado pelo Supremo a 13 anos de prisão por crimes como:  desvios de verbas públicas, corrupção ativa e passiva além e abuso de poder, é algo que seria  cômico se não fosse trágico e mais uma vez lança todo o legislativo brasileiro  na “vala comum”,  justificando as criticas que vem das ruas.
   Recentemente, milhares de brasileiros saíram às ruas para reivindicarem mais moralidade, probidade e ética da classe politica, recado este,  que parece não ter sido  ouvido pelos parlamentares que resolveram manter Donadon no cargo. Com certeza o Brasil amanheceu nessa quinta-feira com vergonha da câmara que “os representa”,  vergonha que só não é maior que a certeza de que farão isso novamente,  uma vez que a palavra de ordem entre eles é o “corporativismo”. A coisa é mais ou menos assim, absolvemo-lo, pois amanha poderá ser um de nós.   Quero aqui externar meu desalento com a dilapidação do patrimônio ético ao qual a câmara esta mergulhada e posso apenas  falar por mim;  esses 513 deputados não me representam. Na verdade, eles são a síntese de tudo de ruim que a politica brasileira já produziu  e seus atos imorais, só  vem corroborar para que a população novamente se reúna para cobrar uma ação mais efetiva desses senhores quanto ao trato com a  coisa publica, sobretudo o erário. 
   Dizer que todos os politicos são iguais seria prepotência de minha parte, mas que sobram poucos verdadeiramente comprometidos com a causa do povo e os interesses da nação, disso não tenho a menor duvida. Hoje foi Donadon o absolvido, amanha será outro  e outro e outro, até que um dia você,  que agora esta lendo esse texto,  será questionado por seu filho  nos seguintes termos: “pai (mãe) quando o sr. (a)  era jovem tinha políticos corruptos? E você com certeza ira dizer: “sim filho, sempre houve”!. Então ele expressará: “ e o que o sr. fez para, ao menos, minimizar isso?? E você??? Uma saída será você dizer a ele que o lema que rege a politica brasileira desde 1500 é:  ”Eu sei que a farinha é pouca, então, meu pirão primeiro”

terça-feira, 27 de agosto de 2013

SCHOPENHAUER E O AMOR


SCHOPENHAUER (1788-1860) – O FILÓSOFO DO HUMANISMO. Introduziu o budismo e o pensamento indiano na metafísica alemã. Para ele, o mundo não passava de uma representação, uma síntese entre o objeto e a consciência humana. O que havia de real era a vontade, irracional e insaciável, por isso causa de todo sofrimento. Apesar do pensamento, apontar saídas para as dores do mundo: a contemplação da arte, a compaixão e, sobretudo, a anulação da vontade, uma fuga para o nada.
Livros:
A arte de ter Razão.
O mundo como Vontade e Representação.
Metafísica do Belo.
Fragmentos para a História da Filosofia.

Todos nós teorizamos sobre a felicidade que o amor nos trará. A maioria faz da busca pelo amor a meta da sua vida. Mas o amor é um tema sobre o qual a filosofia não costuma falar. Como ele é uma das experiências da vida mais transformadoras e importantes, seria plausível imaginar que a filosofia fosse levar o amor muito a sério. Mas, de maneira geral, isso não acontece. Basicamente, o tema é deixado para os poetas, histérico e apresentadores de programas vespertinos de TV. Mas houve um filósofo que leva o amor muito a sério, e que o via como uma de nossas preocupações centrais. Seu nome era Arthur Schopenhauer.
Schopenhauer  foi um filósofo que parecia entender a intensidade do que sentimos quando nos apaixonamos. Ele achava que estávamos certos de viver em função do amor, e que não havia outra coisa mais importante. Nosso erro segundo ele, era achar que a felicidade tinha algo a ver com isso.
De início, é difícil de acreditar que Schopenhauer pudesse entender de paixão ou que pudesse ajudar alguém que estivesse apaixonado.. Ele nunca se casou, vivia sozinho e, às vezes, mostrava-se bastante avesso às mulheres. Ele nasceu em Danzig, em 1778, mas passou a metade da vida em Frankfurt. Desde cedo buscava a felicidade no amor. Era inteligente, seguro, bonito e, depois que perdeu o pai, aos 17 anos, muito rico também. Mas não fazia sucesso com as mulheres, escrito de próprio punho.
Em 1821, aos 33 anos, ele conheceu uma mulher que gostou dele. Era uma cantora de 19 anos, Caroline Medon, mas ele nunca quis formalizar a relação. Eles chegaram a ter um filho. Ela queria se casar, mas ele não quis. Ele dizia que quando duas pessoas se casam, acabam fazendo de tudo para se detestar. Depois de dez anos de idas e vindas, o relacionamento acabou.
Mais velho, ele teve um relacionamento com a escultora e admiradora de sua filosofia Elizabeth Ney, que foi a Frankfurt fazer um busto seu, mas esse caso não pode ser considerado o ápice de uma vida romântica com a qual o jovem Schopenhauer sonhara.
Mas como um filósofo com uma vida romântica desastrosa poderia ter algo a nos dizer sobre o amor?
Para começar, ele dizia que o amor não é um assunto banal que não devemos vê-lo como distração de assuntos mais sérios ou adultos. Não é por acaso que se trata de um sentimento tão avassalador, capaz de tomar conta de nossa vida e de todos os momentos de nosso dia.
Ele diz que não devemos nos culpar tanto pelo estado de desespero e obsessão em que entramos se o amor fracassa. Ficar surpreso com a dor da rejeição é ignorar o quanto de entrega a aceitação exigiria.
Criamos histórias de amor para nós mesmo, imaginamos que nos apaixonaremos por um parceiro que nos fará felizes. Mas Schopenhauer via isso de maneira diferente. Para ele, nós nos submetemos a telefonemas ansiosos e jantares caríssimos, a luz de velas por uma única razão: o impulso biológico para perpetuar a espécie. Ele o chamava de “impulso de vida”. “Nada na vida é mais importante que o amor, porque o que está em jogo é a sobrevivência da espécie”. O amor é uma tática da natureza para nos levar a ter filhos. Por mais que gostemos de nos imaginar como seres românticos somos todos, basicamente, escravos do impulso de vida.
O fundamental na tese de Schopenhauer é que impulso de vida pode atuar de forma bastante inconsciente. Conscientemente, as pessoas podem querer ir a uma festa, mas inconscientemente o que as movem é a necessidade de se reproduzirem. Ele precisa ser inconsciente para ser eficaz, porque ninguém assumiria conscientemente o fardo da perpetuação. “O instante em que dois jovens se sentem atraídos um pelo outro deve ser considerado o nascimento de um novo indivíduo”. Sua tese explica a intensidade dessa atração.
Mas por que nos sentimos atraídos por algumas pessoas e não por outras?
Um dos maiores mistérios do amor é “por que ele?” ou “por que ela?
Inúmeras pessoas não provocam qualquer reação em nós, mesmo sendo, em tese, nossos pares ideais e acabamos nos apaixonando por outras com quem a convivência pode ser difícil. Schopenhauer tinha uma resposta: apaixonamos por uma pessoa quando sentimos, inconscientemente que ela pode nos ajudar a produzir herdeiros saudáveis. O amor é apenas nosso impulso de vida, descobrindo alguém que ele considere o pai ou a mãe ideal de nossos filhos.
Isso levou Schopenhauer a reflexões interessantes sobre a regra da atração. Atraímo-nos por pessoas capazes de contrabalançar nossas imperfeições, garantindo, assim, filhos fisicamente e mentalmente equilibrados. Pessoas muito altas são atraídas por parceiros mais baixos para que os filhos não sejam gigantes. Ele acrditava que a busca do equilíbrio se estendia até o tom da pele. Algumas das idéias de Schopenhauer podem parecer descabidas hoje. Há muitos tipos de vínculos emocionais e sexuais ao qual sua tese não se aplica.
Entretanto, uma geração antes de Darwin e cerca de 60 anos antes de Freud, ele foi o primeiro a apontar razões inconscientes e biológicas para o amor.
Buscar a felicidade e ter filhos são projetos divergentes que o amor, astutamente nos faz enxergar como um só, pelo tempo necessário para produzir e criar os filhos. Só muito depois, com herdeiros saudáveis e equilibrados, correndo pelo jardim, nos damos conta de que fomos enganados, condenando-nos a separação ou começamos a passar os jantares num silêncio hostil.
Schopenhauer coloca-nos diante de uma escolha tácita. É como se, na hora de selar o casamento, um dos dois, o indivíduo ou o interesse da espécie, tivesse de sair perdendo. Para ele, não há dúvida que o indivíduo sofre mais.
Infeliz no amor, e tendo sua obra quase completamente ignorada, Schopenhauer vivia recluso num modesto conjugado em uma rua de Frankfurt chamada Schöne Aussicht, um nome irônico diante do pessimismo de sua visão, já que significa “belas perspectivas” em alemão.
No meio de tanta infelicidade uma de suas alegrias era a música. Antes do almoço ele tocava uma hora de Rossini ou outro compositor. Ele desenvolveu um pessimismo quase anedótico, aconselhando seus leitores a engolirem um sapo todas as manhãs para garantir que não se deparariam com nada mais repulsivo ao longo do dia. “A existência humana só pode ser algum erro. Pode-se dizer que, se hoje ela está ruim, as coisas só tendem a piorar, até que o pior de tudo aconteça.” Escreveu Schopenhauer. “É mais seguro confiar no medo do que na esperança.” Esta é uma frase com o pessimismo típico de Schopenhauer.
As companhias mais íntimas do filósofo passaram a ser vários poodles. Ele dedicava aos cães todo o seu afeto. Chegou a batizar um de Atma, a Alma primordial para os brâmanes, e passou a se interessar pela causa do bem-estar animal.
No fim da vida, suas idéias enfim, começaram a conquistar adeptos. Seu último livro, uma coletânea melancólica de ensaios e aforismos filosóficos, tornou-se um sucesso de vendas. Alemães amantes da filosofia começaram a comprar poodles em sua homenagem.
No auge da fama, ele a definiu dizendo: “ O Nilo, enfim, chegou ao Cairo.”Mas ele não teve tempo de desfrutar do sucesso e desenvolver pensamentos alegres. Em 1860, Schopenhauer voltou para casa, queixou-se de falta de ar e morreu.
“Se um deus criou este mundo não gostaria de ser esse deus, pois sua miséria e seu infortúnio me partiram o coração” disse Schopenhauer.
Talvez pareça estranho achar que Schopenhauer possa nos ajudar nas questões do amor, tendo sido um sujeito tão amargurado. Mas acho que ele nos deixou idéias confortadoras a respeito. Para começar, ele disse que se apaixonar é inevitável, que a biologia é mais forte que a razão. Assim, não somos infelizes por mero acidente, essencialmente somos iguais a todos ou outros animais. Sentimo-nos impelidos a encontrar um parceiro, a gerar filhos e criá-los e somente uma força poderosa como o amor seria capaz de nos motivar para isso.
Schopenhauer nutria um interesse especial por animais feios como toupeiras, porcos-espinhos e mangustos-anões. O que despertava seu interesse era a vida dura que eles levavam enfrentando invernos rigorosos, vivendo debaixo da terra e tendo filhos que mais se parecem com vermes gelatinosos e o fato de nada disso impedir que se reproduzissem. Ele achava que esses animais podiam nos ensinar sobre nosso comportamento, sobre como nos dedicamos à reprodução sem pensar necessariamente em felicidade. Se a reprodução nos entristece, se achamos que o casamento não vai bem, podemos aprender como esses nossos amigos vendo com eles não fazem isso por felicidade, mas porque precisam, por causa do impulso da vida.
Schopenhauer tem mais uma idéia a respeito do amor que pode nos ajudar quando somos rejeitados, muitas vezes, não entendemos porque o parceiro quis romper e nos sentimos rejeitados. Ele diz que quem termina o namoro não está rejeitando o parceiro. Não sou eu que não mereço o amor, mas é o impulso de vida de minha parceira que considerou que ela poderá ter filhos mais saudáveis com outro! Encontrei outra mulher que me considera o parceiro ideal, mesmo que apenas por uma questão de equilíbrio entre o meu nariz e o dela.
Talvez você estivesse feliz com a pessoa que o rejeitou, mas a natureza não estava. Por isso, vai ter de aprender a se desapegar. Numa visão tradicional, dizemos que um casal será feliz para sempre. Num olhar mais desiludido e moderno, estão condenados a discussões e ao divórcio precoce.
Schopenhauer convida-nos a assumir um ponto de vista diferente, e considerar que a felicidade não está em questão. Ele não queria nos deixar deprimido, mas nos libertar das expectativas que pode acabar gerando frustrações. Às vezes, os pensadores mais pessimistas, paradoxalmente, podem ser os que nos oferecem mais consolo!
O Limite entre o Normal e o Espetáculo: Retrato de Uma Sociedade Doente.

