segunda-feira, 27 de outubro de 2014

um pais de luto

QUANDO A MENTIRA E O ÓDIO OBTÉM MAIORIA NAS URNAS..

Para o revolucionário, e não menos genial,  cineasta brasileiro Glauber Rocha: “Enquanto continuarmos levando a política na sacanagem, os políticos continuarão a nos levar pelo mesmo caminho”. Não tenho dúvidas que  a vitoria de Dilma Rousssef se deve muito a essa frase. Senão vejamos. Quem é o eleitor de Dilma? Salvo alguns anencéfalos e  pseudos intelectuais, seu eleitorado e composto da grande massa de assistidos por programas “criminosos" de transferência de renda.

Dilma Rousseff, do PT, é mineira e  vai fazer 67 anos no dia 14 de dezembro próximo, reelegeu-se presidente da República. Aos 96,24% dos votos apurados, ela tem 51,18% dos votos, contra 48,82% de seu oponente, Aécio Neves, do PSDB. Obtém o segundo mandato de forma legítima, segundo as regras do jogo, mas é importante destacar que apenas cerca de 80% do eleitorado. Nada menos do que cerca de 28 milhões e brasileiros  deixaram de comparecer às urnas. Os brancos e nulos ultrapassam 6,37%, e há, como se mencionou, os quase 50 milhões que queriam Aécio presidente. E assim é com o absurdo instituto do voto obrigatório. Um presidente é ungido, note-se, com o voto de uma minoria. Parece-me que um de seus deveres é tentar atrair a adesão daqueles que preferiram outro caminho. E é nesse ponto que as coisas podem se complicar para Dilma.

Vamos ser claros? O PT não se caracteriza exatamente por fazer campanhas limpas. Gosta de dossiês e de montar bunkers para destruir reputações; adere com impressionante presteza às práticas mais odientas da política; transforma adversários em inimigos; não distingue a divergência legítima da sabotagem e o oponente de um alvo a ser destruído; julga-se dotado de um exclusivismo moral que lhe confere o suposto direito de enlamear a vida das pessoas. Não foi diferente desta vez. Ou foi: a violência retórica e as agressões assumiram proporções inéditas. Nunca se viram tanta baixaria, tanta sordidez e tanta mentira numa campanha.

Vejam de novo o placar: Dilma vai vencer Aécio por diferença pequena. Quantos desses votos são a expressão do terror, do medo, do clientelismo mais nefasto? Não! Não se trata, e evidente, de tachar os eleitores de Dilma de “desinformados” — até porque, felizmente, a democracia ainda não inventou um mecanismo que distinga os “bons” dos “maus” votos. Mas é preciso ser um pilantra para ignorar que pessoas economicamente vulneráveis, que estão à mercê do Bolsa Família, acabam decidindo não exatamente com menos informação, mas com menos liberdade.

Multiplicaram-se aos milhares as denúncias de chantagens aplicadas contra as pessoas que recebem benefícios sociais do Estado brasileiro. Cadastrados do Bolsa Família e do Minha Casa Minha Vida passaram a receber torpedos e a ser bombardeados com panfletos afirmando que Aécio extinguiria os programas, como se estes pertencessem ao PT, não ao Brasil. De própria voz, Dilma chamou os tucanos de inimigos do salário mínimo — que teve ganho real acima de 85% no governo FHC, superior, proporcionalmente, aos reajustes concedidos pela própria Dilma. E daí? As mentiras sobre o passado foram constrangedoras: FHC teria entregado o país com uma inflação maior do que a que recebeu; tucanos teriam proibido a construção de escolas técnicas; o governo peessedebista teria sido socialmente perverso… E vai por aí. Sobre o futuro do Brasil, não disse uma miserável palavra a não ser um daqueles miraculosos programas — agora é a vez do “Mais Especialidades”…

Quanto dos cerca de 52 milhões de votos que Dilma obteve a mais do que Aécio se consolidaram justamente no terror? Ora, esbarrei em São Paulo com peças verdadeiramente sórdidas de terror e de agressão à honra pessoal de Aécio. Estatais foram usadas de maneira vergonhosa na eleição, como se viu no caso dos Correios. Em unidades de bancos público, como CEF e BB, houve farta distribuição de panfletos contra o candidato tucano.

