O CASO PETROBRÁS: ATÉ QUANDO??
Por Alacir
Arruda
Que temos a síndrome de Vira-latas, como dizia Nelson Rodrigues, que parte do principio de que "bom é o que vem de fora", disso ja sabíamos, porém, as denúncias contra a Petrobras levantadas recentemente pela
Revista Veja no caso em que a estatal brasileira comprou a Refinaria de
Passedena na California – EUA com valores Hiper-faturados com a anuência de
toda a cúpula do Governo Lula, inclusive Dilma Roussef Ministra Chefe da Casa
Civil à época, mais uma vez expõe a fragilidade ética do governo PT. Ela que foi considerada um dos maiores orgulhos
nacionais, símbolo da iniciativa e do esforço do povo brasileiro em buscar sua
independência energética. Contudo, o atual governo tem transformado este
outrora símbolo em uma “fábrica” de má administração, corrupção e incompetência
gerencial, vindo até mesmo a comprometer este patrimônio nacional. Tal gerência
desastrosa fica evidenciada categoricamente na perda de valor em bolsa das
ações da empresa.
A lista de
fortes suspeições que paira sobre a Petrobrás inicia-se com um dos maiores
escândalos já vistos na gestão de uma empresa estatal. Trata-se da operação
relativa a compra e a venda de refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos.
Ao todo, a
Petrobras pagou US$ 1,18 bilhão, em duas etapas, para comprar uma refinaria que
custou US$ 42,5 milhões à sua agora ex-sócia - quase 28 vezes menos.
Especialistas
internacionais no mercado de petróleo que acompanharam a operação em diferentes
estágios chegam mesmo a afirmar que o valor de mercado da refinaria texana, de
baixa complexidade, é muito menor do que o valor gasto pela Petrobrás para a
obtenção do controle. Para alguns, com base em casos similares, poderia chegar
a incrível soma de um décimo do que foi pago!
Uma boa
simulação sobre o caso referente a refinaria de Pasadena pode ser feita com a
refinaria americana Trainer, também para óleo leve, comprada em 2012, pela
Delta Airlines por US$ 150 milhões. A refinaria processa 85% mais óleo do que a
de Pasadena. A Delta ainda recebeu US$ 30 milhões em incentivos do governo para
fechar o negócio com a ConocoPhilips. Ora, a operação da Delta Airlines revela,
com dados de mercado, o quão danosa foi a operação de Pasadena.
Vamos aos
fatos. No início de 2005, a
refinaria Pasadena Refining System, de Pasadena, no Texas, foi adquirida pela
empresa belga Astra Oil Company, pela quantia de US$ 42,5 milhões; em setembro
de 2006, a
Astra alienou à Petrobras 50% da refinaria mediante o pagamento de US$ 360
milhões, ou seja, vendeu metade da refinaria por mais de oito vezes o que
pagara pela refinaria inteira, um ano e meio antes. Obviamente, não seria de
estranhar, por conseguinte, que a Astra Oil Co. pretendesse vender os 50% que
permaneciam no seu patrimônio. Incrivelmente, após realizar esta operação o
controlador belga descreveu em seu balanço como "um sucesso financeiro acima de qualquer expectativa razoável".
Ocorre que,
em uma situação extremamente nebulosa e repleta de ações de caráter duvidoso
que precisam ser esclarecidas, a Astra ajuizou ação contra a Petrobras e nela a
Petrobras teria sido condenada e, mercê de acordo extrajudicial, pagou à Astra
US$ 820 milhões, pondo fim ao litígio. Somadas as duas parcelas, US$ 360
milhões em setembro de 2006 e US$ 820 milhões em junho de 2009, a Astra Oil Co.
embolsou da Petrobras US$ 1,180 bilhão por uma refinaria que em 2005 lhe
custara US$ 42,5 milhões.
Tal situação
completamente fora dos padrões de mercado viola todos os princípios básicos de
economia e direito, mesmo que se tratasse de uma operação inteiramente privada.
Contudo, o que realmente deve-se destacar aqui é que a Petrobrás pertence ao
povo brasileiro e foi envolvida em uma operação em que foi tratada como um
“objeto de pilhagem”, onde constatamos uma analogia com táticas de “piratas”
modernos que se arvoraram no direito de se utilizarem da coisa pública a seu
bel-prazer e interesses escusos.
