ENEM 2017: MAIS UMA ETAPA DA VERGONHA ALHEIA.
Por Alacir Arruda
É......, mais um ano, e segue a saga dos nossos alunos no intuito de serem aprovados em boas instituições de ensino, porém, entretanto e todavia, um fantasma os perseguem, o ENEM. Esse exame foi criado em 1998 ainda durante o governo FHC, não com o objetivo de aprovar alunos em universidades ou substituir os ultrapassados e desiguais vestibulares, mas sim com o intuito de se obter uma referência quanto ao aproveitamento do nosso educando egresso do ensino médio, ou seja, seria um medidor de aprendizado. Entretanto, nos últimos 19 anos, esse exame foi fruto de uma serie de intervenções, sobretudo politicas. Aquilo que foi criado para medir conhecimento e ajudar a criar referenciais de melhorias para o Ensino Médio, se transformou, nesse período, no maior vestibular do mundo com mais de 8 milhões de inscritos por ano. O ENEM é a unica saída para os menos favorecidos conseguirem galgar alguns degraus na vida, uma vez que ele abre portas para algumas das politicas públicas de inclusão do governo federal como Fies, Pro Uni entre outros, a pergunta que não quer calar é: por que ele não tem atingido seus objetivos?
Ora, educação no Brasil, como já disse em outros artigos, é um negócio e, como tal, é tratada. Como quem controla todo esse imbróglio é o capital $$$$, o vil metal, todas as propostas ou incrementos de melhorias ao modelo ai instalado passa, inevitavelmente, pelo crivo desses senhores (Krótom, Anglo, Abril, Objetivo, Coc, Poliedro etc) , que poderíamos também chamá-los de "modernos senhores de escravos". Esses grandes grupos internacionais se apossaram do nosso sistema educacional e o MEC, que deveria traçar as diretrizes e fiscalizá-los, se transformou no grande "bobo da corte". Educadores, alguns até renomados, como aqueles que compõe o CNE, (Conselho Nacional de Educação), ficam em Brasilia "batendo palmas para louco dançar," uma vez que ninguém os respeitam. Suas resoluções são motivo de piada pelos verdadeiros controladores do sistema, eles sim, acabam fazendo aquilo que mais retorno financeiro possam lhes possam render.
Por exemplo, segundo a nossa Constituição: a educação no Brasil deve ser gerida e coordenada pelo Estado Brasileiro, que abre exceção, visto a sua incapacidade de atender toda a demanda, às escolas privadas com o objetivo de ampliar o numero de vagas, porem, essas escolas deveriam cumprir e seguir as diretrizes previstas pelo MEC, principalmente no que tange à Base Curricular Nacional, que são quelas disciplinas que o MEC julga como obrigatórias como por exemplo filosofia e sociologia. O que assistimos na prática não e bem isso, as disciplinas de humanidades são preteridas, o que temos é um excesso de Matemática e Ciências da Natureza em detrimento das humanas e linguagens. Bom, não vou entrar no campo teórico muito menos discutir se A é melhor que B, apenas gostaria de abrir um questionamento: O QUE BUSCA O ENEM? Não é um aluno que possua uma visão holística de mundo, que consiga sair de situações problemas a partir de um raciocínio critico apurado? Se é esse o perfil do aluno que o ENEM busca é evidente que essas escolas estão na contra-mão desse exame. Se o quadro de horários dessas escolas assinalam 6 aulas de matemática, 5 de física, 5 de química, 4 de biologia em contrapartida, 3 de historia, 3 de geografia e, pasmem, apenas 2 de sociologia ou filosofia, isso quando tem. Voltemos ao perfil esperado pelo ENEM. Como um aluno vai adquirir visão crítica de mundo, uma vez que as únicas disciplinas que podem auxiliá-los nisso são discriminadas pelas escolas brasileiras. Está ai a resposta do porquê os nossos alunos fracassam e nada sabem sobre ENEM, na verdade nem as escolas sabem.
Quando falo isso, digo de cadeira. Fui professor e coordenador de grandes cursinhos pré vestibulares em SP e RJ por mais de 15 anos e , quando era coordenador, por varias vezes fui interpelado pelos "donos" desses cursinhos para que priorizasse, nos quadros de horários, as disciplinas da área de exatas como Matemática, Física, Química e Biologia e quando argumentava não haver mais disponibilidade de horários, eles mandavam eu diminuir uma aula ou duas aulas de historia, Filosofia, Sociologia ou literatura que, na visão daqueles anencéfalos, para nada serviam. Ora, com 6 aulas de matemática e física por semana e apenas 1 de filosofia, literatura ou sociologia; "como um aluno terá uma visão holística ou critica de mundo?" O resultado disso? É fácil ver esta ai, até cego enxerga a falta de visão desses grupos. Pesquisem quantos alunos conseguem 800 pontos no ENEM? Ou 980 pontos de redação no Brasil? Posso garantir, não chegam a 5 mil, de um total de 8 milhões, isso prova que esse modelo além de ultrapassado é nocivo ao aluno. É vergonhoso.
Qual a saída? Eu sei mas eles não querem ouvir....
Contato: agaextensao@gmail.com
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