UMA PROSA SOBRE A
PSICANÁLISE DE FREUD.
Alacir
Arruda
Sigmund Freud revolucionou a psicologia no
inicio do século XX com a criação de uma nova terapia para tentar entender o
individuo a partir de suas emoções. A psicanálise de Freud
proporciona uma visão da vida mental como um jogo mútuo de forças estimuladoras
e repressoras, tendo o conflito como fator dinâmico central. A vida mental é
considerada como uma unidade de forças contrárias, de elementos conscientes e
inconscientes, de cuja interação nasce a riqueza e a variedade de pensamento e
sentimentos do homem.
Para
o educador, quais os aspectos mais substantivos dessa teoria, capazes de
fundamentar a prática pedagógica? Ou, em outras palavras, porque a Psicologia
Educacional não pode deixar de incluir a psicanálise no elenco de seus conteúdos?
Em primeiro lugar, não é possível estudar
o individuo, seus processos de desenvolvimento e aprendizagem, somente a partir
da construção da inteligência e racionalidade. O comportamento humano é
determinado também e, principalmente, por forças inconscientes construídas ao
longo das relações de indivíduos com outros indivíduos.
É importante ressaltar, contudo, que a
racionalidade e a irracionalidade, assim como o inconsciente e o inconsciente,
não se opõem mas continuem as bases dialéticas de um único processo: o da
formação da personalidade.
Em segundo lugar, através do estudo das
fases psicossexuais do desenvolvimento, integrantes da teoria psicanalítica, se
pode interferir os subprodutos da relação da criança com a sua sexualidade,
subprodutos estes que constituirão o alicerce afetivo de sua personalidade.
Nesse sentido, a sexualidade humana se desenvolve de modo absolutamente
original, já que, diferentemente do que ocorre com os animais, se encontra,
desde cedo, inserida num processo psíquico e emocional capaz de transformar o
biológico (o instinto sexual, assim como outros instintos) em motivações
psíquicas que ultrapassam o nível exclusivamente orgânico.
Em terceiro lugar, do ponto de vista sócio-afetivo
se pode entender a passagem do estado da natureza (comportamento biologicamente
determinado) para o estado da cultura (constituição da autoridade, da lei ou
dos limites).
Segundo a psicanálise, o homem se
constitui como um sistema de energia que opera em função dos instintos e
pulsões na busca de prazer. O sistema energético humano obedece às mesmas leis
de outros sistemas de energia. Esta pode ser alterada, transformada, canalizada
e descarregada. A psicanálise tenta explicar a maneira pela qual esta energia
psíquica desenvolve-se, expressa-se, é
transformada ou, ainda, como é bloqueada.
Freud não sustentou em todos os seus
trabalhos que os instintos sexuais e seus derivados sejam a única fonte de
energia. Nas suas primeiras formulações admitiu a existência dos instintos do
Ego que se relacionam com a autoconservação e que são rapidamente “moldados”
para adaptar-se às exigências da realidade. Posteriormente, procurando explicar
os fenômenos do sadismo e masoquismo, o conceito de instinto de morte (Thânatos),
que se opõe ao instinto de vida (Eros).
Os instintos
de vida (Eros) referem-se àqueles impulsos que levam a conservação do
individuo e da espécie: instinto do
Ego e instintos sexuais. Por instinto do Ego, Freud classifica a fome, a sede,
a fuga, a dor, etc. São instintos que se
referem a autoconservação, em termos individuais. O instinto sexual refere-se à
conservação da espécie. Os instintos de
morte “thânatos” têm como objetivo o retorno a um estado prévio da matéria
inorgânica. Quando esta tendência se desvia para o exterior, se expressa como
agressão.
O próprio Freud admitiu, em alguns
momentos de sua obra, que a agressão pode fazer parte do instinto de vida. O
lutar pela vida, as competições, o trabalho são exemplos de atividades que
demandam uma certa dose de agressividade.
