BRASIL 2016: UMA ANÁLISE DO CENÁRIO ECONÔMICO E POLÍTICO
Por Alacir Arruda
Eu sei que economia não e o forte dos brasileiros, grande
parte da massa acredita que economista são
aquelas pessoas que nos ajudam a economizar. Bom, senso comum à parte, a
economia é uma das ciências mais interessantes que existe, pois nos posiciona diante de quadros de crise além de
ser, junto com sociologia, a ciência que
nos faz entender cenários e o
comportamento social, sobretudo no que diz respeito ao consumo. Resolvi traçar
as perspectivas econômicas para o Brasil em 2016 a partir dos dados do economista
Vicente dos Santos Alves da FDC/SP recentemente
publicado.
Depois de um 2015 bastante difícil, o ano vem
terminando com muitas mudanças, tais como o aumento dos juros nos EUA, a
redução do crescimento chinês, a troca do ministro da Fazenda no Brasil e a
perda do grau de investimento pela
Fitch. Isto fez as estimativas de indicadores econômicos para o próximo ano
mudarem consideravelmente. Muitos executivos, empresários, investidores e
analistas têm se perguntado o que esperar de 2016 que, até aqui, tem tantas
variáveis ainda indefinidas.
Para ser didático vou
tentar explicar o conceito de crise a partir de analise de cenários. Em ambientes
nos quais o passado não é um bom preditor do futuro, a boa técnica recomenda o
uso de cenários. Para montar uma análise de cenários, vamos recorrer ao
processo de duas variáveis descrito pela Gill Ringland. Selecionamos, assim,
duas variáveis externas às empresas e as dicotomizamos. Selecionei uma variável
interna do governo brasileiro e uma variável externa.
A variável interna é a política econômica do
próprio governo, e ela tem que ser dicotomizada entre a manutenção do ajuste
fiscal com uma política ortodoxa, o que prevaleceu em 2015, e uma política de
gastos governamentais e heterodoxia, o que prevaleceu até 2014, para a qual se
ensaia um retorno com a troca do ministro da Fazenda.
A variável externa é o ambiente econômico
internacional, que não chega a ser de crescimento mas, também, ainda não é de
crise. Dicotomizei entre Estável e Crise. Um ambiente estável é o atual, no
qual as commodities continuam baixas e os juros também, e com crescimento
econômico fraco no mundo inteiro mas, ainda, sem configurar uma crise.
Entretanto, existem indícios que apontam para a possibilidade de uma crise
internacional, tais como a diminuição do crescimento da China, a guerra cada
vez mais complexa na Síria, uma baixa cada vez mais acentuada dos preços do petróleo
e, no caso particular do Brasil e de outros países emergentes, a determinação
de os EUA de começarem a subir novamente os juros.
Assim sendo, podemos montar um quadro de cenário
resultante desta combinação 2x2, que é mostrado na figura 1. Os nomes dos
cenários são pictóricos.
Figura 1 – Quadro de cenários
econômicos para 2016
O cenário atual é o de TORMENTA,
no qual o ambiente externo é estável e se mantém um ajuste fiscal com ortodoxia
econômica. Embora duro, este cenário é o que demonstra alguma chance de levar a
uma estabilidade em 2017 e recuperação em 2018. Aqui, o governo contém seus
gastos e controla a inflação via juros, impostos e sua própria austeridade,
reduzindo a pressão de demanda por dinheiro, permitindo aos juros não
explodirem e não tendo de recorrer à impressão de moeda. Este cenário leva o
governo a ter uma popularidade muito baixa, que só poderá ser recuperada em
2018.
O cenário de FURACÃO acontece se o ambiente externo
piorar, o que parece altamente provável no momento. Aqui, embora o governo
continue fazendo o “dever de casa”, apesar da impopularidade, há uma piora do
clima econômico no mundo, com os juros nos EUA aumentando, e o preço das
commodities caindo ainda mais. O governo é forçado a socorrer a Petrobras e a
subir os juros para compensar o aumento dos juros nos EUA. O agronegócio e a
mineração brasileiras aprofundam suas crises, pedindo alívio para um governo já
muito pressionado, mas o governo resiste à tentação de imprimir dinheiro apesar
da alta impopularidade.
O cenário de PÂNICO ocorre se o governo decidir
mudar o rumo da política econômica e voltar aos gastos excessivos e à adoção de
política heterodoxas, mas isto ainda ocorre em um ambiente internacional
estável. Aqui, o governo decide aumentar impostos e imprimir mais dinheiro para
lastrear “políticas anticíclicas”, ou seja, gastos para dinamizar a economia, o
que pode funcionar no curtíssimo prazo, mas não se sustenta. A popularidade do
governo melhora, mas os indicares econômicos deterioram rápido.
No cenário de HORROR, ocorre a “tempestade
perfeita”. O governo não resiste ao apelo de gastar mais e decide por políticas
“anticíclicas” para recuperar sua popularidade mas, ainda por cima, isto ocorre
no meio de uma crise internacional, quando as commodities caem de preço e os
EUA sobem os juros. A popularidade do governo melhora marginalmente enquanto os
indicadores econômicos deterioram rapidamente. O governo entra em desespero e
toma decisões desesperadas.
É difícil prever com precisão os indicares
econômicos em cada um dos cenários, mas eles nos ajudam a ter um a panorama das
possibilidades. A tabela 1 mostra alguns indicadores selecionados e as
probabilidades estimadas de ocorrência de cada cenário. O leitor deve entender
tal tabela como uma estimativa contendo erro, ou variação não explicada, ao
invés de valores exatos.
As probabilidades foram calculadas
estimando que existe 60% de chance ocorrer uma crise no mundo, e 60% para uma
mudança de política do governo atual. O leitor que discordar destas estimativas
pode fazer suas próprias e recalcular as probabilidades de cada cenário
ocorrer. Uma das vantagens desta técnica é sua flexibilidade na análise.
Precisamos torcer para que o mundo não entre em uma
crise tão rápido, e que o governo, apesar da impopularidade e da pressão,
resista e permaneça firme no propósito de fazer um ajuste fiscal, mantendo
políticas ortodoxas.
Para quem achava que chegamos ao fundo do poço em
2015, descobriremos em 2016 que esse poço e bem mais fundo.
Infelizmente, as probabilidades parecem
estar contra o Brasil.
Alacir parabens pelo artigo, esclarecedor.Penso como vc acho que o buraco e mais profundo e olhando a tabela, acho que ja estamos no horror. Tudo isso graças aos nossos politicos, os piores do mundo. Bjs Michele
ResponderExcluirPROFESSOR ESSES TERMOS DA ECONOMIA SAÕ DIFICEIS VC PODERIA ME DIZER O QUE É "ORTODOXIA ECONOMICA E HETERODOXIA".
ResponderExcluirOrtodoxia economica são politicas economicas conservadoras, ex: ajuste fiscal, privatizações abertura de mercado e controle do cambio, as heteredoxas sao as mais liberais
ExcluirProfessor me desculpe, mas em 2016 estamos e fud....
ResponderExcluir