De fato, não
é possível presumir que representantes de uma das maiores empresas do país, com
ampla experiência internacional pudessem vir a entrar em tal operação sem ter
ciência da realidade dos fatos. Dada a
gravidade é preciso repetir detalhadamente os fatos para que se tenha noção do
que ocorreu. De uma refinaria adquirida por US$ 42,5 milhões, em 2005, 50% dela
no ano seguinte foi alienada por US$ 360 milhões e os outros 50% também
transferidos à Petrobras mediante o pagamento de US$ 820 milhões; somados os
dois pagamentos, vale a repetição, atingem a US$ 1,180 bilhão.
A história
torna-se ainda mais alarmante quando se tem ciência de que tal operação foi
aprovada pela mais alta instância decisória da Petrobras, qual seja, seu
Conselho de Administração, na época presidido pela atual Presidente Dilma
Rousseff. A Lei 6.404, de 1976, conhecida como Lei das Sociedades Anônimas deixa
clara a importância daquela instância na gestão das empresas e da
responsabilidade associada ao exercício da presidência do Conselho de
Administração.
Em nota, a
presidência informou que a Presidente Dilma apoiou a compra da refinaria com
base em um resumo executivo elaborado pelo diretor da área internacional da
Petrobras que trazia "informações incompletas"! Não poderia haver
confissão mais clara de que existe algo muito errado na aquisição da refinaria
de Pasadena. Tal afirmação, por si só, justiça a instalação da CPMI. E a nota
vai além; em uma pífia justificativa, afirma: "posteriormente, soube-se
que o resumo era técnica e juridicamente falho, pois omitia qualquer referência
às cláusulas" que, "se fossem conhecidas, seguramente não seriam
aprovadas pelo Conselho". Ora, fica claro que somente a investigação por
parte de uma CPMI pode desvendar esta inexplicável história. Nunca devemos
esquecer que é princípio basilar da administração pública o fato de que todo
agente público pode delegar competência, mas não se eximir de responsabilidade.
Não bastasse
o fato descrito anteriormente, a Petrobras encontra-se também envolvida em
investigação de um esquema de corrupção que movimentou mais de 250 milhões de
dólares em pagamento de propina.
Em 10 de
abril de 2012, a
empresa holandesa SBM Offshore, a maior fabricante de plataformas marítimas de
exploração de petróleo do mundo, iniciou uma investigação interna para apurar
denúncias de que funcionários de suas subsidiárias pelo mundo corrompiam autoridades
para conseguir contratos com governos e empresas privadas, entre 2007 e 2011.
Há algumas semanas, as conclusões da investigação foram tornadas públicas. Os
documentos mostram que houve pagamento de propina em Guiné Equatorial ,
Angola, Malásia, Itália, Cazaquistão, Iraque e no Brasil, onde funcionários e
intermediários da Petrobras teriam recebido pelo menos 30 milhões de dólares
para favorecer contratos com a companhia holandesa.
Os
documentos, segundo a investigação, foram divulgados por Jonathan Taylor,
ex-funcionário do escritório da SBM em Mônaco, que deixou a empresa em 2012 e
pediu 3 milhões de euros para não revelar o esquema. Nos papéis, há nomes,
valores, contratos e trocas de e-mails entre dirigentes da SBM e de empresas
internacionais. A SBM confirmou autenticidade dos documentos, que foram
enviados para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e para o Ministério
Público da Holanda, que investigará o caso.
Claramente,
aqui pode-se deduzie que existe muita coisa a ser desvendada e que somente com
uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, a qual é revestida de poderes
especiais, poder-se-á conseguir trazer a luz todo este esquema de corrupção.
Continuando
neste verdadeiro rol de maus feitos que estão destruindo um dos maiores
patrimônios do povo brasileiro, e que devem ser investigados por esta Casa,
registramos também a denúncia feita pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte
Fluminense (Sindipetro-NF) de que a empresa estaria tirando dos estaleiros plataformas
inacabadas! Um verdadeiro absurdo criminoso.
A informação foi dada pelo presidente do Sindipetro-NF, José Maria
Rangel, ao explicar que o sindicato está levantando uma série de dados
relativos à plataforma P-62, para serem encaminhados aos órgãos fiscalizadores
na próxima semana.
