domingo, 31 de maio de 2015

politicagem

Uma classe política de costas para a sociedade..
Por Alacir Arruda
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Após mais uma semana de péssimas noticias, a política brasileira  segue sem rumo. Como um navio à deriva a nossa política persiste naquela velha máxima: “ eu sei que a farinha e pouca , então meu pirão primeiro”.  Nessa ultima semana  assistimos discussões vazias  de um Congresso que não representa aos anseios do povo, que insiste manter um corporativismo irresponsável  e deletério,  em detrimento de ações  afirmativas que  pudesse minimizar a carga de responsabilidade da população.
O Congresso, numa tentativa desesperada de mostrar serviço, acenou com uma reforma política que nada reforma, mas dá mídia.  Isso só reforça  a  sensação de que os partidos políticos estão alheios aos anseios da sociedade.
Por acaso esta semana tive acesso a uma pesquisa qualitativa feita com centenas de grupos culturais, formados principalmente por jovens, da Baixada Fluminense no Rio de Janeiro. É uma região pobre: a maior parte de seus municípios tem índices sociais e educacionais abaixo da média nacional. E como é vista a política? Na visão de muitos jovens, e isso é preocupante, a política local é vista como barreira para seu auto-desenvolvimento: querem nos manter como que em um “curral eleitoral”, alguns disseram.
Ou seja: aos políticos locais interessa manter um estado de precariedade, no qual eles, os agentes políticos, possam ser os intermediários de verbas, de ajuda etc. Na visão desses jovens, o desenvolvimento pessoal, econômico, cultural do cidadão é visto como ameaça a um sistema político que se equilibra na troca de favores e votos.
Quando as forças políticas hegemônicas agem na Câmara para nada mudar, agem para manter o status quo; pensam segundo a lógica dos currais eleitorais. Como sair da lama assim?
Tirando o fim da reeleição, que nos faz retornar ao que era antes de 1997, e uma pífia cláusula de barreiras (que vai penalizar apenas partidos inexpressivos), a semana se encerra com votações que não mexem em nada essencial. O sistema eleitoral resta intacto e o financiamento privado de campanha foi aprovado ou “constitucionalizado” (lembrando que as medidas serão votadas ainda pelo Senado).
Depois das manifestações de junho de 2013, de uma campanha presidencial na qual os principais candidatos enfatizaram a necessidade de uma reforma profunda e das seguidas pesquisas de opinião que mostram um pico de rejeição aos partidos em geral, a Câmara não conseguiu parir, sequer, um rato. Os parlamentares não se mostraram interessados em encarar de frente a grave crise de representatividade que assola o sistema político; a nau parlamentar, fragmentada em 28 legendas, decidiu não embicar para lugar algum.
Como se a política tal qual está hoje não fosse parte do nó-Brasil. Vai desatar um dia?


domingo, 24 de maio de 2015

Brasil..sem rumo

 UM PAÍS SEM RUMO...

Por Alacir Arruda

As recentes e desastrosas medidas econômicas tomadas pela equipe técnica do Ministério da Fazenda traz à tona toda uma década de insensatez com a coisa publica promovida pelo PT. Senão vejamos, Poucos países no mundo têm tanto potencial como o Brasil, que hoje em dia está entre os que menos crescem, tanto na América Latina como no plano global. Por mais otimista que alguém queira ser com o Brasil, basta um mínimo de realismo para perceber que (quase) tudo está errado. Mas o governo Dilma insiste em não aceitar os inúmeros erros cometidos. Entre os erros, podemos citar alguns.

Um governo de mentiras e de falsas promessas, que tudo fez durante a campanha para destruir os candidatos oponentes, dizendo que eles iriam promover ainda mais recessão, aumentar o desemprego, destruir o programa Bolsa Família e acabar com os benefícios sociais. Tudo isso para provocar medo na população, em especial nos mais dependentes do setor público, que, assim, votaram em Dilma. Ainda nos lembramos das promessas de campanha: "não vai haver tarifaço", "não vou aumentar os juros", "não mudo direitos trabalhistas" e "a educação será prioridade". Em seguida, Dilma começou a fazer exatamente o contrário: aumentou as tarifas (que aumentarão ainda mais a inflação), subiu os juros (Selic), apertou o seguro-desemprego e cortou verbas para a educação (mas, no discurso de posse, lançou o slogan "pátria educadora").

