terça-feira, 18 de junho de 2013


Ainda Sobre os Protestos no Brasil

Por Alacir Arruda
                Como sociólogo me sinto na obrigação de tecer comentários sobre essa onda de protestos que assolam o nosso país. E evidente que como um ex militante da velha  esquerda vejo com bons olhos o povo na rua. No país das bolsas ( Bolsa Escola, Bolsa Familia, ProUni, Fies , Vale gás etc..)  política assistencialista capitaneada por sábios petistas, dentre eles;  o intelectual Lula e o Honesto Jose Dirceu,  acendeu a luz amarela. E usando  o Regime Militar (1964-1985) como modelo, onde as manifestações eram reprimidas  “a pauladas”, não me surpreende mais a truculência de uma polícia mal paga, treinada e orientada. Não me surpreendem os grandes conglomerados de comunicação que se prestam ao serviço de “noticiar fatos” da forma que lhes convém até que uma jornalista de uma de suas empresas seja alvejada no rosto e tantos outros sejam agredidos. Não me surpreende mais a falta de respeito e humanidade do Estado e de suas instituições malignas com aqueles que deveriam ser protegidos por esses. Choca? É claro. indigna? Óbvio! Mas não surpreende mais.
              O que mais me despertou a atenção, e serviu de ponto de partida e reflexão para esse texto, em meio as ações e reações desse movimento popular que estamos vendo surgir em nosso país, foram os discursos, sempre com a tentativa de esvaziar, recriminar ou invalidar os protestos por parte da nossa classe política.                
              “São protestos políticos”, dizem nossos representantes, tentando dar uma conotação de orquestração por parte de algum partido ou movimento ligado a alguma instituição política que tenha interesse na desestabilização do governo vigente, e não como um movimento social apartidário e heterogêneo, motivado por razões legítimas e mais do que justas. Por natureza, todo e qualquer movimento social é de natureza política e possui uma ambição no mesmo sentido. É através dos mecanismos políticos de formação de uma sociedade que se manifesta, se faz ouvir e se representa a sociedade e, por conseqüência, os movimentos sociais.
CONCEITOS ANTAGÔNICOS
                É aqui que, em uma análise que venho fazendo já à algum tempo, que difere a concepção de política e sociedade no Brasil para o resto do mundo, ou pelo menos em países que possuem instituições democráticas e sociais mais firmes, transparentes e sólidas que as nossas. Quando nossos políticos dizem isso estão escancarando na realidade um pensamento muito simples e que eles próprios colocam em prática desde muito tempo: Política e Sociedade são conceitos antagônicos que não se misturam, complementam ou se fortalecem.
              A classe política tem o único e exclusivo interesse, seja o Partido A, B ou C, de criar um modelo político em que a sociedade seja um corpo externo desse processo, um corpo que seja domado, controlado e manipulado de forma a atender aos interesses de perpetuação dessa mesma classe política no poder. Não faz parte dos planos da classe política integrar a sociedade nesse processo. As balas de borracha, as bombas de gás lacrimogênio e os linchamentos são o grito de uma classe que quer passa um único recado: VOCÊS NÃO FAZEM PARTE DA TOMADA DE DECISÕES DESSE MODELO DE ESTADO.
              Vivemos dias simbólicos. Tolo aquele que atribui esse movimento aos 20 centavos a mais ou a menos do transporte público, aos escândalos de corrupção diários, aos verdadeiros genocídios que acontecem em nossas cidades pela má administração pública e ao desleixo com o cidadão. É muito maior. É o início de uma retomada de consciência social e, acima de tudo de uma palavra que parece estar começando a fazer sentido para todos nós: CIDADANIA
              Todo cidadão tem direitos e deveres. Acho que estamos começando a ficar cansados de termos apenas deveres, está na hora de corrermos atrás de nossos direitos. A classe política não vai correr. Eles já deixaram isso claro. Vamos nós, pacificamente, exigirmos o que é nosso, vamos construir na base do diálogo e não da violência e da covardia uma sociedade mais justa e voltada aos interesses daqueles que forjam, moldam e batalham por esse país: O POVO
Dá medo? Dá!  Mas também dá uma puta esperança de  poder fazer parte de um ponto de virada, de modificar paradigmas e fazer história. Portanto, aos que vivem  prostrados,  a  hora é essa.
JUNTOS SOMOS FORTES, UNIDOS SOMOS INVENCÍVEIS!

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