CARNAVAL: UM ENSAIO SOBRE O CEGUEIRA
Por Alacir Arruda
O Brasil é um país, em tese, democrático
que tem assento definitivo na Comissão de Direitos Humanos da ONU e repudia
ditaduras. Mas o poder do carnaval é tamanho, que consegue “velar” até uma
Ditadura cruel como a de Guiné Equatorial. A Escola de Samba Beija Flor de Nilópolis do Rio de Janeiro sagrou-se campeã do carnaval
2015 com o enredo "Um griô a história: um
olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial". Fontes
afirmam que esse enredo teria sido
financiado com uma quantia que variaria de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões doados
pelo presidente do país africano, Teodoro
Obiang Nguema, que está no poder há 35 anos. A ONG Anistia Internacional
acusa o governante de violação dos direitos humanos, que iriam desde execuções
extrajudiciais e tortura a prisões arbitrárias e repressão violenta a
protestos.
A Beija-Flor, por sua vez, não confirmou nem desmentiu os valores
recebidos e limitou-se a dizer, em nota, que recebeu "apoio cultural e
artístico do governo da Guiné Equatorial" e que "visando divulgar a trajetória
de seu povo, a Guiné Equatorial disponibilizou todo o aparato histórico para
que a comissão de Carnaval da agremiação pudesse pesquisar e ter acesso a
diversos aspectos da cultura local".
Nesta quarta-feira, um diretor
artístico da escola afirmou que o desfile da Beija-Flor foi financiado por
empresas brasileiras de construção civil que atuam na Guiné Equatorial.
Veja o perfil do país africano
que entrou no noticiário brasileiro:
'Maldição' petrolífera
O pequeno país do oeste
africano começou a explorar suas riquezas petrolíferas em 1995 e hoje é visto
como vítima de um típico caso de "maldição do petróleo" – ou paradoxo
da abundância.
Desde meados da década de 1990,
a antiga colônia espanhola se tornou um dos maiores produtores de petróleo na
África Subsaariana e tinha, em 2004, a economia em maior crescimento do mundo.
No entanto, apesar de o país
liderar o ranking de prosperidade da África, uma grande parcela de sua
população permanece na pobreza. Segundo o Banco de Desenvolvimento Africano, os
lucros do petróleo e do gás levaram a melhorias na infraestrutura básica nos
últimos anos, mas não houve avanços significativos nas condições de vida do
povo guinéu-equatoriano.
O governo ampliou os gastos em
obras públicas, mas a ONU alega que menos da metade da população tem acesso à
água potável e quase 10% das crianças morrem antes de completar cinco anos.
Governo e direitos humanos
O país é criticado por diversas
organizações de direitos humanos, que alegam que os dois líderes
pós-independência estão entre os principais violadores de direitos na África.
Guiné Equatorial
Política: Obiang
tomou o poder em 1979; grupos de direitos humanos dizem que seu governo é um
dos mais brutais da África
Economia: O
país é o terceiro maior produtor de petróleo da África Subsaariana; há
denúncias de que os lucros da commodity venham sido tomados pela elite local
Internacional: A
Guiné Equatorial e o Gabão disputam ilhas que acreditam ser ricas em petróleo. O reinado de terror de
Francisco Macias Nguema – da independência, em 1968, a sua derrubada, em 1979 –
forçou a fuga de um terço da população do país. Além de ser alvo de denúncias
de ter cometido genocídio contra a minoria étnica Bubi, ele ordenou a morte de
milhares de suspeitos oposicionistas, fechou igrejas e governou em uma época de
colapso econômico.
Seu sucessor, Teodoro Obiang
Nguema Mbasogo, assumiu em um golpe de Estado e tem demonstrado pouca
tolerância com a oposição durante suas três décadas no poder. Ainda que o país
seja, nominalmente, uma democracia multipartidária, eleições têm sido, de forma
geral, consideradas fraudulentas.
Segundo a Human Rights Watch, a
"ditadura do presidente Obiang usou o boom do petróleo
para se consolidar e enriquecer a si mesma, às custas do povo".
Corrupção e críticas externas
A organização Transparência
Internacional colocou a Guiné Equatorial entre os 12 países com maior percepção
de corrupção.
Teodoro Obiang Nguema governa o
país há 35 anos
Em 2008, o país se tornou candidato
à Iniciativa de Transparência das Indústrias Extrativistas – um projeto
internacional para promover a abertura nas contas governamentais com respeito a
obtidos com o petróleo –, mas não conseguiu se qualificar. Desde
então, vem tentando entrar no grupo.
Em 2004, uma investigação do
Senado americano sobre um banco local identificou que a família de Obiang havia
recebido pagamentos vultuos os de petroleiras americanas, como Exxon Mobil e
Amerada Hess.
Observadores dizem que os EUA
evitam criticar publicamente a Guiné Equatorial porque o país é um aliado em
uma região volátil e rica em petróleo.
Em 2006, a então secretária de
Estado americana Condoleezza Rice exaltou Obiang como um "bom amigo",
apesar das críticas feitas pelo próprio Departamento de Estado às restrições a
liberdades civis e direitos humanos no país africano.
Em 2010, uma visita do então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Guiné Equatorial também despertou
polêmicas. Na época, o então chanceler Celso Amorim disse que "negócios
são negócios".
Mais recentemente, o presidente
dos EUA, Barack Obama, posou para uma foto oficial com Obiang em uma recepção
em Nova York.
Em outubro do ano passado, o
filho de Obiang, Teodorin, que é ministro, foi forçado a abdicar de mais de US$
30 milhões em ativos nos EUA, que autoridades alegam ter sido comprados com
dinheiro roubado.
Dados retirados da BBC/Brasil
Valeu professor.nem sabia que existia esse país..rs..mas ja esta anotado aqui no meu caderno do ENEM 2015. Mas que é vergonhoso isso éh. Pular Carnaval a custa de mortes e perseguições;; Bjs. Fernanda
ResponderExcluir