" O SER HUMANO SE FRUSTA DUAS VEZES NA VIDA, PRIMEIRO QUANDO TENTA SER ALGUÉM E NÃO CONSEGUE E A SEGUNDA, QUANDO CONSEGUE"
(Oscar Wilde)
Por Alacir Arruda
Uma coisa sempre me incomodou desde a infância. Por que nunca estamos contentes com o que temos? O que somos, ou aquilo que tornamos? Por que estamos sempre em busca de algo? Não quero aqui buscar explicações sobrenaturais ou entrar no campo religioso, pois essa é uma seara que não me aventuro. Logo, vou mergulhar no pensamento de Oscar Wilde, o grande escritor Irlandês, que viveu a transição do século XIX para o XX, e foi perseguido, torturado e preso por ser uma pessoa à frente de seu tempo e que é o autor da frase que da nome esse texto.
A filosofia também nos ajuda a tentar entender esse mistério. Schopenhauer , o grande filósofo pessimista alemão que morreu no seculo XIX, em sua obra: "O Mundo como Vontade e Representação", é categórico ao afirmar que o homem é um cego, pois esta sempre em busca de algo que não existe, "a felicidade". Schopenhauer, que depois iria influenciar Nietzsche e até o próprio Freud, dizia ainda que a nossa consciência vive uma ilusão interna de sensações bucólicas e passageiras, e como o ser humano não consegue traduzir essas sensações, costumamos chamá-las de "felicidade". Mas é um truque, segundo ele, que a consciência utiliza para manter viva uma coisa fundamental em nossa espécie, "a esperança". Na verdade, Schopenhauer dirá nessa obra que somos fantoches frente à nossa consciência, pois somos absolutamente manipulados por ela e, nesse contexto, sobra nos apenas a Moral; que funciona como uma espécie de "juiz interno" frente aos desejos, sempre espúrios, da nossa mente.
Voltemos a Oscar Wilde. Esse importante escritor, que viveu na era pós vitoriana numa Inglaterra permeada por preconceitos e perseguições, é autor de uma das maiores Obras Primas da literatura inglesa: |" O Retrato de Dorian Gray", nessa obra o escritor mergulha nas insatisfações do personagem central da trama, Gray, que vive uma luta interna com sua aparência e usa um espelho para externar toda essa insatisfação. Dorian Gray, no texto , é autor de uma frase que marca a obra de Wilde: "julgo os meus amigos pela aparência e o inimigos pelo intelecto", talvez esteja ai um dos grandes dilemas humanos, a inveja. Caim matou Abel, segundo o mito cristão, por inveja. Davi , que foi o segundo Rei de Israel após Saul, fez uma sacanagem sem igual com um dos seus comandados Urias, O mandou para a morte com interesse em sua mulher Betsabé, após isso casou-se com ela e a mesma ainda gerou o herdeiro do trono, mesmo bastardo, Salomão. Desses dois casos podemos extrair alguns sintomas da insensatez e infelicidade humana. Ora, se a máxima de Oscar Wilde estiver certo: "A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre", a mediocridade tem sido, e será a grande e inseparável companheira de grande parte da humanidade.
Enfim, esse é o ser humano. Nunca está contente, vive uma ilusão e tenta administrar insatisfações e invejas recorrentes. Nesse contexto, a vida tem se tornado cada vez mais, algo muito importante para ser levada a sério. A solução é viver de forma intensa cada momento que, apesar de serem efêmeros, é o que nos resta, viver, mesmo ciente de que: "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe".
oi, professor , é bem isso as pessoas estão a cada dia mais insatisfeitas, Freud escreveu o livro sobre o mal estar da civilização , mostrando exatamente isso
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