sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Temer não cai

TEMER: O QUE HÁ POR TRÁS DE SUA FORÇA?

Por Alacir Arruda

Acredito que muitos brasileiros, diante de toda a repercussão na mídia, se perguntam: "por que o Temer não cai?" Quando Dilma Rousseff sofreu o Impeachment, em um curto espaço de tempo, os motivos alegados foram as “pedaladas fiscais”, artifício usado antes por Lula e FHC, sem falar nos governos dos Estados.  Embora Dilma tivesse uma impopularidade abissal,  e defendi  na época o impeachment dela,  o fato é que ela não havia sido indiciada em nenhum crime de corrupção ou caixa dois até aquele momento. Michel Temer, ao contrário, foi flagrado em escuta, seu intermediário filmado correndo com malas de propinas pelas ruas de São Paulo e ainda é  acusado pelo MPF do crime de obstrução à justiça. Nem Fernando Collor, odiado, tinha tantas evidências contra ele na época do Fora Collor. Temer tem, e ainda está lá. Se por muito menos Dilma e Collor caíram, por que não Temer? Afinal, acredito que "pau que dá em chico, precisa dar também em Francisco"

A grande verdade é que o impeachment de Dilma foi articulado pelo PMDB, PSDB e outros partidos aliados, com a ajuda de grandes grupos econômicos a quem interessam reformas, principalmente a trabalhista que visa diminuir seus custos de mão de obra (e a renda e os direitos dos trabalhadores). Claro, a propaganda é a de que tal reforma, em particular, trará mais empregos. Eu duvido! Duvido porque a nossa atividade econômica está se recuperando de forma muito lenta e assentada ainda na produção agropecuária. Esta, por sua vez, substitui mão de obra em grande velocidade. A indústria faz o mesmo e, ainda que haja algum aumento de emprego, eu duvido que isso se traduza em grande recuperação econômica, porque com baixos salários temos baixo consumo.

Mas, voltemos ao ponto. PMDB, PSDB, outros partidos e empresários “surfaram” nas notícias de corrupção na Petrobrás. Usaram a indignação popular para criar o clima para o impeachment, com uma ajudinha de movimentos como o MBL e da FIESP, que pagou os patos na Av. Paulista. A indignação popular foi catalisada com o discurso de ética e retidão dos que assumiram o governo. Deu tudo certo até há pouco. Dilma caiu, Temer assumiu e o PSDB junto. As reformas começaram a ser analisadas e votadas. Mas… mas Temer agora foi flagrado. E pior, junto com ele, Aécio Neves, em gravações piores do que todas apresentadas contra Dilma e Lula. Que fique claro, eu estou não  defendendo Dilma e Lula,alias,acho que deveram estar presos pelos desmandos, mas a verdade precisa ser dita, o impeachment foi um grande negocio para PMDB e PSDB  que lotearam o governo.

Se as instituições como MBL e FIESP, bem como o PSDB e outros realmente quiserem o fim da corrupção e a ética na política, Temer já deveria ter caído. Aécio deveria ter sido expulso e preso, bem como Temer. Mas não, nada aconteceu. Alckmin recebeu Temer em São Paulo, os ministros do PSDB  dizem que o partido não sairá do governo, mesmo com uma forte corrente dentro do partido pensando ao contrario. Pior, a comissão de ética do senado, que deverá analisar casos como o de Aécio, conta com indiciados nas investigações, como Romero Jucá. Tudo é mais escandaloso, ofensivo e um verdadeiro escarro no rosto da população. Mas o fato é que quem articulou a saída de Dilma tem um sério problema. Quem assume  se Temer sair agora?

É por isso que Temer não caiu. Se Aécio ainda fosse o queridinho de metade dos eleitores, Temer estaria fora e Aécio seria provavelmente o candidato. Mas não é. E o PSDB não se entende internamente sobre quem será o candidato e não se entende com o PMDB, muito menos com os demais partidos. A oposição é fraca e muito dela pensa na reeleição de Lula, o que apavora muitos. Marina não tem força e a bancada oposicionista não tem ninguém, nem simbólico a apresentar em uma eleição indireta.

Os empresários temem que o novo escolhido pelo Congresso seja incapaz de retomar as reformas. O PSDB teme perder espaço no governo que ajudou a criar. O PMDB teme tudo, inclusive a prisão de muitos de seus quadros. E então, tudo fica parado. E ficará até que os caciques políticos e econômicos decidam por um nome. Um nome de consenso deles, que possa ser apresentado à população e devidamente incensado pela mídia como a melhor opção.

E nós? Bem, nós assistimos. Não existimos.

Porém, o que mais me incomoda é que todo o processo de criação do governo Temer, se deu pelo discurso da moralidade. E agora, fica claro que a moralidade é relativa. Depende de quem está sendo investigado, e não porque está sendo investigado ou julgado. A moralidade depende de quem está disputando o poder e não do fato de ser um valor ético uma necessidade em si. Sendo direto e informal, a moralidade e a ética que se danem, o que importa, a eles é o poder.

Da mesma maneira em que acusei antes o PT - podem ver meus artigos de 2014, 2015 - de ser responsável pela crise econômica que levou a queda de Dilma, já que eles nunca deveriam ter feito as alianças que fizeram e, com certeza, devem ter se beneficiado de esquemas de corrupção, de caixa dois, agora eu acuso o PSDB de manter a crise. Acuso de ser farisaico, hipócrita e comprometido só com seu próprio poder, não com o país e, muito menos, como o povo. 

Temer se diz convicto de sua inocência, talvez ele devesse ler Nietzsche que dizia: "as convicções são as inimigas mais perigosas da verdade do que das mentiras"

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Um comentário:

  1. Professor, eu acredito que deveríamos lutar para que se instale no Brasil o Parlamentarismo e o governo seja exercido por um primeiro ministro como e na Inglaterra e outras grandes nações. O Presidencialismo, tal qual instalado no Brasil, é propicio a corrupção, pois se o Presidente não "comprar" os deputados ele não governa. Nao sei se estou certa, o que pensa disso? Parabéns pelo Blog tem me ajudado muito para o ENEM, Bjs Fabiana

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