EDUCAÇÃO COMO MOEDA
DE TROCA
Por Alacir Arruda
Criticar
a educação brasileira virou “lugar comum” e algo natural em nosso país nos
últimos anos. Então, prometo não fazer isso nesse artigo, mas questionarei
algumas posturas daqueles engravatados que decidem a educação brasileira de
seus escritórios com ar condicionado de Brasília, sem jamais terem entrado em
sala de aula. É de conhecimento de todos
que estamos na iminência do próximo ENEM. Em outubro mais de 7 milhões de
alunos, ou algo parecido a isso, irão realizar aquilo que é o maior exame de
avaliação em larga escala do planeta
(deixo a China fora disso que aquilo não é país e uma enxame de gente) e
a pergunta que fica é: será que esse ano
não vai acontecer nada de errado com Enem?
Provas que vazaram, gabaritos que vazaram, alunos que tiveram
informações privilegiadas e redações que ate hoje ninguém sabe quais são os critérios de correção. Enfim... já
aconteceu de um tudo com o ENEM desde que
ele foi adotado como critério para ascensão ao ensino superior. Mas não falarei disso, falarei de algo muito
pior, que assola a educação brasileira
desde a sua mais tenra idade, que é o
uso dela como moeda de troca pelos políticos, sobretudo em anos eleitorais. Para
o pensador francês Louis Althusser, a
educação é um dos aparelhos ideológicos do estado usado para o controle das massas,
os outros são a igreja
e as forças armadas.
Para Althusser, ao controlar a
educação o governante, ou seu grupo, tem a clara chance de perpetuar-se no
poder (parece que já vimos esse enredo), pois manipula os mais humildes e
ignorantes que são a grande massa da população. Isso num modelo republicano
liberal como o nosso é fundamental, uma vez
que nossos lideres são eleitos pelo voto e, o voto de cada cidadão tem o mesmo peso seja o ele analfabeto ou
doutor. O problema é que no Brasil temos apenas 0,01% de doutores contra 65% da
população composta de semialfabetizados.
Desse total, 13% são analfabetos
absolutos não sabem ler nem escrever,
porem votam. É isso que alimenta um sistema
educacional falido que se baseia no axismo simplório e medieval de
ocasião. Os professores, esses por sua vez, não
podem ser crucificados uma vez
que a grande maioria provem de faculdades que não estão preparadas para uma
formação integral do docente tendo em vistas as demandas do século XXI. O Próprio
Althusser, em seus inscritos, afirma que nem o professor tem a real noção do quanto é explorado nessa celeuma que virou o sistema, ele dá aula, virou um
dador de aula.
Quanto a sociedade, sendo esta fruto
de uma sistema falido, ela se mantem inerte diante desses fatos. Cala, pois não tem
como reagir ao seu criador. Os poucos que bradam por uma educação de qualidade
não conseguem ressonância em função do seu pequeno numero, alguns chegam sentir
vergonha que não é menos que a sensação de impotência diante do caos instalado
em nossas escolas. Por fim a máxima que
ainda impera nesse sistema corroído é: O governo finge que paga, o professor
finge que ensina, o aluno finge que aprende e a sociedade finge que esta tudo
bem. E seguimos a vida. Enquanto a educação for usada como moeda de troca e a indiferença da sociedade como algo
normal, pensar em um Brasil coadjuvante no plano internacional e
pura utopia..
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