Bling Ring”, de Sofia Coppola, expõe curiosa fronteira, onde superficialidade, transgressão e redes sociais encontram-se. Mas cheira a conformismo.
Por Alacir Arruda.
Recentemente assisti pela Internet (site pirata)  e fiquei com uma enorme sensação de vazio,   ao último lançamento de Sofia Coppola, Bling RingA gangue de Hollywood que conta a história, originalmente publicada em 2009, na revista Vanity Fair, de um grupo de adolescentes ricos e residentes do bairro californiano Calabasas, onde o horizonte mais distante e almejado parece ser de fato a colina das mansões de Hollywood à frente.
E é para lá que esses jovens, desesperançados e obcecados por fama, decidem ir noites seguidas, em busca de um sonho e um estilo de vida baseado nas fotos e reportagens que leem em sites e revistas de fofocas sobre a vida de seus ídolos: atrizes, modelos e celebridades hollywoodianas. Mas, esse sonho, esvaziado de utopias ou desejos — que aparenta não ir além de bolsas Channel, óculos Ray Ban ou sapatos Louboutin — acaba numa realidade bem dura e concreta: atrás das grades.
A brincadeira desses jovens, supostamente inocente, começa na casa de Paris Hilton, herdeira de um império do setor hoteleiro americano e habituée nas capas de revista de todo mundo pelo estilo de vida e roupas que ostenta. Uma dupla de amigos da escola descobre seu endereço e o fato que a casa estará vazia e decidem ir até lá “fazer compras”. Depois de se deslumbrarem com os luxos e as marcas de sonho na mansão da moça, saem de lá tranquilamente com malas Louis Vuitton nas mãos repletas de coisas roubadas e com uma falsa sensação de plenitude nas mãos, oferecida por esses fugazes momentos de diversão. Mas, como a sensação de bem estar dura pouco, assim como a oferecida pelas drogas que ingerem diariamente, eles querem mais e é aí que a brincadeira fica séria.

A dupla acaba expondo as “travessuras” cometidas através de fotos que postam nas redes sociais e por relatos detalhados para amigas da escola, que se animam com a ideia de “ir às compras” nas casas de celebridades. E assim a dupla vira um grupo ou quadrilha que começa a fazer dessas invasões de privacidade um hábito divertido, usado para fugir do tédio — sem se preocupar com o ato transgressor, violento e ilícito que estavam cometendo. Aliás, fica claro no filme que, talvez, a única preocupação desses jovens seja a aparência.
Tudo é espetacularizado e compartilhado, o que demostra o questionamento cada vez maior dos limites entre o público e o privado, em tempos de redes sociais. Esse é um dos pontos mais importantes do filme: a experiência da exposição e da privacidade. Parece-nos que vale tudo por um minuto de fama compartilhada. E as celebridades “seguidas” por esses jovens também expõem sua privacidade, desde suas roupas até seu paradeiro de final de semana. O que, além de gerar um sentimento de intimidade com seus “fãs” acaba ajudando a gangue na hora de planejar a próxima invasão.
Ao entrar nas mansões, os adolescentes experimentam aquele estilo de vida através de objetos já conhecidos e almejados dos closets, deixando claro o sentimento de intimidade compartilhado entre os jovens e seus ídolos.
Através do fanatismo por roupas e marcas das personagens, o filme parece expor um retrato real dos dias de hoje. Os jovens desejam e consomem não somente uma roupa ou acessório, mas um signo social e um estilo de vida. Uma associação que começa na infância, quando as marcas utilizam personagens e mascotes. E ao entrar na adolescência são as celebridades, com suas marcas e grifes, que ganham força no imaginário juvenil.

