sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

reflexão..teoria das janelas quebradas

PARA REFLEXÃO!!

“ A Teoria das Janelas Partidas”

Por Alacir Arruda

 

Há alguns anos, a Universidade de Stanford (EUA), realizou uma experiência de psicologia social. Deixou duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até cor, abandonadas na via pública. Uma no Bronx, zona pobre e conflituosa de Nova York e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia. Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada local.

Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram.Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.

Mas a experiência em questão não terminou aí. Quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os pesquisadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto. O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre. Por quê que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso? Evidentemente, não é devido à pobreza, é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.

Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma idéia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação. Faz quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras. Induz ao “vale-tudo”. Cada novo ataque que a viatura so fre reafirma e multiplica essa idéia, até que a escalada de atos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.

Baseados nessa experiência, foi desenvolvida a ‘Teoria das Janelas Partidas’, que conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujeira, a desordem e o maltrato são maiores. Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gerará o delito.

Se se cometem ‘pequenas faltas’ (estacionar em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar com o sinal vermelho) e as mesmas não são sancionadas, então começam as faltas maiores e delitos cada vez mais graves.Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pesso as forem adultas.

Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas, estes mesmos espaços são progressivamente ocupados pelos delinquentes.

A Teoria das Janelas Partidas foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metrô de Nova York, o qual se havia convertido no ponto mais perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas transgressões: lixo jogado no chão das estações, alcoolismo entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro.

Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Partidas e na experiência do metrô, impulsionou uma política de ‘Tolerância Zero’. A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às norm as de convivência urbana. O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York.

A expressão ‘Tolerância Zero’ soa a uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o delinquente, pois aos dos abusos de autoridade da polícia deve-se também aplicar-se a tolerância zero.

Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao próprio delito.Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social humana.

Essa é uma teoria interessante e pode ser comprovada em nossa vida diária, seja em nosso bairro, na rua onde vivemos.

A tolerância zero colocou Nova York na lista das cidades seguras.

Esta teoria pode também explicar o que acontece aqui no Brasil com corrupção, impunidade, amoralidade, criminalidade, vandalismo, etc.

Reflita sobre isso!



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

tema de ENEM 2015


CARNAVAL: UM ENSAIO SOBRE O CEGUEIRA

Por Alacir Arruda

O Brasil é um país, em tese, democrático que tem assento definitivo na Comissão de Direitos Humanos da ONU e repudia ditaduras. Mas o poder do carnaval é tamanho, que consegue “velar” até uma Ditadura cruel como a de Guiné Equatorial.  A Escola de Samba Beija Flor de Nilópolis  do Rio de Janeiro sagrou-se campeã do carnaval 2015 com o enredo  "Um griô  a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial". Fontes afirmam que esse enredo teria sido financiado com uma quantia que variaria de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões doados pelo presidente do país africano, Teodoro Obiang Nguema, que está no poder há 35 anos. A ONG Anistia Internacional acusa o governante de violação dos direitos humanos, que iriam desde execuções extrajudiciais e tortura a prisões arbitrárias e repressão violenta a protestos.

A  Beija-Flor, por sua vez,  não confirmou nem desmentiu os valores recebidos e limitou-se a dizer, em nota, que recebeu "apoio cultural e artístico do governo da Guiné Equatorial" e que "visando divulgar a trajetória de seu povo, a Guiné Equatorial disponibilizou todo o aparato histórico para que a comissão de Carnaval da agremiação pudesse pesquisar e ter acesso a diversos aspectos da cultura local".

