terça-feira, 28 de novembro de 2017

Hannan Arendt e o Brasil

HANNAN ARENDT DIRIA: A  CORRUPÇÃO NO BRASIL  É COISA BANAL..

Por Alacir Arruda

As vezes fico pensando se a grande filósofa alemã-americana Hannan Arendt ( 1906-1975) fosse brasileira, o que ela pensaria de tudo isso? Na primeira metade do século 20, o mundo conheceu um dos períodos mais bárbaros da humanidade, se visto sob o aspecto do morticínio que vigorou na Europa, sob os auspícios dos tiranos Adolph Hitler e Joseph Stalin. Para qualquer um desses monstros, matar um milhão de pessoas era só uma questão de colocar mais tinta na caneta que assinava as sentenças de morte. A filosofa alemã Hannah Arendt, ao escrever “As Origens do Totalitarismo, traduzido no Brasil por Celso Lafer, referiu-se a esta época como sendo a da “banalização do mal”.

Poucos brasileiros tomaram conhecimento – mesmo porque muitos já não estão podendo comprar jornal ou revistas semanais e a internet só fala de Anita - que um trabalho recente do Ministério do Planejamento, deixou patente que a corrupção no Brasil já alcançou 200 BILHÕES de reais por ano, ou 16% do PIB, num país que há mais de 20 anos, patina a uma taxa média de 2,3%.  Este cálculo corrobora uma estimativa da FGV que chegara aos 230 bilhões de reais ate 2018. Este tema não mereceu as manchetes dos jornais, porque nesses últimos 20 anos a corrupção banalizou-se de tal forma no Brasil, que os dirigentes públicos e seus clones na iniciativa privada nos furtam com tal aisance, que sua súbita ascensão nas colunas sociais já não impressiona ninguém. 

É certo que nenhum país do mundo conseguiu até hoje dar fim â corrupção, mas é possível diminuir sua incidência, se um trabalho sério for feito nesse sentido. E se o Brasil pretende ser respeitado, a ponto de ser eleito para o Conselho de Segurança da ONU, terá primeiro que varrer a casa. A multinacional KROLL, que se dedica ao cálculo de riscos para os investidores, informa que os dois maiores riscos que um investidor enfrenta hoje no Brasil são: a carga tributária, sempre em ascensão, e a corrupção. É evidente que estes riscos estão interligados, pois se diminuirmos a taxa de corrupção, poderemos igualmente diminuir a carga tributária. Não poderemos ser levados tão a sério quanto o desejaríamos, se levarmos em conta que a organização Transparência Internacional, nos agraciou com grau 3,9 – numa escala de 1 a 10 ,utilizada para medir a corrupção entre 130 países investigados. Os países escandinavos alcançaram, em media, grau 9. Na America do Sul perdemos ate para a Venezuela.

Hoje no Brasil, percebe-se que o governo Temer quer transformar as próprias  acusações e  dos empreiteiros contra a Turma do Pudim em fato banal. Algo tão corriqueiro que nem notícia merece ser. Tal discurso embute a premissa de que a corrupção é inexorável, assim como o caixa dois nas campanhas eleitorais. É como se esconder diamantes na Suíça fosse tão comum quanto político pintar o cabelo de acaju.

Mas o discurso está emplacando. De tão anunciada, a chamada delação do fim do mundo  virou  notícia velha na época,  mesmo  antes mesmo de ser publicada. Falou-se tanto dos 77 delatores da Odebrecht que eles já se tonaram clichê, lugar comum, déjà vu. Exagero? Quem atentou mais de dois minutos à denúncia contra Aécio Neves, baseada em vazamento parcial de delação odebrechtiana? Qual denúncia?

Um argumento contra a banalização é que a indignação da opinião pública contra a impunidade não deixará o descaso prevalecer. Contra ele servem as prisões dos azarados que ficaram nas mãos de juízes de primeira instância. Ver o ex-todo-poderoso presidente da Câmara dos Deputados algemado, o ex-governador de camiseta verde Bangu ou o ex-bilionário de cabeça raspada aplaca o desejo de desforra contra a classe política.

Enquanto isso, em Brasília, a elite com foro privilegiado decide qual o melhor juiz para julgá-la no Supremo Tribunal Federal. Como se fosse normal e corriqueiro caber ao criminoso escolher o próprio júri. Vale a lei da vantagem, segue o jogo.

A justificativa prática para a desfaçatez é que alguém precisa fazer o serviço impopular das reformas previdenciária, trabalhista e todas aquelas que tiram votos em vez de dar. Como ninguém quer fazer campanha prometendo aumentar o tempo de contribuição para o trabalhador poder se aposentar, melhor deixar isso para um governo sem pretensões de se perpetuar no poder – como se seus integrantes não fossem poder há 30 anos.

Finalmente, há o argumento “melhor isso do que voltar o PT”. De todos, é o mais sincero. Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei.

Se Temer e seus asseclas tiverem sucesso onde os petistas falharam e conseguirem emplacar o discurso da banalização da corrupção, vai se consolidar uma divisão dos políticos em duas castas: os comuns, sujeitos a tomar banho frio em Curitiba a mando de juízo de primeira instância, e os alforriados, beneficiados pelo acúmulo de processos no gabinete de um ministro do STF.

