terça-feira, 15 de julho de 2014

o homem moderno

NÃO ME PERGUNTES POR QUEM OS SINOS DOBRAM, ELES DOBRAM POR TI... 

Por Alacir Arruda 

O famoso poeta John Donne, que viveu no  século XVI, em seu famoso texto “Meditações XVII”, escreveu um belíssimo trecho, mais tarde usado pelo escritor norte-americano Ernest Hemingway em seu romance “Por quem os sinos dobram”, citação esta transcrita aqui em inglês, abaixo traduzida, que sempre me encantou: 
“No man is na island, entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main. If a clod be washed away by the sea, Europe is the less, as well as if promontory were, as well as if a manor of thy friend’s or of thine own were. Any man’s death diminishes me, because I am involved in mankind; and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee”.
“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”.

A razão de meu encanto pela citação acima não é apenas sua beleza poética, é seu sentido mais profundo: John Donne já sugeria que nenhum homem poderia existir sozinho. Ele afirma que nós somos todos interligados, e que a perda de um ser humano é também a nossa perda. Nesse mesmo sentido, a morte de uma pessoa é a nossa própria morte, ou seja, cada vez que os sinos dobram, a humanidade perde algo precioso: uma vida, e, com ela, toda uma história. O som dos sinos é um lembrete de nossa própria mortalidade, de nossa própria fragilidade.

Numa época em que amigos não se vêem mais, porque ninguém tem tempo para visitas, numa época em que as pessoas têm amizades e namoros virtuais, vivendo também uma realidade virtual e se afastando cada vez mais uma das outras, estamos perdendo o sentido do ser humano, de sermos humanos. Estamos nos afastando de nossa essência, que é eminentemente social. Estamos nos computadorizando, nos maquinizando. Nossas relações são frias, via e-mail. Numa mesma empresa, pessoas preferem enviar e-mails a falarem pessoalmente com seus colegas. O que é isso? Preguiça, comodismo, indiferença, individualismo? Não sei. Estamos perdendo a dimensão do humano: tudo é banal, tudo é aceitável. Tudo é aceitável? Não mesmo! 

Adoro celulares, computadores, máquinas, tudo o que a tecnologia tem para oferecer. Mas isso não me afasta do convívio de meus amigos, meus filhos minha família. Por quê? Porque as pessoas são mais importantes que as coisas, que as máquinas. Nada substitui o calor humano do contato entre as pessoas. A vida ainda é o grande milagre, o grande mistério. Temos que vivê-la com vontade. Temos que mergulhar de cabeça em nossas relações. Temos que conviver com as pessoas. Temos que tentar entender o outro, e, assim, quem sabe entenderemos nós mesmos um pouco mais?

O homem desse milênio precisa refletir sobre essas questões: ao se afastar das pessoas, ele se afasta de si mesmo. Ele fica sozinho. E ser solitário é terrível: a solidão consome, mata. Temos que ser solidários: a solidariedade aproxima, acolhe, humaniza. E esse é o perfil desejável do homem pós-moderno: não aquela criatura «clean», asséptica, distante, mas uma pessoa próxima, presente, que se envolve, que se compromete, que se vê no outro, que se conecta com o outro e entende suas dores, porque também as sente. 



10 comentários:

  1. Achei lindo Alacir..perfeito. Marcela

    ResponderExcluir
  2. Aiiii que fofo querida.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada...pois acho o professor muito inteligente mesmo...Marcela

      Excluir
  3. Sim ele é inteligente, mas o lindo foi demais rsrsrsrsrsrsr.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida (o) nao achar um homem de 1,90 de altura e charmoso , lindo? So se for vc, porque eu acho, com todo o respeito, mesmo sabendo que ele tem compromissos. Marcela

      Excluir
    2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ingênua.

      Excluir
    3. Ingênua "filhinha|" eu??/ Será?? Acho que ingenua e vc....Tive aulas com professor Alacir por 8 meses..sera que eu não o conheço??

      Excluir
  4. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    ResponderExcluir
  5. Nem tudo o que o Prof. Dr. Alacir fala ele faz. Tem coisas que ele até jura dizer não fazer, mas faz. Alem de ser convencido, sempre se achando, por ter 1,90 altura, e as alunas delirarem por ele... e 8 meses não é tempo suficiente para conhecer uma pessoa, nem aquelas que você convive a vida inteira você conhece de verdade.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sério mesmo?? Eu não sabia que você me considerava tão importante assim, mesmo não merecendo, eu agradeço....

      Excluir