BRASIL: MAIS DO MESMO.
Por Alacir Arruda
Nunca fui adepto do quanto pior
melhor, muito menos panfletário de uma esquerda anacrônica como a nossa, penso
que um país, nas condições as quais o Brasil se encontra, a única saída é um governo de coalizão sem extremismos. Foi assim na Europa pós II Guerra e
em outros países em situações análogas a nossa. Porém, não é preciso ser nenhum
especialista em política para concluir sem muito pensar que o Sr. Bolsonaro (mito) não é,
nunca foi e jamais será a solução, mesmo respeitando o sufragismo a ele imposto.
Por que digo isso?
Ora, não são apenas as
inclinações autoritárias e as opiniões truculentas, racistas, misóginas e
homofóbicas que fazem de Jair Bolsonaro um governante perigoso. O perfil
ultradireitista, ao estilo dos autocratas fascistoides que outrora figuraram em
nosso tempo, é deplorável, a nossa salvação, é que pelo menos há instituições
que podem conter investidas nesses campos –Constituição, leis, Justiça,
movimentos sociais, oposição congressual etc.
Há outros aspectos, talvez
menos comentados, que a meu ver fazem do capitão reformado um risco anunciado:
1 – Bolsonaro não tem vivência
como gestor público e não possui nenhum enraizamento partidário ou base social
minimamente estruturada.
É uma espécie de Capitão
Nascimento eleitoral. Uma projeção infantil de setores da sociedade brasileira,
que na eterna busca por autoridades paternais e salvadores da pátria acreditam
que os problemas do país possam ser resolvidos com a contratação de um
segurança.
2 – Na ausência de alicerces
políticos e estrutura na sociedade civil, Bolsonaro procura preencher o vazio
com a única instituição que parece realmente prezar: o Exército, não é atoa que
encheu o Planalto de generais, este, no final das contas, é o seu “partido”.
Além de Mourão, seu vice trapalhão, ao menos nove generais e um brigadeiro
atuam em posições estratégicas em seu incipiente governo. E outros tantos ainda
podem ser convocados a compor o governo ou assumir ministérios.
3 – Embora estejam todos na
reserva, já que militares não podem participar da política, tal condição não os
isola do oficialato e da tropa. Foram todos comandantes ou colegas de gente que
permanece na ativa -tenentes que hoje são majores, capitães que se tornaram
coronéis etc. Tais laços são um atalho para uma situação potencialmente
explosiva e indesejável: a politização das Forças Armadas.
4 – As visões econômicas de
Bolsonaro são, para dizer o mínimo, precárias e confusas. Paulo Posto Ipiranga
Guedes, um mitômano, na definição de Pérsio Arida, é quem fala pelo candidato
–e o faz de maneira inquietante. Já foi desautorizado pelo chefe ao dar
declarações sobre a volta da CPMF e a redefinição de alíquotas do Imposto de
Renda.
Recentemente Mourão ajudou a
aumentar o caos que parece presidir a campanha ao criticar o 13º salário e o
adicional de férias dos trabalhadores, além de propor uma renegociação dos
juros da dívida interna. Além disso, na paralela, novos elementos da confusa
história da separação litigiosa da ex-mulher surgiram na Folha e na Veja, com
acusações de ocultação de patrimônio e sumiço de bens guardados num cofre e
acusação de ter "mexido os pauzinhos" para que seu filho assumisse um
alto cargo no Banco do Brasil após sua posse.
5 – Ainda na área econômica,
não são desprezíveis as chances de que ocorra uma guinada. Seus colegas de
Forças Armadas são tradicionalmente mais inclinados ao nacionalismo
estatizante, do qual o general Ernesto Geisel foi um exemplo, do que a defender
a perspectiva ultraliberal.
Militares são em geral a favor
de defender as riquezas nacionais e estão com frequência preocupados com o
interesse “do americano” ou “do estrangeiro” em se apoderar da Amazônia e de
nossos recursos naturais.
Programas privatistas radicais,
que preconizem a venda de todas as empresas do Estado, além de outros bens
públicos, como sugere Guedes, possivelmente vão enfrentar mais resistências do
que encontrar eco na caserna.
6 – Considerando suas
fragilidades, a inexperiência administrativa, as difíceis condições do país e a
forte oposição que enfrentará, Bolsonaro corre o risco, se eleito, de fazer um
governo marcado pela instabilidade. Naturalmente, nesse cenário, seu impulso será
buscar apoio de seus colegas de farda e da massa de eleitores. Em caso de um
eventual impeachment ou de algum outro problema que possa afastá-lo do
Planalto, o Brasil na prática será governado por um regime militarizado.
7 – Bolsonaro é uma holografia,
uma fantasia, uma quimera. Seu prestígio político não é da ordem da
racionalidade. Como insistem seus próprios seguidores, é um mito. E o Brasil a
essa altura não precisa de mitos.
Para fechar com chave de ouro esse circo de horrores,
seu filho, Flavio Bolsonaro, Senador eleito pelo Rio de janeiro, conhecido nos
bastidores como o (01) e herdeiro político do pai, está metido até o pescoço em
denúncias capitaneadas pelo MP do RJ que o acusa de ficar com parte do salário
de seus assessores, defender as milícias e possível envolvimento com
traficantes. Éh Bolsonaro mitos também
precisam encarar a dura realidade.
Como disse certa vez um grande pensador: "Num estado democrático existem duas classes de políticos, os
suspeitos de corrupção e os corruptos".
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Bom dia Alacir. Como senti falta dos suas reflexões. Muito bom ter você de volta. Um abraço.
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