Como diria aquele policial federal,  tudo é uma questão de timing. Para uns, o tempo urge. Para outros, urge não ter pressa. Não convém manipular o teor de vereditos, melhor trabalhar o calendário. É o suficiente para moldar o jogo político e eleitoral. De um lado, dá-se prazo para aprovar reformas no Congresso. De outro, criam-se condições para limar candidaturas.

Enquanto ainda é presidenciável, Lula obstrui candidatos do mesmo campo político – mesmo com rejeição recorde, tem mais intenção de voto do que qualquer companheiro. Quanto mais demorar para o petista ser declarado inelegível, menos tempo sobrará para cultivarem-se alternativas no petismo. Se, por fim, ele não puder disputar, aumentará o espaço para quem surfe a onda que elegeu Trump nos EUA. Salvo, claro, se Lula ser absolvido por Moro

Se ressuscitasse no Brasil, Hannah estaria hoje escrevendo sobre a “banalização da corrupção” que mata de inanição milhões de brasileiros, sem que se tenha nem mesmo o trabalho de assinar uma sentença.

Se gostou compartilhe....

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Mãe,Freud Explica!

MÃE, FICA TRANQUILA, FREUD EXPLICA!

Por Alacir Arruda

Certa vez  - corria o ano de 1993 - minha mãe, que esse ano completa 81 anos e viveu 60 deles na roça, me disse, ao ver o comercial da cueca Zorba: "filho, meu corpo pede terra"!...Bom, em épocas de empoderamento feminino, transsexualidade, uniões homo-afetivas, homem casado com homem e mulher com mulher - não que eu seja contra, ao contrario, cada qual sabe o que faz de sua sexualidade -  e a idéia de que  uma criança, enquanto gestada, não pode ser chamado de homem ou mulher, recorro a Freud para entender essas loucuras e, talvez, deixar minha mãe mais calma...

Nesse quesito, Freud tinha absoluta razão razão; mesmo que o ser humano  tente disfarçar desejos e intenções; a busca da relação entre homens e mulheres, e entre os homossexuais, está quase sempre voltada para a sexualidade bem ou mal definida ou intencionada.

De forma explícita ou camuflada quando nos interessamos por alguém “fazemos sexo” com os olhos, com o pensamento, etc. Desde o começo dos tempos foi dessa forma; no entanto, na atualidade, a deusa “mídia” ajudou a transformar um recurso divino para a evolução como o sexo numa idéia quase fixa (obsessão).

A energia sexual é força de imenso potencial no progresso da humanidade.

Quando em equilíbrio: revigora; harmoniza; impulsiona; dá vida; desenvolve e liberta; faz desabrochar o gérmen do amor na interação entre criaturas; impulsiona o progresso.

Quando em desequilíbrio: descarrega energias; enlouquece; aprisiona; exacerba egoísmo e orgulho; nessas condições não ocorre troca; usa-se ou possui-se; vende-se ou troca-se; o que gera débitos a serem corrigidos futuramente.

Como começou a encrenca da sexualidade mal conduzida?

Somos capazes de desviar e viciar instintos que levaram milhões de anos em desenvolvimento; teimamos também em viciar a fisiologia, pois comemos sem ter fome (instinto de sobrevivência); matamos por esporte ou lazer; usamos a energia sexual por puro prazer (instinto de perpetuação da espécie) chegando às raias do egoísmo desajustado: somos os únicos que tem relação sexual sozinhos; e há os que pagam para fazer sexo; e, se prostituem.

Um recurso tão poderoso na mão de “crianças em evolução”; sem dúvida, poderia tornar-se um brinquedo perigoso.

Daí, o uso das energias sexuais, tornou-se um foco de desequilíbrios, cujo conjunto causa – efeito flui e reflui pela eternidade; até mesmo nas tendências inatas para adoecer – além disso, a energia sexual em desalinho é um dos principais veículos detonadores de violências; traições; assassinatos; suicídios – o que gera débitos que atravessarão séculos ou milênios até o inexorável resgate ou reparação.

Usar bem a energia sexual é uma das matérias mais difíceis da evolução humana; quem a dominar, segue feliz e com a consciência cada vez mais desperta e ampliada.

O mau uso do sexo como veículo de promoção social; comercial; artística e cultural.

