sábado, 10 de agosto de 2013

Por: ALACIR ARRUDA – Sociólogo  
           Existe uma velha máxima de Aristóteles que afirma: “Quem é o cidadão? Cidadão é aquele que é capaz de governar e de ser governado.” Há milhões deles no Brasil. Por que não seriam eles capazes de governar? Porque toda a vida política tem justamente como objetivo des-ensiná-los, convencê-los que existem peritos a quem se deve confiar o governo. Existe, portanto, uma contra-educação política. Ao invés das pessoas se habituarem a exercer todo tipo de responsabilidade e a tomar iniciativas, habituam-se a seguir cegamente ou a votar nas opções que lhes são apresentadas. E como não são idiotas, as pessoas passam a acreditar cada vez menos na política, tornando-se cínicas.
          Nas sociedades modernas, desde os tempos das revoluções americana (1776) e francesa (1789) e mais ou menos até o fim da segunda guerra mundial (1945), havia um vivo conflito social e político. Haviam oposições, as pessoas se manifestavam sobre causas políticas. Os operários faziam greve, e nem sempre por interesses mesquinhos, corporativos. Havia grandes questões que diziam respeito a todos os assalariados. Foram lutas que marcaram os dois últimos séculos. Observa-se, hoje, um recuo na atividade das pessoas.
           É um círculo vicioso. Quanto mais cresce o número de pessoas que desistem da atividade, mais os burocratas, os politiqueiros, os pretensos dirigentes, vão tomando conta do pedaço. Eles chegam com a justificativa: “Estou tomando a iniciativa porque ninguém faz nada…” E, quanto mais dominam, mais as pessoas ficam dizendo: “Não vale a pena se envolver, já tem bastante gente cuidando e, além disso, de qualquer maneira, não se pode dar jeito em nada.”
           O segundo motivo, vinculado ao primeiro, está na dissolução das grandes ideologias políticas – fossem elas revolucionárias ou reformistas – que queriam realmente operar mudanças na sociedade. Por mil e uma razões, essas ideologias foram desconsideradas, deixaram de corresponder às aspirações, à situação e à experiência histórica da sociedade. Um acontecimento de enormes proporções foi o colapso da URSS e do comunismo em 1991.
          Será que algum, entre todos os políticos de esquerda, para não dizer politiqueiros, parou para refletir sobre o que aconteceu? Por que isso aconteceu e quem soube, como diria o bobo, tirar as lições? Uma evolução desse tipo mereceria uma reflexão muito aprofundada, começando pela sua primeira fase – a acessão à monstruosidade, ao totalitarismo, ao Gulag etc. – e passando em seguida ao colapso propriamente dito; e uma conclusão sobre aquilo que um movimento que quer mudar a sociedade pode fazer, deve fazer, não deve fazer, não pode fazer. No entanto, o que temos? Nada, absolutamente nada!!


Nenhum comentário:

Postar um comentário