sábado, 28 de abril de 2018

Ingratidão

"INGRATIDÃO".
Por Alacir Arruda

Certa vez minha mãe me disse que a gratidão é a maior virtude humana e base para todas  as outras. Após um longo e tenebroso inverno estou de volta e, ao contrario do que pensam os idiotas de plantão, estou bem... Nesse últimos 4 meses, que fiquei sem publicar,  muitas coisas aconteceram;  o mundo girou e a geopolítica internacional tem cada vez mais ocupado espaço nos noticiários e no plano interno as coisas mudaram pouco, temos um país em colapso e um povo leniente. Em suma, teria mil opções de textos para retomar meus trabalhos em 2018, mas resolvi desabafar e, podem ter certeza,  esse desabafo tem nome e  endereço. Vou falar de ingratidão.

Se buscarmos entender a ingratidão de forma rápida, poderíamos concluir que ela  tem a ver com o ser  egoísta, porque o egoísta atribui suas vitórias a ele mesmo, O ingrato não reconhece que, sem as pessoas o cercam , ele(ela) talvez não estivesse nem vivo. A ingratidão também tem a ver com idolatria. Geralmente as pessoas ingratas tem dois comportamentos extremos: “amam” a ponto de idolatrarem a pessoa “amada”, e quando descobrem os defeitos (naturais) da pessoa, passam a desprezar e se tornam totalmente ingratos.

As pessoas ingratas esquecem com muita facilidade… não as coisas ruins, mas esquece as coisas boas que fizeram por ele(ela).  O ingrato vive no “seu mundo”, busca apenas os seus próprios interesses. É um tipo de pessoa que se torna cega (cego) para o amor (e doação) de quem está ao lado.

Outra característica da personalidade do ingrato é a desobediência que leva a rebeldia… e a infidelidade. Como o ingrato acha que sabe das coisas, ele (ela) não ouve a mais ninguém, não aceita conselho de ninguém, não considera ninguém capaz de liderá-lo(a) ou de aconselha-lo(a), o ingrato finge aceitar, mas na verdade, ele(a) não aceita se submeter a autoridade, porque ele(a) realmente acredita que sabe o que é bom para si.

Como professor eu ainda imagino que a  ingratidão também tem a ver com a “falta de educação”. Podemos ser “treinados” desde a infância a ter um comportamento grato, isso ocorre no processo de educação de uma criança. Quando ensinamos uma criança a dizer “obrigado” para as pessoas que lhe servem, ou lhe ajudam, estamos lhe ensinando a ser grata(o). Isso faz parte da educação.

Mas não é apenas a educação, a “etiqueta”, o “protocolo”, o “ser formal”, que gera a gratidão. A gratidão tem que partir do nosso coração, e não apenas ser da boca para fora. Quem está ao lado (convive) com o ingrato(a) sempre sofre. 

Todos que me conhecem  sabem que não sou religioso, muito pelo contrário, mas usando a mitologia cristã como referência, podemos concluir que o único que não sofreu quando conviveu com um ingrato foi Jesus.  Judas, mesmo nunca tendo existido, é o perfeito estereótipo do “ingrato”, ele foi salvo por Jesus, amado, cuidado pelo Mestre (que mesmo sabendo que Judas era um ingrato, lavou seus pés)… mas (Judas) não reconheceu, ele foi ingrato, infiel e traidor. Mesmo assim, Jesus nunca o rejeitou…

Esse Jesus mítico nos ensina muita coisa, por exemplo, ele tinha uma (entre muitas) característica: Ele não se iludia em relação as pessoas… Ele não gerava expectativas. Ele não fantasiava ou idolatrava.  Ele ama sem se iludir.  É por isso que Jesus não sofreu quando Judas o traiu, porque ele já sabia quem era Judas, Ele já tinha visto a ingratidão no coração de Judas. Jesus sabia que não podia esperar nada dele, a não ser traição e ingratidão. Jesus não se decepcionou com Judas, pelo contrário, Ele se preparou para ser traído. Ele já sabia com que tipo de pessoa estava lidando.

É claro que esse Jesus se entristeceu com a decisão de Judas, pois Jesus o amava, mas Ele não se deixou iludir, Ele não gerou expectativas. A ilusão fere muito, isso acontece porque quando ela cai, tudo que foi fundado sobre ela, cai junto. Isso serve para todas as áreas das nossas vidas, mas principalmente para os relacionamentos.

Muitos “Judas” vão aparecer nas nossas vidas… faz parte. E EU, COMO PROFESSOR, VI MUITOS.  Mas nós teremos que aprender a lidar com cada um “deles”, e não deixar que eles destruam a nossa capacidade de amar e de acreditar no amor verdadeiro (e na mudança das pessoas).  A verdadeira gratidão está ligada ao exercício de “se ver”. Ela “brota”daí.

Observe, quando nos enxergamos, quando honestamente “nos vemos”, e, (sem medo da rejeição) percebemos quantas pessoas nos amam e não nos deixaram (mesmo sabendo de todos os nossos defeitos…) nasce em nosso coração uma profunda gratidão.  Nós, seres humanos, somos assim: Quando percebemos as nossas limitações (quando nos enxergamos), temos medo que os outros também percebam (enxerguem) e nos rejeitem por causa delas. Por isso, tentamos esconder das pessoas os nossos defeitos a todo custo. Mas isso não adianta.