Nesta quarta-feira, um diretor artístico da escola afirmou que o desfile da Beija-Flor foi financiado por empresas brasileiras de construção civil que atuam na Guiné Equatorial.
Veja o perfil do país africano que entrou no noticiário brasileiro:

'Maldição' petrolífera
O pequeno país do oeste africano começou a explorar suas riquezas petrolíferas em 1995 e hoje é visto como vítima de um típico caso de "maldição do petróleo" – ou paradoxo da abundância.
Desde meados da década de 1990, a antiga colônia espanhola se tornou um dos maiores produtores de petróleo na África Subsaariana e tinha, em 2004, a economia em maior crescimento do mundo.
No entanto, apesar de o país liderar o ranking de prosperidade da África, uma grande parcela de sua população permanece na pobreza. Segundo o Banco de Desenvolvimento Africano, os lucros do petróleo e do gás levaram a melhorias na infraestrutura básica nos últimos anos, mas não houve avanços significativos nas condições de vida do povo guinéu-equatoriano.
O governo ampliou os gastos em obras públicas, mas a ONU alega que menos da metade da população tem acesso à água potável e quase 10% das crianças morrem antes de completar cinco anos.

Governo e direitos humanos
O país é criticado por diversas organizações de direitos humanos, que alegam que os dois líderes pós-independência estão entre os principais violadores de direitos na África.

Guiné Equatorial

Política: Obiang tomou o poder em 1979; grupos de direitos humanos dizem que seu governo é um dos mais brutais da África

Economia: O país é o terceiro maior produtor de petróleo da África Subsaariana; há denúncias de que os lucros da commodity venham sido tomados pela elite local

Internacional: A Guiné Equatorial e o Gabão disputam ilhas que acreditam ser ricas em petróleo.  O reinado de terror de Francisco Macias Nguema – da independência, em 1968, a sua derrubada, em 1979 – forçou a fuga de um terço da população do país. Além de ser alvo de denúncias de ter cometido genocídio contra a minoria étnica Bubi, ele ordenou a morte de milhares de suspeitos oposicionistas, fechou igrejas e governou em uma época de colapso econômico.

Seu sucessor, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, assumiu em um golpe de Estado e tem demonstrado pouca tolerância com a oposição durante suas três décadas no poder. Ainda que o país seja, nominalmente, uma democracia multipartidária, eleições têm sido, de forma geral, consideradas fraudulentas.
Segundo a Human Rights Watch, a "ditadura do presidente Obiang usou o boom do petróleo para se consolidar e enriquecer a si mesma, às custas do povo".

Corrupção e críticas externas
A organização Transparência Internacional colocou a Guiné Equatorial entre os 12 países com maior percepção de corrupção.

       Teodoro Obiang Nguema governa o país há 35 anos

Em 2008, o país se tornou candidato à Iniciativa de Transparência das Indústrias Extrativistas – um projeto internacional para promover a abertura nas contas governamentais com respeito a obtidos com o petróleo , mas não conseguiu se qualificar. Desde então, vem tentando entrar no grupo.
Em 2004, uma investigação do Senado americano sobre um banco local identificou que a família de Obiang havia recebido pagamentos vultuosos de petroleiras americanas, como Exxon Mobil e Amerada Hess.

Observadores dizem que os EUA evitam criticar publicamente a Guiné Equatorial porque o país é um aliado em uma região volátil e rica em petróleo.
Em 2006, a então secretária de Estado americana Condoleezza Rice exaltou Obiang como um "bom amigo", apesar das críticas feitas pelo próprio Departamento de Estado às restrições a liberdades civis e direitos humanos no país africano.

Em 2010, uma visita do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Guiné Equatorial também despertou polêmicas. Na época, o então chanceler Celso Amorim disse que "negócios são negócios".
Mais recentemente, o presidente dos EUA, Barack Obama, posou para uma foto oficial com Obiang em uma recepção em Nova York.
Em outubro do ano passado, o filho de Obiang, Teodorin, que é ministro, foi forçado a abdicar de mais de US$ 30 milhões em ativos nos EUA, que autoridades alegam ter sido comprados com dinheiro roubado.



Dados retirados da BBC/Brasil


domingo, 15 de fevereiro de 2015

uma fábula de carnaval

Prefiro um  bom asno ignorante que um  “burro” pernóstico..

