domingo, 30 de março de 2014

Israel X Palestina

Israel-Palestina: Um Conflito Sem Fim.


Por Alacir Arruda

"Nesse artigo estou atendendo ao pedido de uma leitora do Blog que se interessa pelo assunto e me solicitou que escrevesse algo sobre o tema. O Blog esta aberto a outras sugestões”  (Alacir)


Um dos conflitos mais emblemáticos que tem marcado os  séculos XX e XXI é a  contenda Israel-Palestina   Apesar dessa briga  remontar ao período anterior a cristo, os conflitos no Oriente Médio violentos como são hoje em dia, iniciaram-se a partir da criação do Estado de Israel em 1948 . No período entre guerras os Judeus foram muito perseguidos pela política Nazista de Adolf Hitler. E também em função da grande influência da população judaica principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. Após o final da segunda guerra mundial houve um ambiente favorável para a criação do tão sonhado Estado para os Judeus. Coube à recém criada Organização das Nações Unidas (ONU) em 1947, mediar a partilha dos territórios da região da Palestina em três partes sob mandato dos ingleses.
A saída dos ingleses da região algumas semanas antes do combinado pela ONU, gerou insegurança. Os Judeus em meio ao caos e à desordem declararam a fundação do Estado de Israel, em 15 de Maio de 1948, que foi rapidamente reconhecido pelos EUA e URSS. Imediatamente, as forças militares da Liga Árabe (Egito, Iraque, Transjordânia, Síria e Líbano) invadiram a região declarando guerra à Israel, criando o primeiro grande conflito entre Árabes e Judeus. Israel foi beneficiado pela desorganização, a desconfiança entre os próprios países árabes e a trégua negociada pela ONU, a qual previa o embargo de armas e munições aos dois lados. No entanto, esse acordo foi descumprido pelos israelenses. Com dinheiro arrecadado das comunidades judaicas no exterior, conseguiram comprar novos armamentos que foram decisivos para se fortalecerem frente aos adversários árabes.
Deste modo, o recém criado Estado de Israel venceu a guerra e ocupou terras além daquelas que a ONU havia designado, provocando a fuga de aproximadamente um milhão de Palestinos, que ficaram sem o Estado que lhes fora prometido. Com isso, teve início a “Questão Palestina”, ou seja, a luta desse povo pela recuperação de seus territórios e pela criação do Estado próprio. No desfecho deste primeiro conflito, além de perdas humanas, ocorreu a ocupação da Faixa de Gaza pelo Egito, da Cisjordânia e a parte Oriental de Jerusalém pela Transjordânia e o restante por Israel.Paralelamente, em 1959, estudantes Palestinos sob a liderança de Yasser Arafat, fundaram uma organização armada contra Israel chamada Al-Fatah, com o propósito de obterem terras para a formação do Estado Palestino. Em 1964, com apoio de outras lideranças do mundo árabe, foi criada a Organização para Libertação da Palestina (OLP), que em 1969 passou a ser dirigida por Arafat. Desde 1975, a ONU passou a reconhecer a OLP como único representante do povo palestino nas negociações de paz na região.
Israel, num prenúncio da guerra dos seis dias, tentou desviar as águas de afluente do Rio Jordão, fato que foi repudiado pela Síria. Posteriormente, esta última também tentou fazer o mesmo. É neste contexto que a região da Terra Santa, como é chamada, se encontrava. De um lado, as negociações dos países que lideravam o Pan-Arabismo, mesmo com todos seus individualismos;  de outro, Israel, com suas estratégias em ocupar e dominar ´´espaços vitais``. As negociações entre Síria, Jordânia e Egito e a retirada das tropas da ONU foram substituídas por tropas egípcias, ocupando o Golfo de Ácaba, bloqueando o Porto israelense de Eliat que recebiam suprimentos petrolíferos do Irã.
Toda essa movimentação gerou tensão em Israel, que despejou um ataque surpresa em Junho de 1967. Este foi preparado para hora exata. Israel dizimou a força aérea egípcia em terra. Em apenas seis dias de combates, as tropas israelenses ocupavam as estratégicas Colinas de Golã da Síria, o Sinai e Faixa de Gaza do Egito e a Cisjordânia e a parte Oriental de Jerusalém da Jordânia. Estas regiões foram imediatamente ocupadas por colônias judaicas. Logo após a guerra, o Conselho de Segurança da ONU votou uma resolução exigindo a retirada de Israel de todos territórios ocupados e exigia o reconhecimento mútuo. A resolução nunca foi obedecida.
