(Vejam abaixo que não há limites
para a ignorância humana)
Projeto
criacionista de Feliciano é um monumento à ignorância..
POR MAURÍCIO TUFFANI
15/11/14 17:41
O deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), autor de projeto de
lei que propõe ensino de criacionismo nas escolas brasileiras. Imagem: Alan
Marques/Folhapress
O deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP)
apresentou na quinta-feira (13.nov) ao Congresso Nacional mais uma
ideia que certamente dará o que falar: um projeto de lei para tornar
obrigatório o ensino do criacionismo na educação básica pública e privada do
país. Desta vez o parlamentar evangélico paulista se superou na
demonstração de profunda ignorância ao tratar de um assunto em uma
proposição legislativa.
Para “justificar” seu projeto de lei 8.099/2014,
Feliciano deu uma explicação digna de destaque nos anedotários políticos.
Segundo o texto, o evolucionismo se baseia na ideia de que a vida surgiu de uma
“célula primitiva que se pôs em movimento pelo Big Bang”.
Em outras palavras, o projeto do
parlamentar reeleito com 398 mil votos —o terceiro mais votado para
deputado federal em São Paulo, atrás apenas de Celso Russomano (PRB) e Tiririca
(PR)— mistura a teoria sobre o surgimento do universo há cerca de 15
bilhões de anos com a da evolução das espécies por meio da seleção natural.
Mesmo sem saber que bilhões de
anos se passaram desde o Big Bang até o surgimento dos primeiros seres vivos,
qualquer pessoa com o mínimo de interesse sobre o assunto entende que
se tivesse existido uma célula naquela explosão primordial do universo,
ela jamais teria escapado à desintegração.
Crianças ‘confusas’
A “justificação” do projeto lei
apresenta outras asneiras, a começar pela absurda pressuposição de que a
ciência procede “como se fosse possível submeter à
autenticidade do Criador em laboratório de experimentos humanos”, e outras,
como as dos trechos a transcritos seguir.
“As crianças que frequentam as
escolas pública tem se mostrado confusas, pois aprendem nas suas respectivas
escolas noções básicas de evolucionismo, quando chegam a suas respectivas
Igrejas aprendem sobre o criacionismo em rota de colisão com conceitos de formação
escolar e acadêmica.”
“Ensinar apenas o EVOLUCIONISMO
nas escolas é ir contra a liberdade de crença de nosso povo, uma vez que a
doutrina CRIACIONISTA é a predominante em todo o nosso país. O Ensino
darwinista limita a visão cosmológica de mundo existencialista levando os
estudantes a desacreditarem da existência de um criador que está acima das
frágeis conjecturas humanas forjadas em tubos de ensaio laboratorial. Sem
menosprezo ao avanço tecnológico e científico, indispensável às necessidades sociais
enquanto aplacador da inventividade e curiosidade humanas, é possível
harmonizar ensinos que contribuam ao desenvolvimento e amplitude da visão
cósmica do conhecimento humano.”
Saia justa
Além desses e outros disparates,
o texto do deputado-pastor Marco Feliciano contém erros gramaticais em excesso.
Uma simples consulta à Wikipedia ou pelo Google e a ajuda de um simples
corretor gramatical teriam resolvido esses problemas. É possível que a
apresentação desse projeto de lei seja resultado de uma iniciativa apressada.
Coincidentemente, no dia seguinte
à apresentação dessa desastrada proposta legislativa teve início em Campinas o 1º Congresso Brasileiro do Design Inteligente, no qual estarão reunidos até amanhã (domingo, 16.nov) biólogos,
químicos e especialistas de outras áreas que rejeitam o modelo evolucionista
baseado na seleção natural, mas não necessariamente baseados na
interpretação literal da Bíblia de que o universo tem menos de 6 mil anos.
Tendo ou não sido proposital
a coincidência com o evento, Feliciano arrumou uma saia justa para os
adeptos do DI (Design Inteligente) com esse projeto de lei que é um
monumento à ignorância. Sem querer, o deputado talvez tenha ajudado a
abertura da caixa-preta do criacionismo, sobre a qual comentarei em breve.
PS – Copia e cola
A coisa é pior do que eu imaginava. Poucos minutos depois de eu publicar
este post, o biólogo Roberto Takata me mostrou pelo Twitter que,
na verdade, a proposta do pastor Marco Feliciano é uma cópia piorada de
outra, o projeto de lei 594/2007, apresentado pelo deputado
estadual Artagão Jr. (PMDB) à Assembleia Legislativa do Estado
Paraná (Alep) em 2007. Nesta semana ele começou a ser apreciado na Comissão de Constituição e
Justiça do Legislativo paranaense.
Em seu projeto Feliciano repete não só os mesmos disparates, mas também
os mesmos erros de gramática do texto apresentado originalmente por Artagão Jr.,
apesar de o site do deputado estadual paranaense já ter uma versão corrigida. A única originalidade do
parlamentar evangélico paulista só serviu para acrescentar ao início da
“justificação” mais uma bobagem, aquela acima mencionada sobre “submeter à
autenticidade do Criador em laboratório de experimentos humanos”.
É possível que Feliciano tenha copiado o projeto apresentado à Alep com
a anuência do deputado paranaense ou, quem sabe, até mesmo com a
recomendação dele. É estranho, no entanto, não ter sido dado nenhum
crédito. Seja como for, tudo isso reforça que o deputado federal
paulista desconhece o assunto de que trata. E que continua em pé o monumento à
ignorância, cuja demolição cabe aos legislativos estadual e nacional.
PS 2 – Congresso de DI se posicionou contra ensino de criacionismo
A novidade está no post “Design Inteligente rejeita criacionismo em aulas de ciências”,
publicado em 16.nov às 21h36.
KKKKKK. ISSO SO PODE SER PIADA DESSE MENTECAPTO NÃO E MESMO ALACIR?
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