O uso da sexualidade como moeda com graves e imprevisíveis conseqüências para o desenvolvimento pessoal e coletivo, é bem antigo – a diferença é que na atualidade aumenta o perigo; até por que na vida contemporânea, as maiores vítimas do consumismo sexual são as crianças e os jovens. Aí estão nos noticiários do cotidiano; notícias nas quais crianças e jovens se tornam protagonistas de ocorrências nefastas dos prazeres sexuais (dos adultos, principalmente); dos amores descontrolados; traições; vinganças; morte. Os perigos são crescentes; pois um dos efeitos do estresse crônico do qual as crianças são as grandes vítimas é o aumento do cortisol – um dos mediadores químicos que se elevou de forma constante; e um de seus efeitos é acelerar a maturidade sexual – com isso, é comum que vejamos por aí, meninas de 6 ou 7 anos de idade com “corpinho de 15” a despertar o olhar e os desejos cobiçosos de adultos com doenças educacionais cada vez mais graves – nestas bandas a maior parte da violência sexual “materializada” contra crianças e jovens fica quase impune; pois é cometida entre as paredes da vida em família – cada vez mais desorganizada e sem valores. Segundo as estatísticas de violência e de assédio sexual contra crianças e adolescentes, a maior parte é gerado por namorados da mãe; irmãos; enteados – claro que esse problema de falta de qualidade humana não é recente; porém na atualidade, toma dimensões que deveria nos preocupar e gerar medidas eficazes de combate. Muitas vidas são deformadas por esse tipo de agressão covarde que gera marcas difíceis de apagar.

Como desgraça pouca é bobagem; sob a ação do estilo de vida atual, a idade de primeira menstruação abaixa rapidamente – a de primeira relação sexual consentida ou não, também – como efeito colateral: o risco de DST; gravidez cada vez mais precoce e aborto; também aumenta. Mais um fator de peso se acrescenta ao problema: o uso da Internet possibilitando a explosão de todo tipo de tara e desvios de conduta sexual latentes.

Como a energia sexual mal direcionada pode nos fazer adoecer? Na condição egoísta de sexualidade, um dos parceiros seqüestra a vitalidade emocional do outro – ou eles se exploram reciprocamente; caindo ambos em exaustão.

A insatisfação crônica é uma das marcas registradas de nossa pouca maturidade psicológica – No contexto da sexualidade não poderia ser diferente; estamos insatisfeitos século após século – nesta época de mídia de ação rápida criou-se a cultura do orgasmo; a ilusão do prazer sexual pelo simples prazer nos traz inúmeros sofrimentos; pois sem o amor que lhe dá harmonia, ele é como um sonho e; quem faz uso do sexo dessa forma, sempre acorda dele insatisfeito; é preciso cautela, pois confundimos cobiçar o corpo, a companhia, as sensações, com o verdadeiro amor; o sexo é o caminho, não o fim…

No campo da evolução pessoal: o desequilíbrio energético causado pela idéia fixa, que deixa estagnadas as energias sexuais; afeta profundamente o centro de força genésico; e seu efeito é devastador; pois afeta a maioria dos outros chakras, causando lesões e disfunções no corpo físico em órgãos importantes; e, além disso; deixa terreno propício para doenças sexualmente transmissíveis proliferarem.

Pior ainda:
Os desequilíbrios não corrigidos no devido tempo, são impressos no corpo astral; reaparecendo futuramente como malformações; esterilidade…; além de tendências para problemas mentais e emocionais: alterações de conduta; viciações; impulsos; taras; desequilíbrio sentimental; pobreza de sentimentos; aversão ao sexo; emoções primárias exacerbadas e dominantes; perversão dos instintos; e permanece por tempo indeterminado; até que o equilíbrio seja alcançado através do esforço ativo, muito lentamente; pois a mente em desalinho e repleta de clichês sensuais impossibilita manter o pensamento em ordem; a ferramenta necessária para todos os tipos de ajustes e correções.

Para pessoas comuns não há sanidade e paz sem uma vida sexual saudável.

Essa é uma das incontestáveis verdades naturais.

E cansamos de ouvir no dia a dia:
– Credo que pessoa “xiliquenta”! – É falta! – De certa forma – realmente é. Mesmo por linhas tortas os ditados populares costumam nos mostrar certas verdades. O problema está em definir o que seja uma vida sexual saudável; e, para discutir isso, precisaríamos de uma enciclopédia; mas, dá para resumir e oferecer algumas dicas aos interessados em viver no mundo real.