Na década de setenta, os Palestinos continuaram sendo renegados após ataques terroristas contra colônias judaicas e os  seqüestros de 4 aviões. O rei Hussein da Jordânia, ordenou uma grande operação para desarmar os grupos palestinos. O Setembro Negro, como ficou conhecido, teve um saldo próximo de 4 mil Palestinos mortos e 10 mil feridos. Em 1973, árabes e israelenses protagonizaram o quarto grande confronto, a guerra do Yom Kippur (o dia do perdão). Israel foi apanhado de surpresa pelo Egito e Síria que visavam recuperam os territórios ocupados em 67. No início do conflito, parecia ser fácil a vitória sobre Israel. Entretanto, o entusiasmo egípcio e a desorganização dos aliados árabes favoreceram a recuperação israelense. O conflito se alonga e internacionaliza, quando terminam os combates com mais uma derrota árabe; porém, sem perdas de território. A guerra foi transferida para o campo político, a OPEP triplicou o preço do petróleo gerando a chamada crise do petróleo. A partir de então, muda o cenário político no Egito como ascensão de Anuar Sadat. Este aceitou negociar com Israel a devolução do Sinai de forma pacífica.  No final dos anos setenta em Camp David -  EUA, Egito e Israel firmaram um acordo que restabelecia o Sinai ao Egito até 1982. Em troca, teria que reconhecer o Estado Judeu. Este foi mediado pelo então presidente dos EUA, Jimmy Carter. Enquanto o mundo assistia esse acordo, o Líbano enfrentava uma guerra civil violenta entre os grupos religiosos do país, inclusive os Palestinos Islâmicos.
Encerrada a retirada e acalmados os conflitos no Sul, Israel parte para a invasão no Líbano. Alegando a necessidade de destruir os guerrilheiros palestinos, mais uma vez Israel massacrou os palestinos, sob comando do general Sharon, nos campos de refugiados de Sabra e Chatila na periferia de Beirute. As tropas israelenses de ocupação, com o apoio dos norte-americanos, autorizaram a entrada de milícias cristãs, com o intuito de vingança ao atentado que matara dois dias antes, Bachir Gemayel, presidente recém eleito. Estas milícias massacraram sobretudo crianças, mulheres e idosos. Após fortes pressões internacionais, inclusive da população israelense, os israelenses retrocedem, fixando-se no Sul, onde ocupam uma faixa de segurança, com cerca de 15 km de largura, desocupada a pouco tempo em função de acordos e pressões internacionais.
Em fins de 1987, teve início a intifada (ou revolta das pedras), uma rebelião que chamou a atenção mundial sobre a ocupação de territórios palestinos pelos judeus. Ainda nesse ano, a Jordânia renunciou de lutar pela posse da Cisjordânia, ocupada por Israel desde 67 e cedeu essas terras aos palestinos, obrigando Israel a negociar com a OLP.
A partir dos anos 90, foram feitas várias negociações visando chegar a um acordo de paz. O impasse começa a ser rompido com a vitória dos trabalhistas nas eleições para primeiro Ministro, elegendo Itzhak Rabin, que defendia negociações com base no princípio ´´paz em troca de terra``. Em setembro de 1993, foi assinado um acordo de paz reconhecendo-se mutuamente, o qual, ficou acertada a retirada israelense, a partir de 1994, da maior parte da Faixa de Gaza e de Jericó, na Cisjordânia, locais onde os palestinos conquistaram relativa autonomia. Os acordos encontravam resistência dos dois lados. Uma série de atentados terroristas do lado palestino, os protestos dos direitistas do Likud e as represálias do exército israelense esfriaram os acordos.
Mesmo assim, as negociações entre Israel e a OLP foram retomadas. Finalmente, em 1995 foram firmados acordos que previam a retirada israelense de áreas urbanas da Cisjordânia, incluindo as cidades de Jenin, Nablus, Tulkarn, Qalqylia Ramallah, Belém e partes de Hebron; com exceção desta última, a retirada ocorre ainda em 95. Com o avanço das negociações de paz, acirram as divisões na sociedade israelense. Em virtude dessa resistência em 1995, Itzhat Rabin é assassinado por um judeu radical, contrário à devolução de territórios aos palestinos, colocando em risco os acordos firmados até então. Assume, Shimon Peres tentando dar seqüência as negociações, que outra vez foram interrompidas em virtude de  ataques de homens-bombas e retaliações por parte do exército de Israel.
