DILMA: UMA
SINTESE DE MAQUIAVEL REVELADO PELA MUSICA DE MAÍSA
Por Alacir
Arruda
Não sei se todos pensam como
eu, mas o segundo governo Dilma não passa a sensação de um doente em estado
terminal? Apesar de ter cumprido somente 3 meses do seu mandato constitucional o que, proporcionalmente, corresponde à
primeira hora de um dia. Além de ser considerado o responsável pela
“receflação” — recessão com inflação — que atinge a economia brasileira,
alimenta a percepção de que não oferece soluções convincentes para
modificar esse quadro.
Há um ano, comentando os estertores do primeiro
governo Dilma, escrevi: “Para quem não sabe aonde vai, todos os caminhos são
bons. Quando, no entanto, quem está sem rumo comanda um país, aí todas as
escolhas são ruins”. O futuro, que é o nosso presente, infelizmente, me deu
razão. O governo, como comprovou a presidente em cadeia nacional no Dia
Internacional da Mulher, esgotou até o seu estoque de desculpas. Já não tem o
que dizer. Note-se que, desta vez, a fim de se proteger do humor ferino dos
críticos, nem se atreveu a culpar o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso pela crise econômica, preferindo escolher a economia mundial como bode
expiatório. Com a vantagem adicional de que esta não pode se defender...
O quadro econômico internacional não explica, é
evidente, as vicissitudes da nossa economia: nem é tão feio assim nem seus
efeitos são comparáveis aos dos choques sofridos durante o governo do general
Figueiredo, a partir de 1979, ou ao longo dos dois mandatos de FHC.
Essencialmente, o que se tem hoje é o fim do milagre dos preços siderais das
commodities exportadas pelo Brasil, acompanhado do acirramento da concorrência
nos mercados de exportação de produtos manufaturados. Nada que um país
economicamente arrumado, no seu devido tempo, não pudesse enfrentar.
A verdade é que os fatores que complicaram o
desempenho da economia brasileira nos últimos anos nasceram aqui, não lá fora,
e vieram à luz no segundo governo Lula: subinvestimento em infraestrutura,
carga tributária sufocante e megavalorização cambial. A combinação desses
fatores minou a competitividade da nossa economia, elevou o déficit externo em
conta corrente até níveis perigosos, desestimulou os investimentos
privados e promoveu a marcha forçada da desindustrialização do país – a tragédia
econômica brasileira do início deste século. Hoje, a participação da indústria
de transformação no PIB voltou aos níveis de 1946.
O governo
Dilma, iniciado em 2011, apostou em mais do mesmo em vez de promover o ajuste
necessário. Basta lembrar a marcha lenta dos investimentos na infraestrutura,
objeto até de ideias alucinadas, como a do trem-bala; a insanidade dos projetos
da Petrobrás, que cedo comprometeram seu fluxo de caixa e turbinaram um
endividamento enlouquecido; a compulsão do populismo eleitoral, que levou aos
píncaros o arrocho dos preços dos derivados de petróleo e da energia elétrica.
Às atuais desventuras econômicas — queda da
produção, deterioração do emprego e dos rendimentos das famílias,
inflação alta, ataque especulativo contra o real - somam-se os efeitos da
percepção do estelionato eleitoral de 2014 e a convicção de que a corrupção,
mais do que um desvio de conduta, virou, no caso do PT, um método de
governo.
Como era
esperado, depois de reeleita Dilma não recebeu nenhum crédito de
confiança para adotar medidas difíceis, ao contrário do que acontece com
governantes novos. Afinal, seu primeiro governo tinha aprofundado os
desajustes da economia. E, na campanha, ela escolhera desconversar sobre a
crise, prometer o céu para todos e demonizar seus adversários.
Agora, tendo pouco mais do que terra seca,
economia anêmica e população entre insegura e indignada, a presidente
vê-se sem direito moral para pedir sacrifícios. Um começo razoável teria sido
confessar bravatas anteriores e assumir com humildade os erros cometidos.
O inferno astral se completa com o fato de que
a política de ajuste que o governo delegou à dupla Levy-Barbosa amplia os
desajustes a curto e médio prazos e gera insegurança sobre o longo prazo.
A recessão encolhe as receitas tributárias e, tudo o mais constante,
pressiona o déficit público que se pretende combater. A elevação dos juros
promovida depois da eleição aumentou as despesas anualizadas em R$ 27 bilhões,
equivalentes a 40% da meta de superávit primário fixada para este ano!
A elevação dos juros, diga-se, ocorreu com a
economia em declínio e a inflação turbinada pela alta dos preços administrados.
Além disso, não é um aumento de 2 pontos na taxa que vai reverter a alta do
dólar. Por isso mesmo, o principal argumento para justificá-la é a deterioração
das expectativas, a mesma, aliás, que justifica o monumental aperto de crédito
e a suspensão de linhas de financiamento da atividade econômica, fator que
fecha o círculo e garante o prolongamento da contração da economia
brasileira. E não vale culpar o Congresso por tropeços do ajuste. Como
demonstrou matéria do jornal “Valor”, apenas 20% da economia fiscal pretendida
dependem de aprovação legislativa. E uma parte desse percentual certamente será
aprovada.
O programa de ajuste é só parte da
tarefa. Ficam faltando reformas que abram caminhos para o crescimento e a
reindustrialização do Brasil, sem a qual viraremos sócios-atletas do clube dos
países submergentes. Dois exemplos entre muitos outros: a implementação de uma
política de comércio exterior digna desse nome e a aceleração dos investimentos
em infraestrutura, que já eram medíocres e que vão literalmente degringolar
caso não sejam retomadas e multiplicadas as concessões e parcerias público-privadas.
Maquiavel
é sempre tentador em momentos de crise. Os petistas devem ter se conformado com
a síntese pobre de fins supostamente nobres que justificam os meios mais
perversos. Por isso chegamos a este ponto. Proponho outro trecho, que
sintetizo: o Príncipe não precisa se preocupar com conspirações quando o povo
está satisfeito. Mas, se este lhe é hostil e lhe devota ódio, então há o que
temer. Se “O Príncipe” se mostrar obra por demais complexa, sugiro, como último
recurso, a saída é ouvir a cantora
Maísa: “Meu mundo caiu” Quem sabe néh.
Alacir amei a comparação..kkkkk.realmente esse governo se encaixa direitinho na musica de Maisa temperada com o pensamento de Maquiavel
ResponderExcluirProfe querido de onde tirou essa comparação?? Bjs Mayara
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