Por Alacir Arruda

Não sou contra o carnaval, alias, ate já pulei na minha adolescência, o que me incomoda é o processo de alienação coletiva que essa festa produz, e seu apogeu é a proliferação da chamada: “burrice endêmica”. Eu prefiro a ignorância à burrice. Quem me conhece sabe que tenho ojeriza a burrice, mesmo sabendo que grande parte da população brasileira a cultua, sobretudo os 53% que elegeram Dilma, prefiro acreditar que a  burrice é diferente da ignorância. A ignorância é o desconhecimento dos fatos e das possibilidades. A burrice é uma força da natureza (Nelson Rodrigues).

A ignorância quer aprender. A burrice acha que já sabe. A burrice, antes de tudo, é uma couraça. A burrice é um mecanismo de defesa. O burro detesta a dúvida e se fecha.

O ignorante se abre e o burro esperto aproveita. A ignorância do povo brasileiro foi planejada desde a colônia. Até o século XIX era proibido publicar livros sem licença da Igreja ou do governo. A burrice tem avançado muito; a burrice ganhou status de sabedoria, porque com o mundo muito complexo, os burros anseiam por um simplismo salvador. Os grandes burros têm uma confiança em si que os ignorantes não têm. Os ignorantes, coitados, são trêmulos, nervosos, humildemente obedecem a ordens, porque pensam que são burros, mas não são; se bem que os burros de carteirinha estimulam esse complexo de inferioridade.

A ignorância é muito lucrativa para os burros poderosos. Os burros são potentes, militantes, têm fé em si mesmos e têm a ousadia que os inteligentes não têm. Na percentagem de cérebros, eles têm uma grande parcela na liderança do país. No caso da política, a ignorância forma um contingente imenso de eleitores, e sua ignorância é cultivada como flores preciosas pelos donos do poder. Quanto mais ignorantes melhor. Já pensaram se a ignorância diminuísse, se os ignorantes fossem educados? Que fariam os senhores feudais do Nordeste em cidades tomadas como Murici ou o município rebatizado de cidade Edson Lobão, antiga Ribeirinha? A ignorância do povo é um tesouro; lá, são recrutados os utilíssimos “laranjas” para a boa circulação das verbas tiradas dos fundos de pensão e empresas públicas.

Como é o “design” da burrice? A burrice é o bloqueio de qualquer dúvida de fora para dentro, é uma escuridão interna desejada, é o ódio a qualquer diferença, a qualquer luz que possa clarear a deliciosa sombra onde vivem. O burro é sempre igual a si mesmo, a burrice é eterna como a Pedra da Gávea (NR). De certa forma eu invejo os burros. Como é seu mundo? Seu mundo é doce e uno, é uma coisa só. O burro sofre menos, encastela-se numa só ideia e fica ali, no conforto, feliz com suas certezas. O burro é mais feliz.

A burrice não é democrática, porque a democracia tem vozes divergentes, instila dúvidas e o burro não tem ouvidos. O verdadeiro burro é surdo. E autoritário: quer enfiar burrices à força na cabeça dos ignorantes. O sujeito pode ser culto e burro. Quantos filósofos sabem tudo de Hegel ou Espinoza e são bestas quadradas? Seu mundo tem três ou quatro verdades que ele chupa como picolés. O burro dorme bem e não tem inveja do inteligente, porque ele “é” o inteligente.

Mesmo inconscientemente, aqui e lá fora, a sociedade está faminta de algum tipo de autoritarismo. A democracia é mais lenta que regimes autoritários. Sente-se um vazio com a democracia — ela decepciona um pouco as massas. Assim, apelos populistas, a invenção de “inimigos” do povo, divisão entre “bons” e “maus” surtem efeito. Surge, na política, a restauração alegre da burrice. Isso é internacional. Bush se orgulhava de sua burrice. Uma vez ele disse em Yale: “Eu sou a prova de que os maus estudantes podem ser presidentes dos USA”. E, aí, invadiu o Iraque e escangalhou o Ocidente. E está impune, quando deveria estar em cana perpétua. Aqui, também assistimos à vitória da testa curta, o triunfo das toupeiras.

O bom asno é sempre bem-vindo, enquanto o “pernóstico” inteligente é olhado de esguelha. A burrice organiza o mundo: princípio, meio e fim. A burrice dá mais ibope, é mais fácil de entender. A burrice dá mais dinheiro; é mais “comercial”.

