Entrevista: Cientista político fala sobre eleições e voto consciente.
Padre César Moreira, 02 de Junho de 2014 às 08h00.
Por tradição, o eleitor brasileiro não liga para as eleições com antecedência. Também nesse assunto deixa para última hora.
A existência da Propaganda Eleitoral, falsamente chamada de "gratuita" (quem paga é você porque as empresas de Comunicação abatem dos impostos os custos em gerar a transmissão) favorece o fato de a atenção ficar para os últimos 45 dias.
É pouco tempo em se considerando a necessidade de conhecer os candidatos - que são muitíssimos, sobretudo nas eleições gerais, como esta de 5 de outubro. Cabe ainda ao eleitor analisar o cenário político, as alianças partidárias, os projetos dos partidos, o perfil dos candidatos e seus planos. Ele tem de escolher Presidente da República, governador do Estado, senadores, deputados federais e estaduais, ou seja tem de votar em vários nomes.
Com a intenção de ajudar o eleitor a exercer bem o seu direito de cidadania e para que escolha com conhecimento seus representantes, oferecemos reflexões de estudiosos do assunto. A seguir, leia a entrevista com o sociólogo e cientista político Alacir Arruda. E bom proveito.
Padre César: Qual sua expectativa para as eleições gerais deste ano?
Alacir Arruda: Caro Padre César não somente eu, mas a maioria da população brasileira não se empolga com esse pleito, sobretudo se levarmos em consideração que o modelo que ai está há 12 anos deve permanecer por mais 4, uma vez que a oposição não conseguiu, pelo menos até o momento, fechar questão quanto a uma candidatura de coalizão que pudesse fazer frente ao que esta estabelecido.
Outra questão é que estamos em ano de copa o que impossibilita ao eleitor uma reflexão mais cuidadosa quanto aos candidatos.
Padre César: O que dificulta a tarefa do eleitor para fazer sua escolha de modo consciente e cuidadoso?
Alacir Arruda: O modelo eleitoral brasileiro é perverso. A propaganda eleitoral começa somente em agosto e a decisão de quem será candidato somente após as convenções que só começam em 26 de junho e o registro das candidaturas até o dia 31 de junho.
O eleitor tem entre três em quatro meses para decidir quem vai dirigir a nação, esse tempo é muito curto comparado, por exemplo, as previas americanas que duram quase 12 meses é evidente que isso favorece aqueles candidatos menos qualificados e dificulta o voto consciente.
Padre César: Que mais chama atenção no cenário político atual: os possíveis candidatos? A possibilidade de reeleição? As denúncias de corrupção contra candidatos da situação e de oposição? O número excessivo de partidos e de candidatos?
Alacir Arruda: Na verdade todos esses aspectos juntos. Se levarmos em conta o número de partidos que temos, algumas siglas de aluguel, e os candidatos que vislumbram a presidência, ainda o fato dessa ser a primeira eleição pós mensalão poderíamos imaginar um quadro novo se desenhando para esse pleito, porém, é sempre bom lembrar que brasileiro, sobretudo o mais simples, tem memoria curta.
Não vejo grandes mudanças, acredito que o modelo que ai está deve permanecer por mais quatro anos uma vez que não foi trabalhada uma candidatura alternativa nesse período.
Padre César: O fato de a eleição coincidir com a realização da Copa do Mundo no Brasil trará influências nas escolhas do eleitor?
Alacir Arruda: Não tenha duvidas. O PT deve perder importantes redutos estaduais em função do fiasco na realização das obras para a Copa, grande parte delas inacabadas, outro fator que concorre contra o governo é o fato de que grande parte de seu eleitorado, os mais humildes, não terão acesso aos estádios uma vez que os valores dos ingressos são incompatíveis com essa importante parcela do eleitorado.
Padre César: Que atitudes o eleitor atento deve ter em se preparar para a eleição de outubro?
Alacir Arruda: as recomendações são sempre as mesmas: o eleitor é a figura central no processo, o seu voto pode ser o fator de mudança ou a inércia permanente, entre a educação e o descaso entre a ética e a imoralidade publica. Partir para o pessimismo e adotar o discurso de que todos são iguais, não contribui para a consolidação de nossa democracia tão incipiente.
A melhor postura ainda é a investigação da vida pregressa de todos os candidatos e saibam, os nossos políticos não vem de Marte, são daqui mesmo. Você os elege.
Uhuuuuu....ai meu profe rebentando em SP. Por isso me orgulho de ser sua aluna. Um cara simples tranquilo, amigo dos alunos e sempre disposto a estender a mão a quem precisa. Alacir vc e reconhecido nacionalmente menos aqui na sua terra natal. Mas fica tranquilo seus alunos reconhecem em vc não somente um grande mestre, mas um exemplo a ser seguido. Parabéns pela belíssima entrevista. Michele
ResponderExcluirApesar das propagandas eleitorais começarem pouco tempo antes das eleições. Cabe a nós, que estamos começando adquirir conhecimento através da academia que nos impulsa a ser cidadoes críticos. temos a responsabilidade como cidadoes que quer mudanças conscientizar o populaçao para fazer uma escolha honesta e de conhecimento. hoje em dia os meios de comunicação prejudica em uma parte mas pode ajudar em outra, podemos usar o facebook para divulgar informações, usar a internet como meio de investigação, para recordar dos corruptos e não cometer o mesmo erro, Porque a população tem memoria curta, como diz o prof Alacir. Não é fácil conscientizar pessoas através das redes sociais, o que eu noto muito e quando colocamos algo referente a politica educação e outros é muito difícil ter curtidas ou comentário. Mas quando é outras coisas a reação é outra, a população cresce na alienação. Mas não custa nada fazer nossa parte. Abs prof Alacir. SV.
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