Como
funciona a pontuação do ENEM?
No ENEM, candidatos com o mesmo número de
respostas certas podem ter resultados finais diferentes.
Por Alacir Arruda
Muitos
alunos me perguntam: “professor como calcular minha media do ENEM? Bom, isso é
um pouco complexo, mas nada que tire o
sono de ninguém. Segundo uma pesquisa feita com usuários do site Guia do Estudante,
apenas 14% dos estudantes afirmam entender muito bem como funciona a pontuação
do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). 62% entendem mais ou menos e 24% não
entendem como é calculado o resultado final.
Nos
vestibulares tradicionais, as notas são calculadas de forma de que cada acerto
vale a mesma coisa. No ENEM é diferente: candidatos com o mesmo número de
respostas certas podem ter resultados finais diferentes. Um dos objetivos desse
modelo é permitir que provas com níveis de dificuldade diferentes possam ser
comparadas.
Dentro
de cada prova do ENEM – Matemática e suas tecnologias, Linguagens, Códigos e
suas tecnologias, Ciências da Natureza e suas tecnologias e Ciências Humanas e
suas tecnologias (exceto a redação) – foram estabelecidas escalas de
proficiência. Essas escalas consideram que cada conhecimento adquirido é
necessário para avançar naquela área. Ou seja, para aprender o conteúdo B é
necessário conhecer o conteúdo A, e para aprender o conteúdo C é necessário ter
aprendido o B.
Assim,
para cada questão é esperado um determinado grau de proficiência. Ao mesmo
tempo, espera-se que quem conhece o conteúdo B tenha respondido adequadamente
uma questão sobre o conhecimento A. O objetivo disso é saber se há coerência
nas respostas dos candidatos. A coerência é um sinal de que aquele conhecimento
é sólido e que o acerto não foi apenas um “chute”.
“O
que conta não é exatamente o número de acertos, mas, sim, o padrão de resposta,
pois se procura estimar a consistência das respostas. Simplificando, podemos
afirmar que, por exemplo, um respondente que acerte vários itens considerados
fáceis e poucos difíceis provavelmente tenha acertado esses difíceis ao acaso e
sua proficiência será estimada como baixa. Em contraste, outro respondente que
acerte os mesmos itens fáceis e alguns de dificuldade média deve ter sua
proficiência estimada como média”, explica o professor Ocimar Munhoz Alavarse,
da Faculdade de Educação da USP.
Ou
seja, no cálculo dos pontos, quando há coerência nas respostas, os acertos
valem mais. Mas todas as questões respondidas corretamente contribuem com a
pontuação. Por isso é melhor responder, mesmo tendo dúvidas, do que deixar uma
questão em branco. Além disso, a nota mínima do ENEM não necessariamente é 0,
nem a máxima é 1000. Esses parâmetros são definidos de acordo com o grau de
dificuldade da prova.
O
teste do teste
O
processo de elaboração do ENEM inclui um pré-teste das questões. O INEP (órgão
do Ministério da Educação que elabora o ENEM) aplica as questões para uma
amostra de alunos com características parecidas com o do público que fará o
exame. Com os resultados, três perguntas devem ser respondidas: essa questão é
capaz de diferenciar os participantes que dominam uma habilidade e os que não
dominam? Qual o grau de dificuldade dessa questão? Qual a chance de um
participante acertar a questão por acaso? Isso define em que ponto da escala
está a questão.
As
questões que são reprovadas no pré-teste podem ser descartadas ou reformuladas;
as questões aprovadas entram em um banco de itens para serem utilizadas nas
próximas provas.
A
teoria
Por
trás desse modelo está a Teoria de Resposta ao Item (TRI). Essa teoria se
baseia em uma função que tem em um dos eixos o grau de dificuldade da pergunta
e em outro eixo a probabilidade de um candidato com aquela proficiência acertar
essa questão. O objetivo é obter resultados consistentes e comparáveis. Por
outro lado, o resultado depende de uma equação complexa e de parâmetros a que
os candidatos não têm acesso. “A TRI permite alguns refinamentos na estimativa
das proficiências de modo a discriminar melhor os respondentes, finalidade
essencial de uma prova como a do Enem”, comenta o professor Ocimar.
Esse
sistema de pontuação passou a ser utilizado pelo ENEM com a reformulação do
exame. O ENEM, inicialmente, era destinado apenas à avaliação do sistema de
ensino médio. A partir de 2009, também passou a ser utilizado para ingresso em
universidades federais, obtenção de bolsas do ProUni e como certificação da
conclusão do ensino médio.
A
TRI também é usada nas provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica
(SAEB), Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), Teste de Inglês
como Língua Estrangeira (TOEFL), Programa para Avaliação Internacional de
Estudantes (PISA), entre outras.
OOOOOO ALELUIA..ALACIR VOLTOU A ESCREVER..OBRIGADO PROFESSOR..ESTAVA SENTINDO FALTA. Raynne
ResponderExcluirverdade Ray...isso nao acontece desde 2013 quando ele nos ministrava geopolitica, lembras? Essa foi a ultima vez que ele ficou 2 meses sem publicar. Fico feliz do nosso professor predileto voltar a ativa..Valeu profe..lindo...bjs..Rafaela
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