Ainda Sobre os Protestos no Brasil
Por Alacir Arruda
Como sociólogo me sinto na
obrigação de tecer comentários sobre essa onda de protestos que assolam o nosso
país. E evidente que como um ex militante da velha esquerda vejo com bons olhos o povo na rua. No
país das bolsas ( Bolsa Escola, Bolsa Familia, ProUni, Fies , Vale gás etc..) política
assistencialista capitaneada por sábios petistas, dentre eles; o intelectual
Lula e o Honesto Jose Dirceu, acendeu a
luz amarela. E usando o Regime Militar (1964-1985) como modelo, onde as manifestações
eram reprimidas “a pauladas”, não me surpreende mais a truculência de uma
polícia mal paga, treinada e orientada. Não me surpreendem os grandes
conglomerados de comunicação que se prestam ao serviço de “noticiar fatos” da
forma que lhes convém até que uma jornalista de uma de suas empresas seja
alvejada no rosto e tantos outros sejam agredidos. Não me surpreende mais a
falta de respeito e humanidade do Estado e de suas instituições malignas com
aqueles que deveriam ser protegidos por esses. Choca? É claro. indigna? Óbvio!
Mas não surpreende mais.
O que mais me despertou a
atenção, e serviu de ponto de partida e reflexão para esse texto, em meio as
ações e reações desse movimento popular que estamos vendo surgir em nosso país,
foram os discursos, sempre com a tentativa de esvaziar, recriminar ou invalidar
os protestos por parte da nossa classe política.
“São protestos políticos”, dizem nossos
representantes, tentando dar uma conotação de orquestração por parte de algum
partido ou movimento ligado a alguma instituição política que tenha interesse
na desestabilização do governo vigente, e não como um movimento social
apartidário e heterogêneo, motivado por razões legítimas e mais do que justas.
Por natureza, todo e qualquer movimento social é de natureza política e possui
uma ambição no mesmo sentido. É através dos mecanismos políticos de formação de
uma sociedade que se manifesta, se faz ouvir e se representa a sociedade e, por
conseqüência, os movimentos sociais.
CONCEITOS ANTAGÔNICOS
É aqui que, em uma análise que
venho fazendo já à algum tempo, que difere a concepção de política e sociedade
no Brasil para o resto do mundo, ou pelo menos em países que possuem
instituições democráticas e sociais mais firmes, transparentes e sólidas que as
nossas. Quando nossos políticos dizem isso estão escancarando na realidade um
pensamento muito simples e que eles próprios colocam em prática desde muito
tempo: Política e Sociedade são conceitos antagônicos que não se misturam,
complementam ou se fortalecem.
A classe política tem o único e
exclusivo interesse, seja o Partido A, B ou C, de criar um modelo político em
que a sociedade seja um corpo externo desse processo, um corpo que seja domado,
controlado e manipulado de forma a atender aos interesses de perpetuação dessa
mesma classe política no poder. Não faz parte dos planos da classe política
integrar a sociedade nesse processo. As balas de borracha, as bombas de gás lacrimogênio
e os linchamentos são o grito de uma classe que quer passa um único recado:
VOCÊS NÃO FAZEM PARTE DA TOMADA DE DECISÕES DESSE MODELO DE ESTADO.
Vivemos dias simbólicos. Tolo
aquele que atribui esse movimento aos 20 centavos a mais ou a menos do
transporte público, aos escândalos de corrupção diários, aos verdadeiros
genocídios que acontecem em nossas cidades pela má administração pública e ao
desleixo com o cidadão. É muito maior. É o início de uma retomada de
consciência social e, acima de tudo de uma palavra que parece estar começando a
fazer sentido para todos nós: CIDADANIA
Todo cidadão tem direitos e
deveres. Acho que estamos começando a ficar cansados de termos apenas deveres,
está na hora de corrermos atrás de nossos direitos. A classe política não vai
correr. Eles já deixaram isso claro. Vamos nós, pacificamente, exigirmos o que
é nosso, vamos construir na base do diálogo e não da violência e da covardia
uma sociedade mais justa e voltada aos interesses daqueles que forjam, moldam e
batalham por esse país: O POVO
Dá medo? Dá! Mas também dá uma puta esperança de poder fazer
parte de um ponto de virada, de modificar paradigmas e fazer história. Portanto,
aos que vivem prostrados, a hora é essa.
JUNTOS SOMOS FORTES,
UNIDOS SOMOS INVENCÍVEIS!
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