• XÔ! – para conceitos do tipo: comer ou possuir alguém.
• Pessoas que comentam sua vida sexual ou que contam vantagens são problemáticas. Quem desrespeita essa interação tão íntima não merece consideração; deve tornar-se carta fora do nosso baralho.
• Cuidado com as pressões de grupo que formam campeonatos de libido e orgasmos mentirosos.
• Se a relação foi insatisfatória, busquemos analisar com carinho onde falhamos sem tentar por a culpa na outra parte.
• A energia sexual é para ser compartilhada. Não façamos da masturbação um hábito. Isso indica no mínimo pouca competência afetiva. A energia sexual é para ser trocada, não se trata de algo para ser descarregado.
• Se o principal elo da ligação afetiva que temos com alguém é a interação sexual, tenhamos absoluta certeza que, essa relação já acabou mesmo antes de começar; será uma interação afetiva “rapidinha” tipo fast-food.
• Aprendamos a fazer da energia sexual uma energia de doação. Ofereçamos sempre o que temos de melhor para a outra parte e o retorno, a vida nos dará com toda certeza.
• A sexualidade é um dos caminhos do desenvolvimento da capacidade de amar. Quem ama cuida e quem ama: respeita. Aprendamos a cuidar e a respeitar a outra pessoa, sempre.
• Não devemos misturar relação sexual com bebida nem com drogas. Tal e qual dirigir. Se beber não dirija. Muitas vezes, nada de desagradável acontece durante o ato; mas os “desastres” são mais comuns do que se imagina (especialmente no terreno astral – obsessões). Se precisarmos de bebida ou qualquer estimulante para usar a criatividade na hora da relação sexual, estamos nos avisando que algo não vai bem.
• Não criemos expectativas quanto ao resultado final da relação. A chance de frustração é enorme. A melhor política exige simplicidade e humildade. Desse modo: a satisfação é garantida. Apenas façamos nossa parte, doando: carinho, respeito, cuidados.
• Evitemos as pessoas com desvios sexuais. Significam problemas e logo nos deixarão; pois já estão insatisfeitas com a própria sexualidade; além disso, tem pouca afetividade para trocar.
• Cada um tem as suas necessidades sexuais. Estudemos as da outra pessoa e procuremos satisfazê-la com cuidado e respeito, que a vida nos devolve da mesma forma.
• Quando estivermos insatisfeitos verbalizemos a insatisfação. Treinemos o diálogo claro, inteligente e honesto para garantir nossa felicidade e a da outra pessoa.
• Que fique sempre claro que não existe nem o parceiro ideal nem a parceira ideal. O ajuste sexual como o amor é uma conquista capaz de trazer paz, harmonia e felicidade com tempo e esforço.
• A continência sexual forçada é uma fonte de distúrbios – conforme vemos no dia a dia de casais – e veremos nos noticiários com relação ao problema da pedofilia entre celibatários não preparados para transmutar a energia sexual em doação amorosa.
• A relação sexual envolve aspectos que nem sonhamos ainda, como a obsessiva necessidade de sexo no pós – morte. Temos nossas companhias espirituais. Para aqueles que já se preocupam com esse assunto que tanto influencia nossas vidas, vale um alerta, cuidado com quem, onde e em que momento vai manter relações sexuais; pois podemos arrastar conosco companhias espirituais indesejáveis do parceiro ou dos locais do tipo: motel; que vão nos assediar com resultados funestos.
• Necessidades sexuais compulsivas e masturbação compulsiva…, são indicadores de obsessão espiritual em andamento.

O perigo de desastres no uso da sexualidade aumentou com a filosofia do test-drive; quando a outra parte só quer ficar.

Numa sociedade de consumo a degustação é saudável; pois, não levamos para casa o produto no escuro – claro que como todas as escolhas humanas essa também têm seu preço – vários são os aspectos positivos; mas, o perigo que se oculta atrás dessa facilidade não é nada desprezível.

Quem quiser virar amostra grátis de relação afetiva: problema seu…

Ficar: De forma geral indica que há interesse na pessoa e deixa subentendido que há intenção de relacionamento sexual. O cuidado que devemos tomar nesse tipo de situação é avaliar sempre o que nos interessa naquela pessoa antes e depois. Quer se tornar o prato do dia? Deseja ser o gran finale de uma noitada memorável?

Tá ligado? A libido está a mil por hora? Quem é o chefe o cérebro?

A cultura do orgasmo preconizada pela mídia é uma armadilha para os incautos. Ela criou uma visão obsessiva e deturpada do orgasmo a qualquer custo e a qualquer preço; o que causa muitos problemas psicológicos para pessoas imaturas de qualquer idade.

É preciso esclarecer o jovem para não cair em “pegadinhas sexuais” tão antigas quanto simplórias; é urgente e inevitável repensar e reavaliar conceitos sobre o orgasmo para que não ocorram destrutivas desilusões, cada vez mais precoces; promiscuidade; decepções; depressão; obsessão; sofrimentos.

Dica.
Na relação o orgasmo não pode ser o objetivo, e, sim conseqüência.

Claro que sem ele nossa vida não teria a mesma graça; mas a preocupação com o prazer como finalidade primária; traz uma série de problemas psicológicos e afetivos, tais como: medo de se relacionar; insegurança quanto ao desempenho; ejaculação precoce; dificuldades de ereção; frigidez; masturbação viciosa e doentia.

A cultura do prazer a qualquer preço ajuda as pessoas a se tornarem fingidas; mentirosas; desonestas, consigo mesmas e com as outras pessoas – cria-se toda uma cena no momento; mas não dá para sentir alegria real e duradoura.

Se nos descuidarmos, nós nos tornamos mentirosos quanto ao próprio orgasmo e quanto ao número deles. Transformamos o prazer sexual numa competição para ver quem é capaz de sentir; ou de mentir mais – Coisa de quem vive na periferia do mundo REALIDADE. É fácil identificar esse tipo de pessoas: sentem uma necessidade compulsiva de divulgar seus feitos. Apregoam suas conquistas amorosas para que possam esconder de si mesmas sua pobreza afetiva.

Se liga!

Orgasmos múltiplos, várias relações sexuais seguidas, são fantasias que muitas pessoas gostam de cultivar para enganar a si e aos outros.
Para elas, um carinhoso: XÔ!

VIDA SEXUAL ENTRE PARCEIROS FIXOS

Na atualidade tamanha é a facilidade de test-drive, que é politicamente correto denominar também os antigos casais (marido e mulher) de parceiros “fixos” ou quase.

