Israel x Palestina: quando a arrogância
disfarça um genocídio...
Por
Alacir Arruda
Na
ultima semana o Governo de Israel disse
que o Brasil é irrelevante e criador de problemas, segundo manchete de O
Globo. Há nisso uma contradição. Se é irrelevante não pode criar problemas. Se
cria problemas não é irrelevante. Aliás, se fosse mesmo irrelevante, não teria
levado o Governo israelense ao extremo de quebrar todos os códigos diplomáticos
ao ponto de insultar o Governo brasileiro com uma ironia chula envolvendo
a Copa, como se nós, brasileiros, fôssemos uns idiotas capazes de confundir
massacre de inocentes com jogo de futebol.
Ainda
pior que o insulto israelense a um país que sempre tratou com simpatia Israel,
mesmo em momentos em que ele não merecia isso, é o comportamento da grande
mídia brasileira. A invasão truculenta de Gaza é tratada como uma guerra entre
iguais. O massacre de crianças e mulheres numa área confinada, sem saída, é
apresentado como conseqüência natural do conflito. O recurso a uma violência
extrema aparece como natural. E o Governo brasileiro é ridicularizado porque
fala do óbvio, a saber, do uso desproporcional da força.
Na
essência, tudo isso é a expressão reiterada do “complexo de vira-lata” da maior
parte da grande mídia, segundo o qual tudo o que os Estados Unidos fazem é bom,
sendo que os Estados Unidos, no caso, fazem tudo o que quer a direita
israelense, e nós, subalternos e incompetentes, devemos nos alinhar cegamente a
eles independentemente de uma visão crítica da política envolvida. Diante
disso, ter uma atitude diplomática independente, generosa e equilibrada é
assumida pela grande mídia como irrelevante na busca de humilhar o Governo,
quando o que se está tentando fazer é humilhar o Estado e a própria nação.
Estamos
diante do maior massacre de inocentes por uma força bruta militar, equipada com
os mais modernos recursos tecnológicos do planeta, desde o Holocausto. Há,
certo, uma diferença de escala. Qualitativamente, contudo, a câmara de Gaza se
equipara à câmara de gás: ninguém pode sair lá de dentro enquanto os foguetes e
o fogo da artilharia e dos tanques colhe a vida de crianças e mulheres. Parece
que há em tudo uma contabilidade macabra: foram assassinados pelo Hamas três
jovens judeus inocentes; a lei de Talião diz olho por olho, mas a lei do atual
Israel diz que um judeu assassinado vale no mínimo 300 palestinos mortos, ou
mais.
Ah,
sim, os extremistas do Hamas! E acaso não há extremistas em Israel? O fato é
que cada vez mais esses extremistas comandam o Governo israelense enterrando
todo tipo de iniciativa de paz, inclusive os tratados de Oslo, em nome da posse
de uma terra invadida, roubada, sob o pretexto de uma herança bíblica que
enterra o amoroso Senhor da Misericórdia debaixo do ódio primitivo do Senhor
dos Exércitos. Caveat, Israel é o único fator presente no mundo contemporâneo
que pode levar o planeta a uma guerra nuclear. Note-se que o pequeno David já
não tem fundas, tem armas atômicas!
A
diplomacia brasileira talvez seja irrelevante. Junto com a da Turquia, tentou
uma alternativa diplomática para resolver o impasse entre os Estados Unidos e o
Irã na questão do desenvolvimento do projeto nuclear pacífico iraniano. Os
Estados Unidos, insuflados por Israel, mataram a iniciativa que eles próprios
estimularam. A razão foi simples: Israel queria uma guerra contra o Irã. Queria
repetir o que fez com o Iraque nos anos 80: bombardear as instalações nucleares
iranianas. Não foi a prudência que levou os Estados Unidos a tirar o tapete de
Israel. Foi o fato de que, do outro lado, havia uma potência nuclear de
primeira linha, a Rússia, com respaldo chinês, em apoio ao Irã.
Felizmente
já não estamos num mundo unipolar. Se tivéssemos, Israel teria comandado as
forças militares norte-americanas no ataque ao Irã apoiado no lobby judaico
que, de longe, não distingue entre o que são interesses fundamentalistas da
direita com os interesses legítimos do povo que vive em Israel. Deste, a
maioria provavelmente deseja a paz com os palestinos, mesmo que isso significa
algum tipo de concessão, sobretudo nos assentamentos que violam a própria lei
internacional que criou Israel. Nas mãos dos radicais judeus, contudo, todos
estamos em risco: ave, Israel, morituri te salutant!
Professor, por estar mais que absurda a situação na faixa de Gaza, sendo que há uma grande possibilidade de se alastrar uma guerra entorno de outras nações, o que acha q poderia ser fatores para eclosão de um conflito mundial ??
ResponderExcluirRodrigo, um conflito nas proporções na II Guerra Mundial nos dias de hoje é algo inimaginável. Os interesses econômicos pós modernos estão acima de ideologias politicas ou interesses locai..Na verdade continuares a ver esses conflitos localizados que matam tanto quanto uma Guerra Mundial, pois hoje, só no continente africano temos 18 conflitos civis, mas as grandes potencias preferem deitar e seus travesseiros de plumas de cisne negro e imaginar que esta tudo bem.. A Europa e os Estados Unidos nao querem um conflito mundial..eles acabarão se entendendo..Quanto aos mortos em Gaza? Bom esses enriquecerão as estatísticas e no futuro serão chamados de "vítimas da guerra". Um abraço
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