segunda-feira, 18 de agosto de 2014

a morte de Eduardo Campos

A  Morte de Eduardo Campos..

Por Alacir Arruda

Esperei terminar o frenesi  e  a espetacularização da cobertura pela mídia  da morte do candidato do PPS a Presidência da Republica Eduardo Henrique Accioly Campos  para que pudesse tecer alguns comentários sobre a pessoa de Eduardo,  bem como o reflexo político dessa perda para o nosso país, o  que só não o  fiz antes  em consideração e respeito ao luto da família visto a natureza do  trauma e a precocidade de sua partida.

E sempre bom lembrar que no Brasil temos a mania  de endeusar quem morre, sobretudo, um jovem político como esse porém,  ufanismos de iletrados  à parte,   acredito que Eduardo Campos foi, sem nenhuma sombra de dúvidas, uma grande perda para o país. Uma coisa é certa, nem o mais havido de seus eleitores  acreditava que ele fosse vencer as eleições, mas não podemos tirar o caráter da importância da sua candidatura. Eduardo representava os 12% de eleitores brasileiros que fazem parte da  massa pensante desse país que,  mesmo em  minoria, vivem hoje um desalento com o atual quadro  aí instalado  há 12 anos.  

Eduardo iria resolver as nossas demandas? É obvio que  Não! Qualquer pessoa minimamente atenta à política deve saber que  as nossas  demandas são demasiadamente complexas ao ponto de encontrar um salvador da pátria que  as resolvessem com uma varinha  mágica, mas como dizia a frase que era o carro chefe de sua campanha: “ o Brasil tem jeito”  Eduardo conseguia com ela, de uma forma bem natural, renovar as nossas esperanças  em um Brasil menos desigual e corrupto. Ao afirmar que o Brasil tem jeito, Eduardo não apenas trazia para o seu lado pessoas com anseios de mudanças, como também  resgatava em outras a importância de se discutir  política em nosso cotidiano, o verbo “ter” era usado por Eduardo como um “basta”   à corrupção que se proliferou por Brasília  e, como uma epidemia,  se espalhou por  todos os estados da federação. 

Sim.., Eduardo talvez  fosse o  nosso Obama (Barack)  que com uma frase “ Yes We Can” – sim..nós podemos -  mobilizou a mais importante  nação do mundo que, mesmo ressentidos após a grave crise econômica de 2008, deram a volta por cima e estimativas econômicas recentes assinalam que os EUA devem crescer entre  2%  e 3% em 2014, algo considerado surreal  há 4 anos. Diante disso podemos dizer que Eduardo talvez fosse uma luz ao fim de um túnel tenebroso que o Brasil mergulhou. Eduardo governou o Estado de Pernambuco por oito anos, era o herdeiro político de seu avô, o grande militante comunista Miguel Arraes preso torturado e mandado ao exílio  pela ditadura militar nos anos chumbo (1964-1985), ou seja, o homem tinha um bom DNA. Dados levantados durante seus dois mandatos  atestam que   Pernambuco tem hoje a maior rede de Escolas de Referência do Brasil, com, 260 unidades. De acordo com pesquisa do Inep, somente em 2012 mais de 85 mil alunos foram matriculados – o que corresponde a 10 vezes mais que a média nacional de 8.509. Em 2013, foram 163 mil alunos matriculados. A Educação Profissional foi ampliada e atualmente 26 Escolas Técnicas estão em funcionamento no estado.

É...perdemos uma esperança. Talvez nem fosse ele a  solução, mas representava, em sua essência,  um milagre possível..... Mas  como já dizia  o saudoso  poeta Manuel Bandeira em seu poema Preparação Para a Morte:

“A vida é um milagre.
Cada flor,
Com sua forma, sua cor, seu aroma,
Cada flor é um milagre.
Cada pássaro,
Com sua plumagem, seu voo, seu canto,
Cada pássaro é um milagre.
O espaço, infinito,
O espaço é um milagre.
O tempo, infinito,
O tempo é um milagre.
A memória é um milagre.
A consciência é um milagre.
Tudo é milagre.
Tudo, menos a morte.
— Bendita a morte, que é o fim de todos os milagres.

DESCANSE EM PAZ EDUARDO........E FORÇA A SEUS FAMILIARES,  SOBRETUDO, AO PEQUENO MIGUEL..


Um comentário:

  1. Alacir, achei lindo o artigo..Delicado e respeitoso, sem deixar o caráter técnico de lado. Parabens..Abs. Michele

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