A diretora escolheu não entrar nas questões psicológicas de seus personagens, na ausência familiar ou na falência da instituição escolar, mas ainda assim consegue capturar o que muitos autores chamam de zeitgeist – espírito de uma época. E demonstra a existência de uma juventude fútil, desesperançada e violenta que se preocupa mais em ter do que ser. Que compartilha mais objetos do que afetos. Mas, apesar do vazio do tema Sofia acerta, como sempre, nos diálogos e na estética que, através do último trabalho de fotografia do excelente Harris Savides, consegue tirar brilho de cenas tão deprimentes.
É um filme que merece ser visto pela reflexão que suscita. Inspira a enxergar os valores compartilhados pela juventude atual, seu tempo frenético, seus sonhos e desejos. E os limites entre o público e o privado, em tempos de redes sociais.
Porém, o mais violento do filme não são os delitos cometidos pelos jovens, mas talvez o sentimento de desesperança gerado no final. Sentimento ampliado em mim com a notícia de que a distribuidora de Bling Ring fez uma parceria com uma grife de moda, através da qual um concurso dará vinte kits com produtos Sephora e Vandal para looksinspirados em personagens do filme.
A iniciativa parece mostrar que o mercado conseguiu abocanhar a crítica da montagem e transformá-la em desejo de consumo. E assim acaba por abalar o próprio valor artístico do cinema, de questionar a realidade vigente. Principalmente essa experiência de violência simbólica da mercantilização de tudo, vivenciada na sociedade do  espetáculo.


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Questão Síria: Barack Obama Acaba Frustrando seus Aliados
Por Alacir Arruda/Colaborou Sergio Coutrand
     A situação de Obama frente aos seus aliados no Oriente Médio esta cada dia mais difícil. Esperava-se que a visita do primeiro-ministro turco Recep Erdogan a Washington, pressionasse o governo Obama a adotar posição mais dura contra o regime sírio. Houve notícias de que Erdogan chegava em busca de uma zona aérea de exclusão sobre a Síria, liderada pelos EUA, e de aumento no suprimento de armas para os ‘rebeldes’.  
   Mas, no encontro, Obama manteve a posição anterior e insistiu que não há “fórmula mágica” para resolver a crise. Claro que a resposta veio envolta em trivialidades diplomáticas, durante a conferência conjunta, dos dois governantes, com a imprensa na Casa Branca. Mas não foi a resposta que Erdogan esperava obter.
     Em termos simplificados, Obama não dá sinais de estar disposto a permitir que os EUA afundem-se em mais um atoleiro semelhante ao Iraque. Quer ‘mudança de regime’, sim, mas tem de ser transição negociada, como ele próprio disse, “na qual as instituições sírias sejam mantidas em funcionamento, mas tenhamos um corpo representativo, multiétnico, multirreligioso, que consiga trazer democracia e paz para a Síria.”
   Noutra fala, Obama acrescentou que tem de ser uma Síria “intacta e inclusiva de todos os grupos étnicos e religiosos; e fonte de estabilidade, não de extremismo.”
   Uma boa coisa resultante da conferência de imprensa foi que Obama reverteu à ideia de uma conferência de paz em Genebra. Disse: “Acho, sim, que a possibilidade de conversações em Genebra, envolvendo russos e representantes, sobre uma transição política séria, que todos os partidos possam aceitar pode dar resultado.”
ARMAS QUÍMICAS 
    Mas, e quanto às armas químicas e a “linha vermelha”? Eis o que, literalmente, disse Obama: “Esse é problema internacional. Tenho grandes esperanças de poder continuar a trabalhar com todos os partidos envolvidos, para encontrar uma solução que leve a paz à Síria, estabilize a região, estabilize aquelas armas químicas. Mas não será algo que os EUA farão sozinhos.”
  As imagens em vídeo mostraram um Erdogan anormalmente submisso, tomando chuva no Jardim das Rosas, ao lado de Obama, o qual ditava todas as regras para a paz na Síria. Ali, Erdogan ouviu e nada disse. Mas logo depois, em conferência na Brookings, voltou ao seu normal, falou à vontade e atacou, como quis, no ponto mais sensível, que mais diretamente atinge os interesses dos EUA: insistiu que o Hamás tem de estar presente, como representante legítimo, em qualquer negociação de paz para o Oriente Médio.
  Revelou que visitará Rússia e os países do Golfo, em breve, para conversações “para avaliar a situação por lá.” Erdogan voltou a reiterar sua intenção de visitar Gaza no mês que vem.
  Erdogan não é o único que se sente desertado, abandonado. Os sauditas também estão lívidos. O jornal governamental Asharq Al-Awsat atacou furiosamente a política dos EUA para a Síria, em editorial intitulado “Obama traidor”, assinado pelo editor-chefe da publicação, Eyad Abu Shakra. Para o jornal, “Obama cedeu à interpretação dos russos (…) Washington conformou-se à realidade da permanência de Bashar Al-Assad no comando da Síria até o final de seu mandato presidencial, ano que vem, exatamente como Rússia e Irã desejavam.” Os sauditas concluíram que estão “perdendo” a Síria e, na barganha, podem estar perdendo terreno também para o Hezbollah no Líbano. Significativamente, o ministro saudita de Relações Exteriores manteve reunião de longas duas horas, em Jeddah, com seu contraparte iraniano.
LINHA DIRETA 
    Segundo a rede israelense de notícias DEBKAfile, a reunião em Jeddah significa que os sauditas abriram uma linha direta com o Irã, dando as costas à iniciativa de Rússia-EUA para a Síria.
   Seja como for, o Irã já anunciou a intenção de hospedar uma conferência de ministros e altos funcionários das Relações Exteriores de vários países, em Teerã, dia 29 de maio, para “definir um quadro para resolver a crise síria.” Não será surpresa se a Turquia e o Egito participarem. Os sauditas também? Talvez?
    Enquanto isso, os países ‘amigos da Síria’ planejam reunir-se semana que vem na Jordânia,  para deliberar sobre a iniciativa de EUA-Rússia para conversações de paz. Essa reunião, se acontecer, será reunião ‘de arromba’: os ‘amigos da Síria’ constituíram-se para derrubar Bashar Al-Assad (e rapidamente). Agora, Obama já praticamente diz que Assad pode concorrer às eleições e ser parte de uma ‘Síria democrática’.
E A RÚSSIA? 
    A Rússia, como seria de prever, mantém os cruzados. Como escreveu Fyodor Lukyanov, analista estrategista que opera em Moscou, em coluna assinada para a agência oficial de notícias Novosti, a situação atual pode andar para qualquer lado: “momento crítico, quando os que pregam e os que atacam qualquer acordo negociado para a Síria estão, literalmente, um com a mão na garganta do outro.”
   Mas Lukyanov sabe, e o Kremlin também sabe, que a Rússia está jogando rodada vencedora: a Rússia conseguiu abrir um buraco enorme, tão grande que por ali passa um elefante, na doutrina do intervencionismo ‘humanitário’.
    De fato, no atual momento, o melhor que a Rússia pode fazer é garantir que qualquer aventureirismo ocidental para aumentar o atual nível de intervenção militar na Síria prove-se custoso e inaceitável.” Segundo despacho da Agência Reuters, não há dúvidas de que a Rússia está, sim, no jogo.
   Concordo com Jeffrey Laurenti, da Century Foundation, que diz que Obama pode ter feito por merecer seu Prêmio Nobel, afinal, na Síria. Mas Obama não deve guardar para si todo o prêmio: bem poderia dar metade do prêmio a Vladimir Putin da Rússia. Questão de justiça.



sábado, 24 de agosto de 2013

Por que é tão importante  discutirmos a juventude?