Em nossa cultura, achamos que há algo de sagrado na ignorância dos pobres, uma “sabedoria” que pode desmascarar a mentira “inteligente” do mundo. Só os pobres de espírito verão a Deus, reza nossa tradição. Existe na base do populismo brasileiro uma crença lusitana, contrarreformista, de que a pobreza é a moradia da verdade.

No Brasil, há uma grande fome de “regressismo,” de voltar para a “taba” ou para o casebre com farinha, paçoca e violinha. E daí viria a solidariedade, a paz, num doce rebanho político que deteria a marcha das coisas do mundo, do mercado voraz, das pestes e, claro, dos “canalhas” neoliberais. É a utopia de cabeça para baixo, o culto populista da marcha à ré.

Nosso grande crítico literário Agripino Grieco tinha frases perfeitas sobre os burros. “A burrice é contagiosa; o talento não” ou “Para os burros, o ‘etc’ é uma comodidade...” ou “Ele não tem ouvidos, tem orelhas e dava a impressão de tornar inteligente todos os que se avizinhavam dele”, “Passou a vida correndo atrás de uma ideia, mas não conseguiu alcançá-la”, “Ele é mais mentiroso que elogio de epitáfio”, “No dia em que ele tiver uma ideia, morrerá de apoplexia fulminante”.

Vi na TV essa madrugada um daqueles bispos de Jesus, de terno e gravata, clamando para uma multidão de fiéis: “Não pulem carnaval, não transem, não tenham pensamentos livres; o Diabo é que os inventa!”. Entendi o recado do Bispo. A liberdade é uma tortura para desamparados. Inteligência é chata; traz angústia, com seus labirintos. Inteligência nos desorganiza; burrice consola. A burrice é a ignorância ativa, é a ignorância com fome de sentido.

Nosso futuro será pautado pelos burros espertos, manipulando os pobres ignorantes. Nosso futuro está sendo determinado pelos burros da elite intelectual numa fervorosa aliança com os analfabetos.

Como disse acima, a liberdade é chata, dá angústia. A burrice tem a “vantagem“ de “explicar” o mundo. O diabo é que a burrice no poder chama-se “fascismo”.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Brasil e o caos economico

O FIM PARA UMA DESGRAÇA ANUNCIADA

Por Alacir Arruda

O Brasil mergulhou no caos. Se não bastasse o escândalo da Petrobras que, segundo analistas, é o maior da historia desse país, a Presidente Dilma já nas primeiras horas  de 2015 anunciou um conjunto de medidas econômicas que, pasmem, contrariou até o seu guru, Lula. Ela conseguiu em apenas uma decisão desagradar a todos. Aumento da Energia, Petróleo etc.. que afetam diretamente a cadeia produtiva em todos os níveis, acenam para um 2015 difícil. 

A presidente Dilma Rousseff pagará caro pelo desastre que foi seu primeiro mandato. Os próximos meses serão recheados de notícias ruins, que vão balançar — e muito — a estrutura do Palácio do Planalto. E não adiantará a chefe do Executivo dizer que não sabia de nada ou que o Brasil está sendo vítima das circunstâncias. A culpa por todos os males será dela, de Dilma Rousseff.

Todos os indicadores de janeiro mostram que o país está mergulhando na recessão. Pelas projeções que circulam dentro do governo e no mercado financeiro, haverá contração do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro e no segundo trimestres de 2015, com grande chance de também o terceiro registrar queda. Mesmo assim, a inflação se manterá na casa dos 7% até o fim do ano, destruindo o poder de compra das famílias.

Diante desse quadro recessivo, a expectativa é de que o desemprego volte a subir e a renda do trabalho, que já recuou 1,8% em dezembro último, seja solapada pela inflação. Empresários do comércio argumentam que não haverá como segurar as demissões, pois estão com a língua de fora. As vendas neste início de ano foram péssimas e não há perspectiva de recuperação tão cedo. Com o forte aumento das tarifas públicas e a alta de impostos, a tendência é de que os consumidores reduzam a demanda, contribuindo para o fechamento de vagas nas lojas.

