EDUCAÇÃO:
O FINGIMENTO DOS CURSINHOS
Por:
Alacir Arruda
É com imenso prazer que novamente
aceitei o desafio de preparar 6 (seis) audaciosos jovens, todos obcecados por
medicina, para o ENEM 2014. Ano passado foram 18 e todos foram aprovados.
Faço esse tipo de trabalho sem nenhum interesse outro, que não seja provar que
os cursinhos pré-vestibulares não preparam adequadamente (na verdade eles mais
confundem) os alunos para o ENEM. Tive a honra de compor o grupo de 40
professores que em 2009 foram convidados pelo INEP/MEC para elaborarem o NOVO
ENEM em Brasília. Desde então tenho feito parte do grupo de Elaboradores de
Itens para o ENEM o BNI. Digo isso não por vaidade, mas para dizer que tenho
fundamentação teórica naquilo que digo, qual seja: “ os cursinhos brasileiros
não estão preparados para o ENEM”, imaginem seus alunos.
A metodologia ENEM, na verdade
uma copia do modelo S.A.L.T americano, é fruto de tudo que há de mais moderno
em concepção educacional, uma vez que tem como referência o relatório que o
intelectual francês Jacques Delors, juntamente
com outros, entre eles Edgar Morin, confeccionaram em 1995
a pedido da ONU. Esse relatório deu origem
ao livro “ Educação um Tesouro a Descobrir”.
Neste livro ( que deveria ser
leitura obrigatória de todos que lidam com cursinhos pré vestibulares no Brasil
e não é) Jacques Delors, aborda de forma
bastante didática e com muita propriedade os quatro pilares de uma educação
para o século XXI, associando-os e identificando-os com algumas máximas da
Pedagogia prospectiva, e subsidia o trabalho de pessoas comprometidas a buscar uma
educação de qualidade. Diz o texto na página 89: “À educação cabe fornecer, de
algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo
tempo, a bússola que permite navegar através dele”.
Segundo Delors, a prática
pedagógica deve preocupar-se em desenvolver quatro aprendizagens fundamentais,
que serão para cada indivíduo os pilares do conhecimento: aprender a
conhecer indica o interesse, a abertura para o conhecimento, que
verdadeiramente liberta da ignorância; aprender a fazermostra a
coragem de executar, de correr riscos, de errar mesmo na busca de acertar; aprender
a conviver traz o desafio da convivência que apresenta o respeito a
todos e o exercício de fraternidade como caminho do entendimento; e,
finalmente, aprender a ser, que, talvez, seja o mais importante por
explicitar o papel do cidadão e o objetivo de viver.
Os pilares são quatro, e os
saberes e competências a se adquirir são apresentados, aparentemente,
divididos. Essas quatro vias não podem, no entanto, dissociar-se por estarem
imbricadas, constituindo interação com o fim único de uma formação holística do
indivíduo.
Jacques Delors (1998) aponta
como principal conseqüência da sociedade do conhecimento a necessidade de uma
aprendizagem ao longo de toda vida, fundamentada em quatro pilares, que são,
concomitantemente, do conhecimento e da formação continuada.
A seguir, é apresentada uma
síntese dos quatro pilares para a educação no século XXI.
Aprender a conhecer –
É necessário tornar prazeroso o ato de compreender, descobrir, construir e
reconstruir o conhecimento para que não seja efêmero, para que se mantenha ao
longo do tempo e para que valorize a curiosidade, a autonomia e a atenção
permanentemente. É preciso também pensar o novo, reconstruir o velho e
reinventar o pensar.
Aprender a fazer –
Não basta preparar-se com cuidados para inserir-se no setor do trabalho. A
rápida evolução por que passam as profissões pede que o indivíduo esteja apto a
enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em equipe, desenvolvendo espírito
cooperativo e de humildade na reelaboração conceitual e nas trocas, valores
necessários ao trabalho coletivo. Ter iniciativa e intuição, gostar de uma
certa dose de risco, saber comunicar-se e resolver conflitos e ser flexível.
Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas.
Aprender a conviver –
No mundo atual, este é um importantíssimo aprendizado por ser valorizado quem
aprende a viver com os outros, a compreendê-los, a desenvolver a percepção de
interdependência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a
ter prazer no esforço comum.
Aprender a ser – É
importante desenvolver sensibilidade, sentido ético e estético,
responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e crítico, imaginação,
criatividade, iniciativa e crescimento integral da pessoa em relação à
inteligência. A aprendizagem precisa ser integral, não negligenciando nenhuma
das potencialidades de cada indivíduo.