Por Alacir  Arruda

     No mundo  temos hoje  o maior número de jovens da história da humanidade. Quem afirma isso é a ONU (Organização das Nações Unidas), que diz que nunca tivemos nem nunca teremos mais jovens (que eles consideram como faixa etária, restrita de 15 a 24 anos) do que temos neste período, que vai de 1990 até 2020. Neste momento a população está tendo menos filhos e vivendo mais anos, fazendo com que a população mundial vá envelhecendo. Por isso o prognóstico que afirma que nunca teremos tantos jovens. Bom, isso ajuda a entender o porque falamos tanto sobre juventude hoje em dia. Mas mesmo assim não explica tudo. Avancemos.
      No Brasil, temos a quinta maior população jovem do mundo, com 34 milhões de jovens (de 15 a 24 anos pela ONU) em 2000. Isto representa 20% da população brasileira, e quase equivale a toda população Argentina (por volta de 36 milhões de pessoas). Desses jovens brasileiros, 40% estão em situação de extrema pobreza, em famílias com meio salário mínimo de renda per capita ou sem rendimento nenhum.
     Alguns dados nos ajudam a entender a situação das juventudes brasileiras hoje.  
     Vejamos como é o entendimento, por parte de outros sujeitos coletivos, neste complexo tema.
     A ONU entende que a juventude é estratégica neste novo milênio, pois, além de vivermos esta “onda jovem” (maior quantidade de jovens), assume uma condição de agente de desenvolvimento local. Isto é, jovem é aquele que só participa politicamente das atuações locais, pequenas e restritas. Ele ou ela podem até opinar e atuar na melhoria da praça, da comunidade ou da escola. Mas não é a ‘cara do jovem’ mexer com coisas grandes, discutir, por exemplo, sobre Desenvolvimento Sustentável. E este modo de pensar a condição juvenil se perpetua até em espaços políticos que questionam a ONU e o pensamento único neoliberal. Uma metáfora que reflete o que ocorre com os espaços de participação das juventudes é que, até podemos participar da ‘festa’, mas não no salão de festas com copos de vidro, e sim lá no quintal com copos de plástico, pois não quebra nada e nem suja dentro, assim, a participação das juventudes dá menos prejuízo.
     Esta comparação simplista reflete também uma das visões dominantes neste debate sobre as juventudes, que é a de que jovem é problema. Esta idéia é fruto de uma turma de pesquisadores americanos que estudaram a juventude na perspectiva de diminuir os ‘problemas e desvios da juventude delinqüente’. Entendem as juventudes como sinônimo de gangues, problemas sociais e período em que não podem ficar soltos, livres, pois causam problemas. Com certeza já ouvimos que ‘cabeça vazia é a morada do diabo’. Ora, é esta idéia aplicada na prática que resultou em enfocar a juventude como possível e potencial problema. Assim, surgem as FEBEMs e a discussão de redução da maioridade penal.
     Outra visão comum neste tema é a que reflete o oposto, que as juventudes são a salvação da lavoura. Ou seja, os e as jovens são portadores do futuro melhor e desejável, farão o que os adultos não conseguiram fazer. Nesta concepção a juventude é a via de redenção, ela fará a Revolução, pois os e as jovens são rebeldes e criativos. Criticamos esta visão também por ser naturalizada e naturalizadora da realidade, por exemplo, como se sempre quem é jovem é rebelde. Nasce barba e crescem os seios, e são rebeldes. É biológico, é natural desta fase da vida. Esta idéia esquece-se que o que ocorre na realidade é um diálogo intergeracional, onde nem somente a juventude nem os adultos sem ela, transformam o mundo e nos transformamos também.
     Existem outras visões também que refletem análises problemáticas de interpretação da realidade, como por exemplo, a que não atribui as juventudes características próprias e, portanto uma especificidade. Afirmam que a condição juvenil e a condição adulta são idênticas. É como se a criança fosse um ‘adultinho’ em miniatura, e o jovem um adulto mais novo e rebelde. Sendo assim, não precisamos discutir uma metodologia específica no trabalho com as juventudes nem pensar em meios de facilitar sua participação.
    Há também um entendimento que nega isso, mas atribui à juventude uma condição específica pré-conceituada. Generaliza-se demais o que específico das juventudes, ou atribuem-lhe características. Desde afirmações do tipo “a juventude é alienada” até “a juventude só quer saber de festas, é hedonista” (hedonista é aquele (a) que tem o prazer como objetivo da vida). Também tem o problema de naturalizar elementos que são sociais, culturais e econômicos, portanto históricos.


sexta-feira, 23 de agosto de 2013


O homem nasce apenas com uma condenação: Ser Livre. 
Por Alacir Arruda
                Vivemos em um país que, em tese, usa a liberdade como atributo fundamental nas relações sociais. E, quando alguém lhe relembra que "esse é um país livre", você sabe o que isso significa. Você é geralmente livre para fazer o que quiser (isso é chamado de liberdade "positiva"), e está geralmente livre de ser perseguido por suas idéias (liberdade "negativa"). Tal verdade positiva envolve escolhas; liberdade negativa, consequências. 
      Essas duas liberdades gêmeas são realmente maravilhosas e temos sorte de tê-las. Mas a palavra importante aqui é sorte. Se amanhã, numa eventualidade improvável, um ditador viesse a tomar o puder, nossas preciosas liberdades poderiam ser abolidas em um segundo. Que restaria? Existe algum tipo essencial de liberdade que jamais possa ser tirada de nós? 
      Segundo Jean-Paul Sartre, o filósofo existencialista francês, a resposta é sim. Isso é bom, mas só em parte. Sartre diz que ser humano é um  ser completamente livre, para sempre ter o poder da escolha. Mas a única coisa que não podemos escolher é renunciar à escolha, ou citando o paradoxo de Sartre: "Estou condenado a ser livre". Escolher não agir é ainda uma escolha. Esse e o dilema existencial. 
     A filosofia de Sartre sobre a liberdade deriva de seus estudos sobre fenomenologia, a filosofia da consciência pura. A seu ver o que distingue a consciência é que ela tanto pertence ao mundo como não pertence ao mundo. Quando refletimos sobre como pensamos, quando nos tornamos autoconscientes, tratamos nosso pensamento como se ele fosse um. objeto no mundo. Dizer "eu fiquei confuso com esta explicação" é transcender nosso próprio pensamento e refletir sobre ele. Mas o mundo, da forma corno o conhecemos, é apenas uma reunião de todos os tais objetos "transcendentes": coisas que percebemos e sobre as quais pensamos. 
       Ao mesmo tempo, a consciência não é do mundo. Quando sonhamos, somos desligados de qualquer sentido externo. Quando imaginamos - por exemplo, quando fantasiamos sobre ganhar na loteria saímos do presente (o mundo como ele é) e projetamos um futuro melhor (o mundo como ele não é) Corno esse futuro não é real, ele é não-existente: ele é o nada. 
       De acordo com Sartre, toda ação surge desse nada Se você estivesse sempre diretamente sintonizado ao presente, incapaz de escapar dele, você não só não poderia imaginar como também não poderia agir. O presente é apenas o que é e a menos que você considere como as coisas poderiam ser diferentes não existe motivo para se fazer nada.  
      A famosa "náusea" de Sartre surge da absoluta liberdade de escolha, a consciência de que você é sempre capaz de qualquer ato possível. Por exemplo, pode acontecer que em um dado momento você escolha se matar; e esse pensamento - que abre um abismo profundo no eu gera ansiedade e náusea, (Como você tem a possibilidade de fazer isso, você tem medo de vir a fazer isso.) Estar "condenado a ser livre" significa que somos os únicos responsáveis por gerar, a partir de cada situação, nosso próprio "mundo" -- responsáveis pela escolha de nossas próprias metas, de nossos métodos de alcançá-las, de nossas respostas à ansiedade da escolha.Talvez você escolha se matar; ou talvez, pelo menos, você opte por continuar fazendo suas opções.
       Muitas pessoas, no entanto, recusam-se a encarar estes fatos, porque não podem suportar a idéia de que são responsáveis pelo seu mundo. Como já disseram muitos analistas de nossa época, nós preferimos nos ver mais como vítimas do que como adultos responsáveis. Ao fugir da realidade, colocamos a culpa de nossas péssimas escolhas, ou de nossos esforços fracassados, em uma infância infeliz, na opressão cultural, na classe social, no preconceito, ou na sociedade em geral, Sartre não negaria que infâncias infelizes e preconceitos existem e são maus. Mas ele rotulou de "má fé" a recusa em assumir nossas livres escolhas para interpretar e responder aos fatos da vida.