A P-62 foi
entregue pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Pernambuco, em dezembro do ano
passado, com capacidade de produção de 180 mil barris diários, estando a ser
instalada no campo de Roncador na Bacia de Campos e deve iniciar a operação no
segundo trimestre deste ano. O Sindipetro-NF afirma que a unidade saiu com uma
série de equipamentos sem funcionar, como o sistema principal de geração de
energia. A plataforma estava com geração secundária com um gerador auxiliar, o
que teria facilitado um incêndio ocorrido no início de janeiro último.
Por último,
faz-se necessário que esta Casa investigue os fortes indícios de
superfaturamento na construção de refinarias. O exemplo mais emblemático da
possibilidade de existência destes superfaturamentos trata-se da Refinaria
Abreu e Lima. Essa foi a conclusão a que chegou uma auditoria iniciada em 2008,
pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e que acaba de ser concluída. O TCU
verificou irregularidades na elaboração do projeto e execução de obras de
terraplenagem, serviços complementares de drenagens, arruamento e pavimentação
na refinaria, entre elas sobrepreço superior a R$ 69 milhões. O contrato
para esses serviços de preparação para a construção da refinaria, inicialmente
orçado em cerca de R$ 429 milhões, foi finalizado com custo aproximado de R$
534 milhões (valores de 2007).
Após decisão
do TCU naquele ano, a Petrobras firmou apólice de seguro com o consórcio
responsável pelas obras, para garantir o ressarcimento dos valores questionados
pelo tribunal, caso fossem comprovadas as irregularidades. Cerca de R$ 49
milhões já foram devolvidos à petroleira, por meio de notas de crédito, após
repactuação de preços realizada nos itens apontados com sobrepreço pelo TCU.
Agora, a estatal deverá executar a apólice de seguro para receber o restante da
quantia superfaturada, devidamente atualizada.
Em uma das
auditorias realizadas pelo TCU concluiu-se ainda que a Refinaria Abreu e Lima
soma quase R$ 2 bilhões em faturas de serviços não previstos originalmente, mas
necessários, por causa de erros da Petrobras. Em acórdão aprovado, o tribunal
entende que falhas no projeto básico da refinaria causaram um efeito cascata de
erros nas diversas etapas da construção, gerando aditivos já aprovados que somam
R$ 943 milhões, fora R$ 1 bilhão em cobranças ainda sob análise da estatal.
Segundo o
relator do processo no TCU, ministro Benjamin Zymler, as falhas começaram na
falta de estudos adequados para o empreendimento. Vários contratos tiveram que
ser relicitados, e imprevistos na execução das obras geraram aditivos em muitos
outros. Um dos exemplos citados pelo TCU foi o contrato para a construção de
tubovias, que teve 586% mais estacas que o previsto originalmente para fixar as
tubulações, por conta do “solo mole”, não detectado durante as sondagens
iniciais. Isso resultou em um gasto adicional de R$ 150 milhões, segundo o
relator. Pelos cálculos atuais, quando iniciar a operação, o que deverá
acontecer possivelmente 2015,
a Refinaria terá custado cerca de R$ 35,8 bilhões.
A estatal petrolífera venezuelana PDVSA é
parceira do projeto, mas ainda não investiu dinheiro nas obras. A Petrobras tem
tentado um acordo com a PDVSA sobre a sua possível saída do projeto, mas as
negociações não avançam.
Inicialmente
era previsto que a Abreu e Lima teria capacidade para processar 200 mil barris
por dia de petróleo pesado. Mas o plano de negócios da Petrobras de 2008 passou
a trabalhar com a perspectiva de ampliação dessa capacidade para 240 mil barris
por dia, existindo a possibilidade de uma nova expansão para até 500 mil barris
por dia, o que tornaria esta a maior refinaria do País. Esta previsão não se
confirmou e a refinaria irá produzir 230 mbpd.
Por tudo isto, torna-se
indispensável a instalação imediata de uma CPMI. Dada a complexidade dos fatos
e a necessidade de apurar os envolvidos.
Alacir parabéns por levantar esses dados todos, não sabíamos o que de fato estava acontecendo nisso, que para mim, ja e o segundo maior escândalo do PT pós mensalão..Continue assim professor..Abs. Marcela
ResponderExcluirVergonha!!!!!! Vergonha esse nosso país, digo políticos.. Mariela
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