terça-feira, 26 de dezembro de 2017

A felicidade e a filosofia

A FELICIDADE SOB A ÓTICA DA FILOSOFIA..

Por Alacir Arruda

Nesse momento,  em que se intercalam as festas natalinas e o final de ano  e as sensações emotivas ficam mais afloradas, é muito comum as pessoas  aproveitarem para fazer um  tipo de "Check List" de tudo que eles fizeram durante o ano: Família, Trabalho, relacionamento etc.. Porém, nada incomoda mais os indivíduos modernos que uma palavra; a felicidade. Vivemos um período histórico onde a sociedade carrega dentro sí um vicio: "precisamos ser feliz, não importa o custo". Como se essa felicidade trouxesse em seu bojo  o antídoto para um mundo que se perdeu em seus objetivos. Não importa que essa felicidade venha travestida de coisas bossais como:  um novo Smart Fone,  uma Smart Tv com NetFlix , uma cirurgia plástica para levantar "as coisas" ou arrumar outras, ou ainda um namorado (a) rico (a).  Não importa. Precisamos ser feliz!!!

A felicidade é uma das palavras mais difíceis de definir. A felicidade do mistico  não tem nada a ver com a do homem poderoso ou da pessoa comum.  Assim como na vida cotidiana encontramos diferentes definições para a felicidade, na filosofia também existem diferentes abordagens para o tema. “Todos os mortais estão em busca da felicidade, um sinal de que nenhum deles é feliz”. 

Para Aristóteles, o mais proeminente dos filósofos metafísicos, a felicidade é o maior desejo dos seres humanos. Do seu ponto de vista, a melhor forma de conseguir ser feliz é através das virtudes . Cultive as boas virtudes e alcançará a felicidade.

Segundo Aristóteles, a felicidade é um estilo de vida: o ser humano precisa exercitar constantemente o melhor que tem dentro dele.É preciso cultivar também a prudência de caráter e ter um bom “daimon” (boa sorte), para alcançar a felicidade plena. Por isso, a sua tese é conhecida como “eudaimonia”.

Aristóteles forneceu a base filosófica sobre a qual foi edificada a igreja cristã. Por isso, existe uma grande semelhança entre o que este pensador propôs e os princípios das religiões judaico-cristãs.

-Epicuro e a felicidade hedonista

Epicuro era um filósofo grego que teve muitas contradições com os filósofos metafísicos. A diferença entre eles é que ele não acreditava que a felicidade provinha somente do mundo espiritual, mas também tinha muito a ver com as dimensões terrenas.

Ele fundou a “Escola da Felicidade” e a partir dela chegou a conclusões muito interessantes.

Ele postulou o princípio de que o equilíbrio e a temperança davam origem a felicidade. Essa abordagem se reflete em uma das suas grandes máximas: “Nada é suficiente para quem o suficiente é pouco”.

Ele acreditava que o amor, ao contrário da  amizade, não tinha muito a ver com a felicidade. Insistia na ideia de que não devemos trabalhar para adquirir bens materiais, mas por amor pelo que fazemos.

-Nietzsche e a crítica da felicidade

Nietzsche acreditava que viver pacificamente e sem qualquer preocupação era um desejo das pessoas medíocres e que não valorizam a vida. Para ele, “estar bem” graças a circunstâncias favoráveis ou a boa sorte não é felicidade. Isto é uma condição efêmera que pode mudar a qualquer momento.

Estar bem seria uma espécie de “estado ideal de preguiça", não existem preocupações e sobressaltos.  Em vez disso, a felicidade é força vital, espírito de luta contra todos os obstáculos que restrinjam a liberdade e a autoafirmação.

Então para Nietzsche, ser feliz é ser capaz de provar dessa força vital, através da superação de dificuldades e criando formas diferentes de viver.

-José Ortega y Gasset e a felicidade como confluência

Para o pensador espanhol  Ortega y Gasset, a felicidade é definida quando “a vida projetada” e a “vida real” coincidem. Ou seja, quando a vida que desejamos coincide com o que realmente somos. Este filósofo observou que se nos perguntarmos o que é felicidade, encontraremos facilmente uma primeira resposta: a felicidade consiste em encontrar algo que nos satisfaça plenamente.

Mas, na verdade, essa resposta não faz sentido. O que é esse estado subjetivo de satisfação plena? Além disso, quais são as condições objetivas para que algo consiga nos satisfazer”? Todos os seres humanos têm potencial e desejo de ser feliz. Isto quer dizer que cada um define o que irá fazê-lo feliz; se conseguir construir a sua vida de acordo com os seus desejos, será feliz.

-Slavoj Zizek e a felicidade como paradoxo

Este filósofo acredita que a felicidade é uma questão de opinião, e não de verdade; ele a considera um produto dos valores capitalistas que prometem implicitamente a satisfação através do consumo. No entanto, o ser humano é um eterno insatisfeito porque na realidade não sabe o que quer.

As pessoas acreditam que se alcançarem algo melhor (comprar uma casa, elevar o seu status, etc), poderiam ser felizes. Mas, na realidade, inconscientemente o seu desejo é outro e por isso permanecem insatisfeitos.

Ser feliz, ou não, creio ser um prerrogativa pessoal. Encerro com o grande pensador francês Voltaire que certa vez exclamou: "Os homens que procuram a felicidade são como os embriagados que não conseguem encontrar a própria casa, apesar de saberem que a têm.


E para você, o que é felicidade? - Feliz 2018...!!!



Um comentário:

  1. Felicidade? É alcançar algo tão almejado, ainda que futuramente possa decepcionar-me com isso; ainda que , aos olhos dos outros, fiz um escolha errada ou que demonstre estar mais triste . Felicidade é estar em paz consigo mesma independente dos rótulos pregados atualmente. Abraços...

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