BRASIL: UMA INVERSÃO TOTAL DE VALORES
Por Alacir Arruda
Como
filósofo, sociólogo e cientista político sou a favor da secessão individual, ou seja,
“porcamente explicando”, que cada um seja sua própria nação se assim quiser.
Contudo, o que temos atualmente é um país, no qual todos somos
obrigados a fazer parte. Bem, a partir do momento que há essa obrigação e que
não há possibilidade de secessão, ou sequer uma perspectiva de longo prazo,
precisamos pelo menos viver em uma nação minimamente digna.
Infelizmente
o Brasil é o contrário do que podemos chamar de “nação digna”, pois os valores
essenciais para a convivência civilizada foram esquecidos e substituídos por
arremedos de valores.
No
Brasil atual a ética e a moral estão de tal maneira distorcidas que indivíduos
viram heróis por fazerem nada além de suas estritas obrigações, como Joaquim
Barbosa ao comandar o Supremo exigindo punição aos corruptos, ou Sergio Moro
por colocar políticos criminosos na cadeia. Ora, essa é uma das obrigações deles
como juízes que nada fizeram além de cumprir
a Lei. Porém, no país da malandragem e onde os conchavos substituíram o
trabalho honesto e a integridade moral, um ato de responsabilidade pode até
parecer de extrema coragem.
Vemos
o sucateamento da moral e da ética, por exemplo, em discursos contraditórios do
dia a dia, como: “você viu que X achou um celular e devolveu para o dono?”,
“Nossa, quanta honestidade, está certo, tem que devolver…”, “Você devolveria?”,
“Eu não, pois achado não é roubado”. É o império da hipocrisia.
A
honestidade causa espanto, enquanto os crimes não chocam mais. A desonestidade
e a malandragem viraram parte comum do cotidiano do brasileiro. Já admitimos
abertamente votar em candidatos “menos
piores”, ou até “que roubam menos”, pois junto com esse
sucateamento da nação, vem a desesperança e até certo comodismo, ou preguiça de
mudar algo. “Deixa como está. Não está bom, mas não está tão ruim”.
Quem
busca ter uma vida honesta é considerado “trouxa” no Brasil. Fez o trabalho da
escola, ou universidade, corretamente e sem “encheção de lingüiça”, nem o copia
e cola da internet? Trouxa! Devolveu o dinheiro que viu cair do bolso de outra
pessoa? Trouxa! Claro, que esse “trouxa” é sempre acompanhado de uma expressão
de espanto pela “boa ação”, que não passa de cumprir com sua obrigação moral
e/ou ética.
Não
tentar levar vantagem sobre tudo e todos causa espanto e gera desconfiança,
afinal, “o que você está querendo sendo tão honesto assim?”. Houve uma
flagrante inversão, onde a desconfiança recai sobre o indivíduo honesto,
enquanto o desonesto é até encorajado.
Estamos
produzindo falsos heróis, baseados no espanto e aversão à responsabilidade,
honestidade e integridade, causados pela carência de valores concretos e não
relativizados de açodo com o que for conveniente, mas também por um projeto de
sucateamento desses valores, que iniciou há mais de 60 anos, no Brasil, e
atualmente está em seu auge.
Setores
fundamentais da sociedade como educação, cultura, acesso a informação,
jornalismo e mídia, saúde, política, etc, passaram (e ainda passam) por um
processo de domínio e aparelhamento ideológico, advindo de um projeto de
doutrinação em ampla escala, consideravelmente atuante desde os anos 50 do
século XX, que tem por objetivo coletivizar e alienar as consciências
individuais, destruir o próprio indivíduo e sucatear os valores éticos, morais
e cívicos, transformando os cidadãos em uma grande massa burra, distorcida e
que acha Valeska Popozuda uma grande pensadora moderna, enquanto chamam: Mises, Hayek, Hoppe, J. O. de Meira Penna e
tantos outros, de “velhos”, “coxinhas reacionários” e “elitistas”; que chamam
MC Gui de gênio e Beethoven de “chato”, “ultrapassado” e “coisa de burguês,
pois povão gosta é de funk”.
Nada
contra os gostos individuais, pois cada um tem o direito à individualidade.
Contudo, não posso deixar de observar o sucateamento promovido pelo projeto
citado e que está diretamente relacionado com a disseminação desses gostos
individuais como parâmetros do “bom gosto”, da “modernidade” e da
construção/definição de uma cultura nacional e de valores distorcidos,
seletivos e contraditórios.
Dizer o quê? Parabens Alacir.
ResponderExcluirVOCÊ VISLUMBRA ALGUMA SAÍDA ALACIR? Pamela-DF
ResponderExcluirExcelente leitura, desde que passei a seguir e ler este blog não passo mais tempo na frente da televisão que só apresenta desinformação!!! SD Figueiredo. Cuiabá-MT
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