Uma classe política de costas para a sociedade..
Por Alacir Arruda
Após mais uma semana de péssimas noticias, a política
brasileira segue sem rumo. Como um navio
à deriva a nossa política persiste naquela velha máxima: “ eu sei que a farinha e pouca , então meu pirão primeiro”. Nessa ultima semana assistimos discussões vazias de um Congresso que não representa aos
anseios do povo, que insiste manter um corporativismo irresponsável e deletério, em detrimento de ações afirmativas que pudesse minimizar a carga de responsabilidade
da população.
O Congresso, numa tentativa desesperada de mostrar
serviço, acenou com uma reforma política que nada reforma, mas dá mídia. Isso só reforça a sensação de que os partidos políticos estão
alheios aos anseios da sociedade.
Por acaso esta semana tive acesso a uma pesquisa
qualitativa feita com centenas de grupos culturais, formados principalmente por
jovens, da Baixada Fluminense no Rio de Janeiro. É uma região pobre: a maior
parte de seus municípios tem índices sociais e educacionais abaixo da média
nacional. E como é vista a política? Na visão de muitos jovens, e isso é
preocupante, a política local é vista como barreira para seu auto-desenvolvimento:
querem nos manter como que em um “curral eleitoral”, alguns disseram.
Ou seja: aos políticos locais interessa manter um
estado de precariedade, no qual eles, os agentes políticos, possam ser os
intermediários de verbas, de ajuda etc. Na visão desses jovens, o
desenvolvimento pessoal, econômico, cultural do cidadão é visto como ameaça a
um sistema político que se equilibra na troca de favores e votos.
Quando as forças políticas hegemônicas agem na
Câmara para nada mudar, agem para manter o status quo; pensam segundo a lógica
dos currais eleitorais. Como sair da lama assim?
Tirando o fim da reeleição, que nos faz retornar ao
que era antes de 1997, e uma pífia cláusula de barreiras (que vai penalizar
apenas partidos inexpressivos), a semana se encerra com votações que não mexem
em nada essencial. O sistema eleitoral resta intacto e o financiamento privado
de campanha foi aprovado ou “constitucionalizado” (lembrando que as medidas
serão votadas ainda pelo Senado).
Depois das manifestações de junho de 2013, de uma
campanha presidencial na qual os principais candidatos enfatizaram a
necessidade de uma reforma profunda e das seguidas pesquisas de opinião que
mostram um pico de rejeição aos partidos em geral, a Câmara não conseguiu
parir, sequer, um rato. Os parlamentares não se mostraram interessados em
encarar de frente a grave crise de representatividade que assola o sistema
político; a nau parlamentar, fragmentada em 28 legendas, decidiu não embicar
para lugar algum.
Como se a política tal qual está hoje não fosse
parte do nó-Brasil. Vai desatar um dia?
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