Um instinto,
segundo Freud, é o representante psíquico dos estímulos que se organizam no
organismo e chegam à mente. A fonte de um instinto é o processo somático que da
origem aos estímulos, que se representam na mente como um instinto.
Freud utiliza o termo libido para se referir a energia
oriunda dos instintos, energia esta que se relaciona não somente ao desejo de
prazer corporal ou orgânico, como também aos impulsos afetuosos, ao amor, à
amizade entre pais e filhos e amigos, resultantes das pulsões. O termo libido,
no sentido psicanalítico, refere-se, portanto, a qualquer energia de natureza
instintiva ou pulsional que presumivelmente tenha como fontes, estimulações
erógenas que surgem no corpo.
Os instintos e pulsões, em que pesem a sua
importância para o equilíbrio do ser humano, nem sempre encontram a sua livre
satisfação, uma vez que estão sujeitos ao controle social. O homem em conflito
com a sociedade, com padrões culturais e consigo mesmo, é levado, muitas vezes,
a inibir, retardar ou transformar as formas de satisfação de seus instintos e
pulsões, o que, segundo Freud, se dá através
do que ele denominou “mecanismos
de ajustamento”.
Os
mecanismos de ajustamento permitem um certo grau de tolerância à frustração (estado emocional que ocorre
quando algo interfere ou impede que o organismo atue com alguma resposta que
lhe seja realmente importante), aliviando ou defendendo o individuo de tensões,
angustias e ansiedade a que fica exposto diante de situações conflitivas e frustradoras. Tais mecanismos não
favorecem, contudo uma atuação do individuo no sentido de alterar a realidade.
Os conflitos provocam reações
emocionais intensas. A mais comum é ansiedade,
que se caracteriza por um misto de medo, apreensão e esperança ligados ao
futuro. Constitui-se, geralmente, num sentimento de ameaça imaginária ou real à
segurança do individuo.
A
ansiedade pode gerar comportamentos aparentemente irracionais mas que
destinam-se, especialmente,a diminuir sentimentos de tensão e de insegurança.
Nossas necessidades de estima e
tendência em manter o autoconceito constituem motivações básicas que nos levam,
diante de conflitos e frustrações, a desenvolver algumas formas típicas de ajustamento.
São elas:
As pessoas, de modo geral, têm a tendência de se esquecerem mais dos fatos desagradáveis da vida que dos
agradáveis e, mesmo quando os fatos desagradáveis são
relembrados, eles já não parecem tão desagradáveis assim. O passar do tempo é
um remédio para todos os males, diz o senso comum. Em verdade, o mecanismo de
repressão é que torna os acontecimentos traumáticos da vida, suportáveis.
Regressão: é o mecanismo pelo
qual o individuo angustiado apresenta formas de comportamentos características
de fases anteriores de desenvolvimento. A criança muitas vezes, volta a chupar
bico, tomar mamadeira ou andar engatinhando, por ocasião do nascimento de um
irmãozinho. O adulto, frente a uma situação angustiante, pode chorar, gritar,
roer as unhas e fazer birra tal qual uma criança.
Projeção: é um mecanismo no
qual características do individuo que estão angustiados são vistas, por ele
mesmo, como pertencentes a outros indivíduos. Aquele sujeito que sempre
desconfia da hostilidade dos outros, por exemplo, pode apresentar em sua
conduta certos traços de desonestidade que o incomodam, e que, por isto mesmo,
prefere vê-los em outras pessoas.
Negação: é um outro mecanismo
de defesa que implica na percepção do mundo tal como a pessoa desejaria que ele
fosse não como ele é, realmente. As crianças, comumente, negam a realidade
quando esta lhe é desagradável. O devaneio e o sonho acordado do adulto é uma
forma de negação da realidade. Pelos menos durante aquele s poucos minutos em
que a pessoa devaneia e imagina as coisas acontecendo como ela desejaria que
fossem, ela se sente bem. Entre as vitimas do nazismo foi observado que grande
parte dos judeus, nos campos de Treblinka, se comportou como se a morte não
existisse, apesar das constantes execuções ocorridas. Para tais pessoas era tão
angustiante a expectativa de serem mortas, a qualquer momento, que acabavam por
negar tal evidencia.
