" A ÚNICA CONCLUSÃO É A MORTE!"
(Fernando Pessoa)
Por Alacir Arruda
Alguém certa vez me disse: "Alacir, a falta de sono nos faz delirar(....) " Sou prova disso, pois as 04h00 da madrugada resolvi plagiar o maior poeta da Língua Portuguesa Fernando Pessoa. Porque acredito que essa frase é, absolutamente, Schoperaureana - Nitiana, e como admirador desses dois filósofos resolvi refletir.
Para que verdades? Conclusões? Aliás, por que precisamos sempre explicar as coisas, os fatos? E o imponderável? Onde ele reside? Talvez esteja ai a grande responsável pelas nossas angustias e frustrações. A nossa incapacidade de lidar com as limitações inerente a nossa espécie e a certeza de que carregamos um “cadáver” em nossas costas nos eleva a uma espécie de “cegueira branca” (aquela do Saramago), em que preferimos fingir de cegos a encarar a única conclusão da vida, a morte!
Ate as malfadadas religiões (e aqui não poupo nenhuma) tentaram nos ludibriar com elucubrações e delírios como a existência de “deuses, céu, paraíso vida eterna” entre outras insanidades, porém, o objetivo final de toda essa celeuma é nos aliviar da certeza de nosso fim. Uma pergunta paira no ar: "Por que queremos a vida eterna?" Qual o objetivo em continuar a viver, mesmo que no plano espiritual? Talvez Freud EXPLIQUE.
Segundo o criador da psicanálise, “Nós, criaturas civilizadas, tendemos a ignorar a morte como parte da vida...no fundo ninguém acredita na própria morte, nem consegue imaginá-la. Uma convenção inexplícita faz tratar com reservas a morte do próximo. Enfatizamos sempre o acaso: acidente, infecção, etc., num esforço de subtrair o caráter necessário da morte. Essa desatenção empobrece a vida...”.
Schopenhauer (1788-1860) pontua que certas religiões ou filosofias não preparam o homem como de fato seria necessário, assim por vezes o mesmo apresenta conceitos que o tornam inseguro. “É, de fato, uma coisa questionável imprimir precocemente no homem, nesse assunto tão importante, conceitos fracos e insustentáveis, e assim torná-lo para sempre incapaz de admitir o que é mais correto e seguro.” (Schopenhauer, 1788-1860,p.60).
Nietzsche ( 1844-1900), afirma que o cristianismo promete vida eterna aos que souberem viver bem a vida, alimentando uma falsa esperança de um mundo ilusório, aquilo que ele de chama de “morte covarde”. Para fundamentar sobre as conseqüências da morte não livre, Nietzsche faz menção à lembrança inerente ao homem do “foi assim”, considerado por ele como a causa de todo o sofrimento humano, sendo este submetido ao tempo que passa, perdendo a possibilidade de mudança da realidade. O homem não tem noção real de tempo, sendo acometido à morte que “parece ser um acidente que assalta”.A morte surge, para essas pessoas, como uma fatalidade.
Filósofos à parte, CONTINUEMOS a nossa reflexão sobre a incapacidade humana em lidar com sua finitude.. Talvez o capitalismo, cada vez mais selvagem e individualista, seja uma das conseqüências desse nosso temor, pois ao apegarmos a bens materiais, nos auto-afirmarmos nesses produtos a ponto de torná-los a nossa razão de existir. Senão vejamos, um individuo que hoje possui uma Ferrari, essas de ultima geração, acaba por perder seu nome e sua identidade enquanto ser, ele passe a ser o “fulano da Ferrari” e assim segue com outras marcas de destaque. Certa vez ao entrar em uma loja de departamento ouvi a vendedora chamando por uma cliente que estava saindo: “ senhora!..senhora!....É a senhora mesmo da Louis Vilton....A senhora esqueceu a sua identidade aqui no caixa (..) Detalhe, ela esteva com a identidade da senhora na mão, por que nao a chamou pelo nome?
Por isso eu insisto:... "A única conclusão que existe é a morte". Aceite-a!!!!!
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Kibom que voltou a escrever Alacir. Que texto intrigante, vivemos nesse mundo tão boçal então? Obrigado por continuar ao menos escrevendo.Saudades - Sonia
ResponderExcluirOi Alacir. Importante reflexão. A mulher foi chamada pela marca que usava e não pelo nome. Realmente somos educados para o consumismo.
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