Para Reflexão

" NO BRASIL, FAZER SUCESSO É OFENSA PESSOAL"

                                                                        (Tom Jobim)

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A LIQUIDEZ DA VIDA MODERNA 
Por Alacir Arruda 
     Recentemente fui convidado para  participar de uma mesa redonda onde o  foco eram as pessoas viciadas em tecnologia. Como sociólogo me interesso muito por este assunto, principalmente na mágica que temos que fazer para driblar o ritmo louco da vida e encontrar as oportunidades que temos para dar boas escapadas e aproveitar ao máximo cada dia.
   Ouvi atento alguns relatos de pessoas que não conseguem mais viver sem celular, FaceBook, Twitter WattApps etc... Pessoas que passam mais do que 18 horas por dia conectadas. Eles estão ligados ao mundo virtual, conectados aos vários amigos que têm nas redes sociais, sabem de tudo e de todos ao mesmo tempo, são muito antenados e podem começar manifestações em massa.  
Mas essa geração está  ficando doente acometida de uma doença chamada “liquidez social” onde valores e relações tem a duração de uma clik. Tudo é liquido na pós-modernidade de casamento a namoros de amizades a comida. O mundo moderno só não tem espaço para a solidez.
   Dois jovens foram analisados por especialistas na área de psicologia para entender os problemas que o vício, em qualquer coisa, pode trazer. Para ambos foram sugeridas terapias ocupacionais, tratamentos para mostrar o quanto a internet faz bem para a humanidade, mas que como tudo em demasia, pode fazer mal, muito mal. Em determinado momento um dos especialistas disse uma frase intrigante: a modernidade líquida em que vivemos traz uma fragilidade nos relacionamentos, o amor líquido. Como é que é? Amor líquido, que história é esta?
  Nessa celeuma que se tronou a vida moderna, as  pessoas estão priorizando relacionamentos em redes sociais e estas relações se dão de forma muita rápida e fácil. Elas podem, de igual forma, se desmanchar com uma velocidade ainda maior. A sociedade está se  acostumando a relações de curto prazo, sem comprometimento. Na medida  que a tecnologia avança e a modernidade muda o mundo com uma  velocidade cada vez maior, vamos também mudando a forma de encarar a vida, as pessoas e os relacionamentos.
   Já expressei minha opinião sobre isso diversas vezes e não me envergonho em dizer que não quero estar nas redes sociais (facebook, twiiter etc.)  porque não tenho tempo. O tempo que sobra da correria uso para o meu bem estar. Vou a livrarias degustar um bom livro  ao cinema e mantenho, o celular desligado ou no silencioso  durante todo esses momentos.
    Amo manter uma rotina que é, sair com amigos para tocarmos uma  boa musica regada a uma boa cerveja (com moderação) e muita conversa fiada. Me esbaldo dançando e tocando o dia inteiro e, quando acompanhado, mantenho me grudado a  moça, claro, para manter meu amor bem sólido. De líquido, apenas um  bom cabernet sauvignon, essa liquidez sim,  faz muito bem.
    Mais do que uma constatação este assunto é um alerta, não só as relações amorosas e os vínculos familiares são afetados, mas, sobretudo a alma humana. Somos seres gregários, só vivemos em grupo e o contato social é algo intrinsicamente ligado ao gênero humano. O Isolamento Social, segundo Dukhein, leva ao suicídio e o virtual à indiferença. Sou do tempo em que nada substituía a vida real -  The Real World.



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

TEMAS QUE PODEM SER COBRADOS SOBRE MATEMÁTICA NO ENEM-2013
Por Alacir Arruda

        Continuo apresentando temas que possivelmente farão parte do ENEM em 2013. Esses tema foram obtidos após minuciosa pesquisa dos últimos 8 ENEMs  e usando a minha própria experiência como professor de cursinho  há mais de 18 anos e elaborador de Itens do ENEM desde 2006. Obtive ainda  a ajuda de  alguns professores da área e representantes de cursinhos que  concordam nos seguintes temas:
 1)Álgebra, gráficos e tabelas.  Entenda como são pedidos os conteúdos básicos de matemática no exame.  
Álgebra é a essência da matemática. Em cima dela é que se resolve as questões. No Enem é julgada a interpretação do texto. É importante tirar as informações que podem vir em forma de equação, gráficos ou tabelas. Analisar gráficos e tabelas são comuns nas provas do Enem.
 2) Porcentagem
Do financiamento do carro às promoções das lojas, quase tudo o que envolve as contas dos brasileiros traz o sinal de "porcentagem". Ele aparece no juro do empréstimo, na remuneração da poupança, nos preços das ações. Mas muita gente ainda tem dúvidas sobre como fazer as contas.
 3) Análise combinatória
Na análise combinatória não interessa quais são as soluções, mas quantas são as soluções. Para questões mais elaboradas, é preciso usar uma das três possibilidades de cálculo: os arranjos, as combinações ou as permutações. A análise combinatória permite saber quantos jogos da Mega-Sena com 15 dezenas é possível fazer.
 4) Estatística
Média, moda, mediana, variância e desvio padrão de um conjunto de valores são alguns conceitos de estatística que podem aparecer no Enem. Veja ao lado um exemplo para o cálculo da mediana
 5) Logaritmo
O logaritmo pode ser aplicado, por exemplo, nas questões que pedem para que sejam comparadas as energias entre dois terremotos e a formação de tsunamis. Veja ao lado a explicação de como o tema pode cair na prova.
 6) Geometria plana
Questões sobre geometria plana e geometria espacial são frequentes nas provas do Enem. Veja ao lado um exemplo de como calcular a área de um triângulo quando são conhecidos dois lados e o ângulo entre eles.
 7) Geometria espacial
Em geometria espacial, questões sobre cones, cubos, pirâmides e prismas são comuns no Enem. Os prismas são sólidos cujas bases são sempre paralelas e iguais. Há dois tipos de prisma: reto e oblíquo. Entenda como se calcula a área delel.
 8) Cálculo
Exemplos práticos como o número de acidentes de trânsito podem ser abordados para que o candidato use cálculo e raciocínio para resolver a questão.
 9) Geometria analítica
Questões de geometria analítica podem ser usadas para situações do cotidiano. No exemplo ao lado, veja como o cálculo pode ser feito para determinar quantos litros de cada combustível é necessário comprar para obter a maior autonomia possível de um veículo com motor flex.
 10) Interdisciplinariedade
As questões de matemática podem vir em um contexto junto com física, onde no cálculo de forças resultantes é utilizado trigonometria, ou ainda combinada em questões de química, biologia ou geografia, com leitura de gráficos. Veja ao lado um exemplo de combinação entre física e matemática.

 Dicas  para a prova
Pelo visto nas provas passadas do Enem, sem dúvida, o conteúdo dominante (cerca de 35% da prova) é relativa aos seguintes conteúdos: grandezas proporcionais, porcentagem e conceito de funções relacionado a gráficos e tabelas. A competência e habilidades avaliados nesses itens são: construir significados para os números naturais, inteiros, racionais e reais; reconhecer, no contexto social, diferentes significados e representações dos números e operações - naturais, inteiros, racionais ou reais; identificar relações entre grandezas e unidades de medida.  Probabilidade e estatística também é muito recorrente (cerca de 15%) que trabalha a competência de compreender o caráter aleatório e não-determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos adequados para medidas, determinação de amostras e cálculos de probabilidade para interpretar informações de variáveis apresentadas em uma distribuição estatística.  O conhecimento de geometria plana e espacial (cálculo de áreas e volumes de figuras espaciais), que aparece em cerca de 20% da prova, é trabalhado na competência ao utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da realidade e agir sobre ela.  Logaritmos e exponenciais, trigonometria e sequências, como, por exemplo, progressão aritmética e progressão geométrica, também não são muito exploradas. Porém, podem cair. Todos esses assuntos juntos totalizam em média 15% da prova." 