Mais cedo ou mais tarde, as nossas limitações e defeitos (principalmente aqueles que tentamos a todo custo esconder das pessoas) vão aparecer. Isso vai acontecer sem querer, na hora da raiva, do nervosismo… sem querer acaba aparecendo pra todo mundo.  Isso de certa forma é bom, porque é nessa hora que saberemos a verdade sobre as pessoas ao nosso redor, é nessa hora que conheceremos o caráter de cada um que nos cerca, porque, se ao ver os seus defeitos, uma pessoa te abandonar, ela(e) está mostrando que não te ama de verdade, ou que não está disposta a te amar e te aceitar como você é.

Por isso, mesmo que tenhamos medo da rejeição, é melhor vencermos esse medo, e deixar que as pessoas nos conheçam de verdade. Assim diminuímos o risco de decepcionar e de sermos decepcionados. Realmente dói muito a rejeição, mas dói bem menos quando não criamos raízes, quando ainda estamos no começo de um relacionamento… por isso temos que ser “o mais transparente possível” com as pessoas, para não geramos expectativas falsas e infundadas (defraudações). Eu te garanto que a ingratidão dói muito mais que a rejeição (falo por experiência própria, pois já senti das duas), porque a ingratidão é a rejeição ”concentrada”, ou seja, podemos passar por uma rejeição, e não “rolar” ingratidão junto… mas sempre que rolar ingratidão, junto dela haverá rejeição. É sempre assim, porque o próprio ato de ser ingrato, é um ato de rejeitar.

É por isso que dói tanto quando alguém a quem nos dedicamos, se torna ingrato(a), age com ingratidão conosco, porque nos sentimos profundamente rejeitados e “des-amados”. Para mim, que sou um bobo, é um desafio lidar com a ingratidão de um modo geral, mas principalmente com as pessoas ingratas, aquelas que tem essa “natureza”. Acho que isso acontece porque sou grata… Tenho gratidão em meu coração… e por isso, acabo por gerar uma expectativa nas pessoas ao meu redor… não é fácil. 

O ingrato esquece com muita facilidade… não as coisas ruins, mas esquece as coisas boas que fizeram por ele(ela).  O ingrato vive no “seu mundo”, busca apenas os seus próprios interesses. É um tipo de pessoa que se torna cega (cego) para o amor (e doação) de quem está ao lado.  Outra característica da personalidade do ingrato é a desobediência que leva a rebeldia… e a infidelidade.


Como o ingrato acha que sabe das coisas, ele (ela) não ouve a mais ninguém, não aceita conselho de ninguém, não considera ninguém capaz de liderá-lo(a) ou de aconselha-lo(a), o ingrato finge aceitar, mas na verdade, ele(a) não aceita se submeter a autoridade, porque ele(a) realmente acredita que sabe o que é bom para si. Uma outra característica do ingrato é sugar ao máximo a pessoa que lhe estende  a mão, no fundo ele tem uma dose de psicopatia.

Por exemplo, quando eu fazia churrasco na minha casa, regado a carnes de primeira e muita bebida, ou ainda quando bancava noitadas de cervejas nos barzinhos da moda ,  sustentados a base de um cartão benevolente eu imaginava que tinha amigos. Ainda quando aquelas meninas, e elas sabem de quem falo, me assediavam na universidade eu também me imaginava poderoso, entretanto,  quando me vi numa UTI com o coração parando, cercado por médicos e enfermeiros e ninguém que eu conhecia ao meu lado, ali..eu vi que na verdade eu não tinha ninguém. Hoje, graças a uma moça chamada Maria ( por coincidência o nome da mãe de jesus)  estou vivo e quando pergunto a ela,  o que devo fazer para reembolsa-la ela diz.:.." Não precisa..eu faria o mesmo a qualquer outro ser humano, Alacir você é uma pessoa boa.."

Olhando nos olhos de Maria eu entendi,  e hoje com a alma limpa posso lhes dizer que os perdoo, ...Sejam, ou seja,  felizes, Feliz!! 


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3 comentários:

  1. Boa noite Alacir, lindo texto como sempre eu aprendo muito lendo seus textos, efim... Sou suspeita pra falar pois
    sou sua leitora e fã incondicional. Bom quanto a sua publicação,e exatamente o que pemso dos ingratos e mal agradecidos.por iaso nao fico criando expectativas sobre as pessoas, alias nos ja conversamos sobre isso. Mas não faço isso esperando gratidão pois a recompensa vem de Deus. Já dizia minha Mãe"fazer o bem e não escolher a quem". Por isso me sinto uma pessoa abençoada.O ser humano tem dois lados um bom e outro ruim, aflora o lado que cultivarmos,se hj vc está bem em todos os sentidos e por que juntos cultivamos o bem,praticando bondade.Eu sempre acreditei que vc e uma pessoa boa,tem muitas qualidades, e humildade para reconhecer seus defeitos.sou grata pelos ensinamentos,aprendi muito com vc.continue assim sendo essa pessoa maravilhosa como sempre parceiro pra todas as hrs.desculpe pelos erros na colocação das palavras e pontuação, sabe que sou rústica bruta e sistemática, mas adoro vc esse jeito maluco e divertido. Como diz babi" que graça tem ser normal".amamos vc bjs

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  2. Professor sei de tudo que passou e dos "amigos" que lhe abandonaram. Na época eu era seu aluno e observava o quanto as pessoas aproximavam de você com algum interesse, o primeiro dele, obvio, sua inteligencia, que sempre foi inquestionável na universidade, o segundo sua empatia, seu jeito de tratar os alunos e sua bondade. Sempre lhe admirei e nunca acreditei naquilo que lhe acusaram, sempre imaginei vc como meu professor mais culto e simpático que tive. Não me identificarei por razões óbvias. Sei de sua saúde e de tudo que passou na U.T.I. mas kibom que estas vivo e escrevendo para nós. Desejo que recupere, o mundo precisa de mais Alacir. Saudações

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