Um governo de descontrole total das finanças públicas, em que não são os programas sociais os responsáveis pelo enorme déficit, mas sim três outros itens (desnecessários e inúteis), que consomem R$ 700 bilhões por ano. São eles: juros (o governo petista paga por ano R$ 270 bilhões); pessoal (mais de R$ 220 bilhões); e a máquina administrativa, que torra mais de R$ 210 bilhões por ano, com passagens, mordomias e muita corrupção.

Um governo que destrói sua indústria, que hoje em dia tem um déficit na balança comercial de mais de US$ 200 bilhões por ano, gerando emprego lá fora e muito desemprego aqui dentro, sem contar a queda de produtividade e na redução dos investimentos. Isso vem ocorrendo pelos erros nas políticas fiscal (ao não fazer a reforma tributária e ainda implementar desonerações erradas), monetária (com juros altos, pois o Brasil é o único país do mundo que só sabe combater a inflação com juros elevados, mas o mundo tem juros baixos e não tem inflação) e cambial (quer combater inflação segurando o dólar e isso desestimula as nossas exportações).

Um governo que apoia ditaduras, fazendo investimentos lá fora com recursos do BNDES, pois isto facilita a corrupção, com bilhões de dólares em paraísos fiscais.

Um governo que usa as estatais para a roubalheira (aos bilhões) e ainda defende seus dirigentes, como faz com Graça Foster, sem contar o caso do BNDES, no qual o governo já colocou mais de R$ 350 bilhões para financiar grandes grupos empresariais como o do falido Eike e a JBS, a juros subsidiados (abaixo da inflação); por isso a JBS colocou milhões na campanha de Dilma. É um toma-lá-dá-cá. Ainda na semana passada, Dilma ordenou que BNDES e BB financiem a empresa Sete Brasil, parceria da Petrobras. Mas, no discurso de posse de Levy, ele teria dito que acabaria com os "amigos do rei" (leia-se Lula).

Enfim, não temos o que comemorar em 2015 e infelizmente há chance de mais quatro anos perdidos. Por isso, alguns petistas (padrão Marta) já estão pulando do barco e dizendo "ou o PT muda, ou acaba". O barco petista está afundando, principalmente nos próximos meses, com a Operação Lava Jato. É só aguardar. Solução? Só o povo nas ruas.