"Nos últimos anos, predominaram questões sobre grandezas proporcionais e geometria espacial. São questões contextualizadas e bastante relacionadas a situações do cotidiano. Decorar fórmulas, sem a preocupação com o desenvolvimento do raciocínio, é o caminho mais certo para um desempenho fraco na prova de matemática do Enem."


terça-feira, 20 de agosto de 2013

INGLATERRA: A ETERNA MARIONETE DOS YANKES

Por Alacir Arruda

          Existe algo de muito estranho e mal explicado no  episodio que envolve a  detenção do brasileiro David Miranda no aeroporto e Londres. Que a Inglaterra sempre fez o que os Estados Unidos manda, isso não é novidade  para ninguém (são parceiros desde I Guerra Mundial (1914-1918), ademais  outros países , inclusive o Brasil, também o fazem, mas  recolher alguém por mais de  10 horas para ser interrogado, sem qualquer amparo legal,  quebra todos os tratados internacionais ligados aos direitos de ir e vir, sem dizer que é uma afronta aos direitos humanos. Como um país como a Inglaterra, que se diz democratico, pode deter uma pessoa sendo que contra ela não pesa qualquer acusação? Isso é inédito no direito internacional e algo so visto em regimes de exceção, que não é o caso, pois o Reino Unido é  uma monarquia constitucional com mais de 300 anos.

        Esse episodio deixa claro que  governo inglês estava a serviço dos americanos. O jornalista americano Glenn Greenwald deu detalhes, em artigo publicado no jornal britânico The Guardian, a respeito da detenção de seu namorado, o brasileiro David Miranda, no aeroporto de Heathrow, em Londres. Greenwald se tornou famoso mundialmente por trazer à tona o escândalo de espionagem dos governos dos Estados Unidos e do Reino Unido, envolvendo o ex-agente da Agência de Segurança Nacional americana (NSA) Edward Snowden, o jornalista afirmou que as autoridades britânicas demonstraram ter menos escrúpulos do que organizações criminosas na tentativa de intimidar o trabalho da imprensa, Nas palavras de  Greenwald:

"Até a máfia tinha regras éticas contra atacar membros da família de pessoas pelas quais ela se sentia ameaçada. Mas as marionetes do Reino Unido e seus mestres da Secretaria de Estado americana obviamente não têm constrangimento em demonstrar os mínimos escrúpulos", criticou Greenwald, que vê uma escalada de ataques do Estado contra jornalistas dispostos a denunciar a violação de liberdades.

      Para o jornalista  as atitudes dos governos dos Estados Unidos e do Reino Unido terão um efeito contrário ao imaginado, deixando ainda mais clara a necessidade de se investigar profundamente o escândalo de espionagem de cidadãos. "Se os governos dos EUA e do Reino Unido acreditam que táticas como essa vão nos intimidar ou nos impedir de seguir investigando o que os documentos (divulgados por Snowden) revelam, eles estão muito enganados. Na realidade, terá apenas o efeito contrário".   Ao mundo cabe esperar os próximos capítulos dessa queda de braço entre Snowden , CIA e Greenwald. Mas uma coisa já se pode concluir desse episodio, a imagem americana, que nunca foi das melhores no mundo, deixa mais uma marca de sua arrogância.

PARA REFLEXÃO...

"Por vezes me sinto uma ilha de ignorância, cercado por um oceano de inteligência"

PARA REFLEXÃO!!

"Somente os tolos acreditam que politica e religião não se discute, por isso os ladrões permanecem no poder e os falsos profetas continuam a pregar"

(Me entregue ontem por uma aluna do 1º periodo de psicologia, logo após a aula)  


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

TEMAS QUE PODEM SER COBRADOS EM  CIÊNCIAS DA NATUREZA NO ENEM-2013
Por Alacir Arruda
           Como eu havia prometido em um artigo anterior, a cada dia vou colocar aqui no Blog uma relação de possíveis temas que serão explorados pelo ENEM 2013 em cada área do conhecimento. Fiz esse trabalho baseado em pesquisas dos últimos ENEMs ainda com minha própria experiência de elaborador de Itens do Exame.  Vou começar com Ciências da Natureza que é, segundo dados do próprio INEP, a  área onde os brasileiros   tem o pior desempenho. Faço um alerta; o  que proponho aqui não é a “salvação da lavoura” ou um mapa de tudo que vai acontecer,  é apenas um norte para que  você possa orientar seus estudos... Venho  preparando    alunos para o ENEM há mais de 10 anos e nesse período aprendi  uma coisa: Só com muito esforço, leitura  e organização nos estudos alguém pode se dar no ENEM, caso contrario você fará parte  dos 70% que fazem ENEM por mero e puro prazer..
Temas.
1) Pré-sal
Entenda as características da camada pré-sal de petróleo descoberta pela Petrobras no litoral brasileiro, a localização do depósito de petróleo e a importância econômica da descoberta, uma vez que o país pode se tornar um exportador de petróleo.
2) Ligações químicas
A química está presente no simples ato de lavar os cabelos. Entenda por que o cabelo fica melhor quando usamos o condicionador.
3) Imunização
É importante compreender como é o processo de imunização de um vírus como o H1N1, que provocou uma epidemia mundial da nova gripe em 2009.
4) Eletromagnetismo
Conceito que aparece nas questões de física estuda as propriedades magnéticas das correntes elétricas e suas aplicações.
5) Transgênicos
Organismos geneticamente modificados são produzidos a partir da transferência de genes responsáveis por determinada característica num organismo para outro.
6) Termodinâmica
É um tema que relaciona os conceitos clássicos de termologia, temperatura e calor, e as leis que governam os processos de conversão de energia.
7) Ótica
Entenda o funcionamento da visão humana, e das lentes convergentes e divergentes, que podem cair em perguntas sobre física e biologia na prova.
8) Coração
Tema importante na área de saúde humana é importante que o candidato compreenda como é o funcionamento do sistema circulatório do corpo humano.
9) Exame de DNA
O exame de DNA pode ser usado para definir paternidade e também para ajudar em investigação criminal. Saibam quais são os processos envolvidos.
10) Poluição do mar
O aumento da emissão de CO2 na atmosfera tem provocado alterações no ecossistema marinho. Entenda como isto acontece.
- Dicas para a prova
"As perguntas da prova de ciências da natureza são bastante contextualizadas e relacionadas a aspectos do cotidiano. Não houve um número fixo e constante, nos últimos anos de questões específicas de física, química ou biologia. Pelo contrário, tal como na prova de Ciências Humanas, na prova de Ciências da Natureza predomina a interdisciplinaridade. De qualquer maneira, é possível afirmar que as questões, que poderiam ser definidas como de Biologia, cobram bastante ecologia, genética e fisiologia animal e humana; já as que poderíamos dizer que são de física, estavam relacionadas à eletricidade e mecânica (cinemática e dinâmica) e as questões mais próximas aos conteúdos tradicionais de química, por assim dizer, estiveram relacionadas à físico-química e química ambiental."
"Há alguns anos, essa parte da prova vem se parecendo muito com os vestibulares das mais diversas instituições, pois vem apresentando questões tradicionais das disciplinas Física, Química e Biologia. Entretanto, ainda são muito frequentes questões que pedem a interpretação de gráficos, tabelas, esquemas e figuras. Uma característica comum a quase todas as provas de anos anteriores é a presença de questões que relacionam as etapas de produção de diversas formas de energia com seus impactos diretos ou indiretos nos mais variados ecossistemas.