Formação reativa: é outro
tipo de mecanismo de defesa que envolve a deformação da consciência, de forma
que, um impulso que originalmente gera a ansiedade e angustia, é substituído
por motivações diametralmente oposta. Por exemplo, uma pessoa pode se
apresentar bondosa com outra pessoa quando em verdade a motivação subjacente é
a hostilidade e o ódio. Esta suposta bondade impede a angustia e o sentimento
de culpa que ocorreria, caso a pessoa desse vazão à hostilidade reprimida.
Racionalização: racionalizar
é dar razoes socialmente plausíveis para comportamentos individuais não
aceitáveis, normalmente, pelos outros. A inquisição torturou e matou milhares
de pessoas sob a alegação de que elas não tinham uma crença verdadeiramente
cristã.
Aquele estudante que não conseguiu aprovação nos exames vestibulares diz
que foi até bom não ser aprovado, pois o curso que havia escolhido não lhe
daria uma profissão rendosa. O pai que espanca o filho, diz que faz isso para
que ele se torne um homem de verdade. Um outro exemplo de racionalização é o da
fabula da raposa e das uvas verdes, na qual a raposa diz que as uvas estavam
verdes quando, em verdade, era ela que não havia conseguido apanha-las.
Agressão: a agressão é uma
reação típica à frustração. A agressão
pode ser direta, quando se dirige a
pessoas ou objetos provocadores de frustração. Esse tipo de agressão, em nosso
sistema social e cultural, de modo geral é menos freqüente. (A passividade e
submissão do povo diante de constantes frustrações, relativas à necessidades
básicas mostra que a maioria das vezes a agressão é deslocada para outros objetos
e pessoas).
A agressão indireta é uma das
formas mais comum de agressão. As pessoas são levadas a reproduzir as agressões
sofridas em cima de indivíduos mais fracos, como forma de se descarregar
tensões, como, por exemplo: brigar e blasfemar no campo de futebol; subjulgar pessoas socialmente inferiores,
entre outros.
Reação de conversão: consiste na conversão de tensões
psicológicas e emocionais em sintomas físicos (dores de cabeça, por exemplo).
Tais mecanismos são muito freqüentes nas situações escolares.
Identificação: pelo processo
de identificação, o individuo é levado a incorporar características daquele com
o qual se identifica. Isto leva a fortalecer o seu ego com sentimentos de
autovalorização, prestígio e estima. É comum,
principalmente na adolescência, buscar identificação com artistas de
sucesso, com heróis e com adultos que apresentem traços de personalidades
valorizados socialmente.
Maravilhosa matéria professor, a psicanálise de Freud, um setor importantíssimo na área da psicologia. Um dos métodos utilizados pelo psicanalista que me interessei muito, mas que não é considerado hoje pela psicologia é a hipnose, super curioso e tentador. Se comenta muito entre a sociedade contemporânea a possibilidade e a curiosidade de se submeter a esse tipo de tratamento, onde a ciência descartou com a afirmação de que esse método apenas desaparece o sintoma e não trata a causa. Porém,com minha opinião até mesmo leiga, acredito que descobrindo a origem do problema através da hipnose pode se tratar a causa e desaparecer de vez os sintomas. Muitos temem esse procedimento por acreditarem no mito de que no hipnotismo, a alma se desloca do corpo podendo não retornar, o que ao meu ver se trata de uma regressão da mente, no inconsciente do individuo. Também é de difícil aceitação para muitas famílias o conhecimento sobre o complexo de Édipo e o complexo de Electra no estudo da sexualidade infantil.
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