sexta-feira, 5 de setembro de 2014

crise de valores

Brasil: crise de valores


Por Alacir Arruda

O Brasil tem mergulhado nos últimos anos numa crise ética sem precedentes. Esse caos social que assola o país tem razões explicitas. A corrupção solta e o desvio de dinheiro público há muito deixou de ser uma vergonha nacional para se transformar em vexame mundial, que o diga recente publicação do jornal inglês Daily Mail.. O deboche da classe política para com o povo transcende as imensas filas dos SUS ou o sucateamento da escola publica, ele afeta sobremaneira, a auto estima do cidadão. Essa crise ética acaba por desvelar uma “ sacanagem”, com o perdão da palavra, quando o discurso de palanque é mascarado e revelado no ato do exercício de poder. Poder esse delegado por nós que votamos, sempre com as velhas desculpas de jogar a culpa em quem precedeu quando chegou ao governo. Alguém sempre é culpado, menos quem está no poder. A população brasileira cansou deste jogo de palavras. Este jogo que não possui cara partidária, diga-se de passagem. Parece que todos jogam no mesmo time e estudaram na mesma escola da mamata que lhes ensinou que o poder corrompe.

A sociedade brasileira reage. Rolezinhos, luta por transporte de qualidade e escolas de qualidade estão no horizonte de uma sociedade que em julho de 2013 resolveu dizer um basta. Um Brasil que escancarou seu sistema prisional e a degradação humana das prisões brasileiras. Entra governo e sai governo e o discurso é sempre o mesmo. Os frutos todos nós conhecemos. O Presídio Central em Porto Alegre e Pedrinhas no Maranhão são chagas sociais de um estado que cria a marginalização e não sabe o que fazer com ela.

Podemos falar ainda do estado paralelo de direito chamado narcotráfico. A droga está presente e vendida em todos os andares sociais. O crack deixou de ser um produto a ser consumido pela classe menos favorecida, há muito tempo. Vivemos tempo delirantes de um país que acabou de receber uma Copa do Mundo , cujas autoridades não perceberam ainda qual é a verdadeira copa a ser ganha; Hospitais, saúde pública de qualidade, educação e valorização do magistério. Formação séria para uma juventude que está desejosa de ingressar no mercado de trabalho. Sem falar no emblemático problema da segurança. E a saúde?

Emilé Durkheim, um dos fundadores da Sociologia, definiu no final do  Século XIX  aquilo que ele chamou de anomia social. Uma nação sem regras e sem ética sempre será tutelada pelo caos. Estamos em 2014. Durkheim era profeta? Não, apenas um pesquisador atento as mudanças de uma sociedade dinâmica. Aqui, enquanto milhões adoram ver futebol e votar no próximo paredão do Big Brother, outras pessoas se organizam porque é direito ético achar as melhores formas de luta contra a corrupção. 

Uma nova eleição está aí, e a pergunta que não quer calar; “algo mudará?”. O caos social no qual o Brasil está mergulhado esta no centro destas discussões. A quem escutar? Os velhos senhores cuja palavra já a conhecemos há muito tempo? Caminhos alternativos? Quais? A verdade é que, queremos e exigimos como nação soberana, ética na política, mas somos omissos. O povo esta cansado de palavras fáceis e de promessas que cheiram a “enrolação”, agredindo nossa inteligência e sensibilidade e o primeiro passo para que isso ocorra reside na efetiva participação.


Um comentário:

  1. Alacir, essa crise de valores não esta apenas circunscrita ao meio politico..O que há hoje no Brasil é uma inversão total de valores. No Japão ate o Imperador se curva para qualquer professor, aqui nos matamos eles..Abs. Miguel (seu fã)

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