Israel-Palestina:
Um Conflito Sem Fim.
Por Alacir Arruda
"Nesse
artigo estou atendendo ao pedido de uma leitora do Blog que se interessa pelo
assunto e me solicitou que escrevesse algo sobre o tema. O Blog esta aberto a
outras sugestões” (Alacir)
Um dos conflitos mais emblemáticos que tem
marcado os séculos XX e XXI é a contenda Israel-Palestina Apesar dessa briga remontar ao período anterior a cristo, os
conflitos no Oriente Médio violentos como são hoje em dia, iniciaram-se a
partir da criação do Estado de Israel em 1948 . No período entre guerras os
Judeus foram muito perseguidos pela política Nazista de Adolf Hitler. E também
em função da grande influência da população judaica principalmente nos Estados
Unidos e na Inglaterra. Após o final da segunda guerra mundial houve um
ambiente favorável para a criação do tão sonhado Estado para os Judeus. Coube à
recém criada Organização das Nações Unidas (ONU) em 1947, mediar a partilha dos
territórios da região da Palestina em três partes sob mandato dos ingleses.
A
saída dos ingleses da região algumas semanas antes do combinado pela ONU, gerou
insegurança. Os Judeus em meio ao caos e à desordem declararam a fundação do
Estado de Israel, em 15 de Maio de 1948, que foi rapidamente reconhecido pelos
EUA e URSS. Imediatamente, as forças militares da Liga Árabe (Egito, Iraque,
Transjordânia, Síria e Líbano) invadiram a região declarando guerra à Israel,
criando o primeiro grande conflito entre Árabes e Judeus. Israel foi
beneficiado pela desorganização, a desconfiança entre os próprios países árabes
e a trégua negociada pela ONU, a qual previa o embargo de armas e munições aos
dois lados. No entanto, esse acordo foi descumprido pelos israelenses. Com
dinheiro arrecadado das comunidades judaicas no exterior, conseguiram comprar
novos armamentos que foram decisivos para se fortalecerem frente aos
adversários árabes.
Deste
modo, o recém criado Estado de Israel venceu a guerra e ocupou terras além
daquelas que a ONU havia designado, provocando a fuga de aproximadamente um
milhão de Palestinos, que ficaram sem o Estado que lhes fora prometido. Com
isso, teve início a “Questão Palestina”, ou seja, a luta desse povo pela
recuperação de seus territórios e pela criação do Estado próprio. No desfecho
deste primeiro conflito, além de perdas humanas, ocorreu a ocupação da Faixa de
Gaza pelo Egito, da Cisjordânia e a parte Oriental de Jerusalém pela
Transjordânia e o restante por Israel.Paralelamente, em 1959, estudantes
Palestinos sob a liderança de Yasser Arafat, fundaram uma organização armada
contra Israel chamada Al-Fatah, com o propósito de obterem terras para a
formação do Estado Palestino. Em 1964, com apoio de outras lideranças do mundo
árabe, foi criada a Organização para Libertação da Palestina (OLP), que em 1969
passou a ser dirigida por Arafat. Desde 1975, a ONU passou a reconhecer a OLP
como único representante do povo palestino nas negociações de paz na região.
Israel,
num prenúncio da guerra dos seis dias, tentou desviar as águas de afluente do
Rio Jordão, fato que foi repudiado pela Síria. Posteriormente, esta última
também tentou fazer o mesmo. É neste contexto que a região da Terra Santa, como
é chamada, se encontrava. De um lado, as negociações dos países que lideravam o
Pan-Arabismo, mesmo com todos seus individualismos; de outro, Israel, com suas estratégias em
ocupar e dominar ´´espaços vitais``. As negociações entre Síria, Jordânia e
Egito e a retirada das tropas da ONU foram substituídas por tropas egípcias,
ocupando o Golfo de Ácaba, bloqueando o Porto israelense de Eliat que recebiam
suprimentos petrolíferos do Irã.