Hoje ainda; embora nem tanto – mas, antigamente o móvel da maior parte das uniões era o sentimento da paixão:

Criaturas apaixonadas trocam juras de amor eterno; durante as relações sexuais alcançam o êxtase; trocam carinhos e afagos como dois pombinhos – nessa primeira fase, consideram que nasceram um para o outro – depois, cada qual vai para sua casa sonhando com o próximo momento; idealizam uma existência plena de felicidade junto àquela criatura maravilhosa que tem apenas alguns “defeitos de caráter” que logo vai corrigir – mas, depois de algum tempo vivendo juntos; os defeitinhos do outro se tornam grandes e incomodam – e logo surge a primeira crise; pois nenhuma paixão resiste à convivência de dois imaturos; para piorar, a criatura antes maravilhosa está se tornando chata; daí em diante, situações mal interpretadas fazem adoecer na área genital: uretrites, corrimentos, ejaculação precoce, etc. (adoeceu nessa área reavalie a sexualidade); – nessa fase, começam os conflitos e as dúvidas quase nunca verbalizadas; e surgem novas somatizações, cada vez mais profundas; está aí o câncer de mama e de próstata; para não nos deixar mentir.

Paixão: um ardil da natureza!

A vida não dá ponto sem nó: Para a perpetuação da espécie, a força de atração inicial ajuda a encobrir com mais intensidade a verdadeira personalidade dos envolvidos; á medida que ela perde força começam as decepções. O desafio para os casais (parceiros fixos) é manter acesa a chama, da antiga paixão; cultivando o respeito mútuo e renovando os objetivos comuns. Se a vida sexual nesta fase não é satisfatória as perspectivas do futuro da relação são sombrias; pois, a energia sexual é o principal fator capaz de manter a ligação estável.

Perigo! – Rotina á vista!

Quando a paixão perde força cede lugar á rotina, aquela mesmice de sempre que deixa as partes insatisfeitas; embora quase sempre acomodadas – há um grande risco de tornar o relacionamento sexual numa masturbação a dois; servindo apenas para diminuir tensões e jogar energia fora; quando deveria ser uma transfusão de energia e de vitalidade – uma das grandes causas de cansaço crônico e de neurastenia.

Aprender a ler os sinais:

O analfabetismo existencial impede que simples leituras do cotidiano não sejam feitas; e que graves problemas tenham início. Está ao alcance de todos perceberem que homens e mulheres apresentam diferenças; não apenas na aparência e nas funções físicas; mas, sobretudo no funcionamento psicológico.
No dia a dia os homens interpretam as atitudes das mulheres como se elas fossem homens e vice – versa; especialmente na sexualidade homens e mulheres funcionam de forma muito diferente; e têm necessidades particulares; esse descuido é fatal para a qualidade dos relacionamentos.

Além disso; insegurança e medo de perder o parceiro; fazem com que as insatisfações na relação sejam ocultas; e passo a passo elas tornam-se mecânicas e insatisfatórias; claro que a repercussão no dia a dia será inevitável.

CONFLITO:

A insatisfação não verbalizada de forma clara leva á suspeita de traição da outra parte; claro que isso leva á mudança de comportamento, até na sexualidade, no dia a dia com atitudes agressivas; que o autor não percebe como tal; pois sempre nos colocamos na condição de vítima.

Quando há diálogo franco e claro sobre a sexualidade e a qualidade das relações; os conflitos podem ser evitados ou minimizados.

Alerta!

O relacionamento pode evoluir para uma relação insatisfatória que propicia a busca de novos parceiros imaginários ou aventuras amorosas; o que acentua conflitos que tendem gerar culpa e remorso, dando início a doenças somatizadas – a crise segue seu curso e proporciona relações sexuais insatisfatórias; cada vez mais esporádicas, e, atinge o ápice com a continência forçada por negativa do outro ou eternas desculpas; o que, acentua problemas de doenças físicas e mentais e emocionais; mais profundos como: neuroses, histeria – e somatizações leves, moderadas ou até mortais.

Solução?

Doar-se em prol da satisfação do outro o tempo todo, é algo além das nossas possibilidades atuais; quem ousa fazer isso, perde a auto-estima, anula-se e colabora para que a outra parte torne-se acomodada e cada vez mais egoísta.

Melhor chamar o Dr. Freud – nem que seja através da mediunidade de alguém – se é que ele já não ande por aí – sinceramente nós esperamos que ele na atualidade; não seja dono de alguma empresa de sexshop.

Prometo ler esse texto para minha mãe.....


Se gostou compartilhe...

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Só a morte nos une

NÃO ME VENHAM COM CONCLUSÕES! A ÚNICA CONCLUSÃO E A MORTE!

Por Alacir Arruda
Alguém certa vez me disse: 'Alacir, a falta de sono por vezes nos faz delirar.." Sou prova disso, pois as 04h00 da madrugada resolvi Plagiar o maior poeta da Língua Portuguesa Fernando Pessoa. E por quê? Porque acredito que essa frase é, absolutamente Schoperaureana / Nitiana, e como admirador confesso desses dois filósofos resolvi refletir.