domingo, 18 de agosto de 2013

AGRADECIMENTO

Gostaria de agradecer a todos que compareceram ao lançamento do Café Filosófico " Diálogos do Ser" neste sábado 17/08.... Imaginar que mais de cem pessoas pudessem   comparecer a um evento que envolvesse discussões filosóficas não era algo que eu contava, por isso, tenho um motivo duplo para comemorar.. O objetivo foi atingindo, qual seja, iniciar um  grupo que busque a reflexão crítica e o aprofundamento de questões que envolvam o cotidiano..Já tivemos  a confirmação do Secretario Adjunto de Cultura que podemos utilizar o mesmo espaço para os próximos encontros e os alunos da Psicologia estão empolgados. Parabenizo  aos alunos que se empenharam para que esse projeto fosse  concretizado e ao Secretario Adjunto de Cultura pelo apoio. Mas o meu sincero agradecimento vai mesmo a você , que lá compareceu brindando o nosso evento.  O nosso  próximo encontro  sera no mesmo local dia 28 de setembro (sábado também) e o tema pré escolhido é: "O Anticristo de Nietzsche"..Desde já sintam se convidados...



sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM O EGITO?
Por Alacir Arruda

        Um país admirado pela sua cultura e berço da nossa civilização, hoje vive dias de caos.  O cristal egípcio rompeu-se. A “unidade” do Egito – aquela cola patriótica e essencial que manteve o país unido desde a derrubada da monarquia, em 1952 e o governo de Nasser – derreteu em meio aos massacres, tiroteios e fúria, ontem no ataque brutal à Irmandade Muçulmana. Uma centena de mortos – 200, 300 “mártires” [o número de vítimas continua subindo: 638, na quinta-feira à noite, segundo o New York Times] - não faz diferença o resultado: para milhões de egípcios, o caminho da democracia tem sido dilacerado entre balas e brutalidade. Os muçulmanos que buscam um Estado baseado em sua religião poderão confiar nas urnas novamente?
Ajuda dos EUA: 1,3 bilhão
           Em 1992, na Argélia; no Cairo em 2013 – e quem sabe o que acontecerá na Tunísia nas próximas semanas? – os muçulmanos que conquistaram o poder, de forma justa e democrática através do voto, foram em seguida derrubados do poder. E quem pode esquecer o bloqueio brutal sobre Gaza quando os palestinos votaram – mais uma vez democraticamente – para o Hamas? Não importa quantos erros a Irmandade Muçulmana tenha cometido no Egito – nem quão promiscuas ou estúpidas fossem suas leis – o presidente democraticamente eleito Mohamed Morsi foi derrubado pelo Exército. Foi um golpe de Estado, e John McCain estava certo ao usar essa palavra.
      A Irmandade, é claro, deveria há muito tempo ter reprimido seu amor próprio e tentando manter-se dentro da casca de pseudo-democracia permitida pelo Exército no Egito. Não porque fosse justo ou aceitável, mas para não ser obrigada a retornar à clandestinidade, prisões à meia-noite, torturas e martírio. Este tem sido o papel histórico da Irmandade – com períodos de colaboração vergonhosa com ocupações britânicas e ditaduras militares no Egito. O retorno à escuridão sugere dois resultados: que a Irmandade será extinta em meio à violência; ou vai ter sucesso, em algum momento distante, na criação de uma autocracia islâmica.
    Os sábios da mídia fizeram seu trabalho venenoso antes de o primeiro cadáver ser sepultado. “O Egito pode evitar uma guerra-civil”? Perguntavam. Será que os “terroristas” da Irmandade Muçulmana pode ser dizimada pelo exército? E aqueles que se manifestavam antes da queda de Morsi? Tony Blair foi apenas um dos que falou sobre a importância de evitar o iminente “caos”, ao conceder o seu apoio ao general Abdul-Fattah al-Sisi. Cada incidente violento no Sinai, cada arma empunhada pelas mãos da Irmandade Muçulmana vai ser usada para convencer o mundo de que a organização – que na verdade é um movimento islâmico muito mal armado, e muito bem organizado – era o braço direito da al-Qaeda. 
       A história pode enxergar de outro modo. Será certamente difícil explicar como milhares – talvez milhões – de liberais egípcios bem-formados continuaram a dar suporte incondicional ao general, que passou boa parte do tempo após a queda do ditador Mubarak justificando os teste de virgindade do Exército entre as manifestantes do sexo feminino na Praça Tahrir. Al-sisi estará sobre pressão nos próximos dias; ele que sempre foi supostamente simpatizante da Irmandade, embora a origem dessa ideia possa ser o fato de sua esposa sempre ter usado o véu para encobriu o corpo todo, deixando apenas os olhos aparentes. Muitos intelectuais da classe média que deram seu apoio ao exercito, terão que espremer suas consciências em uma garrafa para acomodar o futuro.
El Baradei, premiado com o Nobel da Paz de 2005, renuncia após massacre

       Poderia Mohamed el-Baradei, Prêmio Nobel e especialista nuclear, a mais famosa personalidade – aos olhos ocidentais, não egípcios – no “governo interino —  ter permanecido no poder? Claro que não. Ele teve que ir, pois ele nunca desejou tal resultado, quando apostou seu poder político e concordou em sustentar a escolha de ministros feita pelo Exército, depois do golpe no mês passado. Mas o círculo de escritores e artistas que insistem em afirmar o golpe de Estado como uma continuidade da revolução de 2011, terá que usar – depois do banho de sangue e da renúncia de el-Baradei – alguma linguística bem angustiada, para escapar da culpa moral.
     Preparem-se, é claro, para as habituais perguntas-jargões. Será que isso significa o fim do Islã político? No momento, certamente; a Irmandade Muçulmana não terá disposição para tentar outras experiências na democracia – uma recusa que é o perigo imediato no Egito. Pois, sem liberdade, há violência. Será que o Egito se transformará em outra Síria? Improvável. O Egito não é um Estado sectário – nunca foi, mesmo com 10% dos seus habitantes cristãos –, nem inerentemente violento. Nunca experimentou a selvageria das revoltas argelinas contra os franceses, ou as insurgências sírias, libanesas e palestinas contra os britânicos e franceses. Mas muitos fantasmas estarão curvarão suas cabeças envergonhados, hoje. Entre eles, Saad Zaghloul, o grande advogado revolucionário do levante de 1919. E o general Muhammed Neguib, cujas exigências revolucionarias de 1952 são tão similares às exigências dos que se reuniram na praça Tahir, em 2011.
   Mas sim, algo morreu hoje no Egito. Não a revolução, porque em todo o mundo árabe conserva-se íntegra — embora ensanguentada —  a noção de que os países pertencem aos povos, não a seus governantes. A inocência morrem, é claro, tal como acontece após cada revolução. O que expirou hoje foi a ideia de que o Egito era a mãe eterna da nação árabe, o ideal nacionalista, a pureza da história segundo a qual o Egito considerava todo o seu povo como seus filhos. Porque as vítimas da Irmandade – assim como a polícia e os partidários do governo – são também filhas do Egito. E ninguém disse isso. Eles haviam se tornado os “terroristas”, o novo inimigo do povo. Esta é a nova herança do Egito.



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

POR QUE O ENEM ASSUSTA TANTO?

