quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Enem? O que o futuro reserva para a juventude.
Por Alacir Arruda.


Uma coisa tem sido objeto de reflexão dos intelectuais ligados a educação nos últimos 5 anos: o que acontece com jovem que não conseguem atingir notas no ENEM? Para onde eles vão? O que fazem? O Enem se transformou no últimos anos na principal ferramenta de avaliação educacional para aqueles quem tem objetivos de atingir o terceiro grau. Ele não somente te coloca em uma boa instituição de ensino, de acordo com sua nota, como também é pré requisito e abre portas dos programas sociais de apoio aos estudantes criado pelo governo federal, ex:ProUni, Fies, Etc.. 
Mas e aqueles que não conseguem sair bem nesse exame? Ou mesmo não conseguiram estar nas listas de ProUni e Fies? O que fazer com essa massa. Dados do movimento Todos Pela Educação dizem que apenas 37,9% dos jovens brasileiros de 19 anos concluem o ensino médio e desses, apenas 12% chegam ao Terceiro Grau. Dessa parcela, já muito pequena, a minoria atinge a pós-graduação, mestrado, e apenas 1% consegue chegar ao doutorado. Triste realidade para um país que pretende figurar entre os protagonistas do século XXI. Sem emprego ou oportunidades de trabalho, muitos desses jovens caem numa espécie de ociosidade precoce. No pior dos mundos, tornam-se, não raro, presa fácil para o tráfico de drogas e o crime organizado.
Esse quadro pode parecer desolador, mas é a realidade com que nos deparamos atualmente. A educação oferecida à juventude brasileira não tem sido capaz de apresentar uma perspectiva real de futuro a seus cidadãos que ingressam na vida adulta. Esse é o maior desafio que hoje assola o governo, qual seja, a responsabilidade de devolver ao jovem o direito de sonhar; um direito que tem sido roubado, sobretudo, nas camadas inferiores. Os jovens, há muito tempo, vêm tentando nos dizer, das mais diversas maneiras - como comprova recente pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)-, que a educação ocupa o primeiro lugar entre as suas preocupações, isso ficou claro nos seis países pesquisados - Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. Nesses países os problema são idênticos, os jovens demandam uma educação de qualidade, inovadora, voltada para a realidade a qual estão inseridas e, que acima de tudo, seja inclusiva e forneça qualificação profissional, propiciando a conquista de melhores oportunidades de trabalho. No Brasil, para que essa necessidade seja atendida, é crucial, na visão dos próprios jovens, a adoção de metodologias de ensino de acordo com o que prescreve a Matriz do Enem, ou seja, que as escolas mudem seus referencias de ensino ainda baseados na velha escola, conteudista e alienante. Uma escola que ainda vê o aluno como um depósito de conhecimento, onde a disciplina e conquistada pelo terror e ameças, resquícios da ditadura militar. Enfim, o jovem contemporâneo quer uma uma escola que caiba na vida''.
Os números da educação brasileira revelam que a angústia dos jovens tem razão de ser. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2010 revelam que a taxa de matrícula no ensino fundamental é de 96% entre crianças de 7 e 14 anos que estão cursando a etapa adequada de escolarização. No ensino médio a situação é bem diferente: apenas 48,2% dos jovens entre 15 e 17 anos estão matriculados. Isso significa que 51,8% estão fora da escola ou atrasados, ainda cursando o ensino fundamental. Assim, podemos concluir que parcela significativa dos jovens, embora esteja estudando, enfrenta o drama da defasagem escolar. 
A precariedade educacional está na raiz de muitos outros problemas sociais enfrentados pelos jovens. O mais recente relatório do Unicef sobre a infância no Brasil (Situação Mundial da Infância), divulgado em janeiro de 2013, indica que é cada vez maior o número de crianças nascidas de mães muito jovens: o número de bebês de mães com menos de 15 anos aumentou quase um terço (29%) entre 1994 e 2010 no País. O próprio Unicef afirma que o nível educacional das jovens tem relação direta com a gravidez precoce. Somente com uma grande mudança conceitual poderemos ter um aluno que, ao final do ensino médio, possa decidir entre seguir seus estudos num nível técnico ou tecnólogo, ou ainda ingressar no ensino superior. Sempre tendo em mente que, na sociedade do conhecimento, é imprescindível investir em sua formação ao longo de toda a vida. 
Enfim, para termos uma juventude verdadeiramente independente, composta de cidadãos autônomos e críticos, é obrigação da escola garantir um sistema educacional que propicie a esse jovem requisitos mínimos para que ele tenha a possibilidade de construir seu futuro. Um futuro sustentável. Jamais se tornando presa fácil das mazelas que o assolam, não apenas aqueles que estão na base da piramide social mas, sobretudo, aquele que sempre figurou como representante de uma sociedade ascendente e que hoje sente na pele as dificuldades de uma mundo cada vez mais competitivo.. 





4 comentários:

  1. Professor, de onde tira tanto dado?.O pior e que esta certo, fico imaginando o sr. fazendo uma redação do ENEM, sera 1000 pontos com certeza. Bjs. Stephanie

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    1. Car stephanie, quanto aos dados, eles estao disponiveis no site do IBGE e do governo federal para quem quiser usa-los. Quanto a redação, nao e bem assim mocinha, temos inteligencias múltiplas e a habilidade de leitura e interpretação, necessariamente não esta ligado a conseguir uma nota alta no ENEM..Obrigado de toda forma..bjs

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  2. Me surpreendo cada vez mais com cada um dos artigos que o Dr. publica.
    São informações diferenciadas, que trazem conhecimento real às nossas vidas.
    abçs.

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    1. O Rodrigo, que bom meu amigo. Isso vindo de vc que é meu aluno muito me enobrece. Grato e um grande abraço..

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