Novas eleições, e o Likud volta ao poder refreando o processo de paz. O governo israelense revoga o decreto que proibia a expansão de colônias judaicas na Cisjordânia e aprova a construção de mais 1.800 casas em uma colônia da região; além disso, fecha o escritório da OLP em Jerusalém, demolindo-a. A Intifada é retomada em uma  das visitas do general direitista Ariel Sharon à esplanada das Mesquitas, em Jerusalém. Em resposta a construção de um túnel que une a Via Dolorosa ao Muro das Lamentações, principal santuário do judaísmo, passando sob a Mesquita de Al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do islamismo. Em 1999, os trabalhistas voltaram ao poder e no ano seguinte, através de acordos firmados em Camp David (EUA), foi proposto aos palestinos o controle integral da Faixa de Gaza e de 90% da Cisjordânia. No entanto, Israel recusou-se a entregar Jerusalém Oriental, que os palestinos reivindicam como capital, o que criou um impasse.
Com a ascensão do primeiro-ministro Ariel Sharon,(que morreu recentemetente)  a região se transformou numa guerra sem precedentes. Com o mesmo discurso de antes, ou seja, destruir os terroristas palestinos, quando na verdade sua real intenção era enterrar de vez os acordos de paz de 1993. Em 2002, em resposta a novos ataques suicidas, numa operação que foi chamada de ´´Muro Protetor``, Israel ocupou com tropas, tanques, blindados e escavadeiras, praticamente todas cidades sob controle palestino na Cisjordânia,  fechou o cerco ao quartel general de Yasser Arafat em Ramallah. Em um desses cercos, as pessoas ficaram por uma semana sem poder sair de casa. Quando puderam sair foram cuidar das tarefas mais urgentes, como conseguir água e comida. Entre todas, uma indispensável, enterrar os mortos. Muitas famílias tiveram parentes baleados dentro de casa e não puderam sair para enterrá-los. Eles ficaram na sala ou nos quartos, cobertos de cal para diminuir a velocidade de putrefação dos corpos. George Fridman disse a revista Veja (2002): ´´Que nos últimos meses quem era moderado se tornou radical. Quem era radical apenas no discurso está pronto para matar. Isso vale para os dois lados``.  
Desta forma, uma das grandes dificuldades de se chegar a uma paz definitiva são o grande número de colônias judaicas instaladas na faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Não basta o chefe de Estado Judeu firmar acordos, sendo que as comunidades judaicas resistem a desocupar os territórios em que estão instalados. Nesse ambiente de confronto entre judeus e palestinos, o medo está presente dos dois lados. A vantagem dos primeiros, é que eles podem ir e vir de um lugar para o outro sem constrangimentos. Os palestinos enfrentam vários postos de checagem e estão isolados do mundo,  impedidos de circular em seu próprio território.



4 comentários:

  1. Alacir, vc me surpreende a cada dia..Vc domina todas as áreas. Como pode?? Michele

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    1. Os homens jamais fazem o mal tão completamente e com tanta alegria como quando o fazem a partir de uma convicção religiosa. (Blaise Pascal)
      Assim que abolimos Deus, o governo se torna Deus.

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    2. Michele, agradeço sua admiração, apenas digo que isso não é milagre e sim fruto de 20 anos dedicado a leitura e busca pelo conhecimento...E se me perguntar o que aprendi? Responderei: "Aprendi que ainda tenho muito a aprender"...abs

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  2. Professor, fico profundamente grata ao Sr., por compartilhar conosco o seu valioso conhecimento. E ainda mais agradecida por atender ao meu pedido. (Lucélia Almeida)

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