É claro que o medo, ainda que por margem estreita, venceu a esperança. Dilma assumirá o novo mandato, no dia 1º de janeiro, com boa parte dos brasileiros sentindo um certo fastio de seu governo. Pior: o país parou de crescer, os juros estão nas nuvens, e a inflação, raspando o teto da meta. Dilma também não tem folga fiscal para prebendas, e o cenário internacional não é dos mais hospitaleiros. Não será fácil atrair aqueles que a rejeitaram porque vão lhe faltar os instrumentos de convencimento.

Petrolão

Mais: Dilma já assumirá o novo mandato nas cordas. Além de todas as dificuldades com as quais terá de lidar, há o estupefaciente escândalo do Petrolão. A ser verdade o que disse sobre ela o doleiro Alberto Youssef, não vai terminar o mandato; será impichada — e por boas razões.

O escândalo não vai se desgrudar dela com tanta facilidade. Youssef pode estar mentindo? Até pode. Mas ele deve conhecer as consequências de fazê-lo num processo de delação premiada. Ele pode não servir para professor de Educação Moral e Cívica, mas burro não é. E que se note: em meio a crises distintas e combinadas, a governanta promete engatar uma reforma política, com apelo a plebiscito. Vêm tempos turbulentos por aí, podem esperar.

Dilma venceu por um triz porque o terrorismo funcionou. Sua campanha foi bem além do limite do razoável. Seu governo já nasce velho, com parcela considerável do eleitorado a lhe devotar franca hostilidade. E, por óbvio, seus “camaradas” à esquerda não vão lhe dar folga.

A petista assumirá o novo mandato no dia 1º de janeiro tendo à frente o fantasma do impeachment e a realidade de uma economia estagnada. Não a invejo. E creio que Aécio também não porque, por óbvio, se ele tivesse vencido, isso teria ocorrido segundo as suas circunstâncias, não as dela, que são muito piores.

O Brasil vai acabar? Não! Países não acabam. Eles podem entrar em declínio permanente. Mas Dilma pode ficar tranquila: nós nos encarregaremos de lembrar que ela foi eleita para governar um país segundo regras que estão firmadas pelo Estado de Direito. Ela pode contar com a nossa vigilância. Agora, mais do que nunca. 

6 comentários:

  1. Não entendo como um pais que vai para as ruas fazer manifesto contra um governo, vota nesse mesmo governo!
    Na vdd entendo sim! Um povo que nao se respeita, não se leva a serio, não pode exigir nada.
    Concluo que toda manifestação não passa de um bloco de carnaval.
    Essa é a MINHA opinião.
    Agora rezem para que nao sintam necessidade de irem para as ruas de novo.. segurem suas ansiedades que carnaval tem todo ano.

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    1. Mahalla, comungo com você essa indignação, que na verdade não e apenas sua nem minha, mas sim de 48% dos brasileiros. Apenas torço para a senhora Dilma tenha consciência que metade do país estará de olho, fiscalizando em cada passo que ela der. Bjs

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  2. O cidadão tem o país que merece, não busca mudança e taxam as pessoas com pensamentos de mudança de utópicos ou elite branca. Não vou para as ruas nestes próximos anos, e nem vou falar de protestos,o brasileiro vai provar o doce sabor da crise que vai ser instalar ou já instalada!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. O Brasileiro pede mudanças, fazem manifestações, reclamam e muito mais, na hora que se têm a oportunidade de ir até as urnas e escolher um mandato "melhor" (entre aspas porque sabemos que todos são corruptos e roubariam do msm jeito), votam novamente no ser que fez desses 4 anos um caos em nosso país! Espero que dessa vez o partido melhore e nos surpreenda !
    PS: Muitos leram este artigo, criticaram, porém não tiveram coragem de deixar sua opinião.
    Um abraço Prof. Dr

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    1. Ola Thamirys..mas é isso mesmo, os que criticam são justamente os apáticos que preferem a tranquilidade do anonimato em detrimento do debate de ideias. Abs

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