domingo, 11 de junho de 2017

Bauman e identidade na pós-modernidade

Bauman: o fenômeno intelectual Pós-moderno
Identidade: Entrevista a Benedetto Vecchi/ Zygmunt Bauman.


Por Naildes Medeiros
discente especial do Programa de Mestrado em Estudos Linguísticos UNEMAT- Sinop-MT profnaildesfernandes27@gmail.com

                O presente texto faz parte das discussões referente ao livro citado, na disciplina de Letramento e Sociedade, em que cada aluno ficou responsável por uma pergunta referente a entrevista do livro.
                No texto sobre identidade, Bauman inicia com um relato sobre o recebimento do título de doutor honoris causa, quando pediram a ele que escolhesse qual hino tocar: hino da Grã-Bretanha ou da Polônia... e que segundo ele não foi fácil encontrar a resposta. Primeiro porque a Grã-Betanha foi o país que escolheu e foi escolhido para lecionar, pois não poderia permanecer na Polônia,  tinha sido privado de sua cidadania polonesa, então diante disso não tinha direito ao hino polonês.... Quem o ajudou a decidir foi sua companheira de toda vida, Janina, em que Bauman fala sempre dela com muito carinho, em que a mesma é a autora do livro intitulado Dream of Belonging (o sonho de pertencer), encontrou a solução: o hino europeu. Foi um momento que ele se sentiu “includente” e “excludente”, nesse pequeno episódio, na sua identidade que lhe fora negada. “As pessoas em busca de identidade se veem invariavelmente diante da tarefa intimidadora de alcançar o impossível”. (pag 16). “Se não tivesse negado, dificilmente lhe ocorreria indagar-me sobre a minha identidade.” (pag. 17).  A questão de identidade surge com a exposição no mundo de diversidade policultural.

                O pertencimento e a identidade, não tem solidez, não são garantidos para toda vida, são bastante negociáveis e revogáveis, “um monte de problemas da nossa era líquido-moderna”, um mundo repartido em fragmentos mal coordenados, enquanto existências individuais, pois poucos de nós, são expostos uma comunidade de ideias e princípios genuínos,  e muitas vezes somos sobrecarregados de identidade. As identidades flutuam,  algumas de nossa própria escolha e outras lançadas por pessoas a nossa volta, num sonho de pertencimento com substância de identidade individual.

Assertiva referente as páginas 68 a 76
Nesse reembaralhamento, até as formas básicas de relacionamento social estão passando por uma mutação. Das relações amorosas à religião, tudo se torna instável, líquido. Mas como é a que estão mudando as relações amorosas?

                As relações interpessoais, com tudo que acompanha, amor, parcerias e compromissos, são simultaneamente objetos de atração e apreensão, desejo e medo inquietação e ansiedade. Adquiriu-se a “ideia de viver sem vínculos”, relacionamentos “sem compromissos”, nessa sociedade líquido-moderna.  Segundo Bauman, amar significa fundir duas biografias, cada qual portando uma carga diferente de experiências, seguindo seu próprio rumo. Fazer-se dependente de outra pessoa dotada de liberdade e escolha.

                Porém todos os recursos pagos que a sociedade de consumo nos acostumou está ausente no amor. O “modo consumista” requer que a satisfação seja momentânea. O entrevistado cita um hábito comum de presentes no Natal para as crianças inglesas que são filhotes de cães, por serem adaptáveis aos ambientes e rotinas familiares. Segundo ele, a expectativa de vida desses animais deveria começar a reduzir de quinze anos para três meses, pois este é o tempo médio que os cães são recebidos com alegria e depois são abandonados e descartados. 

            Então tal como os animais de estimação, são assim também os relacionamentos humanos “largar o parceiro” como fosse um acontecimento normal. Um acontecimento tão natural quanto a morte é para a vida. “Até que a morte nos separa” foi substituída, no decorrer da libertação individual, numa relação que só dura enquanto permanece a satisfação a ambos parceiros, e nem um minuto a mais. E os parceiros estão livres para buscarem satisfação em outro lugar. Somos moldados, treinados e educados, numa educação continuada para sociedade consumidora, num ambiente líquido moderno.  

                Por isso, muitas vezes a solução imediata está na busca nas redes, pois se algo der errado, basta deletar, pois no encontro presencial, não é possível descartar com tanta facilidade do parceiro indesejado. O envio e recepção de mensagens, elimina a troca o diálogo genuíno, que se ajusta ao líquido moderno das identidades fluídas em que o mais importante é acabar depressa, seguir em frente e começar de novo, sempre com novos desejos tentadores a fim de sufocar e esquecer os desejos de outrora.

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