Para que verdades? Conclusões? Aliás, por que precisamos sempre explicar as coisas, os fatos? E o imponderável? Onde ele reside? Talvez esteja ai o grande responsável pelas nossas angústias e frustrações. Essa nossa incapacidade de lidar com as limitações inerente a nossa espécie e a certeza de que carregamos um “cadáver” em nossas costas, nos eleva a uma espécie de “cegueira branca” ( aquela do de Saramago), onde preferimos fingir de cegos e ignorar a única conclusão da vida, qual seja, morte!

Até as incompreensíveis religiões ( e aqui não poupo nenhuma), tentaram nos ludibriar com elucubrações e delírios como a existência de “deuses, céu, paraíso vida eterna” entre outras insanidades, porém, o objetivo final é sempre nos aliviar da certeza de nosso fim. Uma pergunta paira no ar: por que queremos a vida eterna? Qual o objetivo em continuar a viver, mesmo que no plano espiritual? Talvez Freud nos ajude.

Segundo o criador da psicanálise, Sigmund Freud: “Nós, criaturas civilizadas, tendemos a ignorar a morte como parte da vida...no fundo ninguém acredita na própria morte, nem consegue imaginá-la. Uma convenção inexplícita faz tratar com reservas a morte do próximo. Enfatizamos sempre o acaso: acidente, infecção, etc., num esforço de subtrair o caráter necessário da morte. Essa desatenção empobrece a vida...”.

Schopenhauer (1788-1860) pontua: "certas religiões ou filosofias não preparam o homem como de fato seria necessário, assim por vezes o mesmo apresenta conceitos que o tornam inseguro. É, de fato, uma coisa questionável imprimir precocemente no homem, nesse assunto tão importante, conceitos fracos e insustentáveis, e assim torná-lo para sempre incapaz de admitir o que é mais correto e seguro.” (Schopenhauer, 1788-1860,p.60).

Nietzsche ( 1844-1900) afirma: "o cristianismo promete vida eterna aos que souberem viver bem a vida, alimentando uma falsa esperança de um mundo ilusório, aquilo que ele de chama de “morte covarde”. Para fundamentar sobre as conseqüências da morte não livre, Nietzsche faz menção à lembrança inerente ao homem do “foi assim”, considerado por ele como a causa de todo o sofrimento humano, sendo este submetido ao tempo que passa, perdendo a possibilidade de mudança da realidade. O homem não tem noção real de tempo, sendo acometido à morte que “parece ser um acidente que assalta”.A morte surge, para essas pessoas, como uma fatalidade.

Filósofos à parte, a nossa reflexão sobre a incapacidade humana em lidar com sua finitude continua. Penso que que esse capitalismo, cada vez mais selvagem e individualista, seja uma das causas desse nosso temor. Ao apegarmos a bens materiais, nos auto-afirmarmos nesses produtos a ponto de torná-los a nossa razão de existir. Senão vejamos, um individuo que hoje possui uma Ferrari, essas de ultima geração, acaba por perder seu nome e sua identidade humana, ele passe a ser o “fulano da Ferrari” e assim segue com outras marcas de destaque. Imagine um mundo sem Black Friday ( não que eu defenda a existência disso)?Como você poderia ter aquela Smart TV de 49 polegadas pra poder convidar seus amigos para assistir Netflix? Aliás o Netflix também é um fenômeno da pós modernidade, se você não tem, não faz parte do grupo ( só um lembrete: eu não tenho essa porra!).. 

Nossa Alacir,como você esta agressivo!.. Não querida, so estou bêbado...

Por isso afirmo... A única conclusão que existe é a morte, portanto, aceite-a!!



Compartilhe se gostou...

domingo, 12 de novembro de 2017

ENEM 2017

ENEM 2017 - NADA MUDOU..

Por Alacir Arruda

Eu resolvi esperar o segundo domingo da provas do ENEM para que pudesse tecer alguns comentários sobre o exame, como tenho feito nos últimos 9 anos.  Bom, a primeira consideração que faço é direcionada a alguns "imbecis" de plantão que, não possuindo absolutamente nada em suas massas cefálicas, se escondem atrás de um teclado para fazer  comentários anômalos ofensivos e desprovidos de qualquer conteúdo aproveitável, são uns inúteis. Umberto Eco estava coberto de razão ao dizer que "a Internet deu voz a imbecis", SEGUNDO ELE, antes esses energúmenos destilavam suas imbecilidades  bêbados em "butecos", e hoje usam um teclado. A esses não dou,  e jamais darei, qualquer crédito, por isso não publico seus comentários. Lembrando que esse  Blog  tem quase 5 anos e está aberto a qualquer tipo de crítica, sugestões  ou elogios,  desde que não envolva ofensas pessoais. Aliás, eu aprendi com um professor do ensino médio que "quando acabam-se os argumentos, as pessoas partem para agressões", comportamento tipico de anencéfalos.

