sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A Situação dos  Médicos Cubanos: Isso me dá Vergonha!

Por: Alacir Arruda

    Nos últimos dias desembarcaram no Brasil algo em torno de 800 médicos cubanos para trabalhar no programa Mais Médicos do Governo Federal. Segundo o Ministério da Saúde, esses médicos irão atuar em áreas isoladas do país aonde a assistência médica ainda não chegou ou é deficitária. Para aqueles que estão preocupados com a qualificação desses médicos, segue um esclarecimento aos menos avisados. Cuba é uma referência mundial no que diz respeito a medicina tanto a familiar quanto a clinica. O país é, ainda,  uma referencia na produção de vacinas e  no tratamento do vitiligo. Neste ultimo item é considerado o  mais avançado do mundo, até Michael Jackson se tratou com médicos cubanos. O perfil dos profissionais que desembarcaram no Brasil é o seguinte: em geral, eles têm mais de uma década de formados, passaram por missões em outros países, fizeram residência, parte deles (cerca de 20%) cursaram mestrado e 40% obtiveram mais que uma especialização. 
   Aos incomodados com a cor desses profissionais ou mesmo com sua aparência, (como aquela jornalista do Rio Grande do Norte que disse em seu perfil no Facebook que as medicas cubanas tem aparência de empregadas domésticas)  segue um esclarecimento; Cerca de 66% dos Cubanos são de origem espanhola, 22% são mestiços e 12% do Pretos, descendentes dos escravos conduzidos a ilha no século XVI. Os Asiáticos, procedentes da imigração chinesa da segunda metade do século XX, constituem uma minoria (0,1%). Não existe quase nenhum descendente dos Índios Ciboneyes, Guanajuatabeyes e Taïnos, que habitavam a ilha antes da sua descoberta por Cristóvão Colombo no século XV. 
    E para quem está preocupado com o cidadão e não apenas com a corporação, a pergunta essencial é: a origem dos cubanos ou sua formação importam efetivamente nesse momento? Ou o devemos levar a cabo o tratamento de brasileiros isolados? Alguns jamais viram um medico na vida e comunidades inteiras no Brasil são acometidas por doenças que hoje só existem em lugares isolados da África. 
    Aproveito ainda essa pergunta para apontar o que vejo como uma absurda incoerência -uma incoerência pouca conhecida da população - de dirigentes de associações médicas. Um dos dirigentes, aliás, disse publicamente que um médico brasileiro não deveria prestar socorro (veja só) se um paciente for vítima de um médico estrangeiro. Deixa morrer. Bela ética. Provas têm demonstrado que uma boa parte dos alunos formados nos cursos de medicina no Brasil não está apta a exercer a profissão. Não vou aqui discutir de quem é a culpa, se da escola ou do aluno. Até porque para a eventual vítima tanto faz. Mesmo sendo reprovados nos testes, os estudantes ganham autorização para trabalhar. 
     Por que essas mesmas associações, tão furiosas em atacar médicos estrangeiros, não fazem barulho para denunciar alunos comprovadamente despreparados? A resposta encontra-se na moléstia do corporativismo. Se os brasileiros querem tanto essas vagas por que não se candidataram? Será que preferem que o pobre se dane apenas para que outro médico não possa trabalhar? Sinceramente, sinto vergonha por médicos que agem colocando a vida de um paciente abaixo de seus interesses.

Um comentário:

  1. Uma tremenda falta de ética, ignorância e mesquinhez. O fato de lutar por melhores condições na área da saúde não justifica desrespeitar o outro.

    ResponderExcluir