domingo, 3 de maio de 2015

anarquia instalada

PT, o Partido dos Toscos, e a “elite” de Pandora

Por ALEX ANTUNES - Yahoo

De uma só tacada, o congresso está atacando direitos de vários tipos: sociais (redução da maioridade penal), trabalhistas (liberação mais ampla de terceirização, afouxamento da lei contra trabalho escravo), alimentares (fim da obrigatoriedade do registro da presença de transgênicos em produtos industriais), de biodiversidade (afrouxamento das regras no marco legal, facilitando para a indústria e o agronegócio a exploração do patrimônio genético e de conhecimentos de comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais).
Sem entrar no mérito de cada área (é possível, por exemplo, alguém considerar positivas algumas formas de terceirização e ao mesmo tempo repudiar o uso sigiloso de transgênicos), dá sim para se enxergar uma “onda de direita” nessas iniciativas. Mas o que leva a isso, se estamos no terceiro mandato de presidentes de um partido (supostamente) de esquerda, e há meros seis meses da última eleição presidencial?
Ou, em outras palavras, o que levou a presidência a uma paralisia tal em que o congresso pinta e borda uma pauta adversa, impondo seguidas derrotas ao governo? A resposta mais simples é de que esse “é o congresso mais conservador” em muito tempo, dominado pela bancada BBB (bala, boi e bíblia) etc etc. Ora bolas. Mas esse congresso foi eleito pela mesma população que elegeu e reelegeu várias vezes o PT no executivo.
Na verdade, podia ser até pior. A oposição e a base predadora só não estão aproveitando melhor a brecha política porque estão batendo cabeça. No PMDB o presidente da câmara Eduardo Cunha em choque com o do senado, Renan Calheiros, e o vice-presidente e articulador político do governo Michel Temer tentando se equilibrar entre os dois. No PSDB, Aécio Neves tendo que controlar sua adesão à direita social (que quer o pedido de impeachment) contra Fernando Henrique, Geraldo Alckmin e José Serra que, por razões diversas (de éticas a oportunistas), acham que não há (ou ainda não há) justificativa política para o pedido.
Esta semana foi peculiar. O choque de Renan contra Cunha, Temer e Dilma se acirrou. O Supremo Tribunal Federal liberou, por 3 votos a 2, os empreiteiros presos (atrapalhando a tática do juiz Moro de forçar delações premiadas) no caso do Petrolão. Uma investigação sobre tráfico internacional de influência chega a Lula (e o senado quer derrubar o sigilo das operações de empréstimos no exterior do BNDES, o que tem tudo a ver com o caso).
Marta Suplicy abandona oficialmente o PT mas quer manter o mandato acusando o partido de corrupção. O balanço publicado da Petrobrás confirmou e mensurou os valores da corrupção na empresa. E, finalmente, Dilma resolve não falar em tempo real no 1º de maio (contra a opinião do PT). Mas Lula, depois de veicular um vídeo bizarro de ginástica, fala – e faz ameaças, passando recibo não só de que o governo Dilma vai mal, como o de que se sente (finalmente) ameaçado pelas investigações. Não daria para descrever essa conjuntura em poucas palavras, a não ser “todos contra todos”.
Acontece que vale a pena sim fazer algumas leituras e distinções. E descobrir quem “abriu a porteira” para tal direita no Congresso. Há quem diga que é injusto a maior parte da culpa política cair sobre Dilma, enquanto Eduardo Cunha e Renan Calheiros não deixam esquecer seu histórico de picaretagem, e gente como o governador do Paraná, Beto Richa, do PSDB, massacra professores em greve.
Mas há uma justiça política, sim, em que o PT leve a maior parte da culpa pela crise. Ao procurar, nesses quatro mandatos, montar uma base com o que há de pior e mais fisiológico na política nacional, para evitar as elites “tradicionais”, o PT criou e empoderou uma elite pior ainda. Lá atrás, antes da primeira presidência petista, dá para lembrar a disposição de Lula em trabalhar com uma bancada evangélica. Aqui há um artigo interessante (insider evangélico, de 2006), explicando como e com quem esses acordos foram costurados, incluindo até Silas Malafaia.
Esse arco de alianças, que se completou agora com a ida de Katia Abreu para o ministério da Agricultura de Dilma, explica quem gestou esse “congresso mais conservador”. Na verdade, ao abrir mão de negociar com as “elites” mais próximas do PSDB (como tinham mesmo que ser) e procurar sua própria interlocução conservadora, o PT empoderou os setores marginais dessa elite, e abriu a caixa de Pandora que agora o vitima. O PT é o fiador da bancada BBB.
Evidentemente essa transformação oportunista do PT não se deu sem atrito. Muitos dos intelectuais e militantes éticos que passaram por lá entraram em rota de colisão com a burocracia partidária, principalmente depois que o partido chegou ao poder federal. Mas para cada Plinio de Arruda Sampaio que se perdeu, havia dezenas (ou centenas) de figuras como Delúbio Soares, um picareta sindical conhecido em Brasília por mostrar o conteúdo de sua geladeira aos amigos que o visitavam, para mostrar seu enriquecimento.
E, por falar em enriquecimento. Uma nota de pé de página, mas sintomática, é da visão “negocial” de quem agora está no poder. Eduardo Cunha, como diz o El País, é o “dono de Jesus na internet”: investe em deter quase 300 endereços virtuais como jesusfacebook.com.br, jesusgmail.com.br, jesusyoutube.com.br e, claro, jesusyahoo.com.br (risos). O ex-deputado André Vargas (foto), expulso do PT e do congresso, foi vender “perfumes alternativos” (falsos) da Up Essence, que tem funcionamento ilegal de pirâmide financeira. E Dilma, é sempre bom lembrar, faliu sua própria loja de 1,99 em 1996.
Marta Suplicy, com todos os seus defeitos, tem razão quando diz que, como socialite e figura de televisão, teve seu papel em abrir diálogo entre o PT e as “elites” produtivas. Mas Marta, personagem importante em São Paulo (e com uma densidade eleitoral real), foi afastada das disputas eleitorais por Lula, que sempre pensou em si mesmo como um genial marqueteiro político. E que (ao contrário do que disse no discurso de 1º de maio) é o grande responsável por tudo que está acontecendo, e não apenas alguém “quieto em seu canto”.
Na campanha eleitoral presidencial, outra figura da “elite” mais tradicional, porém ética, a educadora Neca Setúbal, foi usada mentirosamente para atacar a campanha da (ex-petista) Marina Silva. Sempre com o aval e o reforço de Lula. Mas é desse tipo de “representante dos bancos”, como o PT chamou Neca, que precisamos: alguém que usa sua fortuna para atuar, por exemplo, no ambiente de prisões. E não desse Partido dos Toscos, responsável principal pela confusão nacional, em que o PT se transformou.