Mas falando do que interessa, ENEM, esse ano tivemos uma experiência nova que foi a realização da prova em dois finais de semana o  que,  pessoalmente, achei inteligente por parte do Inep. Quanto a prova em sí posso compará-la a um caminhão cheio de japonês dirigido por um chinês, em suma, igual as outras. A única coisa que me chamou atenção foi a  redação e a recuada do Inep frente a  decisão do Supremo Tribunal Federal, que o proibiu de  zerar redações com conteúdos discriminatórios. É obvio que, em princípio,  aquele não era o tema da redação. Ficou claro, após a decisão do STF,  que o tema  foi mudado às pressas, na noite de sábado, com o propósito de amenizar futuros problemas jurídicos. Escolher  um tema relacionado a Inclusão foi a saída que o Inep encontrou para fugir de uma "saia justa", afinal, com raríssimas exceções uma vez que loucos existem em todos os níveis, um tema desse quilate jamais poderia  trazer qualquer tipo de problema ao Instituto. Em face disso, considero que o tema facilitou muito a vida dos estudantes.

No que diz respeito a minha área, Humanidades, o que  vi foi uma prova  bem elaborada e que exigiu muito conhecimento - a priori- dos educandos. Questões de filosofia muito bem elaboradas e um conteúdo histórico, sociológico e geográfico pertinente com as demandas do mundo atual. O que me chamou atenção nas humanidades foi a opção dos organizadores de evitar temas atuais como : Conflito Coreia do Norte e USA, 100 anos da Revolução Russa os 50 anos da morte de Chê Guevara entre outros. Mas sem duvida,   o fato que mais me surpreendeu, é o Inep não propor  nenhuma questão que mencionasse  os  500 anos da Reforma Protestante. Esse fato achei  muito estranho,  uma vez que o desenvolvimento do Brasil se deveu,  em grande parte,  aos protestantes que para cá  emigraram da Europa em meados dos seculo XIX e inicio do seculo XX e se estabeleceram na região Sul do Brasil. 

Mas esse comportamento do Inep não me surpreende, uma vez que o ENEM se transformou nos últimos 10 anos em um instrumento de manipulação das massas e trunfo politico de quem está no poder. Foi assim nos períodos  Lula-Dilma e agora não é diferente. O ENEM tem sido usado pelos governos como mecanismo de propaganda politica passando uma falsa ideia de ser um exame justo, ledo engano, uma vez que não se iguala desiguais por decreto, mas sim,  com politicas publicas sérias que possibilite, sobretudo aos menos  favorecidos, uma certa equivalência com relação aos mais abastados. Esses acabam ficando com as melhores notas em cursos como: medicina,engenharias e direito. Como falar em igualdade quando vemos os cursos  de medicina  em federais recheados de filhos de Desembargadores, Políticos, e Ricos de toda ordem? Pessoas que, em tese, tem um poder aquisitivo que possibilita o pagamento das  mensalidades m particulares para seus "pimpolhos" e as Federais deveriam ser destinadas a quem realmente precisa. Nessa hora que discordo do Art. 5 da Constituição que estabelece que todos somos iguais perante a Lei, porém, já dizia George Orwel:  "existem os mais iguais".

Uma outra critica a essa  pseudo "justiça" desse exame reside na ideia de que somos um pais com dimensões continentais e realidades educacionais culturais bem distintas,  Ou vai me dizer que um aluno do Amapá ou Acre, por exemplo, tem em,  seus Estados, a  mesma estrutura educacional de um aluno do  Rio Grande do Sul, Paraná ou São Paulo que possuem as notas mais altas no IDEB? É obvio que não, isso só ressalta o quanto o ENEM  é injusto uma vez,  que apesar das limitações que os alunos do Acre Amapá sofrem, a prova do ENEM que eles fazem é a mesma  dos alunos do Sul. Isso é justiça? Não quero desmerecer os briosos alunos e professores desses dois estados, mas não é novidade para ninguém que eles fazem parte de uma das regiões que mais se concentram analfabetos do Brasil,  colocá-los em uma disputa com alunos que hoje recebem o que há de mais moderno em educação no Brasil - como lousa digital, aulas interativas com tablets e salas de áudio visual ultra modernas -  é, no minimo, uma excrescência.

Por fim, é isso que temos! Um exame que é o espelho de um a sociedade desigual, injusta, ignorante e egoísta. Enquanto os 6 milhões de alunos se matavam em 5 horas de prova,os nossos "honrosos" políticos estavam em casa,  aproveitando mais um recesso. Semana passada  trabalharam apenas dois dias e essa semana foram liberados,  em virtude de mais um feriado prolongado...Vai cumendo Raimundo!!


Se gostou compartilhe..

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Um copo de cólera..

NADA ALÉM QUE "UM COPO DE CÓLERA."

Por Alacir Arruda

Quando eu tinha 18 anos, e ainda prestava o serviço militar obrigatório, eu ganhei um presente de uma pessoa, à época, muito importante para mim, tratava-se de um livro chamado "Um Copo de Cólera" do escritor brasileiro Raduan Nassar. Confesso que na época não me interessei, pois vivia as loucuras de uma juventude transviada e cabarés eram bem mais interessantes.. Me recordo que essa pessoa me disse que ao ler o livro eu não o entenderia , logo , deveria lê-lo novamente aos 28 anos e depois aos 38 , só assim eu poderia ter uma vaga ideia do que essa obra trata.