O comércio se juntará à indústria, que vem demitindo sistematicamente há pelo menos dois anos. As fábricas, na maioria dos segmentos, estão operando com alto índice de ociosidade. Para reduzir custos, as empresas que não fecham postos de trabalho têm dado férias coletivas ou negociado a redução parcial de salários.

Havia a expectativa de que, com o dólar mais alto, a indústria ganhasse fôlego por meio das exportações. Mas, em vez de ampliar as vendas ao exterior, o país perde mercado. “Não estamos conseguindo exportar como gostaríamos e só vemos a demanda interna cair. O consumo das famílias está fraco e os investimentos produtivos despencaram”, ressalta um industrial.

As perspectivas são de piora substancial, devido ao iminente racionamento de energia e água. O governo já trabalha com essa hipótese a partir de abril, quando termina o período chuvoso. Sem água e sem energia, a queda do PIB, estimada em 0,5%, pode ficar entre 1,5% e 2%. Se confirmada, será uma retração sem precedentes em pelo menos três décadas. Nesse contexto, não há como evitar o aumento do desemprego.

Aliados de Dilma têm a exata noção de que, quando todos esses fatores desabarem, em conjunto, sobre os eleitores, a insatisfação em relação ao governo vai se agigantar. Eles reconhecem que o anúncio de alta de impostos, da energia elétrica, da gasolina, das passagens de ônibus já fazem estragos na imagem da presidente. Mas quando todos esses reajustes chegarem à vida real, baterem no orçamento doméstico, sem a contrapartida do aumento dos salários, a gritaria será geral.

Dilma tentou, na primeira declaração pública em quase um mês, amenizar o choque no bolso de consumidores e contribuintes. Afirmou que o aumento de impostos e de tarifas faz parte de um conjunto de ações “corretivas” para que o país volte a crescer. Omitiu, porém, o mais importante: que está corrigindo o que estragou em quatro anos. O custo que ela está impondo à sociedade será fruto de políticas equivocadas, populistas, demagógicas.

Em um pronunciamento no início de janeiro de 2013, a presidente disse que, apesar dos pessimistas, o Brasil poderia celebrar o fato de ter reduzido os juros, os impostos e o custo da energia elétrica, sem que houvesse qualquer risco de racionamento ou de estrangulamento no fornecimento de eletricidade. Afirmou, ainda, que o país estava a caminho do crescimento sustentado, puxado pelos investimentos produtivos. Num país sério, seria acusada de propaganda enganosa.

A tábua de salvação

» Dilma Rousseff sabe que, mesmo impopulares, os ajustes na economia propostos pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, serão sua tábua de salvação. Depois do tormento, o país terá condições de crescer com a inflação domada. Ela torce, porém, para que os resultados apareçam mais rápido do que o projetado pelo mercado, pois precisará de um forte contraponto às denúncias de corrupção que estão destruindo a Petrobras e podem se estender à Eletrobras e ao BNDES.

Um Banco Central  fora da realidade 

» A economista Thaís Marzola Zara, da Rosenberg Associados, diz que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada pelo Banco Central em janeiro, está defasada ao não fazer nenhuma menção à crise hídrica e aos impactos, na economia, de um eventual racionamento de água e de energia elétrica. Ela afirma que, “talvez, fosse leviano fazê-lo”, pois ainda se fala sobre possibilidades, mas os próximos passos do Copom deverão levar em conta “o que não está considerado em seu cenário”. Thaís aposta em mais uma alta de 0,25 ponto percentual nos juros em março, para 12,50% ao ano. 

