POR QUE O ENEM ASSUSTA TANTO?
Por Alacir Arruda
Falta
pouco para o Exame Nacional do Ensino
Médio-2013 (Enem). Esse ano as provas serão nos dias 26 e 27 de outubro. Considero
natural e justificável a ansiedade de alguns jovens quanto a essa avaliação por três
razões básicas;
-
1º) o nosso jovem não é preparado para esse tipo de prova. Possuímos um currículo
ultrapassado, engessado e conteudista
onde o aluno é visto como um depósito de conhecimentos. Os professores vão “entupindo”
matérias fragmentadas em suas cabeças depois cobram em provas sem qualquer
contexto, ou seja, tudo aquilo que o ENEM condena.
-2º) os professores, viciados nesse modelo bancário conteudista, não conseguem
estabelecer relações, construir pontes ou contextualizar suas disciplinas aos
moldes do que exige a matriz ENEM,
alguns por comodismo e outros porque desconhecem mesmo o ENEM.
-3º) somos um país que, culturalmente, não possui o hábito da
leitura e o ENEM exige do aluno o domínio dessa competência. Todos os Itens do
ENEM possuem; texto base, enunciado, distratores e alternativas. Sendo que o
texto base é 50% a 80% da resposta correta. O problema está justamente ai,
nosso aluno lê, mas não compreende. Muito menos consegue contextualizar aquilo que leu.
Isso ocorre pelo fato de sermos o país
que menos lê na américa latina e um dos mais atrasados nesse quesito no mundo.
Querer que um aluno, hoje com 17- 18 anos, que teve como literatura mais
importante nos últimos 5 anos “Crepúsculo,
Lua Nova e Amanhecer” saia bem no ENEM é
um tremendo engodo.
O que eu defendo, e há
mais de 6 anos venho sofrendo severas criticas por isso, é que as escolas, sobretudo as
privadas, comecem ( pra ontem) o
processo de transição do vestibular tradicional -QUE NÃO EXISTE MAIS- salvo uma meia dúzia de faculdades no Brasil,
para o PRÉ-ENEM, ou seja que os cursinhos preparem seus alunos para o ENEM que
hoje é aceito como requisito único em
93% das federais brasileiras e as a outras 7% ate 2016 estarão nesse grupo,
inclusive USP e UNICAMP. O que não pode é o que ocorre hoje, o aluno que
vai prestar só ENEM fica como um bobo alegre nas aulas, uma vez que ele não consegue estabelecer conexão entre aquilo que é ensinado e as questões do ENEM.
Mas para que isso ocorra, faz se necessario que escolas se reinventem, aprendam a aprender, uma vez que precisam preparar seus professores, capacita-los a partir da plataforma
ENEM e suas matrizes. Quando coordenei algumas escolas em SP tive a
oportunidade de colocar em pratica esse modelo. Escolhia algumas aulas de forma
aleatória, colocava em sala de aula 4 professores, sorteava um tema qualquer, como por ex: II
Guerra Mundial que pode, a principio, ser uma
tema de história, mas se aplicarmos as matrizes do ENEM ele se transforma em um
tema interdisciplinar, ou seja, o prof. De história abre a aula,
contextualizando todo processo histórico do período, o de geopolítica contextualiza
todos os interesses e etnias envolvidas, o de física trata da balística (otica),
movimentos, fissão e fusão nuclear e o de química analisa a composição dos gases que foram utilizados pelo regime nazista no processo de limpeza étnica
praticado contra judeus e outras etnias.
A aula fica interessante, não é maçante para
o aluno visto que, em 1 hora, 4
professores falam no máximo 15 minutos. Isso faz com que aluno, perca o medo e comece a entender o que é o ENEM, que tem como função principal inter-relacionar o conhecimento.
A pergunta que não quer calar. Estarão as escolas dispostas a isso?? Ou preferem a zona de conforto estabelecido por um modelo Anglo-Saxão de perguntas e respostas desconexas que tem dominado a educação privada no Brasil há mais de 60 anos? Não tenho dúvida que a primeira que realizar essas mudanças será destaque e vanguarda no Brasil. Aquelas que recusam tal sistema e que assentam-se sob a égide do tradicionalismo estão fadadas ao fim....
Professor , é isso que eu comento com alguns colegas aqui no CIN. No Mato Grosso não há uma escola que prepare o aluno para o ENEM e sim para o velho decoreba do antigo vestibular. Eu nem assito mais as aulas de Gramática , Enem não cobra análise sintática, ele quer ver se o candidato sabe INTERPRETAR UM TEXTO, contextualizar , como você muito bem disse. Estava resolvendo umas questões do Enem dos anos passados e a prova de Física não tem cálculo , e sim saber de mecanismos do dia-a-dia , coisas que os professores não ensinam , química idem. Mas espero que um dia as escolas mudem esse jeito retrógrado de aplicar os conhecimentos.
ResponderExcluirE o que pior meu caro Leandro....elas não estão dispostas a mudar...Um abraço..
ExcluirOtima análise Alacir.
ExcluirO momento é delicado, as escolas priorizam mais os 7% que nao aderiram ao enem do que este propriamente dito.
È uma pena esse anacronismo.
Espero que tenha sua ideologia implantada onde o sr. estiver, pois esse sim é o caminho.
Nao sei quem é...mas obrigado pelo comentário...Tenho tentado e tbm pago um alto preço por tentar...abs
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