Toda
essa movimentação gerou tensão em Israel, que despejou um ataque surpresa em
Junho de 1967. Este foi preparado para hora exata. Israel dizimou a força aérea
egípcia em terra. Em apenas seis dias de combates, as tropas israelenses
ocupavam as estratégicas Colinas de Golã da Síria, o Sinai e Faixa de Gaza do
Egito e a Cisjordânia e a parte Oriental de Jerusalém da Jordânia. Estas
regiões foram imediatamente ocupadas por colônias judaicas. Logo após a guerra,
o Conselho de Segurança da ONU votou uma resolução exigindo a retirada de
Israel de todos territórios ocupados e exigia o reconhecimento mútuo. A
resolução nunca foi obedecida.
Na
década de setenta, os Palestinos continuaram sendo renegados após ataques
terroristas contra colônias judaicas e os
seqüestros de 4 aviões. O rei Hussein da Jordânia, ordenou uma grande
operação para desarmar os grupos palestinos. O Setembro Negro, como ficou
conhecido, teve um saldo próximo de 4 mil Palestinos mortos e 10 mil feridos.
Em 1973, árabes e israelenses protagonizaram o quarto grande confronto, a
guerra do Yom Kippur (o dia do perdão). Israel foi apanhado de surpresa pelo
Egito e Síria que visavam recuperam os territórios ocupados em 67. No início do
conflito, parecia ser fácil a vitória sobre Israel. Entretanto, o entusiasmo egípcio
e a desorganização dos aliados árabes favoreceram a recuperação israelense. O
conflito se alonga e internacionaliza, quando terminam os combates com mais uma
derrota árabe; porém, sem perdas de território. A guerra foi transferida para o
campo político, a OPEP triplicou o preço do petróleo gerando a chamada crise do
petróleo. A partir de então, muda o cenário político no Egito como ascensão de
Anuar Sadat. Este aceitou negociar com Israel a devolução do Sinai de forma
pacífica. No final dos anos setenta em
Camp David - EUA, Egito e Israel
firmaram um acordo que restabelecia o Sinai ao Egito até 1982. Em troca, teria
que reconhecer o Estado Judeu. Este foi mediado pelo então presidente dos EUA,
Jimmy Carter. Enquanto o mundo assistia esse acordo, o Líbano enfrentava uma
guerra civil violenta entre os grupos religiosos do país, inclusive os
Palestinos Islâmicos.
Encerrada
a retirada e acalmados os conflitos no Sul, Israel parte para a invasão no
Líbano. Alegando a necessidade de destruir os guerrilheiros palestinos, mais
uma vez Israel massacrou os palestinos, sob comando do general Sharon, nos
campos de refugiados de Sabra e Chatila na periferia de Beirute. As tropas
israelenses de ocupação, com o apoio dos norte-americanos, autorizaram a
entrada de milícias cristãs, com o intuito de vingança ao atentado que matara
dois dias antes, Bachir Gemayel, presidente recém eleito. Estas milícias
massacraram sobretudo crianças, mulheres e idosos. Após fortes pressões
internacionais, inclusive da população israelense, os israelenses retrocedem,
fixando-se no Sul, onde ocupam uma faixa de segurança, com cerca de 15 km de
largura, desocupada a pouco tempo em função de acordos e pressões
internacionais.
Em
fins de 1987, teve início a intifada (ou revolta das pedras), uma rebelião que
chamou a atenção mundial sobre a ocupação de territórios palestinos pelos
judeus. Ainda nesse ano, a Jordânia renunciou de lutar pela posse da
Cisjordânia, ocupada por Israel desde 67 e cedeu essas terras aos palestinos,
obrigando Israel a negociar com a OLP.
A
partir dos anos 90, foram feitas várias negociações visando chegar a um acordo
de paz. O impasse começa a ser rompido com a vitória dos trabalhistas nas
eleições para primeiro Ministro, elegendo Itzhak Rabin, que defendia
negociações com base no princípio ´´paz em troca de terra``. Em setembro de
1993, foi assinado um acordo de paz reconhecendo-se mutuamente, o qual, ficou
acertada a retirada israelense, a partir de 1994, da maior parte da Faixa de
Gaza e de Jericó, na Cisjordânia, locais onde os palestinos conquistaram
relativa autonomia. Os acordos encontravam resistência dos dois lados. Uma
série de atentados terroristas do lado palestino, os protestos dos direitistas
do Likud e as represálias do exército israelense esfriaram os acordos.