Por Alacir Arruda

      Falta pouco  para o Exame Nacional do Ensino Médio-2013 (Enem). Esse ano as provas serão nos dias 26 e 27 de outubro. Considero natural e justificável a ansiedade de alguns jovens quanto a essa avaliação por três razões básicas;
- 1º) o nosso jovem não é preparado para esse tipo de prova. Possuímos um currículo ultrapassado,  engessado e conteudista onde o aluno é visto como um depósito de conhecimentos. Os professores vão “entupindo” matérias fragmentadas em suas cabeças depois cobram em provas sem qualquer contexto, ou seja, tudo aquilo que o ENEM condena.
-2º) os professores, viciados nesse modelo bancário conteudista, não conseguem estabelecer relações, construir pontes ou contextualizar suas disciplinas aos moldes do que exige a matriz ENEM,  alguns por comodismo e outros porque desconhecem mesmo o ENEM.
-3º) somos um país que, culturalmente, não possui o hábito da leitura e o ENEM exige do aluno o domínio dessa competência. Todos os Itens do ENEM possuem; texto base, enunciado, distratores e alternativas. Sendo que o texto base é 50% a 80% da resposta correta. O problema está justamente ai, nosso aluno lê, mas não compreende. Muito menos consegue contextualizar aquilo que  leu. Isso ocorre pelo fato de sermos  o país que menos lê na américa latina e um dos mais atrasados nesse quesito no mundo. Querer que um aluno,  hoje com 17- 18 anos, que teve como literatura mais importante  nos últimos 5 anos “Crepúsculo, Lua Nova e Amanhecer” saia bem no  ENEM é um tremendo engodo.
  O que eu defendo, e há mais de 6 anos venho sofrendo severas criticas por isso, é que as escolas, sobretudo as privadas,  comecem ( pra ontem) o processo de transição do vestibular tradicional -QUE NÃO EXISTE MAIS-  salvo uma meia dúzia de faculdades no Brasil, para o PRÉ-ENEM, ou seja que os cursinhos preparem seus alunos para o ENEM que hoje é aceito como requisito único  em 93% das federais brasileiras e as a outras 7% ate 2016 estarão nesse grupo, inclusive USP e UNICAMP.  O  que não pode é o que ocorre hoje, o aluno que vai prestar só ENEM fica como um bobo alegre nas aulas,  uma vez que ele não consegue  estabelecer conexão entre  aquilo que é ensinado e as questões do ENEM. 
   Mas para que  isso ocorra, faz se necessario que  escolas se reinventem, aprendam a aprender, uma vez que  precisam preparar seus professores, capacita-los a partir da plataforma ENEM e suas matrizes. Quando coordenei algumas escolas em SP tive a oportunidade de colocar em pratica esse modelo. Escolhia algumas aulas de forma aleatória,  colocava em sala de aula 4 professores, sorteava um tema qualquer,  como  por ex: II Guerra Mundial que  pode, a principio, ser uma tema de história, mas se aplicarmos as matrizes do ENEM ele se transforma em um tema interdisciplinar, ou seja, o prof. De história abre a aula, contextualizando todo processo histórico do período, o de geopolítica contextualiza todos os interesses e etnias envolvidas, o de física trata da balística (otica), movimentos, fissão e fusão nuclear e o de química analisa a composição dos gases que foram utilizados pelo regime nazista no processo de limpeza étnica  praticado contra judeus e outras etnias.  A aula fica interessante, não é maçante para o aluno visto que, em 1 hora,  4 professores  falam no máximo 15 minutos. Isso faz com que  aluno, perca o medo e  comece a entender o que é o ENEM,   que tem como função principal inter-relacionar o conhecimento.
   A pergunta que não quer calar. Estarão as escolas dispostas a  isso?? Ou preferem a zona de conforto  estabelecido por um modelo Anglo-Saxão de perguntas e respostas desconexas que  tem dominado a educação privada no Brasil  há mais de 60 anos? Não tenho dúvida que  a primeira que realizar essas mudanças será destaque e vanguarda no Brasil. Aquelas que recusam tal sistema e que  assentam-se sob a égide  do tradicionalismo estão fadadas ao fim....

terça-feira, 13 de agosto de 2013

OS 10 LIVROS QUE TODO SER HUMANO PRECISA LER ANTES DE MORRER....


1- O MUNDO DE SOFIA - JOSTEIN GAARDEN (ROMANCE DA FILOSOFIA)
2- O PEQUENO PRINCIPE - ANTOINE SAINT EXUPÉRI
3- IDEOLOGIA ALEMÃ- KARL MARX & FRIEDRICH ENGELS
4- O MANIFESTO COMUNISTA DE 1848 - KARL MARX
5- A ESSENCIA DO CRISTIANISMO - LUDWIG VON FEUERBACH
6- AS DORES DO MUNDO - ARTHUR SCHOPENHAUER
7- SOBRE A VONTADE DA NATUREZA - ARTHUR SCHOPENHAUER
8-  O ANTICRISTO ,  PRAGA CONTRA O CRISTIANISMO - FRIEDRICH NIETZSCHE
9-  O CREPUSCULO DOS ÍDOLOS - FRIEDRICH NIETZSCHE
10- INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS - SIGMUND FREUD


- A leitura e uma importante arma contra a ignorância...Não julgue ou pré julgue alguém antes de conhecê-lo intelectualmente, afinal, ja dizia Oscar Wilde ( dramaturgo irlandês) " Julgo os meus amigos pela aparência e os inimigos pelo intelecto"...

Boas leituras..


Obs:  Jamais leia auto ajuda....isso é leitura inutil....Pois é auto ajuda para quem escreve e mais ou menos ajuda quem lê.....seja inteligente...leia grandes pensadores..



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

EDUCAÇÃO COMO MOEDA DE TROCA

Por Alacir Arruda

     Criticar a educação brasileira virou “lugar comum” e algo natural em nosso país nos últimos anos. Então, prometo não fazer isso nesse artigo, mas questionarei algumas posturas daqueles engravatados que decidem a educação brasileira de seus escritórios com ar condicionado de Brasília, sem jamais terem entrado em sala de aula. É  de conhecimento de todos que estamos na iminência do próximo ENEM. Em outubro mais de 7 milhões de alunos, ou algo parecido a isso, irão realizar aquilo que é o maior exame de avaliação em larga escala do planeta  (deixo a China fora disso que aquilo não é país e uma enxame de gente) e a pergunta que fica é: será que esse ano não vai acontecer nada de errado com Enem?  Provas que vazaram, gabaritos que vazaram, alunos que tiveram informações privilegiadas e redações que ate hoje ninguém sabe quais são  os critérios de correção. Enfim... já aconteceu de um tudo com o ENEM desde que  ele foi adotado como critério para ascensão ao ensino superior.  Mas não falarei disso, falarei de algo muito pior, que  assola a educação brasileira desde a sua mais tenra idade,  que é o uso dela  como moeda de troca pelos políticos, sobretudo em anos eleitorais. Para o pensador francês Louis Althusser, a educação é um dos aparelhos ideológicos do estado usado para o controle das massas, os  outros são a  igreja  e as   forças armadas.
     Para Althusser, ao controlar a educação o governante, ou seu grupo, tem a clara chance de perpetuar-se no poder (parece que já vimos esse enredo), pois manipula os mais humildes e ignorantes que são a grande massa da população. Isso num modelo republicano liberal como o nosso é  fundamental, uma vez que nossos lideres são eleitos pelo voto e, o voto de cada cidadão  tem o mesmo peso seja o ele analfabeto ou doutor. O problema é que no Brasil temos apenas 0,01% de doutores contra 65% da população composta de  semialfabetizados. Desse total,  13% são analfabetos absolutos  não sabem ler nem escrever, porem votam. É isso que alimenta um sistema  educacional falido que se baseia no axismo simplório e medieval de ocasião. Os professores, esses por sua vez,  não  podem ser crucificados  uma vez que a grande maioria provem de faculdades que não estão preparadas para uma formação integral do docente tendo em vistas as demandas do século XXI. O Próprio Althusser, em seus inscritos, afirma que nem o professor  tem a real  noção do quanto  é explorado nessa celeuma que virou  o sistema, ele dá aula, virou um dador de aula.
   Quanto a sociedade, sendo esta  fruto de uma sistema  falido, ela se  mantem  inerte diante desses fatos. Cala, pois não tem como reagir ao seu criador. Os poucos que bradam por uma educação de qualidade não conseguem ressonância em função do seu pequeno numero, alguns chegam sentir vergonha que não é menos que a sensação de impotência diante do caos instalado em nossas escolas.  Por fim a máxima que ainda impera nesse sistema corroído é: O governo finge que paga, o professor finge que ensina, o aluno finge que aprende e a sociedade finge que esta tudo bem. E seguimos a vida. Enquanto a educação for usada como moeda de troca  e a indiferença da sociedade como algo normal,  pensar em um  Brasil coadjuvante no plano internacional e pura utopia..