Descrença no governo 

» Ninguém no governo acredita que o BC conseguirá levar a inflação para o centro da meta, de 4,5%, no fim de 2016. Mas essa promessa será sustentada pelo presidente da instituição, Alexandre Tombini, até que a realidade fale mais alto.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

tema de ENEM 2015

ESTADO ISLÂMICO: QUANDO O EXTREMISMO  RELIGIOSO SE TORNA POLÍTICA DE ESTADO

Por Alacir Arruda 
Jihadistas do Estado Islâmico 

O mundo ainda tenta entender a crueldade das ultimas execuções do Grupo terrorista Jihadista “Estado Islâmico”. A última ocorreu neste sábado 31/01/15 quando um Jornalista japonês foi decapitado e as cenas postadas na internet deixando perplexos até os radicais do Hezbolah (outro grupo terrorista que atua no Líbano) que manisfestou repúdio ante o ocorrido. O Estado Islâmico mantém sua base na cidade de Raqqa na Síria mas atua em todo o norte do Iraque ate a cidade de Mossul onde pretende construir nesse espaço uma Califado. Mas quem são eles? O que querem? E porque utilizam a mais cruel forma de terrorismo, ou seja a execução sumaria?

Vou procurar ser didático nesse artigo, respondendo às perguntas mais freqüentes que me fazem. O que é o estado Islâmico? É uma organização terrorista que declarou, em 30 de junho de 2014 , o controle de um território estratégico entre a Síria e o Iraque. Seus membros estabeleceram, ali, um califado islâmico e têm disputado com os governos regionais o controle da região.

Mas eles surgiram de repente? Não. Esse tipo de movimento extremista foi fomentado ali pela invasão americana de 2003 e pelo progressivo fracasso do governo iraquiano. O projeto faz parte da tendência que inclui, também, a Al Qaeda e outras organizações. Até junho de 2014 , esses terroristas se chamavam de Estado Islâmico no Iraque e no Levante, abreviado em português EIIL e, em inglês, Isil.

O que é um califado islâmico? 
É um modelo político surgido no século VII , na península Arábica, a partir da liderança de Maomé, o profeta do islamismo. “Califado” significava “sucessão”. No caso, os líderes muçulmanos que vieram após a morte do profeta. 

Profeta? 
O islamismo surgiu no século VII ( ano 622 d.c) a partir da revelação de Maomé, que organizou essa religião e unificou tribos em torno da idéia central de que só há um único Deus, comum ao cristianismo e ao judaísmo. O islã é a revelação feita aos árabes, na península Arábica e significa “submissão”. 

Todo califado é terrorista? 
Não. Nem todo muçulmano, aliás. As práticas terroristas são específicas de uma interpretação radical do islã que não é mainstream nem foi a regra durante os séculos de islamismo. O fundamentalismo é, na verdade, um fenômeno contemporâneo, reagindo ao secularismo contemporâneo, segundo estudiosos como a pesquisadora Karen Armstrong (autora de “Em Nome de Deus”). 

Deveríamos preocupar? 
Sim. Mas analistas não esperam que o Estado Islâmico se mantenha de fato como um Estado, controlando fronteiras e articulando governos. Os terroristas estão bem armados, mas enfrentam a inimizade de toda a região. Os Estados Unidos têm bombardeado posições do califado, também. Veja abaixo alguns de seus inimigos: 


Quem é o líder do Estado Islâmico? 
Como no modelo do califado histórico, o Estado Islâmico tem um califa –um líder político e religioso. Neste caso, é Abu Bakr al-Baghdadi: 


Todos os muçulmanos seguem esse califa? 

Não. Essa seria a idéia de um califado, como foi o projeto de Maomé e de seus seguidores no início do islamismo. Mas Abu Bakr al-Baghdadi, hoje líder do EI, é seguido por uma pequena parcela dos muçulmanos, e enfrenta oposição de todos os Estados islâmicos. Ele não representa o islã. 

Pequena parcela, quanto? 

Os EUA estimam entre 7.000 e 12 mil combatentes. O Estado Islâmico diz que são 50 mil na Síria e 30 mil no Iraque. É difícil ter certeza sobre esse número, já que a região vive em convulsão política. 

De onde vem o dinheiro do Estado Islâmico? 

Essa organização terrorista controla poços e refinarias de petróleo na região, lucrando com seu contrabando. É cobrado também imposto da população. A renda inclui, por fim, o resgate cobrado por reféns e a pilhagem de bancos.