Mesmo
assim, as negociações entre Israel e a OLP foram retomadas. Finalmente, em 1995
foram firmados acordos que previam a retirada israelense de áreas urbanas da
Cisjordânia, incluindo as cidades de Jenin, Nablus, Tulkarn, Qalqylia Ramallah,
Belém e partes de Hebron; com exceção desta última, a retirada ocorre ainda em
95. Com o avanço das negociações de paz, acirram as divisões na sociedade
israelense. Em virtude dessa resistência em 1995, Itzhat Rabin é assassinado
por um judeu radical, contrário à devolução de territórios aos palestinos,
colocando em risco os acordos firmados até então. Assume, Shimon Peres tentando
dar seqüência as negociações, que outra vez foram interrompidas em virtude
de ataques de homens-bombas e
retaliações por parte do exército de Israel.
Novas
eleições, e o Likud volta ao poder refreando o processo de paz. O governo
israelense revoga o decreto que proibia a expansão de colônias judaicas na
Cisjordânia e aprova a construção de mais 1.800 casas em uma colônia da região;
além disso, fecha o escritório da OLP em Jerusalém, demolindo-a. A Intifada é
retomada em uma das visitas do general
direitista Ariel Sharon à esplanada das Mesquitas, em Jerusalém. Em resposta a
construção de um túnel que une a Via Dolorosa ao Muro das Lamentações,
principal santuário do judaísmo, passando sob a Mesquita de Al-Aqsa, o terceiro
lugar mais sagrado do islamismo. Em 1999, os trabalhistas voltaram ao poder e
no ano seguinte, através de acordos firmados em Camp David (EUA), foi proposto
aos palestinos o controle integral da Faixa de Gaza e de 90% da Cisjordânia. No
entanto, Israel recusou-se a entregar Jerusalém Oriental, que os palestinos
reivindicam como capital, o que criou um impasse.
Com
a ascensão do primeiro-ministro Ariel Sharon,(que morreu recentemetente) a região se transformou numa guerra sem
precedentes. Com o mesmo discurso de antes, ou seja, destruir os terroristas
palestinos, quando na verdade sua real intenção era enterrar de vez os acordos
de paz de 1993. Em 2002, em resposta a novos ataques suicidas, numa operação
que foi chamada de ´´Muro Protetor``, Israel ocupou com tropas, tanques,
blindados e escavadeiras, praticamente todas cidades sob controle palestino na
Cisjordânia, fechou o cerco ao quartel
general de Yasser Arafat em Ramallah. Em um desses cercos, as pessoas ficaram
por uma semana sem poder sair de casa. Quando puderam sair foram cuidar das
tarefas mais urgentes, como conseguir água e comida. Entre todas, uma
indispensável, enterrar os mortos. Muitas famílias tiveram parentes baleados
dentro de casa e não puderam sair para enterrá-los. Eles ficaram na sala ou nos
quartos, cobertos de cal para diminuir a velocidade de putrefação dos corpos.
George Fridman disse a revista Veja (2002): ´´Que nos últimos meses quem era
moderado se tornou radical. Quem era radical apenas no discurso está pronto
para matar. Isso vale para os dois lados``.
Desta
forma, uma das grandes dificuldades de se chegar a uma paz definitiva são o
grande número de colônias judaicas instaladas na faixa de Gaza e na
Cisjordânia.
Não
basta o chefe de Estado Judeu firmar acordos, sendo que as comunidades judaicas
resistem a desocupar os territórios em que estão instalados. Nesse ambiente de confronto entre
judeus e palestinos, o medo está presente dos dois lados. A vantagem dos
primeiros, é que eles podem ir e vir de um lugar para o outro sem
constrangimentos. Os palestinos enfrentam vários postos de checagem e estão
isolados do mundo, impedidos de circular
em seu próprio território.