É evidente que eu não cumpri o que ela pediu, li somente aos 18 e, obviamente, nada entendi. Como guardo todos os meus livros, encontrei nos meus guardados outro dia essa obra. Fiquei emocionado ao ler a dedicatória que ela me escreveu com carinho: 

" Querido Alacir: Busquei o livro mais velho do sebo. 
O livro mais vivido, mais chorado,
mais sofrido. Este livro carrega não só
a história do papel, ele carrega várias outras 
que o rodearam por sabe-se lá quanto tempo. 
Escolhi este livro por um motivo simples. 
É hora de ele descansar. Todos merecemos 
esse momento. Quero dar a este livro 
o presente que é estar ao redor de você 
e suas histórias. Que fique sempre claro, 
o presente é pra ele e não pra você. 
Então, tenha uma vida bem feliz, cheia 
de amores realizados e sonhos lindos. 
Afinal, prometi isso a este querido livro."

Te amo. Mesmo que jamais esteja ao meu lado. 
(Sol.. Janeiro de 1989) 

Podem ter certeza que eu não sabia disso, nunca mais vi essa moça e, talvez em face da ignorância que me consumia naquele período, não consegui enxergar a  singeleza de tão belas palavras. Mas voltemos ao livro. Voltei a lê-lo recentemente, Um Copo de Cólera, é um livro diferente dos outros. Foi publicado em 1978 e é composto por sete capítulos, cada um deles com um único período e apenas um ponto final. 

A obra conta sobre a desavença entre os protagonistas, um homem e uma mulher. O homem não tem nome e não se sabe sua profissão. A mulher, também sem nome, é jornalista. Simbolicamente, o homem representa o próprio poder ( a história foi escrita na década de 70, em plena ditadura militar ), o dominador; a mulher, sua esposa, é o povo dominado e oprimido. Isso não significa que o autor tenha tido essa intenção. 

A história começa com um fato banal, quando ele se irrita por causa de formigas que estão destruindo arbustos que cercam a chácara. E aí se desentende com a mulher. Comparando, as formigas destroem a cerca e a vida desse homem. Em Um Copo de Cólera o protagonista não gosta de ver sua mulher conversando com os subordinados. Isso lembra a obra São Bernardo, de Graciliano Ramos, quando o personagem Paulo Onório também queria que sua mulher falasse com os empregados. O casal representa a crise entre o homem e a mulher, nos pequenos conflitos do dia-a-dia que se tornam insuportáveis. Enquanto que na atividade sexual ela satisfaz o marido, sendo submissa, no debate ideológico é ela que domina, por ser jornalista e falar bem. Apesar das brigas, não há vencido e vencedor. No final do livro ele se encontra sozinho, já que ela vai embora. 

O primeiro e o último capítulos têm o mesmo nome ? A Chegada. Leva-nos a crer que o primeiro apresenta a visão masculina e o segundo, a visão feminina. O homem vê na mulher a figura de amante e de mãe, principalmente quando ela lava seus cabelos. Ela o vê como filho quando está deitado na cama, encolhido como um feto. O autor tenta equilibrar razão e emoção. Ele, mais racional, perde a razão em determinados momentos, enquanto ela se deixa dominar em outras situações. Ambos representam papéis que a sociedade estabelece: homem tem que pensar e agir de uma maneira; a mulher tem que representar o seu papel de mulher. 

Apesar de escrita na época de 1970, da ditadura militar, a obra é uma novela pós-modernista cuja história acontece hoje, amanhã ou pode ter acontecido no passado. 

A linguagem é carregada de termos eruditos, rebuscada (lembra a retórica barroca), mas em certos momentos o autor joga palavrões e termos coloquiais para representar bem o dia-a-dia desse casal. 

É um livro que pode ser lido em pouco mais de meia hora, e foi o que fiz. Se fosse para classificá-lo (que coisa inútil, não?), acredito que figuraria como uma novela, ou quem sabe um conto mais longo. Mas isso não faz a menor diferença. E o livro realmente começa neste tom, com uma habilidade para narrar impressionante. Depois vem esse bendito copo de cólera, quando um fato aparentemente irrelevante serve de catarse para sentimentos ocultados, mágoas e frustrações virem à tona, numa tour de force soberbo do escritor. Mais uma vez chama a atenção a velha história: a voz é das personagens ou do escritor? Não importa muito, elas se fundem e o que sobra é uma pequena pérola, uma obra que, sem dúvida alguma, pode ser utilizado, para além da inquestionável qualidade da trama, como fonte de estudo para aspirantes a escritores (e eu me incluo aqui).

A leitura desse livro é surpreendente pelo estilo diferente e pela forma interessante de retratar o cotidiano de um casal. Parece que o homem e a mulher estão vivos, prontos a saltar aos nossos olhos... 

Fica a dica, leiam "Um Copo de Cólera".. Logo depois aprofundem Gabriel Garcia Marquéz lendo: "Memórias de Minhas Putas Tristes". É isso, leiam, apenas isso! 

Se gostou compartilhe..