Com base nessa visão dos quatro
pilares do conhecimento, pode-se prever grandes conseqüências na educação. O
ensino-aprendizagem voltado apenas para a absorção de conhecimento e que tem
sido objeto de preocupação constante de quem ensina deverá dar lugar ao ensinar
a pensar, saber comunicar-se e pesquisar, ter raciocínio lógico, fazer sínteses
e elaborações teóricas, ser independente e autônomo; enfim, ser socialmente
competente.
Uma educação fundamentada nos
quatro pilares acima elencados sugere alguns procedimentos didáticos que lhe
seja condizente, como:
- Relacionar o tema com a experiência do
estudante e de outros personagens do contexto social;
- Desenvolver a pedagogia da pergunta (Paulo
Freire e Antonio Faundez, Por uma Pedagogia da Pergunta, Editora Paz e
Terra, 1985);
- Proporcionar uma relação dialógica com o
estudante;
- Envolver o estudante num processo que
conduz a resultados, conclusões ou compromissos com a prática;
- Oferecer um processo de auto-aprendizagem e
co-responsabilidade no processo de aprendizagem;
- Utilizar o jogo pedagógico com o princípio de construir o texto
Conclusão
Presenciamos um momento muito importante em nosso país, o da demanda por educação, que, ao crescer, faz com que sociedade e instituições, em uníssono, movimentem-se no atendimento a essa urgência nacional. Essa é uma tarefa importante e é isso que se espera que o Brasil faça. Temos materiais e idéias. É preciso pôr em prática todos os estudos e projetos para a modernização da educação. Diante disso, torna se urgente uma mudança comportamento por
Para mudar nossa história e lograr conquistas, precisamos ousar em cortar as cordas que impedem o próprio crescimento, exercitar a cidadania plena, cobrar daqueles “empresários da educação” que fizeram de algo intangível, que é o conhecimento, negócio, que enriqueceram com falsas promessas aos seus alunos, que brincam com sonhos e sucumbiram ideais. Basta de enganação, Chega!!! Esta na hora também, do educando aprender a usar o poder da visão crítica, entender o contexto desse mundo, ser o ator da própria história, lutar por uma educação mais justa e de resultados e, acima de tudo, acreditar no poder transformador da educação.
Os questionamentos que deixo são: “estarão as nossas escolas dispostas a mudar esse comportamento medieval de ensino?" Estarão os professores dispostos a aprenderem a metodologia ENEM que é, de longe, oposta a tudo que ensinam? E por ultimo: estará o governo disposto a essa transformação? Com a resposta aqueles engravatados que comandam a educação de suas salas climatizadas, porque eu continuarei aqui nas arrefecidas salas de aula em contato direto com aquele que mais sofre com essa indiferença, o aluno..
Disse tudo alacir. Fiz cursinho para passar em medicina durante 5 anos, e ano passado fiquei com vc apenas 7 meses e fui aprovado em 3 federais, bastou mudar o foco de estudos seguindo suas orientações. Lhe agradeço imensamente por isso e desejo sorte a esses 6 privilegiados que vc esta preparando. Dizer a eles que façam valer a pena, sera árduo mas em novembro vcs verão o resultado, sem querer ser puxa saco, mas o Alacir é um dos caras que mais conhecem o ENEM do Brasil. Sorte a vcs..Estou na UFRJ graças a esse índio que é apaixonado pelo que faz..rsrsr...Luiz Carlos
ResponderExcluirProfessor certa vez em uma de suas aulas vc. falando de de Michel Foucault nos disse que que a educação, sobretudo a publica, foi pensada, construída e estruturada pelo sistema para não funcionar.. Correto? O que sr. escreveu no artigo apenas confirmo aquilo que disse. Bjs Michele
ResponderExcluirQual a solução na sua opinião então?
ResponderExcluirCaro amigo (a) anonimo..Não existe uma poção magica para solucionar um problema tão complexo como esse. Não tenho a solução apenas mostro caminhos alternativos diante dessa seleuma que permeia a educação no Brasil, sobretudo no que diz respeito ao ENEM..Acho que as escolas particulares poderiam começar essa mudança a partir da capacitação de seus professores para que eles possam entender o o que é o ENEM..Suas matrizes e como se aplica essa metodologia em sala de aula..O inicio seria isso, criar uma nova mentalidades pedagogica
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